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MÉTODO DE ESTUDO DE CASO HISTÓRICO NO PROEJA: UMA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA

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Academic year: 2020

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Nº 1, volume 12, artigo nº 10, Janeiro/Março 2017 D.O.I: http://dx.doi.org/10.6020/1679-9844/v12n1a10 Aceito: 30/12/2016 Publicado: 05/05/2017

ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 159 de 173

MÉTODO DE ESTUDO DE CASO HISTÓRICO NO PROEJA: UMA

PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA

METHOD OF STUDY OF HISTORICAL CASE DOES NOT PROEK: A

PROPOSAL OF DIDACTIC SEQUENCE

Tiago Destéffani Admiral1, Marília Paixão Linhares2

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Licenciado em Física pela Universidade Federal de Viçosa (2008). Especialista em Educação Profissional pelo Instituto Federal do Espírito Santo - IFES (2010). Mestre na área de Ensino de Ciências e Matemática - IFES (2013). Doutorado em Ciências Naturais (em andamento) - UENF. Tem

experiência em ensino de Física, Cálculo Diferencial e Integral e Equações Diferenciais Ordinárias. Atualmente trabalha como professor efetivo de física no curso de Licenciatura em Matemática no Instituto Federal Fluminense - IFF. Também atua como professor de matemática, bolsista da CAPES,

no curso de Licenciatura em Matemática - Parfor, no IFES - ES.

tdesteffani@gmail.com

2

Professora da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e credenciada no Programa de Pós-Graduação em Ciências Naturais do Centro de Ciências e Tecnologias - UENF. Tem experiência na área de Física, com ênfase em Ensino de Física, atuando principalmente nos seguintes temas: formação de professores, didática da física, tecnologias no ensino, filosofia e história da ciência. Possui bacharelado em Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ (1971), mestrado em Física pela Universidade de São Paulo - USP (1975) e doutorado em Física pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas - CBPF (1989). É professora adjunta aposentada

da UFRJ.

mariliapaixaolinhares@gmail.com

Resumo: Uma vez que o cenário da universalização do acesso ao ensino

está se tornando uma realidade, é necessário refletir sobre a qualidade do ensino ofertado. Com o objetivo de contribuir nesse sentido esse artigo apresenta uma proposta de Sequência Didática, utilizando o método de estudo de caso histórico. O caso selecionado nesse artigo remonta a construção do transmissor e receptor de ondas eletromagnéticas, feito pelo Padre Roberto Landell de Moura, que foi o pioneiro nesse tipo de transmissão no Brasil. Tendo construído um equipamento capaz de transmitir a voz humana a grandes distâncias sem a necessidade de fios. A estruturação da sequência, e dos momentos pedagógicos, é baseada no movimento CTS, que permite proporcionar ao aluno a participação ativa do

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seu processo de aprendizagem como protagonista. Podemos perceber, ao final da proposta, que essa postura metodológica é um contraponto à Educação Bancária, e que favorece um ensino libertador, de qualidade e dentro da realidade do educando.

Palavras-chave: Landell de Moura, Sequência Didática, Movimento CTS. Abstract: Since the scenario of universal access to education is becoming a

reality, it is necessary to reflect on the quality of the education offered. In order to contribute in this way, this article presents a proposal of Didactic Sequence, using the method of historical case study. The case selected in this article goes back to the construction of the transmitter and receiver of electromagnetic waves, made by Father Roberto Landell de Moura, who pioneered this type of transmission in Brazil. Having built an equipment capable of transmitting the human voice at great distances without the need for wires. The structuring of the sequence and of the pedagogical moments is based on the CTS movement, which allows the student to actively participate in the learning process as the protagonist. We can see, at the end of the proposal, that this methodological stance is a counterpoint to Banking Education, and that it favors a liberating teaching, of quality and within the reality of the learner.

Keywords: Landell de Moura, Didactic Sequence, CTS Movement.

Introdução

Cada vez mais temos a necessidade de aprimorar estratégias de Ensino de Ciências. Uma estratégia de ensino que pode contribuir para dar significado ao Ensino de Ciências é a utilização de estudo de caso histórico, em que o aluno é levado a entender, vivenciar e reproduzir os caminhos trilhados por cientistas do passado, orientado pelo professor, o aluno passa de mero ouvinte para protagonista do processo de Aprendizagem.

É notória a necessidade de que o aluno seja colocado, cada vez mais, como o principal agente na construção de seu próprio conhecimento, de acordo com (FREIRE, 1996) o respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros.

Nesse sentido, as orientações do PROEJA, contidas no documento base do Governo Federal aconselham um ensino integrado, concordando com a perspectiva

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CTS, que estrutura esse artigo:

[...] tem como fundamento a integração entre trabalho, ciência, técnica, tecnologia, humanismo e cultura geral com a finalidade de contribuir para o enriquecimento científico, cultural, político e profissional como condições necessárias para o efetivo exercício da cidadania (BRASIL, 2007, p. 7).

Podemos observar claramente a influência da ciência e tecnologia no dia-a-dia de cada cidadão, e demandando dele a reflexão sobre as implicações sociais do desenvolvimento científico e tecnológico que o afetam diretamente (KRASILCHIK, 1988). Daí a necessidade de se observar as relações tão relevantes entre Ciência Tecnologia e Sociedade.

O artigo apresenta uma proposta metodológica, estruturada em uma Sequência Didática (SD), que se utiliza de atividades com o uso do método de estudo de caso histórico para alunos no PROEJA. De acordo com Reis e Linhares (2010) o Estudo de Caso Histórico é uma estratégia de narrativas sobre situações enfrentadas, questões abertas e dilemas.

Este artigo tem como principal objetivo apresentar uma proposta de SD, com atividades envolvendo o Método de Estudo de caso Histórico, para alunos do PROEJA. Como consequência, pretendemos desenvolver um trabalho capaz de favorecer o pensamento crítico e promover um aprendizado libertador e emancipador.

A SD proposta fornece elementos para uma pesquisa qualitativa na área de Ensino de Ciências. De acordo com Lüdke e André (1986) as pesquisas e metodologias utilizadas em um determinado grupo, devem observar e considerar seus aspectos sociais e culturais. Dado isto verificamos que recomendável realizar um levantamento etnográfico envolvendo os sujeitos da pesquisa, para que se possa refletir melhor sobre os resultados obtidos.

Essa SD será subdividida em três momentos pedagógicos (MP), propostos por Delizoicov e Angotti (1990), sendo: Problematização do tema (P), Organização do conhecimento (O) e Aplicação do conhecimento (A). Considerando que a avaliação da SD possui caráter processual, dedicando, ao final, um espaço para reflexões e reavaliação da metodologia. O público para o qual a SD é estruturada

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são alunos do PROEJA. E o tempo estipulado para o desenvolvimento desta SD será de, seis semanas.

Durante a SD será apresentado o estudo de caso referente ao cientista Brasileiro, Pe. Roberto Landell de Moura, pioneiro na transmissão de ondas sonoras utilizando ondas eletromagnéticas com um equipamento wireless no Brasil e, possivelmente, no mundo (ALMEIDA, 2006). Esse caso traz à tona questões referentes à natureza do conhecimento científico, questões tecnológicas e sociais como discriminação geográfica e cultural sofrida pelo pesquisador em foco, evidenciando as relações CTS.

O episódio histórico – Padre Landell de Moura

O episódio histórico científico selecionado para motivar as ações metodológicas desse artigo é a ocasião da invenção e teste do primeiro dispositivo capaz de transmitir sons através de ondas eletromagnéticas.

Fato pouco conhecido entre os alunos, e população em geral, é que a façanha de construir o primeiro rádio transmissor wireless pertence a um brasileiro, inclusive com patentes registradas no Brasil e Estados Unidos. Monsenhor Roberto Landell de Moura é o homem que protagoniza esse episódio. A Figura 1 é uma réplica exata do equipamento desenvolvido por Landell de Moura.

Figura 1: Réplica do equipamento de Landell

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Landell de Moura nasceu em 21 de Janeiro de 1861, na rua conhecida na época como Rua Bragança, na cidade de Porto Alegre. Ali, ele, mais tarde, se tornaria pároco até seu falecimento.

Landell de Moura estudou no Colégio dos Jesuítas, em São Leopoldo, cidade próxima a Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Fez o curso de humanidades, conhecido na época como Clássico, equivalente ao Ensino Médio, hoje em dia. Em 1879, Landell de Moura transferiu-se para o Rio de Janeiro, para estudar na Escola Central, antiga Academia Real Militar, fundada em 1792, por ordem de Dona Maria I, Rainha de Portugal, com o nome de Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, e hoje com o nome de Instituto Militar de Engenharia (IME). Aparentemente, ele se empregou em um armazém de secos e molhados para custear sua estadia na capital do Império (ALENCAR, 2003).

Landell de Moura exercia o sacerdócio e, simultaneamente, realizava experimentos com o objetivo de desenvolver um aparelho que pudesse transmitir a voz sem a necessidade de fios. Durante toda sua trajetória como pesquisador ele não contou com nenhum incentivo por parte do governo ou qualquer outra entidade, além disso, enfrentou preconceito e resistência por parte da igreja, e seus integrantes, com a alegação de que sua busca por compreender a ciência iria de encontro com sua vida religiosa.

Até o desenvolvimento completo de sua pesquisa Landell enfrentou, inclusive, a fúria de extremistas que invadiram seu laboratório e destruíram seus equipamentos, simplesmente pelo fato de discordarem de sua posição enquanto pesquisador e religioso. Durante um tempo permaneceu inclusive afastado de suas atividades como padre. Mesmo assim ele obteve com êxito três patentes de equipamentos que são capazes de transportar a voz humana a grandes distâncias sem a necessidade de fios.

Durante um período o Padre Landell esteve na Itália, aperfeiçoando seus estudos e, após algum tempo tendo retornado ao Brasil retomou seus estudos sobre a comunicação sem fio. Dentre alguns postulados que enunciou, alguns causaram estranhamento e até mesmo indignação, como por exemplo: “Dai-me um movimento vibratório tão extenso quanto a distância que nos separa desses outros mundos que

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rolam sobre nossa cabeça, ou sob nossos pés, e eu farei chegar minha voz até lá”. Landell havia percebido, já nessa época, que as ondas eletromagnéticas1, se propagavam em grandes distâncias e transportavam informação consigo. Entretanto mesmo com sua visão inovadora, Landell não obteve incentivo de nenhuma entidade governamental ou privada para a realização de sua pesquisa.

Landell utilizou a ampola (Válvula) de Crookes para gerar pulsos de luz codificados, dentro do tubo de vidro eram geradas grandes diferenças de potencial e, consequentemente, ocorriam descargas elétricas gerando luz. Essas descargas excitavam uma pequena placa de selênio, que tinha propriedade foto-sensível. Essa válvula se assemelhava bastante da que foi desenvolvida por Lee de Forest em 1907, entretanto não era exatamente a mesma como será explicado posteriormente no trabalho.

Os principais fatores que conduziram à seleção desse episódio são quatro. Em primeiro lugar os eventos que culminaram na construção do dispositivo wireless evidenciam como se dá a construção do conhecimento científico, e mostram de forma clara as dificuldades reais encontradas por pesquisadores durante seus trabalhos.

Podemos perceber também que o episódio fornece muitos elementos para que o aluno reflita melhor sobre a natureza da ciência, exercício essencial para futuros profissionais do Ensino de Ciências. Como terceiro motivo, o episódio envolve conhecimentos e conceitos sobre Física ondulatória e eletromagnetismo que são de extrema importância no aprendizado dos alunos. A compreensão do aparato utilizado por Landell não é trivial e envolve os conhecimentos de diversos conceitos que vão além do eletromagnetismo. A habilidade em eletrônica de Landell impressiona quando conhecemos de perto o teor de seu trabalho.

A quarta razão pela qual esse episódio foi escolhido reside no fato de que existe muito pouca valorização dos cientistas brasileiros, mesmo os livros didáticos e os materiais utilizados na escola trazem poucas (ou nenhuma) referências sobre as conquistas científicas nacionais. Acreditamos que aproximar o aluno da realidade do conhecimento científico.

Landell de Moura faleceu no anonimato, no dia 30 de julho de 1928, aos 67

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As ondas hoje amplamente conhecidas como ondas eletromagnéticas eram então chamadas de ondas lendelianas. Landell já havia postulado algumas propriedades para essas ondas.

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anos de idade, no hospital Beneficência Portuguesa e, até hoje não recebe o reconhecimento à altura de seus feitos.

A sequência didática

Uma sequência didática pode ser definida de algumas formas diferentes, para (ZABALA, 1998) ela se trata de um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos. Já Dolz e Scheuwly (1996) reforçam que uma sequência didática deve contemplar a elaboração de um projeto onde haja apropriação das dimensões constitutivas de um gênero textual, que são como instrumentos que permitem agir em situações de comunicação diversas. Para fins práticos utilizaremos uma categorização das ações de uma sequência didática sugerida por Delizoicov e Angotti (1990).

A Tabela 1 apresenta, de forma resumida, o resultado da estruturação da SD. As ações em cada MP da sequência. Além da tabela, são apresentadas as descrições dos momentos pedagógicos, ainda de acordo com Delizoicov e Angotti (1990).

Semanas Momento Pedagógico -MP Atividades Sugeridas

1ª e 2ª P

Apresentação da sequência de trabalho. Pedir aos alunos para buscarem informações em diversas fontes sobre a telecomunicação e seu histórico.

Juntar o material encontrado e analisar as aparições de temas de interesse. Apresentar o estudo de caso.

3ª, 4ª e 5ª O

Apresentação dos conteúdos deflagrados a partir do estudo de caso (Eletromagnetismo, Circuitos, Ondas Eletromagnéticas, etc.). Discussão sobre a natureza da tecnologia desenvolvida e suas implicações sociais.

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ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 166 de 173 Relacionar os conteúdos estudados com suas implicações.

A

Apresentação de cartazes e/ou seminários sobre o que foi estudado.

Desenvolvimento de protótipo do equipamento.

Confecção de relatórios sobre os conteúdos estudados.

Aula de campo e/ou visita técnica à uma estação de transmissão de ondas eletromagnéticas. Relações explícitas de CTS.

Tabela 1 – Descrição resumida dos Momentos Pedagógicos

Problematização (P)

Podemos utilizar reportagens da época, como alguns arquivos existentes em jornais. Se a escola possuir um laboratório de informática, os alunos podem ser levados a pesquisar sobre o episódio científico histórico na internet.

Organização do Conhecimento (O)

O momento em que utilizamos o material coletado inicialmente na problematização para organizar quais conteúdos irão emergir na abordagem, este momento pode contar com aulas expositivas, seminários, protótipos desenvolvidos pelos alunos, e outras atividades.

Avaliação (A)

Nesse estágio da sequência o foco está no resultado das atividades desenvolvidas pelos alunos. Todos os eventos planejados até este momento devem evidenciar elementos que permitam ao professor diagnosticar o avanço conceitual dos alunos. Com o intuito de evidenciar o resultado das negociações de significado durante o processo, deve-se realizar uma análise de conteúdo dos relatórios elaborados pelos

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alunos, de acordo com Bardin (2011):

Fazer uma análise temática consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem a comunicação e cuja presença, ou frequência de aparição, podem significar alguma coisa para o objetivo analítico escolhido. O texto pode ser recortado em ideias constituintes, em enunciados e em proposições portadores de significações isoláveis.

Ao realizar essa análise poderemos evidenciar, classificar e inferir os núcleos de sentido que compõem as concepções dos alunos, isso é importante, pois é a partir dessa informação, que poderemos avaliar conceitualmente o aprendizado. Além disso, essa análise é importante no sentido de nos dizer até que ponto a própria estratégia metodológica está sendo eficiente.

É necessário que os três momentos pedagógicos apresentem uma conexão entre si, ou seja, deve-se fazer com que as ações contidas em cada momento pedagógico exerçam influência significativa no outro momento, no sentido de se complementarem.

A organização do conhecimento deve ser articulada de acordo com a problematização, e a avaliação deve estar diretamente ligada às ações da organização do conhecimento. Isso é uma necessidade básica para que a Sequência Didática seja um planejamento de uma sequência de eventos pedagógicos capaz de conduzir ao aprendizado. A Figura 2 ilustra algumas relações entre os momentos pedagógicos.

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Figura 2 – Relações entre os momentos pedagógicos

Problematização

Nas duas primeiras semanas podemos orientar os alunos a pesquisarem a importância da tecnologia wireless em nosso cotidiano. Tecnologias como rádio, TV, internet, Bluetooth entre outras, são categorizadas como tecnologias capazes de transmitir informações sem a necessidade de conexões físicas como fios.

Podemos colocar em debate as origens desse tipo de tecnologia, através das pesquisas realizadas pelo aluno com a orientação do professor, eles estarão em posse de diversas fontes versando sobre os principais cientistas que contribuíram nesse campo de estudo. Nesse ponto surgirá o nome do Padre Landell de Moura, pioneiro na transmissão wireless no Brasil. A intencionalidade contida nessa tarefa é colocar o aluno em contato com as informações, coletadas por ele, de modo que a seleção do material didático está, em boa medida, sendo influenciada pelo próprio aluno. Essa atitude tende a contribuir para que o educando tenha mais autonomia no processo de aprendizagem, e põe o aluno na posição de protagonista em seu processo educativo (FREIRE, 1996).

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O maior objetivo desta etapa da sequência é conectar os temas abordados com o cotidiano do aluno, fazendo com que o próprio aluno desenvolva uma significação para o aprendizado dos conteúdos, despertando a motivação para o aprendizado. A curiosidade epistemológica (FREIRE, 1999), supera a curiosidade ingênua e conduz à busca pelo conhecimento em sua forma legítima.

O outro objetivo da problematização deve ser o de propiciar o conflito entre o conhecimento de senso comum, trazido pelo aluno, com o conhecimento científico formal. Através desse conflito fica evidenciada ao aluno a necessidade de aprimorar seus conceitos.

Uma vez atingidas essas condições está propício o próximo passo: a organização do conhecimento, que é o momento em que ocorre a sistematização das idéias através de ações didáticas.

Organização do conhecimento

Nesse momento é necessária uma apresentação formal dos conteúdos específicos que serão demandados dos alunos para compreender as situações envolvidas no estudo de caso. Para tanto podemos utilizar momentos como aulas expositivas, exercícios e debates sobre o tema, cada atividade de acordo com o nível proposto a ser abordado.

Os exercícios devem ser preferencialmente, estruturados a partir de situações reais, ou próximas, dessa forma será mais fácil para que o aluno compreenda as relações CTS que permeiam os conceitos apresentados.

Essa dinâmica de trabalho altera o enfoque, ao invés de centrada nos conteúdos, a metodologia se concentra nos conceitos e suas relações com a sociedade e tecnologia. Essa lógica tende a colocar o aprendizado dos conteúdos a serviço da aquisição de conhecimentos mais abrangentes e significativos ao aluno, e não o contrário. Os conteúdos que podem ser contemplados nessa sequência estão citados no Quadro 1:

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ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 170 de 173  Ondas Eletromagnéticas

Ondas Mecânicas (Sonoras em Especial) Ondas longitudinais e transversais

Comprimento de Onda (λ)

Velocidade de propagação de ondas (v = λ.f ) Espectro eletromagnético

Indução Magnética

Circuitos Elétricos Simples Elementos de um circuito elétrico

Transmissores e Receptores de ondas eletromagnéticas

Quadro 1 – Conteúdos explorados durante a Sequência

Avaliação

Embora esse momento pedagógico em particular seja o último, não significa que a avaliação deve ocorrer apenas no final da sequência didática. Na verdade é desejável que a avaliação ocorra durante todo o processo, tanto sob aspectos qualitativos quanto quantitativos. Não apenas a avaliação do aluno, mas uma avaliação constante da sequência deve ser realizada, a fim de ajustar as estratégias metodológicas de acordo com o feedback dos alunos.

Uma forma alternativa de avaliação se dá através da produção de material, como cartazes e modelos experimentais práticos. Esses materiais podem ser desenvolvidos em grupos, o que favorece a cooperação e a troca de idéias. As interações aluno-aluno também são, reconhecidamente, experiências que podem melhorar o aprendizado.

A produção de relatórios é uma forma adequada de avaliação no contexto dessa sequência, ao relatar as dificuldades e aprendizados durante a execução de uma tarefa, o aluno é conduzido à um processo metacognitivo, ou seja, é levado a pensar sobre seu próprio conhecimento, sobre sua própria forma de aprender. Esse exercício é essencial para contribuir com a formação cidadã e crítica do educando.

Em todos os níveis de avaliação devemos ter atenção em buscar elementos que nos permitam inferir que o aluno estabeleceu relações entre o conhecimento científico, sociedade e tecnologia. Esses elementos são cruciais podem ser obtidos

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através da análise do conteúdo dos textos e avaliações dos alunos. O olhar atento aos objetivos de aprendizado da sequência didática devem sempre nortear essa análise.

Os resultados das avaliações dos alunos devem orientar a dinâmica do planejamento das atividades pedagógicas seguintes, funcionando como indicadores do desenvolvimento da sequência, influenciando dialeticamente a mesma. Ação – Reflexão – Ação. De acordo com Lüdke e André (1986) as observações e análises do grupo de pesquisa, quando acrescidas de relatórios e levantamento etnográfico, podem evidenciar a influência exercida sobre esse grupo, dadas as ações do pesquisador.

Por fim deve-se considerar, em todas as ações da sequência e em especial na avaliação, o lugar social do qual o aluno pertence. Ponderar os núcleos de significado compartilhados pelo grupo é, em boa medida, respeitar a cultura e se aproximar de forma mais eficiente, contribuindo para uma melhor relação com os alunos e, consequentemente, uma melhora no aprendizado.

Considerações finais

Cada vez mais se torna importante que o Ensino de Ciências seja pautado em ações que conduzam o educando a reflexão sobre quais as aplicações e implicações sociais do conhecimento a ser aprendido.

Ao entender mais detalhadamente de que formas ocorrem as apropriações conceituais dos alunos, poderemos aperfeiçoar ainda mais as estratégias de ensino. Devemos destacar que as ações planejadas em cada momento pedagógico devem levar o aluno a superar os conflitos conceituais obtidos na problematização.

Considerando os diversos tipos de fontes de informações que o aluno tem acesso, não há espaço para que o professor se coloque na posição de detentor do conhecimento. Tendo tomado essa consciência, o foco do professor deve ser, cada vez mais, planejar atividades estruturadas que propiciem ao aluno transformar as informações disponíveis em conhecimento de fato. Acreditamos que a sequência didática, planejada da forma sugerida, pode contribuir com essa dinâmica de fornecer ao aluno autonomia em seu aprendizado e, simultaneamente, colocar o

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professor como o agente que faz intermédio entre o aluno e o conhecimento.

Essa proposta de sequência didática pode contribuir não apenas na aplicação direta, mas também no auxilio para o desenvolvimento de outras práticas similares. É importante que o professor de Ciências, em especial da modalidade EJA, tenha acesso a diversas alternativas metodológicas, com a finalidade de aperfeiçoar e melhorar cada vez mais a qualidade do Ensino. Principalmente relacionando os aspectos de Ciência Tecnologia e Sociedade.

As ações planejadas devem proporcionar ao aluno adquirir a consciência de que a ciência é construída historicamente, já que ele é convidado a vivenciar a construção do conhecimento.

Referências

ALENCAR, M. S. Historical Evolution of Telecommunications in Brazil. Project 2002-076 - Final Report, IEEE Foundation, Piscataway, USA, 2003.

ALMEIDA, B. H. Padre Landell de Moura: um herói sem glória. São Paulo: Record, 2006, p. 316.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. 70 ed. São Paulo. edição revista e ampliada. 2011. p. 135.

BRASIL. Ministério da Educação. Documento Base - Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA. Brasília: SETEC, 2007.

DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A. P. Metodologia do ensino de ciências. São Paulo: Cortez, 1990.

DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Genres et progression en expression orale et écrite: elements de réflexion à propos d’une experiénce romande. Enjeux. Genebra, Suíça. Trad. provisória de Roxane Rojo, 1996. p. 31-49.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

KRASILCHIK, M. Ensino de Ciências e a Formação do Cidadão. Aberto, Brasília, v. 7, n. 40, p. 55-60, 1988.

LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

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REIS, E. M.; LINHARES, M. P. Ensino de Ciências com Tecnologias: um caminho metodológico no PROEJA. Revista Educação e Realidade. 129-150. jan./abr. 2010.

ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Tradução: Ernani F. da Rosa. Porto Alegre: Artmed, 1998. p. 18.

Imagem

Figura 1: Réplica do equipamento de Landell
Tabela 1 – Descrição resumida dos Momentos Pedagógicos

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