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UTILIZAÇÃO DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS PARA A DETERMINAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DE GORDURA CORPORAL

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Academic year: 2020

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(1)

pAG.37-47

I

Rev

i

sao

Utilizac;ao de medidas antropometricas

para a determinac;ao da distribuic;ao de

gordura corporal

Anthropometric measures using to determine body fat distribution

Marcos Roberto Queir6ga

Mestrando em Ergonomia - UFSC

Tecnico deBasquetebol -Gremio Literario Recreativo Londrinense - Londrina-PR

Este estudo tem por objetivo descrever os metodos antropometricos que indicam a distribui~ao de gordura corporal, uma vez que a

mesma est a associ ad a a disturbios metab61icos e a doen~as cardiacas. 0 metodo mais comum e a rela~ao das medidas de circunferencia de cintura e de quadril (CC/Q). Por sua vez, a medida de circunferencia decintura (tronco) nao possui um unico local de mensura~ao entre os

autores consultados, demonstrando a necessidade depadronizar sua aplica~ao. De acordo com os estudos apresentados, para a medida da regiao do tronco, e adotado com maior frequencia 0ponto medio entre aultima costela e a crista iliaca ou 0ponto em nivel da cicatriz umbilical. Ambas regi6es fornecem local de facil identifica~ao e tambem podem melhor representar a quantidade de tecido adiposo visceral, enquanto quepara a regiao de quadril, 0ponto de referencia situado na maior extensao das nadegas e adotado pel a grande maioria dos

pesquisadores. As medidas de espessura de dobras cutaneas (EDC) tambem sao uteis na determina~ao dadistribui~ao de gordura corporal,

no entanto e necessario estabelecer os grupos de medidas que melhor a representa. Mesmo demonstrando menor interesse quando comparado

com arela~ao CC/Q,verifica-se que asmedidas de EDC de tronco mais empregadas sao a subescapular (5B), suprailiaca (51) e abdominal

(AB).enquanto as medidas de extremidades foram triceps (TR). biceps (BC) e perna medial (PM).

Palavras Chave: Medidas antropometricas, Distribui~ao de gordura corporal. Circunferencia cintura/quadril, Espessuras de dobras

cutaneas.

This study hasthe purpose to describe anthropometric methods that indicate body fat fatness distribution and its association to metabolic disturbances and heart diseases.The most common method is the relationship ofwaist and hipcircumference measures (CC/Q). Otherwise, waist circumference measures (trunk) do not present a standardized site of measurement among many authors studied in this work demonstrating the needfor a standardized application. According to the present studies, itis adopted the middle point between the lastriband theiliac crest orthe pointat the umbilical scarlevel fortrunk measures.Both sitesallow easy identification andbetter representation

for the amount of visceral fatty fabric, while for the hip area the reference point at the largest buttock extension isadopted by most researchers. Theskinfold thickness measures (EDC)are useful to determine body fat distribution. However it becomes necessary toestablish thereliability for these measurement groups.Although demonstrating less interest when compared with theCC/Q relationship, it is demonstrated

that the most usual EDC measures fortrunk are the subescapular (5B),suprailiac (51),and abdominal (AB)measures, while for limb measures are triceps (TR). biceps (BC) and medial tigh (PM).

(2)

IN

T

RODU

C;

AO

Evidencias cientfficas confirmam que a for-ma como a gordura corporal se deposita no or-ganismo representa urn importante fator de

ris-co para 0 desenvolvimento da doen9a arterial

coronaria (RIMM et al., 1995), apoplexia, dia-betes nao-insulino dependente (LAPIDUS &

BENGTSSON, 1988) e cancer (BJORNTORP, 1988b; LAPIDUS et al., 1984; FUJIMOTO et al., 1990; DONAHUE et al., 1987), alem de es-tabelecer associa90es com a pressao arterial, re-dU9ao nasconcentra90es de lipoprotefnas de alta densidade (HDL), eleva9ao nas concentra90es de acido urico, triglicerides, das lipoprotefnas de baixa densidade (LDL) e de muito baixa densi-dade (VLDL), resistencia a insulin a (SEIDELL,

1996;FREEDMANetal., 1990; VAGUE, 1956; GUEDES & GUEDES, 1998), morbidade e mortalidade (HUNTER et al., 1997; CHUMLEA et al., 1992; BJORNTORP, 1988a, 1991; FOLSOM et al., 1993).

A localiza9ao dos dep6sitos de gordura re-cebe grande influencia do sexo e da idade, onde os locais caracterfsticos apontam para a regiao glutea-femoral (periferica) e a regiao abdominal (central). Segundo DESPRES et al. (1990) a gordura central devera ser subdividida em teci-do adiposo subcutaneo e em gordura abteci-dominal intern a ou visceral. Tambem pode-se entender distribui9ao de gordura do tipo andr6ide (ho-mens) para maior acumulo de gordura no abdo-me,tronco, cintura escapular e pesc090 e do tipo gin6ide (mulheres), quando 0 acumul0 de teci-do adiposo esta essencialmente 10calizado na metade inferior do corpo, isto e, regiao da pelvis e coxa superior (VAGUE, 1956).

A gordura localizada no abdome, seja visceral e/ou subcutanea, apresenta maior rela-9ao com sintomas e estabelecimento de doen9as (RIMM et al., 1995; DESPRES et al., 1990) do que 0 tecido adiposo localizado na regiao glutea-femoral, a menos que esta venha combinada com acumulo de gordura central (BJORNTORP,

1987). Neste sentido, HUNTER et al. (1997) comentam que a distribui9ao periferica de gor-dura associa-se fracamente com doen9as cardiovasculares (DCV), 0 tecido adiposo

sub-cut aneo abdominal relaciona-se com urn risco moderado, enquanto a adiposidade visceralesta associada a urn alto risco. Estas afirma90es con-firmam 0 estudo de FUJIMOTO et al. (1990) que encontraram maiores estoques de gordura abdo-minal interna (visceral) em pacientes com doen-9as cardfacas.

Verifica-se que a distribui9ao de gordura corporal fornece informa90es valiosas quanta a condi9ao de saude de uma pessoa. Contudo, como determinar a topografia do tecido adiposo e como interpretar os resultados obtidos por meio de medidas antropometricas?

Neste sentido, 0 metodo antropometrico nos permite determinar a distribui9ao de gordura cor-poral contrastando medidas de tronco e extre-midade, seja por meio de medidas de espessuras de dobras cutaneas (EDC), ou pelas medidas de circunferencias corporais, respectivamente as medidas de cintura e quadril (VAN LAN THE et al., 1996). Para HEYWARD &STOLARCZYK (1996) as medidas antropometricos se destacam pelo baixo custo e pela rapidez na coleta e inter-preta9ao das informa90es, especialmente em es-tudos populacionais.

Apesar de varios estudos se utilizarem de recursos antropometricas na determina9ao da distribui9ao de gordura corporal, percebe-se grande varia9ao na localiza9ao e no emprego de diferentes medidas, tanto de circunferencias quanta de dobras cutaneas. Embora nao haja di-ficuldades em localizar a regiao onde se realiza a medida da circunferencia de quadril, na regiao do tronco (cintura) sao identificados varios 10-cais de mensura9ao. Com rela9ao as espessuras de dobras cutaneas (EDC), apesar de existirem tentativas de padroniza-Ias, algumas dobras sao verificadas em locais diferentes. Tambem, nao ha exatamente urn grupo de medidas de EDC necessarias para a determina9ao da distribui9ao de gordura. Estas observa90es indicam a

neces-sidade de se padronizar as medidas

antropometricas de circunferencia (LOHMAN, 1992) e de se estabelecer os grupos de medidas de EDC que melhor representem a distribui9ao de gordura corporal.

(3)

Tendo em vista a imporHincia de incluir a avalia<;aoda distribui<;ao de gordura corporal em rotinas de avalia<;ao da aptidao ffsica relaciona-das

a

saude, com objetivo de fornecer informa-<;oespara prescrever e orientar programas de ati-vidade ffsica e/ou como indice de fator de risco coronariano, tanto no homem quanta na mulher, o estudo se propos a apresentar as medidas antropometricas de circunferencias corporais e espessura de dobras cutaneas empregadas na determina<;ao da adiposidade central, procuran-do identificar a localiza<;ao dos pontos anatomicos, a combina<;ao das medidas, a amili-se e interpreta<;ao dos valores.

MEDIDAS

DE CIRCUNFERENCIA

CORPORAL

Segundo MALINA (1996) a localiza<;ao da gordura corporal central pode ser determinada com relativa precisao, utilizando como recurso as medidas de circunferencia nas regi5es de cin-tura e de quadril. 0 indice conhecido como rela-<;aocircunferencia de cinturalquadril (CC/Q) e calculado di vidindo a circunferencia de cintura (em) pel a circunferencia de quadril (em). Entre-tanto, muitos estudos que se utilizaram das me-didas antropometricas de CC/Q para determinar a distribui<;ao de gordura corporal, nao foram claros quanta a urn ponto de referencia localiza-do na regiao localiza-do tronco.

Considerando a validade de uma medida, toda varia<;ao encontrada em sua administra<;ao,

no caso, as propor<;5es derivadas de diferentes regioes de cintura e/ou quadril, poderao favore

-cer a ocorrencia de erros de medidas e de valo-res, especialmente inter-avaliadores e, como con-sequencia, inviabilizar as compara<;5es de resul

-tados obtidos em diferentes popula<;5es. Esta coloca<;ao evidencia a necessidade de padroni-zar as medidas de circunferencia de cintura e quadril, especialmente da regiao de tronco (SEIDELL et al., 1988; CROFT et al., 1995; BOUCHARD et al., 1990).

Na tentativa de padronizar as me did as de circunferencia, CALLAWAY et al. (1991) re

-comendam duas medidas na regiao do tronco designadas como cintura e abdome. A cintura

e medida colocando a fita metrica dois centi

-metros acima da cicatriz umbilical e, para de-terminar a circunferencia do abdome, utiliza

-se a maior extensao anterior que e, geralmente,

mas nem sempre, em nivel da cicatriz umbili-cal. Entretanto, apesar de ambas medidas pos

-suirem 0 mesmo proposito, ou seja, estimar a gordura subcutanea e visceral, a circunfetencia de abdome, em nivel do umbigo, e considerada o melhor indicador de tecido adiposo interne (visceral), comparado com a medida de cintura situada freqiientemente na menor circunferen-cia do tronco (CROFT et al., 1995;

CALLAWAY et al., 1991).

Contrariando a coloca<;ao de que a regiao de abdome (umbigo) e 0 melhor indicador da gordura interna, ROSS et al. (1994) afirmaram que a rela<;ao CC/Q (medida de tronco em nivel do umbigo), nao apresenta associa<;ao significa-tiva com 0tecido adiposo visceral quando com

-parada com a imagem de ressonancia magneti-ca. as achados deste estudo estabeleceram que a medida realizada em nivel da ultima costela e o melhor indicador de tecido adiposo interno tan-to no homem quantan-to na mulher.

Existem diferentes medidas na regiao do tronco, comumente chamado de cintura, utiliza

-das com 0 objetivo de determinar a deposi<;ao

do tecido adiposo e estimar a gordura subcuta-nea e interna. Desta forma, as medidas nesta re-giao sac realizadas colocando a fita metrica ho-rizontalmente em volta do sujeito tendo como referencia a cicatriz umbilical, a distancia de dois e meio (2 '/2 em) ou dois centfmetros (2 em) aci

-ma do umbigo, a regiao localizada no ponto medio entre a ultima costela e crista iliaca, em nivel da ultima costela e tambem 0 local onde apresente a men or circunferencia. Por sua vez,

as medidas realizadas na distancia de 2 '/2 em e 2 em acima do umbigo, bem como no ponto medio entre a ultima costela e crista ilfaca

dife-.rem muito pouco.

Com 0 objetivo de verificar os pontos de referencias na regiao de cintura e quadril mais utilizados, procurou-se reunir alguns estudos desta natureza. Estas medidas estao apresenta-das na tabela 1.

(4)

Autores/estudos Tronco _Quadril RIMM, et a!.,1995 linha umbigo Maior protubenlncia a

FREEDMAN et aI., 1990 linhaumbigo Maior protuberiincia HOUMARD etal., 1994 linhaumbigo Maior protuberancia

KEENAN et a!.,1992 linhaumbigo Maior~rotuberancia CHUMLEA etaI., 1992 linhaumbigo Maior protuberancia LARSSON eta!., 1984 linhaumbigo nivel dacrista iliaca

SEIDELL etaI., 1987 linhaumbigo nivel da crista ilfaca CROFf etaI.,1995 linha umbigo Maior protuberancia FOLSSON eta!., 1993 2.5 cmacima umbigo Maior protuberiincia SELLERS, 1994 2.5cmacima umbigo Maior protuberancia HUNTER et a!., 1997 2 cm acima umbigo Maior protuberancia PERRY et aI., 1997 entre costela inferior e crista iliaca Maior protuberancia HEITMANN, 1991 entre costela inferior e crista ilfaca Maior protuberancia SELBY, 1990 entre costela inferior e crista iHaca Maior protuberancia SEIDELL et a!., 1989b entre costela inferior e crista iliaca maior protuberancia LAPIDUS, 1984 entre costela inferior e crista ilfaca maior protuberancia LEMIEUX etaI., 1996 entre costela inferior e crista iliaca maior protuberancia CONW AYet a!., 1997 entre costela inferior e crista ilfaca maior protuberancia DESPRES et a!., 1991 entre costela inferior e crista ilfaca maiorlJrotu berancia ROSS & MARFELL-JONES, 1982 entre costela inferior e crista ilfaca maior protuberancia CAPRIO et a!., 1997 circunferencia minima maior protuberancia FOLSOM et a!., 1989 circunferencia minima maiorjJrotu berancia KRITZ-SILVERSTEIN & circunferencia minima maior protuberancia BARRETT-CONNOR, 1996

PEIRIS eta!., 1988 circunferencia minima maior protuberancia

A tabela 1 contem varios estudos que ado-taram asmedidas decircunferencia na regiao do tronco e de quadril com inten~ao de determinar a distribui~ao de gordura corporal e associa-la a disturbios lipfdicos e a doen~as cardfacas. Trans -ferindo seus valores para 0 quadro 1, pode-se

visualizar que dos 24 estudos, na regiao do tron -co (cintura) houve uma pequena vantagem para as medidas efetuadas no ponto medio entre a coste1a inferior e crista ilfaca (09), ou seja, 38% dos estudos consultados, seguido das medidas localizadas em nfvel da cicatriz umbilical (08), ou 33%. No entanto, na regiao do quadril, ex is -tiu uma grande preferencia pelas medidas loca -lizadas na maior circunferencia (22), alcan~an -do 92% dos estudos consultados.

Se levarmos em considera~ao que as medi -das realizadas, tomando como referencia dois e meio (21/2cm) oudois (2cm) centfmetros acima do umbigo saG muito pr6ximas das medidas aferidas no ponto medio entre a costela inferior e

crista ilfaca, teremos uma clara vantagem por medidas neste ponto, confirmando tambem que a padroniza~ao recomendada por CALLAWAY et al.(1991) como medida de cintura (dois centfme-tros acima do umbigo ), parece ser a mais aceita -vel, como tambem a mais empregada. Com a in -ten~ao de facilitar futuros estudos, e sugerido ater -se apenas a urn local de medida na regiao dotro n-co,que represente a adiposidade central e sejaurn local de facil identifica~ao. Esta atitude podera facilitar a reprodu~ao de medidas inter e intra -avaliadores, auxiliando na redu~ao de erros que possam ocorrer durante a avalia~ao.

INTERPRETAC;AO DAS MEDIDAS DE

CIRCUNFERENCIA CORPORAL

Ap6s a coleta das medidas, estas devem ser analisadas e seus resultados comparados com va -loresde referencia. CROFT et al.(1995), seguin -do as orienta~5es do Dietary Guidelines for

(5)

Tronco Total %

Linha umbigo 08 33

2.5em acima umbigo 02 8

2 em acima umbigo 01 4

Entre costela inferior e crista ilfaca 09 38

Circunferencia minima 04 17

Total 24 100

Quadril

Maior orotuberancia (gluteo maximo) 22 92

Nfvel da crista ilfaca 02 8

Total 24 100

Idade Baixo Moderado Alto Muito alto

20-29 <0.83 0.83-0.88 0.89-0.94 >0.94 30-39 < 0.84 0.84-0.91 0.92-0.96 > 0.96 Homens 40-49 <0.88 0.88-0.95 0.96-1.00 >1.00 50-59 <0.90 0.90-0.96 0.97-1.02 > 1.02 60-69 < 0.91 0.91-0.98 0.99-1.03 >1.03 20-29 <0.71 0.71-0.77 0.78-0.82 >0.82 30-39 <0.72 0.72-0.78 0.79-0.84 >0.84 Mulheres 40-49 < 0.73 0.73-0.79 0.80-0.87 > 0.87 50-59 <0.74 0.74-0.81 0.82-0.88 >0.88 60-69 < 0.76 0.76-0.83 0.84-0.90 >0.90

Americans, colocam que homens e mulheres ao apresentarem a rela<;ao CC/Q superior a 0.95 e 0.80 respectivamente, estariam expostos a urn maior risco de desenvolverem doen<;as cardiovasculares. Apresentando pequena diferen -<;aapenas para 0sexo masculino, ~MORE &

COSTllL (1994) e BJORNTORP (1985) afir -mam que valores da rela<;aoCC/Q maiores do que 1.0 para homens e 0.80 para mulheres, estariam indicando aumento nos fatores de risco. Entre -tanto, 0 estabelecimento de urn ponto de corte ("cutoff points") para categorizar grupos de ris -co,equestionado por CROFT et al.(1995), onde os valores 0.95 e 0.80 para homens e mulheres respectivamente, podem nao ser apropriados para jovens adultos, mulheres, idosos ealguns grupos

etnicos eraciais norte americanos.

Levando em considera<;ao0sexo e a idade, BRAY & GRAY (1988) apresentam normas de valores, pontos de corte,darela<;aoCC/Q emf or-ma de categoria de risco (tabela 2). De acordo com os autores, adultos jovens com valores de CC/Q superiores a 0.94 para homens e 0.82 para mulheres, demonstram maior risco de doen<;as.

Na tentativa deassociar valores da rela<;ao CC/Q com fatores de risco coronariano, SOLORIO et al. (1996) analisaram uma amos -tra de 87pacientes, divididos em dois grupos. 0 grupo 1 constou de 45 indivfduos (50 ±5 anos) com antecedentes de cardiopatia isquemica, en -quanta no grupo 2se encontravam 42 indivfdu -os sadios (49 ± 5 anos). Os resultados demons -traram que no grupo 1a rela<;ao CC/Q foi maior que 0.91 diferindo do grupo 2 que foi menor que

(6)

0.89.0 maior fndice tambem foi associado com lipfdeos sangtifneos. Contudo, levando em con-siderayao os valores da tabela 2 para a idade e sexo, oshomens emulheres pertencentes ao gr o-po 2, mesmo nao tendo antecedentes clfnicos, estariam classificados nas categorias de risco moderado e muito alto respectivamente.

Asdivergencias dos valores da relayao CCI

Q

apresentados, podem ser explicadas talvez, pelo uso de diferentes padronizayoes de me di-das, idade, gropo etnico ou racial dos indiv fdu-os que serviram como amostra.

Como os valores da relayao CCIQ podem estar associados aproblemas de saude, e conve -niente comentar que pessoas com fndices eleva -dos, devem serencaminhados a especialistas das areasde medicina, nutriyao e atividade ffsica,para que sejam tomadas asprovidencias necessarias.

o

metoda antropometrico das medidas de

espessuras de dobras cutaneas (EDC) e utiliza -do tanto para estimar indiretamente a quantida

-de -de gordura corporal (%gordura), por meio de equayoes desenvolvidas para talfim,quanto para determinar a caracterfstica da distribuiyao de gordura corporal, por meio da somat6ria de a l-gumas medidas obtidos nas regioes de tronco e extremidades.

Contudo, as informayoes que os valores de gordura relativa (%gordura) podem traduzir em termos desaudesac limitados, especialmente em homens e mulheres de meia idade. Para tanto, muitos pesquisadores recomendam determinar apenas 0padrao de distribuiyao de gordura c

or-poral, somando e dividindo urn determinado numero de dobras cutaneas (tronco/extremid a-de) ou verificando arelayao CCIQ,como forma mais re)resentativa deindicar riscos para as au-de (LARSSON et al., 1984). De acordo com RIMM et al.(1995) e importante estimar aqua n-tidade de gordura em homens jovens, pois de -monstra forte relayao com as doenyas coronarianas, enquanto para homens mais ve-lhos, 0 padrao de distribuiyao de gordura pode ser0melhor indicador. Isto demonstra que e pre -ferfvel determinar a distribuiyao de tecido

Autores /dobras BC TC SB SI A PT AB CX PM M BUEMANN et a!., 1995 EJ E T1 T T E TREMBLAY eta!., 1990 E E T T E GARN etaI.,1988 E E T T VANLENTHE etaI., 1996 E E T T PEIRIS etaI., 1988 E T LAPIDUS et a!., 1984 E T

SEIDELL eta!., 1989a E T

FOLSOM eta!.,1991 E T T SOLORIO et a!.,1996 E T T T HUNTER et a!.,1997 E E T T E BUEMANN etaI., 1995 E E T T T E GUEDES,1994b E E T T T T E E ROSS etaI., 1994 E E T T T T E E HOUMARD eta!., 1994 E E T T T T T E E DONAHUE etaI., 1987 T AMORIM 1995 E T T T E E Total 9 15 15 12 3 3 6 4 8

BC - bicipital; TC- triciptal; SB - subescapular; SI -supra ilfaca; AM - axilar media; PT - peitoral; AB -abdominal; CX -coxa; PM -perna medial.

£I -dobras cutaneas localizadas nas extremidades do corpo. T1 -dobras cutaneas localizadas na regiiio central do

(7)

adiposo do que verificar a quantidade relativa

de gordura em pessoas adultas.

Para melhor determinar a distribui<;ao de gordura em adultos atraves dasmedidas deEDC

pode-se recorrer as orienta<;6es encontradas na

tabela 3. Existe uma enorme varia<;ao entre os estudos que utilizam as medidas de EDC com a inten<;ao de identificar a distribui<;ao do tecido adiposo. Os objetivos sao semelhantes aos es

-perados com os indices da rela<;aoCC/Q, ouseja, identificar a distribui<;ao da gordura corporal e associa-la

a

disturbios metabolicos e a doen<;as cardiorrespiratorias.

De acordo com atabela 3, percebeu-se ma

i-or preferencia pelas EDC BC, TR e PM locali

-zadas nas extremidades e pelas EDC SB, SI e AB localizadas no tronco. Com rela<;ao aos es

-tudos que propuseram avaliar 0mesmo

conjun-to de medidas, verificou-se como primeira op

-<;ao,as EDC tomadas nas regi6es TC e SB, se

-guidos do conjunto BC, TR com SB e SI.

E

importante ressaltar que existem varios fatores que poderiam causar erros na somatoria dos valores das EDC como, experiencia do ava

-liador, localiza<;ao da dobra eate mesmo 0com

-passo utilizado. Para isto, sugere-se adotar os procedimentos e tecnicas recomendados por HARRISON et al. (1991) para minimizar em parte, asdiferen<;asque possam ocorrer na loca

-liza<;ao da medida de espessuras de dobras cutaneas.

ESPESSURAS

DE DOBRAS CUTANEAS

COMO INDICADORAS

DE

DISTRIBUI-~AO

DE GORDURA

Apos averifica<;ao das medidas, os resulta

-dos sao soma-dos, e os valores de tronco sao di

-vididos com asmedidas deextremidade. 0 pro

-duto esperado, deve ser igual ou inferior a uma unidade (=1), 0que eqtiivale a uma distribui<;ao

equiJibrada entre tronco/extremidade ou ainda, preferencialmente, favorecendo levemente as extremidades.

Analisando a tabela 3 e possivel sugerir a

utiliza<;ao de alguns grupos de medidas de EDC uteis na determina<;ao da distribui<;aode gord

u-SB+AM+SI+AB TR+BC+CX+PM SB+SI+AB TR+BC+PM SB+SI BC+TC PEIRIS etal. (1988) utilizaram asmedidas

de dobras cutaneas subescapular (SB) etriciptal (TC) com 0 objetivo de estimar a distribui<;ao

da gordura corporal em mulheres adultas. Os autores colocam que as EDC neste estudo nao foram suficientemente uteis para predizer anor

-malidades metabolicas. No entanto, segundo STERN & HAFFNER (1988), a combina<;ao destas duas medidas devem ser usadas para de

-terminar a possibilidade dagordura corporal vir a se acumular na regiao central do corpo:

A somatoria e a divisao dos valores das medidas subescapular e triciptal sao uteis no acompanhamento dos indices de composi<;ao corporal de crian<;ase adolescentes (GUEDES

1994a). Contudo, de acordo com LOHMAN (1986), quando ocorrem divergencias entre as medidas de EDC obtidas nas regi6es triciptal e subescapular e feita a seguinte analise:

a) quando os valores sao superiores para a dobra subescapular esta havendo maior interfe

-rencia dos aspectos provenientes do meio ambi-ente (alimenta<;ao, atividade ffsica) e,

b) quando os val ores sao superiores para a dobra tricipital, os aspectos biologicos (geneti

-ca), por sua vez, e que estariam predominando.

Considerando estas informa<;6es,0acumulo

de tecido adiposo no tronco, sob responsabili

-dade de aspectos ambientais como clima, habito alimentar, indice de atividade fisica e nivel cul-tural, poderia, de certa forma, ser revertido ou amenizado com adequados meios de interven

-<;ao,especialmente na idade escolar.

Embora 0metodo de medidas de espess u-ras de dobu-ras cutaneas seja urn instrumento

in-teressante para determinar a distribui<;ao de gor-dura corporal, ele envolve alguns fatores que devem ser mencionados como: (a) 0 manuseio

do instrumento de medida requer habilidade e treinamento; (b) a localiza<;ao dos pontos de re

-ferencia exigem pratica e muita aten<;ao e, (c) muitos individuos (avaliados) podem sentir-se

(8)

constrangidos em ter de expor algumas regi6es para medida.

As medidas de EDC sao pouco utilizadas com 0 objetivo de determinar a distribui~ao de tecido adiposo para fins epidemio16gicos. As-sim, verificou-se que nao ha urn consenso sobre quantas e quais sao as dobras cutaneas necessa

-rias para que possamos estimar a distribui~ao de gordura, bem como e existencia de diferentes padroniza~6es para se realizar as medidas. Hou-ve pouca preocupa~ao em reaplicar estudos com objetivo de estabelecer aquelas medidas, ou seus grupos, que porventura traduziram urn risco po-tencial de disfun~6es org~nicas.

CIRCUNFERENCIA

CINTURA/QUA-DRIL (CC/Q)

VERSUS MEDIDAS DE

ESPESSURAS

DE DOBRAS CUTANEAS

(EDC)

Verificamos grande aceita~ao quanta a uti

-liza~ao do metodo antropometrico (CC/Q e EDC) na determina~ao da distribui~ao de gor-dura corporal, porem, com menor interesse pe

-las medidas de EDC Com objetivo de comparar os metodos antropometricos, ASHWELL et al.

(1985) e SEIDELL et al. (1987), utilizando a tomografia computadorizada, demonstraram que em adultos a rela~ao CC/Q se correlaciona me

-lhor com a quantidade de gordura abdominal interna do que os indicadores baseados nas EDC Em urn estudo que procurou associar a dis-tribui~ao de gordura corporal com a bioqufmica lipfdica sangtifnea em comandantes de grandes jatos da avia~ao brasileira, AMORIM (1995) utilizou a somat6ria das dobras cutaneas nas re-gi6es triciptal (TR), subescapular (SB) e peito

-ral (PT) dividido pela somat6ria das dobras cutaneas nas regi6es suprailfaca (SI), coxa (CX) e perna medial (PM). 0 autor conduiu que este fndice, identificado como gordura superior e in-ferior do corpo, apresentou uma elevada asso-cia~ao com a bioqufmica sangtifnea, superando ate mesmo a CC/Q.

E

interessante comentar que neste estudo as EDC nao foram analisadas, em padrao de gordura central e periferica, mas em gordura superior e inferior.

Ao se questionar sobre a medida

antropometrica que melhor represente a distri

-bui~ao de gordura corporal, varios estudos de-monstram preferencia pel as medidas de circun

-ferencia referente a rela~ao CC/Q (LAPIDUS &

BENGTSSON, 1988), e ainda, outros pesquisa-dores a consideram como 0 melhor indicador de risco coronariano (RIMM et aI., 1995). Resulta-dos semelhantes foram confirmados por SOLORIO et al.(1996) os quais conclufram que a rela~ao CC/Q e mais significativo para predi

-zer doen~as cardfacas do que as EDC

Para escolher 0 me to do antropometrico (CC/Q ou EDC) capaz de estimar a distribui~ao de gordura central versus periferica, deve-se pri

-meiramente investigar qual a melhor combina

-~ao e a localiza-~ao das medidas, que por sua vez,

estabele~a a topografia de gordura corporal e assegure uma significativa associa~ao com do

-en~as cardfacas e com a bioqufmica sangtifnea.

E

provavel que haja diferen~as entre os metodos antropometricos (CC/Q e EDC) na de-termina~ao da gordura corporal. 0 que tern sido mais empregado e indicado e a utiliza~ao da re

-la~ao CC/Q, contudo, se faz necessario compa

-rar medidas em varias regi6es tanto de CC/Q quanta de EDC com disturbios metab6licos e fatores de risco. Isto podera estabelecer 0 padrao dos pontos anatomicos, quais e quantas medi

-das sao necessarias, bem como aquele que me-lhor se relacione com fatores de risco de doen

-~as cardfacas .Alem disto, 0 avaliador deve es

-colher 0 metodo que esteja mais adaptado a sua realidade, ou seja, facilidade de coleta, preferen

-cia, instrumentos e materiais disponfveis. Acre

-dita-se que as medidas de circunferencia demons -trarao vantagens nestes aspectos.

CONSIDERAC;OES FINAlS

Esta bem fundamentado que a gordura 10

-calizada na regiao central do corpo traz conse

-qtiencias desfavoraveis para

a

saude. A utiliza -~ao dos recursos antropometricos como as me-didas de circunferencia corporal para determi

-na~ao da distribui~ao de gordura por meio da analise da rela~ao CC/Q e as medidas de EDC se destacam pelo baixo custo e pela rapidez na coleta e interpreta~ao das informa~6es. Contu

(9)

-do, verificou-se uma aparente falta de padroniza

-<;aoespecialmente na circunferencia de cintura. Para a medida de circunferencia da regiao detronco (cintura), e adotado com maior freqiien

-cia, 0local entre a ultima costela e a crista iHaca seguido pela medida em nfvel da cicatriz umbi-lical. Ambas regioes fornecem urn local de facil identifica<;ao e tambem podem representar me

-lhor a quantidade de tecido adiposo visceral.

Com rela<;ao a regiao de quadril, eadotado pela maioria dos pesquisadores 0ponto de referencia situado na maior circunferencia medida entre crista iHaca ecoxa ou, mais especificamente, na maior extensao das nadegas.

As medidas de EDC verificadas no tronco cOmmaior freqiienciaforam SB,SIeAB, enquan-to as medidas de extremidades foram TR, BC e PM. Existem varias combina<;oes entre medidas de tronco eextremidades, no entanto, nao houve replica<;ao ou compara<;ao de estudos com inten

-<;aode determinar uma que representasse a topo

-grafia da gordura ou a bioqufmica sangiifnea. A analisedasmedidastanto de circunferencia quanto

de EDC, sao realizadas dividindo-se a(s)

medida(s) obtida(s) na regiao superior (tronco) pela(s) medida(s) verificada(s) na regiao inferior do corpo (extremidades). Varios estudos

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CCIQ,com objetivo de classificar os avaliados por categoria de risco. Contudo, estes valores fi-xos sao criticados pois, podem nao ser apropria-dos para jovens adultos, mulheres, idosos e al-guns grupos etnicos e raciais.

Com 0 objetivo de determinar a distribui-<;ao de gordura corporal, as medidas antropometricas que se utilizam das EDC eCCI

Q, podem ser perfeitamente aplicadas para tal prop6sito.

E

provavel que exista diferen<;asnos resultados quando utilizamos urn ou outro me

-todo que se proponha aidentificar a topografia do tecido adiposo. Entretanto, alem de ser mais empregada, averifica<;ao por meio das medidas deCCIQ pode ser vantajosa na coleta, aquisi<;ao do instrumento e analise dos resultados.

Sugere-se que 0 profissional da atividade

ffsica inclua as medidas de CCIQnas rotinas de avalia<;ao que antecedem qualquer prescri<;ao e orienta<;ao de exercfcio ffsico para a promo<;ao da saude. Da mesma forma, e necessario deter-minar adistribui<;ao de gordura corporal da po-pula<;ao adulta Brasileira e, consequentemente, fornecer tabelas de valores normais, por sexo, idade e perfil de risco coronariano.

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Rua Riachuelo, 62 - Cep 86100-001

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