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Escola Virtual ENAP: Relato de Experiência

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Escola Virtual ENAP: Relato de Experiência

Maio/2005

190-TC-A5

Tarcilena Polisseni Cotta Nascimento

Escola Nacional de Administração Pública – ENAP Tarcilena.Nascimento@enap.gov.br

Maria Fernanda Borges-Ferreira

Escola Nacional de Administração Pública – ENAP Fernanda.Borges@enap.gov.br

Categoria: Estratégias e Políticas

Setores Educacionais: Educação Continuada em Geral

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Introdução – EAD: conceitos e definições

Para Laaser (1997), a Educação a Distância (EaD) surge como forma de atender necessidades educacionais que não podem ser facilmente supridas pelas formas tradicionais de ensino. Essa modalidade abrange diversas formas e níveis de estudo nos quais o aprendiz e o tutor não mantêm contato direto.

Nos processos de Treinamento, Desenvolvimento & Educação (TD&E), o uso de novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs) tem

crescido consideravelmente. A Educação a Distância (EaD) vem sendo entendida como uma forma eficaz de disseminar novos conhecimentos e desenvolver novas habilidades a custos reduzidos. Isso, principalmente, porque possibilita a disponibilização de recursos a um grande número de pessoas, mesmo que estas se encontrem em diferentes regiões geográficas.

Belloni (1999) analisa a definição de EaD proposta por diversos autores. A Autora afirma que essas definições são elaboradas a partir de reflexões sobre suas semelhanças e diferenças em relação aos contextos presenciais de ensino.

A primeira característica da EaD refere-se à distância física entre o professor e o aluno. Outra característica, considerada a principal por Laaser (1997), é a separação temporal que permite o gerenciamento da aprendizagem pelo aluno, não sendo necessário que aluno e professor estejam ao mesmo tempo no ambiente do curso. A terceira diz respeito à mediação da relação professor-aluno por um algum recurso tecnológico, que impõe diferentes tipos de interação em função do tipo de recurso a ser utilizado. A quarta

característica seria a flexibilidade dos conteúdos, principalmente com o uso da internet. Isso possibilita ao aprendiz construir seu próprio conhecimento de acordo com as suas necessidades, uma vez que a estruturação do conteúdo deixa de ser linear, como no caso do uso de hipertextos como recursos didáticos. Vale ressaltar que continua existindo a necessidade de estabelecer objetivos e planejar o curso. Outra característica refere-se ao papel dos atores (tutor e aprendiz). O aprendiz é entendido como gestor da própria

aprendizagem, sendo orientado a buscar novos conhecimentos e conteúdos, além de organizar seu próprio cronograma de estudos. O tutor surge tanto como recurso auxiliar de orientação desse processo quanto como elaborador dos conteúdos para os cursos.

Peters (2003) afirma que a relação tutor-aluno é fator muito importante no processo de aprendizagem em contextos a distância. Para o autor, o diálogo entre os dois atores é essencial, uma vez que a linguagem, o pensamento e a ação estão envolvidos no processo de comunicação e no desenvolvimento individual e social do ser humano.

Rosenberg (2002) afirma que a utilização de educação a distância possibilita também a criação de comunidades de aprendizagem, importante mecanismo de compartilhamento de experiências e conhecimentos e de atualização constante dos conteúdos.

Vargas (1996) mostra que o uso do computador como método de treinamento é recente. Apenas a partir da década de 80, o computador tornou-se acessível em função do aumento do uso de microcomputadores e da sua velocidade de processamento, além da melhoria da capacidade de

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aprendizagem do aluno, possibilidade de prática e feedback imediato, monitoramento constante e diagnóstico de problemas de aprendizagem seguida de orientações de apoio.

Justificativa para implantação da Escola Virtual ENAP

A educação é definida, latu sensu, como o processo de

desenvolvimento físico, intelectual e moral de um ser humano. A noção de aprendizagem, por sua vez, encontra-se, geralmente, associada à apreensão e aplicação prática de conhecimentos e/ou técnicas, sobretudo na área

profissional. Esses são conceitos complementares, pois toda prática educacional envolve alguma espécie de aprendizado.

Em ambos os casos, a presença do indivíduo é imprescindível como agente do ensino ou como sujeito da aprendizagem. Por essa razão, é generalizada a tendência em associar a prática da educação e da

aprendizagem aos sistemas formais e presenciais de ensino. O exemplo mais comum é a escola e a sala de aula, embora a educação como fenômeno social transcenda esse espaço.

A evolução tecnológica permitiu a inserção de novas mediações no processo de ensino/aprendizagem com a introdução de novas mídias na sala de aula, a exemplo da televisão e do vídeo. Dessa forma, sedimenta-se um espaço favorável para o auto-aprendizado e para a consolidação do conceito de educação a distância.

Esse conceito não implica oposição às estruturas tradicionais de ensino. O que se altera, de forma significativa, é o contexto da sala de aula ou do ensino presencial. Há alteração de natureza geográfica e, sobretudo, quanto à forma de interação entre os sujeitos da aprendizagem e entre esses e os agentes do ensino.

A educação a distância pode ser definida como um processo social, contínuo e organizado, utilizando-se de tecnologias de ensino que permitem ao aluno melhor gerenciamento do tempo e espaço para a aprendizagem.

Viabiliza também a interação entre pares, grupos ou coletividade, em modo síncrono ou assíncrono.

Na visão de Aretio (1987), trata-se de sistema tecnológico de comunicação em massa, bidirecional, no qual a interação professor-aluno caracteriza-se por uma ação sistemática e conjunta, apoiada em recursos didáticos diversos e na organização tutorial, possibilitando ao aluno a aprendizagem autônoma.

O conceito de “distância” em Educação não tem sentido estritamente físico/geográfico, mas fundamentalmente relacional, afetivo e comunicacional. A proximidade ou distância envolve aspecto transacional de fundamental

importância pedagógica que não depende necessariamente da realidade física. Embora a educação a distância não possa resolver todos os dilemas educacionais de uma sociedade ou substituir definitivamente o ensino

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investimentos iniciais em tecnologia revertem em ganhos de escala

significativos, tendo em vista que os recursos permitem uma maior abrangência de pessoas com apenas uma ação de capacitação.

Para o setor público brasileiro, a educação a distância constitui uma importante alternativa, tendo em vista quadro de cerca de 500 mil servidores no Poder Executivo. O processo de capacitação exclusivamente centrado em ensino presencial é mais dispendioso, em especial se pressupõe deslocamento de servidores. A educação a distância surge, portanto, como uma possibilidade de capacitação integradora, de menor custo considerada sua escala de

atendimento, com favorecimento de treinamento no posto de trabalho, possibilitando acesso democrático à capacitação.

Além disso, a opção da ENAP pela oferta gratuita de cursos a distância reforça as possibilidades de acesso do servidor à capacitação, bem como ao autogerenciamento de seu desenvolvimento profissional. Permite também a construção de redes de aprendizagem gerando conhecimentos novos e alavancando a gestão do conhecimento.

Na condição de entidade governamental dedicada à execução das políticas de capacitação do Governo Federal, a Escola Nacional de

Administração Pública - ENAP tem particular interesse nessa questão, pois através de ações de Educação a Distância torna-se possível alcançar o servidor em todo o País, em especial aquele lotado fora de Brasília, e no exterior.

Assim, a Educação a Distância é relevante instrumento para o cumprimento da missão da Escola. Além de viabilizar a difusão do

conhecimento em um espaço geográfico mais amplo que aquele permitido pelo ensino presencial, a ENAP poderá, com a adoção dessa estratégia de ensino, otimizar seus próprios recursos no sentido de promover ganhos estratégicos para o Governo brasileiro no que diz respeito à melhor qualificação dos servidores públicos.

Objetivos esperados com a implantação da Escola Virtual ENAP

Com a implantação da Escola virtual e aprovação de seu Projeto pedagógico, espera-se que sejam alcançados alguns objetivos.

O primeiro objetivo refere-se à ampliação da capacidade da ENAP para a qualificação de servidores públicos, propiciando, assim, a democratização do saber. Acredita-se também que seja possível a viabilização permanente

autodesenvolvimento do servidor público através de educação inovadora e de qualidade, bem como a oferta de soluções de aprendizagem voltadas para o desenvolvimento de competências essenciais para as organizações públicas e em consonância com a necessidade de trabalho dos servidores e que

desconsidere as fronteiras de espaço e tempo. Essa oferta de cursos de qualificação dos servidores públicos deve acarretar uma redução de custos para as organizações públicas.

A ENAP espera, ainda, que a implantação da Escola Virtual estimule a formação de ambientes de aprendizagem colaborativa, como estratégia de potencialização do aprendizado e do compartilhamento de soluções para desafios nas organizações públicas.

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conhecimento e a contribuição para o reconhecimento da instituição como centro de excelência para o desenvolvimento profissional.

Casos: Dois cursos ofertados via Web

O curso de Orçamento público: Elaboração e Execução tem por objetivo capacitar o aluno a elaborar e a executar o orçamento público federal utilizando a metodologia empregada pela administração pública federal. Este curso, utilizando a internet, tem duração média de 35 horas oferece ferramentas conceituais e legais para que os servidores públicos federais de todo o país possam ampliar seus conhecimentos e gerir de modo mais eficaz e eficiente os recursos públicos. O curso está dividido em seis módulos com apresentação de conteúdo, atividades interativas e exercícios de fixação.

Neste curso, é oferecida tutoria, utilizando-se os seguintes canais de comunicação, a saber: chats, fóruns, correio eletrônico e banco de perguntas mais freqüentes (FAQ). O aprendiz é avaliado por meio das notas nos

exercícios ao final de cada módulo, nota de exercício final e sua participação no curso.

O curso de Ética e Serviço Público é uma atividade do Projeto EuroBrasil 2000 em parceria com a Secretaria de Gestão / Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e a Escola Nacional de Administração Pública - ENAP e com o apoio do Serviço Federal de Processamento de Dados – SERPRO. Essa iniciativa visa a excelência do exercício profissional,

garantida não apenas pela competência técnica, mas também pelo estímulo ao discernimento moral. Considera-se, portanto, que o desenvolvimento de uma consciência ética é elemento fundamental para comprometer os agentes públicos com o respeito à cidadania, ao estado de direito e à consolidação da democracia.

O objetivo do curso é sensibilizar o servidor público para a dimensão ética de sua atividade profissional e estimular uma atitude reflexiva para o enfrentamento dos problemas relacionados à essa dimensão. A carga horária total e de 10 horas e o curso é voltado para servidores de nível superior do quadro permanente da Administração Pública Federal. O curso está organizado em três módulos.

Nesses dois cursos para ter acesso aos módulos seguintes, os alunos devem ter concluído os módulos anteriores e respondido o exercício final de cada módulo. No curso de Ética, os exercícios destinam-se à fixação do conteúdo e não são pontuados. Já no curso de Orçamento, os exercícios são tanto de fixação quanto de avaliação do grau de assimilação dos conteúdos pelos alunos. Além disso, os cursos utilizam como recursos metodológicos conteúdos teóricos publicados na sala de aula virtual (web); correio eletrônico para comunicação entre alunos e Coordenação; e fórum virtual. Há ainda indicação de bibliografia e textos para leitura complementar.

Em ambos os cursos, é disponibilizado, no início dos mesmos, um conjunto de orientações sobre o acesso ao curso. Além disso, o aprendiz possui três canais de comunicação para esclarecimentos de dúvidas de conteúdo e para suporte técnico.

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Ao final de cada evento de aprendizagem, o aluno deve responder a uma avaliação de reação ao curso que engloba análises relacionadas aos objetivos instrucionais, ao conteúdo programático, ao desempenho da tutoria, ao material didático, à aplicabilidade dos conteúdos e à organização, gestão acadêmica e coordenação dos cursos, bem como os alunos fazem uma auto-avaliação de sua participação no curso. O questionário estava associado a uma escala do tipo Likert de 6 pontos, em que 1 (um) correspondia a Excelente e 10 (dez), a ruim.

Em ambos os treinamentos, as avaliações dos participantes foram muito positivas, utilizando, principalmente, os pontos mais altos da escala. Os participantes consideraram que os objetivos dos cursos estavam bem definidos e que foram atingidos. O material didático dos cursos foi considerado abrangente, com linguagem clara e objetiva, de boa qualidade e com exercícios adequados as exigências do conteúdo. Para os participantes, o conteúdo do cursos estava coerente com os objetivos propostos, que estava organizado em uma seqüência lógica. Além disso, consideraram o conteúdo como de fácil compreensão e possível de ser aplicado em seu ambiente de trabalho.

Com relação aos tutores, os participantes relatam que estes possuíam domínio do conteúdo, foram capazes de esclarecer suas dúvidas, além de terem estabelecido bom relacionamento com grupo. Vale ressaltar que houve uma sensível melhora no desempenho dos tutores quando comparadas a primeira e a segunda atuação como tutor de um mesmo curso. No quesito organização, gestão acadêmica e coordenação, os participantes consideram que o ambiente da Escola possui ótima apresentação e organização, que a carga horária do curso estava adequada ao tipo e quantidade de conteúdo ensinado, assim como relataram que a coordenação dos cursos ofereceu apoio e atendeu às necessidades e reivindicações dos alunos.

Por fim, os alunos fizeram uma auto-avaliação de sua participação nos cursos. De acordo com os dados obtidos, os alunos demonstraram interesse pelo assunto tratado nos treinamentos, participaram das atividades propostas, foram dedicados aos cursos e, também, assimilaram os conteúdos ensinados.

Um último dado sobre os dois cursos analisados neste trabalho refere-se ao índice de conclusão. Os cursos de Ética e Orçamento Público foram ofertados gratuitamente em outubro de 2004 e março de 2005. Em 2004, o índice de conclusão em ambos os cursos ficou próximo de 61,5%. Já nos cursos ofertados 2005, esse índice foi de aproximadamente 65%.

Considerações Finais

Apesar do sucesso obtido até o presente momento, conforme ilustrado pelos resultados dos dois cursos apresentados nesse trabalho, é possível identificar algumas limitações para o aumento e melhoria da oferta de cursos a distância via web.

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Outro ponto refere-se ao fato da plataforma utilizada pelo ENAP atender também a outros órgãos do governo, não apenas como portal de educação a distância, mas como prestadora de outros serviços em tecnologia da informação. Isso faz com que em alguns momentos haja grande quantidade de acessos simultâneos à plataforma, assim como a empresa tem que

responder a outras demandas não relacionadas a EAD e que, por vezes, são definidas como prioritárias. Dessa foram, seria interesse que houvesse pelo menos um profissional de informática na equipe EAD para agilizar a detecção de falhas e implementação de melhorias.

Vale ressaltar que algumas melhorias já vêm sendo implementadas pela empresa responsável pela plataforma na qual se encontra a Escola Virtual ENAP e novas modificações devem ser sugeridas, uma vez que a Escola encontra-se em momento de expansão e consolidação de sua atuação junto aos servidores públicos federais.

Um último ponto que impacta diretamente no trabalho e na rapidez de resposta às demandas de órgãos públicos é a necessidade de realização de licitação para contratação de pessoal, especialmente, para a tutoria de alguns cursos. Entre outros motivos, isso fez com que a Escola desse preferência para o desenvolvimento de cursos sem tutoria. Poucos são os cursos que necessitam de tutores na Escola Virtual ENAP.

Vale comentar também que boa parte dos tutores que têm atuado na Escola nunca havia passado pela experiência de tutoria em cursos a distância. Assim, fez-se necessário realizar reuniões para discutir o papel do tutor e sua forma de atuação. As avaliações de desempenho do tutor mostram uma melhoria na qualidade do trabalho quando comparados as duas atuações em um mesmo curso.

Referências Bibliográficas

Belloni, M.L. (1999). Educação a Distância. Campinas: Autores Associados. Laaser, W. (1997). Manual de criação e elaboração de materiais para educação

a distância. Editora Universidade de Brasília, Brasília.

Peters, O. (2003). Didática do Ensino a Distância. Rio Grande do Sul. Unisinos. Rosenberg, M.J.(2002). E-Learning – Estratégias para a Transmissão do

Conhecimento na Era Digital. São Paulo: Makron Books.

Vargas, M.R.M. (1996). Treinamento e Desenvolvimento: reflexões sobre seus métodos. Revista de Administração, 31, 126-136.

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