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FAMÍLIA E EDUCAÇÃO: REFLEXÕES SOBRE A CONTRIBUIÇÃO FAMILIAR NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM. Resumo

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Academic year: 2021

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FAMÍLIA E EDUCAÇÃO: REFLEXÕES SOBRE A CONTRIBUIÇÃO FAMILIAR NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Helissana Curvo – IE/UFMT – helissana_curvo@hotmail.com Márcia dos Santos Ferreira – IE/UFMT – msf@ufmt.br

GT 10 – Formação de Professores

Resumo

Este estudo apresenta resultados parciais de uma pesquisa em andamento que analisa a contribuição familiar no processo de ensino-aprendizagem. Fundamentado pelas abordagens clássicas da Sociologia da Educação, representadas por trabalhos de Durkheim (1978), Berger e Luckmann (1996), acrescidas da abordagem contemporânea desenvolvida por Lahire (2004) o objetivo deste trabalho é promover uma reflexão sobre a relevância do ambiente familiar no contexto educacional. O estudo aponta para a conclusão de que a família, como primeira agência socializadora da criança, é um dos elementos responsáveis por seu sucesso e/ou problemas no processo educativo. Esta reflexão pode oferecer informações relevantes a pais e educadores, por sua preocupação com os fatores relacionados ao desenvolvimento infantil.

Palavras-chave: Família; Aprendizagem; Socialização.

Introdução

Antigamente costumava-se atribuir à criança, toda culpa por seu fracasso escolar. Hoje, porém, já se reconhece que as dificuldades em aprendizagem não se dão no vazio, e sim em contextos situacionais e interpessoais. Não podemos falar de dificuldades tendo somente a criança como ponto de referência: o contexto em que a criança se encontra precisa ser considerado. Assim, a família pode ser grande responsável pelo sucesso e/ou dificuldades na determinação de aprendizagem da criança.

A análise do tema escolhido fez-se através de uma pesquisa bibliográfica que busca identificar variáveis familiares contribuintes para processo de ensino-aprendizagem, visto que conforme Tancredi e Reali (2008, p. 01) “as famílias têm sido

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consideradas como as primeiras agências socializadoras da criança, cabendo-lhes estabelecer condições propiciadoras de um “bom” desenvolvimento”. A família forma um contexto de socialização especialmente relevante para a criança, já que é nela que a criança encontra, em primeiro lugar, os modelos a serem imitados, conquanto evidencia-se que a interação da família no ambiente educacional dos alunos é de suma relevância.

O objetivo dessa pesquisa é fornecer uma reflexão sobre a relação entre a contribuição familiar e o ambiente de aprendizagem. De forma a incrementar a análise, os aspectos abordados na literatura serão delineados partindo de uma fundamentação teórica de natureza sociológica, particularmente por Durkheim (1978), Berger e Luckmann (1996) – como representantes da teoria clássica – e Lahire (2004) – como representante do pensamento sociológico contemporâneo.

O resultado desta pesquisa servirá principalmente de informação a pais e educadores. Aos primeiros, por estarem ou deverem estar em permanente contato com os filhos e por serem, acredita-se, os principais interessados em seu pleno desenvolvimento. Aos segundos, por continuarem a tarefa iniciada pela família, por terem a possibilidade e a responsabilidade de introduzirem influências positivas ao desenvolvimento infantil.

A Socialização Primária e Secundária

Para se integrar à sociedade, o indivíduo precisa passar por vários “processos de socialização” que acontecem continuamente ao longo da vida, mas que se dividem, basicamente, em dois momentos: socialização primária e socialização secundária.

A socialização primária é a primeira socialização que o indíviduo experimenta na infância, e em virtude da qual torna-se membro da sociedade. A socialização secundária é qualquer processo subseqüente que introduz um indivíduo já socializado em novos setores do mundo objetivo da sociedade. (BERGER E LUCKMANN, 1996, p.175)

Em linhas gerais a socialização primária é a interiorização das primeiras coisas do mundo com que a criança tem contato, comumente representado pelos pais e outros seres com os quais ela se relaciona, pois é promovida em “circunstâncias carregadas de alto grau de emoção” (BERGER E LUCKMANN, 1996, p. 176). Com base nesse processo de socialização, ou melhor, de interiorização, interpretação e entendimento que

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a criança passa a fazer parte efetivamente da sociedade, pois passa a ter consciência de si mesma, dos outros e do mundo que a cerca.

Na socialização primária, por conseguinte, é construído o primeiro mundo do indivíduo. Sua peculiar qualidade de solidez tem de ser explicada, ao menos em parte, pela inevitabilidade da relação do indivíduo com os primeiros significativos para ele. (BERGER E LUCKMANN, 1996, p.182)

É profícuo dizer então que a família com seu o papel basilar de prover o educar das crianças – é o proporcionador primeiro de condições para que estas se tornem indivíduos e possam viver em sociedade. Partindo disso é cabível ressaltar que a socialização primária é provida basicamente pela família.

Já a socialização secundária é a internalização e a obtenção de novos conhecimentos catalogados a funções específicas e arraigados na divisão do trabalho que podem acontecer nas mais diversas esferas sociais. Berger e Luckmann (1996, p. 184-185) assinalam que:

A socialização secundária é a interiorização de “submundos” institucionais ou baseados em instituições. A extensão e caráter destes são portanto determinados pela complexidade da divisão do trabalho e a concomitante distribuição social do conhecimento. [...] a socialização secundária é a aquisição do conhecimento de funções especificas, funções direta ou indiretamente com raízes na divisão do trabalho.

Partindo disso afirmo que é a família a principal motivadora e ocasionadora das nossas primeiras relações afetivas e sociais, visto que ela é uma instituição que agencia a socialização primária e a educação durante a infância e adolescência e onde ocorre a maior parte das aprendizagens que realizamos. Deste modo, é pela socialização primária que são interiorizadas normas e valores, assim como formas de relacionamento, logo o começo do comportamento dos indivíduos, sendo assim esta socialização é fundamentalmente determinada pelas relações familiares.

A contribuição familiar no processo de ensino-aprendizagem

É pela socialização primária que são interiorizadas normas e valores, assim como formas de relacionamento, partindo disso a família é considerada como instituição muito importante no processo de aprendizagem. O aprender e o ensinar são funções básicas da família, desta forma o modo como a família vive pressupõe características na modalidade de aprendizagem da criança.

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Dentro do ambiente familiar que se realizam as experiências básicas que serão imprescindíveis para o desenvolvimento autônomo dentro da sociedade. Após o nascimento, a criança começa sofrer influências familiares que aos poucos vão modelando seu comportamento, sendo a maior parte das influências exercidas pelos pais sobre os filhos, provavelmente inconsciente.

Segundo a concepção durkheimiana de educação (1978, p. 42):

A educação é a ação exercida pelas gerações adultas que não se encontram ainda preparadas para a vida social; tem por objeto suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política no seu conjunto e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se destine.

Lahire (2004, p. 17), por sua vez, assinala que a personalidade da criança é delineada pelo primeiro universo que a circunda, o que ele denomina de “membros da constelação familiar”, de tal modo torna-se evidente que “de fato, a criança constitui seus esquemas, cognitivos e de avaliação através das formas que assumem as relações de interdependência com as pessoas que a cercam com mais freqüência e por mais tempo, ou seja, os membros de sua família.”

Deste modo o autor ressalta que as “ações das crianças são reações que “se apóiam” relacionalmente nas ações dos adultos que, sem sabê-lo, desenham, traçam espaços de comportamentos e de representações possíveis para ela” (LAHIRE, 2004, p.17).

Quando uma criança se identifica com seus pais – primeiros seres significantes para ela (BERGER E LUCKMANN, 1996) – adquire muitas das características, pensamentos e sentimentos deles, em suma, adquire o padrão de comportamento da família. Portanto, se a família oferecer à criança um contexto cultural composto de leituras, de visitas a teatros, a museus, a bibliotecas, a galeria de artes, a cinemas, dentre outros, estará propiciando um ambiente instigante para a aprendizagem da mesma, e, além disso, estará abrangendo ainda mais o contexto escolar.

Lahire (2004, p. 20) evidencia claramente a importância desse contexto cultural na vida das crianças, principalmente no que tange à leitura e à escrita. O autor revela que a “familiaridade com a leitura pode conduzir a práticas voltadas para a criança, de grande importância para o “sucesso” escolar”:

O fato de ver os pais lendo jornais, revistas ou livros pode dar a esses atos um aspecto “natural” para a criança, cuja identidade social poderá constituir-se, sobretudo através deles (ser adulto como seu pai ou sua mãe significa, naturalmente, ler livros...). (LAHIRE, 2004, p.20)

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Assim, é válido afirmar que conforme o enfoque dado pelos pais à aprendizagem escolar será o tipo de influência exercida sobre a criança. Por exemplo: se os pais preferem ver TV, passear, assistir a algum filme, ao invés de ler, certamente a criança, mesmo possuindo revistinhas e livros, não terá muito interesse por leitura. Portanto, sem intenção de ensinar, os pais podem influenciar a aprendizagem de seus filhos através de atitudes e valores que passam a eles.

Considero o estudo da família de suma importância para a aprendizagem da criança, uma vez que a família é a primeira das muitas células que reunidas constituem a sociedade. É junto dela que a criança realiza as primeiras e mais importantes experiências de sua vida.

Conclusão

Diante da análise feita nesta fase inicial da pesquisa, posso inferir que a família, como propiciadora da socialização primaria, é o alicerce do desenvolvimento do sujeito. Cabe a ela o comprometimento da socialização dos seus filhos, visto que é por meio desse primeiro relacionamento, que a criança congrega modelos de interações que irão guiar suas ações de convivência por toda a sua existência. Sua forma de afeto, de compartilhar, de se relacionar, seus valores, isto é, seu modo de agir como ser humano, será resultado da experiência relacional de seu intercâmbio familiar.

Partindo desse pressuposto, embora investigações mais amplas sejam necessárias, é possível dizer que uma das dimensões que influenciam o desempenho escolar das crianças estaria relacionada à família, haja vista que há uma relação de interdependência que interferirá, diretamente, na aprendizagem do educando.

Referências bibliográficas

BERGER, Peter L. e LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade – Tratado e Sociologia do conhecimento. 13.a ed. Rio de Janeiro, Editora Petrópolis, 1996.

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DURKHEIM, Émile. A educação como processo socializador: função homogeneizadora e função diferenciadora. In: PEREIRA, Luiz e FORACCHI, Marialice M. Educação e Sociedade (Leituras de Sociologia da Educação). 9.a ed. São Paulo, Editora Nacional, 1978, p. 34-48.

LAHIRE, Bernard. Sucesso Escolar nos meios Populares – As razoes do improvável. São Paulo, Editora Ática, 2004.

TRANCREDI, Regina Maria Simões Puccinelli e REALI, Aline Maria de Medeiros Rodrigues. Visões de professores sobre as famílias de seus alunos: um estudo na área da educação infantil. Disponível http://www.ced.ufsc.br/~nee0a6/tregalin.PDF. Acesso em 11 de junho de 2008.

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