A CLAVÍCULA DE SALOMÃO
A CLAVÍCULA DE SALOMÃO
por Fernando H. F. Sacchetto – 25/05 - 21/10/2011 por Fernando H. F. Sacchetto – 25/05 - 21/10/2011
II
Tudo começou com um camarada do Paulinho. Tudo começou com um camarada do Paulinho.
“Tô te falando, o cara era um zero à esquerda”, ele “Tô te falando, o cara era um zero à esquerda”, ele estava explicando. “No catava mina nem com reza !rava. estava explicando. “No catava mina nem com reza !rava. "... modo de dizer. #
"... modo de dizer. #$ te explico.”$ te explico.”
“%xplica o qu&'” Parecia mais uma das hist(rias “%xplica o qu&'” Parecia mais uma das hist(rias ccoommpprriiddaas s ddo o PPaauulliinnhhoo, , e e mmiinnhha a ppaaccii&&nncciia a eessttaavvaa começando a se encher
começando a se encher por antecipaço.por antecipaço.
“)eixa pra l$. * ne+(cio que ele era o maior “)eixa pra l$. * ne+(cio que ele era o maior man, e no era s( com mulher. Tava sempre duro. %le man, e no era s( com mulher. Tava sempre duro. %le vivia no *-alle/-s pra pa+ar de !ur+u&s...”
vivia no *-alle/-s pra pa+ar de !ur+u&s...” “0+ual a voc&, n'”
“0+ual a voc&, n'” “1
“1aai i se se feferrrraar. r. aas s eele le s( s( cchuhupipinhnhavava a dde e ttododoo mundo, fazia o poss2vel pra +alera pa+ar a !irita dele. %, mundo, fazia o poss2vel pra +alera pa+ar a !irita dele. %, quando ele pe+ava al+uma coisa, era s( dra+o.”
quando ele pe+ava al+uma coisa, era s( dra+o.” “3eleza, entendi, era um
“3eleza, entendi, era um loser loser . as e a2'”. as e a2'”
“42, esse s$!ado eu es!arrei com ele, na festa de “42, esse s$!ado eu es!arrei com ele, na festa de uma prima da minha mina. ano, fiquei de cara. *u o uma prima da minha mina. ano, fiquei de cara. *u o malandro en+ana muito !em, ou ele t$ investindo pesado na malandro en+ana muito !em, ou ele t$ investindo pesado na 3olsa, e +anhando. )iz que, s( semana passada, ele faturou 3olsa, e +anhando. )iz que, s( semana passada, ele faturou mais de 566 mil no
mais de 566 mil no intradayintraday.”.”
“7, isso f$cil pra caram!a. 8ue cara essa' “7, isso f$cil pra caram!a. 8ue cara essa' 9(+ico que : 8ualquer rid2culo pode encher a cara de 9(+ico que : 8ualquer rid2culo pode encher a cara de !e!ida
!e!ida e e dizer dizer numa numa festa festa que que faturou faturou 566 566 ou ou ;66 ;66 mil mil comcom intraday
“T$, t$, tudo !em, mas o cara tava diferente. Tinha, “T$, t$, tudo !em, mas o cara tava diferente. Tinha, sei l$, al+uma coisa nele...”
sei l$, al+uma coisa nele...”
“<& tava +amado, n' 1ai, fala a verdade, tava “<& tava +amado, n' 1ai, fala a verdade, tava querendo dar uma s
querendo dar uma sentadinhaentadinha'”'”
“1ai te catar: Tô dizendo que tinha um monte de “1ai te catar: Tô dizendo que tinha um monte de +atas em cima dele. =ei l$, ele vinha com uns papinhos m( +atas em cima dele. =ei l$, ele vinha com uns papinhos m( nada a ver, e
nada a ver, e elas davam o maior mole.”elas davam o maior mole.” “Tam!m, +anhando 566 pila por
“Tam!m, +anhando 566 pila por semana...”semana...”
“<& no disse que era conversa' Te pe+uei, hein, “<& no disse que era conversa' Te pe+uei, hein, manezo' %nfim, mesmo com roupa de marca e tal, ele tava manezo' %nfim, mesmo com roupa de marca e tal, ele tava sinistro. 1oc& no acreditava
sinistro. 1oc& no acreditava. as o . as o pior no isso.”pior no isso.” “8ue foi, ele te levou pra
“8ue foi, ele te levou pra casa'”casa'”
“<ala a !oca. =a!e o qu& que ele disse que tinha “<ala a !oca. =a!e o qu& que ele disse que tinha aca!ado de comprar' 1ai, diz a2:”
aca!ado de comprar' 1ai, diz a2:”
“8ue tal voc& parar de enrolar e falar
“8ue tal voc& parar de enrolar e falar lo+o'”lo+o'”
“4 "elm!recht: <ara, t$ li+ado, n' 4 alta violenta “4 "elm!recht: <ara, t$ li+ado, n' 4 alta violenta que ela teve ho>e' 8ue nin+um previu, em lu+ar nenhum'” que ela teve ho>e' 8ue nin+um previu, em lu+ar nenhum'”
4+ora estava começand
4+ora estava começando a o a ficar interessante. “?, praficar interessante. “?, pra ser coincid&ncia, isso muita sorte. * cara te disse por que ser coincid&ncia, isso muita sorte. * cara te disse por que ele tinha comprado, como ele sa!ia'”
ele tinha comprado, como ele sa!ia'”
“eu ami+o, a2 que o !icho pe+a. Por isso que “eu ami+o, a2 que o !icho pe+a. Por isso que eu hesitei quando eu falei de reza !rava.”
eu hesitei quando eu falei de reza !rava.”
““11aai i mme e ddiizzeer r qquue e ffooi i mmeeddaallhhiinnhha a dde e ==aannttoo %xpedito'”
%xpedito'”
“No, mas tam!m no t$ lon+e disso. %nto, no “No, mas tam!m no t$ lon+e disso. %nto, no sei se eu falei, mas ele participa de um tal dum clu!e de sei se eu falei, mas ele participa de um tal dum clu!e de xadrez que mexe com uns ne+(cios meio esquisitos.”
“ais esquisito que simplesmente montar um clu!e “ais esquisito que simplesmente montar um clu!e de xadrez'”
de xadrez'”
“=ei l$, do >eito que ele fala, nem parece que o “=ei l$, do >eito que ele fala, nem parece que o ne+(cio deles xadrez mesmo. Parece que tudo meio ne+(cio deles xadrez mesmo. Parece que tudo meio secreto, um tipo de maçonaria. @ituais, e tal. %le s( soltou o secreto, um tipo de maçonaria. @ituais, e tal. %le s( soltou o que ele soltou no s
que ele soltou no s$!ado porque tava chapad$!ado porque tava chapado.”o.”
“?, meu ami+o, as coisas que se li!era quando se “?, meu ami+o, as coisas que se li!era quando se est$ !&!ado... <uidado a2...”
est$ !&!ado... <uidado a2...”
“Pois . %le sempre foi meio misterioso com isso, “Pois . %le sempre foi meio misterioso com isso, mas deixava a entender que eles estudavam uns troços mas deixava a entender que eles estudavam uns troços meio, assim, de ocultismo.”
meio, assim, de ocultismo.”
““""..” ” aaiis s qquue e iinntteerreessssaannttee. . ““TTiippoo, , o o qquuee,, simpatias, macum!as, como isso'”
simpatias, macum!as, como isso'”
“%u sei l$, no faço a menor ideia, mas simpatia no “%u sei l$, no faço a menor ideia, mas simpatia no parece ser o tipo de coisa desses caras. )if2cil ima
parece ser o tipo de coisa desses caras. )if2cil ima+inar esse+inar esse maluco !otando um santo de ca!eça pra !aixo.”
maluco !otando um santo de ca!eça pra !aixo.”
““NNuunncca a se se ssaa!!ee. . 44s s ppeesssosoaas s qquue e vvoocc& & mmeennooss ima+ina to por a2 acendendo vela com pedaço de ca!elo ima+ina to por a2 acendendo vela com pedaço de ca!elo seu, ou se>a l$ o que for.”
seu, ou se>a l$ o que for.”
“Pode at ser, mas voltando ao tal clu!e... pelo que “Pode at ser, mas voltando ao tal clu!e... pelo que o su>eito falou, eles andam fazendo rituais com um ne+(cio o su>eito falou, eles andam fazendo rituais com um ne+(cio que voc& nem ima+ina. 8uando ele falou isso, eu lar+uei a que voc& nem ima+ina. 8uando ele falou isso, eu lar+uei a mo dele, muita !alela pra minha ca!eça.”
mo dele, muita !alela pra minha ca!eça.”
“ais do que voc& t$ acostumado a contar' )if2cil “ais do que voc& t$ acostumado a contar' )if2cil acreditar.”
acreditar.”
“1oc& sacaneia, mas no foi voc& que teve que ficar “1oc& sacaneia, mas no foi voc& que teve que ficar ouvindo um cara falar que tem a dro+a da clav2cula do ouvindo um cara falar que tem a dro+a da clav2cula do =alomo. )$ pra acreditar num troço desses'”
Tudo estava começando a se encaixar, ainda que no Tudo estava começando a se encaixar, ainda que no fizesse tanto sentido assim. “Na verdade... d$ pra acreditar fizesse tanto sentido assim. “Na verdade... d$ pra acreditar tranquilament
tranquilamente, e, sim.”sim.”
“8u&': Pera2, meu chapa, a clav2cula do =alomo' “8u&': Pera2, meu chapa, a clav2cula do =alomo' 7m cara que
7m cara que teriateria vivido no meio do *riente dio faz sei vivido no meio do *riente dio faz sei l$ quantos mil anos' % um !ando de trouxas pArapado que l$ quantos mil anos' % um !ando de trouxas pArapado que se reBne num se!o, aqui
se reBne num se!o, aqui em =o Paulo, tem um osso em =o Paulo, tem um osso dele':”dele':” %u sorri. 4 cara de incredulidade do Paulinho valeu %u sorri. 4 cara de incredulidade do Paulinho valeu a minha paci&ncia. “% quem foi que falou em osso' 0sso a minha paci&ncia. “% quem foi que falou em osso' 0sso mesmo, no tem osso nenhum. %u acredito que esses caras mesmo, no tem osso nenhum. %u acredito que esses caras t&m essa clav2cula >ustamente porque eu
t&m essa clav2cula >ustamente porque eu tam!m tenho.”tam!m tenho.” “4h, rapaz, p$ra com isso: <& t$ me sacaneando, “4h, rapaz, p$ra com isso: <& t$ me sacaneando, n' Pode desarmar essa cara de paisa+em, eu sei que voc& n' Pode desarmar essa cara de paisa+em, eu sei que voc& doido, mas no a esse
doido, mas no a esse ponto:”ponto:”
“Tô falando pra voc&, no tem nada de mais. No “Tô falando pra voc&, no tem nada de mais. No uma clav2cula no sentido de osso... na verdade, isso um uma clav2cula no sentido de osso... na verdade, isso um livro. 4 <have enor de =alomo, ou, em latim,
livro. 4 <have enor de =alomo, ou, em latim, ClaviculaClavicula Salomonis
Salomonis. ? da2 que vem o nome.”. ? da2 que vem o nome.”
“Putz +rila, srio' % eu aqui ima+inando os caras “Putz +rila, srio' % eu aqui ima+inando os caras pe+ando
pe+ando uma uma clav2cula clav2cula e e mexendo mexendo por por a2 a2 que que nem nem umauma varinha m$+ica... as como voc& tem um troço
varinha m$+ica... as como voc& tem um troço desses'”desses'” “7, cara, internet. "o>e em dia dif2cil achar um “7, cara, internet. "o>e em dia dif2cil achar um livro que no t$ l$. =e quiser, eu te passo o P)C.”
livro que no t$ l$. =e quiser, eu te passo o P)C.”
“=ai pra l$, no quero sa!er desses troços ma+ia “=ai pra l$, no quero sa!er desses troços ma+ia ne+ra no, cara:”
ne+ra no, cara:”
“8ue foi, t$ com medinho' T$ tremendo de medo do “8ue foi, t$ com medinho' T$ tremendo de medo do capeta, n'”
capeta, n'”
“Nada, eu acho que isso tudo !a!aquice mesmo, “Nada, eu acho que isso tudo !a!aquice mesmo, mas vai sa!er... =e !em que desse >eito, P)Czinho num mas vai sa!er... =e !em que desse >eito, P)Czinho num penAdrive
tipo de coisa era pra ser um livro, sinistraço, anti+o, sa!e tipo de coisa era pra ser um livro, sinistraço, anti+o, sa!e como '”
como '”
““==eem m ++aallhho o D D s( s( iimmpprriimmiir, r, ffaazzeer r uumma a ccaappaa !acaninha de
!acaninha de couro, envelhecer couro, envelhecer o o papel com papel com ch$ de ch$ de maç emaç e meter uns +rampos. as t$, tudo !em, eu sei do que voc& t$ meter uns +rampos. as t$, tudo !em, eu sei do que voc& t$ ffaallaannddoo. . 99iivvrro o aannttii++o o ccaarro o pprra a ccaarraamm!!aa, , iitteem m ddee colecionador, mas pra que +astar dinheiro se d$ pra pe+ar o colecionador, mas pra que +astar dinheiro se d$ pra pe+ar o scan na net de
scan na net de +raça'”+raça'”
“8ue se>a, tanto faz. as srio que voc& tem isso' “8ue se>a, tanto faz. as srio que voc& tem isso' 1oc&, @enato, o f2sico ateu, defensor da ci&ncia e inimi+o 1oc&, @enato, o f2sico ateu, defensor da ci&ncia e inimi+o do o!scurantismo, com mestrado em quEntica e tudo' No do o!scurantismo, com mestrado em quEntica e tudo' No por nada no, mas o que dia!o voc& t$ fazendo com um por nada no, mas o que dia!o voc& t$ fazendo com um livro de ocultismo'”
livro de ocultismo'”
““88uuaal l o o pprroo!!lleemmaa' ' <<oonnhheecciimmeenntto o conhecimento, meu chapa. T$, o mtodo cient2fico passa conhecimento, meu chapa. T$, o mtodo cient2fico passa lon+e da ca!eça dos malucos que escrevem esse tipo de lon+e da ca!eça dos malucos que escrevem esse tipo de parada,
parada, e e praticamenpraticamente te tudo tudo voc& voc& explica explica com com cincocinco minutos de an$lise e ci&ncia de cole+ial, mas mesmo assim minutos de an$lise e ci&ncia de cole+ial, mas mesmo assim le+al sa!er como , o que eles pensam, como chama, e por le+al sa!er como , o que eles pensam, como chama, e por a2 vai. <uriosidade mesmo. No ela que a alma da a2 vai. <uriosidade mesmo. No ela que a alma da ci&ncia'”
ci&ncia'”
“%u, hein... as ento, e a tal da <lav2cula, o que “%u, hein... as ento, e a tal da <lav2cula, o que tem nela' Ceitiços, maldiçFes'”
tem nela' Ceitiços, maldiçFes'”
“No exatamente. %la tem v$rias partes, mas a mais “No exatamente. %la tem v$rias partes, mas a mais conhecida a
conhecida a Ars Ars oetiaoetia, que a que ensina como invocar, que a que ensina como invocar demônios. =rio, tem tudo l$, o desenho do c2rculo m$+ico, demônios. =rio, tem tudo l$, o desenho do c2rculo m$+ico, instruçFes, e toda a ficha de G; demônios com nome, t2tulo, instruçFes, e toda a ficha de G; demônios com nome, t2tulo, ha!ilidades, e tudo mais. 1em no meu computador, d$ s( ha!ilidades, e tudo mais. 1em no meu computador, d$ s( uma olhada.”
uma olhada.”
Comos à minha mesa, e rapidamente achei o livro Comos à minha mesa, e rapidamente achei o livro em meus arquivos. Paulinho estava tentando dar uma de em meus arquivos. Paulinho estava tentando dar uma de
+ozador, mas no pôde esconder uma certa empol+aço quando o a!ri. !"#""$%& C!A'(C)!A S%!%#%&(S . “T$ vendo aqui'”, mostrei. “%ditado e material adicional por 4leister <roHle/. <ara famoso, do começo do sculo
;6. Tudo o que voc& for procurar de ma+ia ho>e tem o dedo desse cara. 4t o 3lacI =a!!ath tem uma mBsica so!re ele.”
“4h, claro, porque isso que determina que...” %le parou no meio do caminho e olhou !oquia!erto quando
desci para o c2rculo m$+ico. “<ara, que da hora: <heio de runas e penta+ramas e sei l$ o que mais:”
“@unas no, isso aqui s( he!raico mesmo. =o nomes reli+iosos, de an>os ou al+uma coisa assim. 8uase tudo aqui tem a ver com )eus ou an>os.”
“Pera2, mas esse troço no era pra chamar demônios' <omo assim, )eus'”
“? isso mesmo, esse tipo de ma+ia procura usar o poder de )eus e tal pra prender os demônios. Tipo, teoricamente, se voc& usa isso, apesar de chamar os capetas, voc& no seria um satanista... como se estivesse fazendo refns e o!ri+ando o inimi+o a tra!alhar pra voc&, man>a'”
“<ara, quem diria... 8uer dizer que esses rituais de ma+ia ne+ra so coisa de crente'”
“No !em assim, calma l$... se voc& che+ar com isso numa i+re>a evan+lica, eles >o+am voc&, o livro, e at o seu cachorro na fo+ueira. *s caras acham que esto do lado de )eus, mas quem concorda com isso ou no outra hist(ria.”
“=rio que voc& t$ me per+untando isso' <omo que eles podem ter ou no o apoio de um persona+em fict2cio' 1oc& acha que o 3atman t$ do seu lado'”
“No fala assim. * 3atman nunca me deixou na mo.”
“T$ !om. *lha aqui os demônios. Tem os nomes, selos, quantas le+iFes cada um comanda, o que cada um faz...”
%le apontou para o selo de 3uer. “%sse aqui dava uma tatua+em animal...”
“%le ensina filosofia, ervas e plantas. *u se>a, o patrono dos maconheiros. Nada de mais. Tem uns que te
teleportam, ou tocam fo+o nos seus inimi+os.”
“%nto voc& quer dizer que o cara l$ que eu tava falando desenhou um ne+ocinho desses e invocou o coisaA ruim'”
“%u no quero dizer nada, voc& que t$ contando a hist(ria. as deve ser al+o nessa linha. 3em, na verdade !em mais complicado, tem todo um ritual, cheio de inscriçFes m$+icas, invocaçFes, incensos, sei l$ mais o qu&, mas por a2.”
“as pera2... o que eu quero sa!er o se+uinteJ <& acha que realmente veio al+uma coisa' 4l+uma entidade, que deu poderes pra esse cara'”
“* que eu acho que a psicolo+ia explica muita coisa. )e repente ele s( precisava de mais autoconfiança, sei l$. =( o ne+(cio da "elm!recht que t$ esquisito, mas ainda pode ser coincid&ncia. as o que eu realmente sei que eu s( tô me !aseando no que voc& disse, t$ me
entendendo' %u precisaria conhecer esse tal clu!e do xadrez pra sa!er o que exatamente t$ acontecendo por l$.”
“1oc& t$ falando de se infiltrar no meio dos caras' Tipo, investi+aço mesmo'”
“No via>a, ô man:” Na verdade, era !em o que eu estava pensando mesmo. “=( dar uma sapeada, de curiosidade. 4final, eu +osto de xadrez. 8ual o pro!lema de entrar pro clu!e' % eu aproveito pra sa!er como que ele fez pra +anhar esse dinheiro todo.”
“T$ acreditando na historinha de ma+ia, n' 4h, rapaz, tô sa!endo que voc& !em que t$ com vontade de a>oelhar e !ei>ar o ra!o do capeta:”
“%u s( estou tomando uma atitude cient2fica. )iante desse fenômeno curioso, eu pretendo o!serv$Alo cuidadosamente, classific$Alo, e derivar uma concluso equili!rada e imparcial com !ase nos princ2pios $ureos da no!re ci&ncia f2sica.”
“T$ certo... %nto, quer que eu te apresente o cara' )e vez em quando ele aparece no miniA+olfe, eu posso te levar l$. * nome dele 3essa”
“)emorou. * 3essa que me a+uarde, eu vou ensinar pra esses mans do xadrez um pouco so!re o que real e o
que superstiço.”
%ntretanto, quem estava prestes a aprender era eu, e a liço seria lon+a.
II
%le tinha um ar insuport$vel de quem tinha muito privil+io e nada de !om para fazer com ele, como um menino que no aceita perder o >o+o s( porque o dono da !ola. 8uando encontramos com ele no miniA+olfe, eu >$
sa!ia quem era antes mesmo de o Paulinho nos apresentar. “Cilha da me”, disse eu, quando mandei a !ola para fora da $rea pela terceira vez. Cazia parte do plano. “)eve ter al+uma coisa errada com esse taco.”
“<laro que tem,” Paulinho respondeu. “* pro!lema t$ na peça que se+ura o ca!o. 4+ora sai da frente que o profissional vai mostrar como se faz.”
“)esculpa a2,” retruquei, “no todo mundo que pode ficar nesse passatempo de !ur+u&s todo fim de
semana.”
4 >o+ada foi razo$vel. 3essa se posicionou para sua tacada. “8ual, no esquenta,” disse ele, “acho que voc& t$ indo !em pra primeira vez.”
“T$ !rincando' *ito pontos em tr&s !uracos, e com essa penalidade, >$ tô na quarta tacada pra esse aqui. @ealmente, esse troço no pra mim.”
Paulinho sorriu. “?, meu chapa, tô falando. 1oc& como >o+ador de +olfe um (timo f2sico. *u nem isso... no presta nem pra calcular a tra>et(ria da dro+a da !ola:”
“KAh, t$ !om. e d$ um feixe laser e um computador que eu resolvo esse pro!lema.”
3essa atravessou dois o!st$culos com sua !ola. “)e repente uma questo de talentos... deve ter outras coisas que voc& faz !em.”
%u sorri enquanto posicionava minha !ola. "avia che+ado meu momento. “* ne+(cio que isso aqui no tem nada a ver com calcular tra>et(ria de coisa nenhuma. ? s( ha!ilidade manual mesmo, +randes coisas.” <onse+ui ao menos mandar a !ola em direço ao !uraco. “4+ora, me d$ um >o+o que precisa de racioc2nio, plane>amento, criatividade, como o xadrez... a2 sim, voc& vai ver o que profissional.”
“L, 3essa,” Paulinho disse enquanto alinhava sua tacada, “voc& no tinha um tal dum clu!e de xadrez' Podia levar esse cara pra l$, que aqui ele t$ s( perdendo tempo.”
* rapaz ficou meio sem >eito. “7... voc& nunca se interessou pelo clu!e, porque t$ per+untando dele a+ora'”
“%u falei pra levar ele, no eu. Tô nem a2 pra xadrez, ô troço chato.”
“Ta2, parece le+al,” disse eu, procurando mostrar interesse. “0sso sim, eu topo numa !oa. *nde voc&s >o+am'”
“"...” %le parecia procurar al+o para dizer enquanto preparava sua tacada. “4cho que era !om ver com o pessoal l$, a a+enda de >o+os...”
“4h, cala a !oca,” disse meu cole+a, com um +esto de a!orrecimento. “4t parece que tem uma fila enorme de +ente querendo entrar pro seu clu!inho.”
“Nem que se>a s( pra assistir, at a!rir um >o+o,” ar+umentei. “%u aprecio uma !oa partida. %xiste toda uma !eleza no ato de usar o pensamento pra moldar uma
realidade.”
Paulinho deu um +runhido de repulsa pela pretenso do que eu disse, mas 3essa sorriu. 4 refer&ncia havia
surtido efeito. “T$ certo... acho que d$ pra voc& frequentar l$ um pouco. =( pra ver se voc& se adapta ao nosso pessoal.”
“Tenho certeza que sim.” @etri!u2 o sorriso, mais pela satisfaço de ter conse+uido vencer a primeira !arreira. “%u sinto que vou ter +randes coisas pela frente nesse clu!e.”
M M M
Na terça se+uinte, l$ estava eu, rodeado por livros mais velhos que anti+osO e um !ando de caras com o mesmo olhar faminto de 3essa. * lu+ar ficava na =anta <ec2lia, numa casa trrea espremida entre prdios anti+os, e precisava de um pouco de !oaAvontade para cham$Alo de “se!o”. 7m nome mais apropriado talvez seria “+ara+em apinhada de tralhas”.
* dono do lu+ar, um senhor de meiaAidade com olhos fundos, me o!servava fixamente. “%nto voc& que o tal ami+o do 3essa.”
“Pois ...” %u estava !em mais nervoso do que ima+inei que fosse ficar. =upostamente, seria uma situaço perfeitamente tranquila, mas no era o que eu sentia. “Na verdade, eu conheci ele atravs de outro ami+o, !em, um cole+a de tra!alho que...”
“1oc& tra!alha com nBmeros, no' %le adiantou pra mim. )isse que voc& pe+a todos os nBmeros que rodeiam a vida de uma pessoa e os manipula, desmonta, remonta, espreme at extrair deles a verdade so!re o futuro. No por a2'”
*lhei incrdulo para meu “padrinho”. %le estava prestando uma enorme atenço no cho à sua frente. “No !em assim que eu descreveria,” expliquei, “mas acho que at d$ pra dizer isso. Na verdade eu sou analista de se+uros de uma empresa de consultoria, a 9... conhece'”
* sorriso dele disse que ele no apenas no conhecia, como tam!m no li+ava a m2nima pra isso. “Perdo pela minha falta de modos. *r2+enes. @enato, certo'”
“"... sim, meu nome @enato *liveira. Prazer.” “0+ualmente. Nome auspicioso... espero que se confirme. as che+a de conversar com palavras... h$ muito pouco que elas podem dizer. 8ue tal conversarmos de
forma mais direta, de mente para mente'”
%u >$ estava procurando a porta da sa2da e uma desculpa para me diri+ir a ela, quando perce!i que ele estava falando de >o+ar xadrez. 4liviado, sentei em frente ao ta!uleiro D um con>unto realmente lindo, de m$rmore, tanto o ta!uleiro em si quanto as peças. <laro, isso me irritou um pouco D sempre achei peças de madeira mais f$ceis de ver e de manusear D mas eu no estava em uma posiço que me permitisse reclamar muito. *r2+enes estava
sentado do lado das pretas, ento tomei as !rancas, e, ap(s um tempo para respirar fundo e >untar meus pensamentos, a!ri o >o+o.
<omecei >o+ando defensivamente, tomando cuidado para no deixar !rechas em minhas posiçFes, enquanto
avaliava o >o+o dele. %le foi mais a+ressivo desde o princ2pio, e lo+o tomou a iniciativa do >o+o, forçandoAme a constantemente rea+ir a suas investidas. <apturou diversas peças minhas, inclusive minha rainha, em um >o+o r$pido e frentico... mas sacrificou a maioria de suas peças de valor
para faz&Alo. %ventualmente, deu um xeque com a torre, a qual capturei com o cavalo, resultando em xequeAmate. =eus peFes, pouco movimentados, facilitaram que eu o encurralasse.
“%spl&ndido,” disse. “Por um momento eu ima+inei que seu medo o estivesse prendendo, impedindoAo de manifestar seu potencial. <laro, ve>o que voc& ainda tem muito o que aprender... para começo de conversa, precisa se arriscar mais se quiser atin+ir a +randeza.”
“*u perder o >o+o,” retruquei. “No sei se eu teria conse+uido +anhar se voc& conservasse mais a sua força.”
*r2+enes +ar+alhou, enquanto viravaAse para os outros. “%sto vendo' %le no a!aixa a ca!eça. 4cho que voc& tem potencial afinal de contas, rapaz. %st$ começando a perder suas ini!içFes. 4cho que pode aprender uma coisa ou outra conosco.”
*s outros inte+rantes finalmente começaram a olhar diretamente para mim. 4 tenso no am!iente aliviouAse de forma palp$velQ de repente, a pr(pria +ara+em onde o se!o estava instalado parecia maior.
“4cho que sim,” disse afinal, ap(s a ficha terminar de cair. “4final... no s( xadrez que tem pra fazer aqui, n'”
7ma senhora com !em mais maquia+em e !i>uterias que o am!iente pedia virouAse para mim com um olhar malicioso. “* que voc& quer dizer com isso'”
Resticulei à minha volta com um sorriso. “Todo esse conhecimento ao redor da +ente... quer lu+ar melhor pra ter discussFes aprofundadas so!re as mais diversas
“No falei que era o cara certo'” 3essa tinha um ar triunfante.
* l2der do +rupo levantou a mo. “<alma... ainda estamos conhecendo nosso novo cole+a. No o momento de se precipitar, ou de queimar etapas. %le ainda ir$ provar seu valor, tenho certeza.”
“8ual, ainda preciso +anhar de todo mundo'” 4+ora eu estava sendo deli!eradamente petulante. “4li$s, que tal me apresentar o resto do pessoal'”
“eus perdFes.” *r2+enes a!aixou a ca!eça em um +esto teatral. “1oc& >$ conhece a mim e ao nosso ami+o 3essa. 4 =uzana,” ele +esticulou para a mulher que me fizera a per+unta, “ uma senhora cu>os modos suaves ocultam +rande força. 4qui temos o s$!io e +entil *scar,” disse, mostrando um senhor de meiaAidade de ar am$vel, “e por fim, apresento 9Bcio e Naiara, cu>o amor traz equili!ro ao nosso pequeno +rupo.” * casal consistia em um rapaz de ar insolente e uma moça que fazia um esforço admir$vel para esconder seu >eito su!ur!ano.
4cenei para cada um que era apresentado. “uito prazer, pessoal,” disse ao final. “%spero ter a oportunidade
de detonar todos voc&s no ta!uleiro... no me levem a mal.” Corcei um sorrisinho. *s outros inte+rantes no riram da +racinha, mas responderam com sorrisos de expectativa, o que me deixou mais sem >eito ainda. “% a+ora, eu tenho que assinar al+uma coisa, fazer um >uramento, pa+ar trote, o qu&'”
*r2+enes inclinouAse para a frente em sua cadeira. “ostre sua ha!ilidade de prever nossos movimentos. * que voc& acha que deve fazer'”
Pausei por al+uns se+undos, refletindo. * a+ora ou nunca, pensei. Arrisco, Ah ue se dane. Se eu icar enrolando nunca vou conse+uir.
“* que eu devo fazer'” disse, levantando o olhar para ele. “* que eu quiser, claro. No essa a lei'”
*s mem!ros do clu!e se entreolharam, intri+ados D com a exceço de seu l2der, que manteve seus olhos fixos em mim. * sil&ncio se estendeu por al+uns momentos tensos, sendo ento su!stitu2do por um !ur!urinho ainda mais an+ustiante. =enti +otas de suor se formando em meu pescoço.
4p(s um tempo que pareceu uma eternidade, a voz penetrante de *r2+enes cortou os sussurros, que se calaram
instantaneamente. “)evo dizer que estou surpreso. 8uando 3essa disse que tinha al+um novo para o clu!e, a+uardei sem muito interesse D eu >$ esperava por essa not2cia, claro. Talvez por isso no tenha lhe dado seu devido valor, devo confessar. %sperava na melhor das hip(teses al+um i+norante mas com um m2nimo de potencial... no um erudito.”
Ciz al+uns sons desa>eitados, tentando dizer que no sa!ia +randes coisas, mas ele me interrompeu antes que eu pudesse falar. “<laro, seu conhecimento ainda dever$ ser testado, !em como sua sa!edoria... e lealdade. as tenho esperanças. *s pro+n(sticos so positivos. =ei que todos estamos ansiosos pelo stimo mem!ro, pois h$ poder neste nBmero... e essa uma d$diva que nos foi prometida.” %le se levantou, sendo se+uido pelos outros. 4proveitei a deixa para me levantar tam!m, a tempo de ele me alcançar e apertar minha mo. “Neste s$!ado, teremos condiçFes de sa!er se ela nos foi entre+ue. 4t ento... !emAvindo ao <lu!e de Sadrez.”
7ma onda fria !or!ulhou em minha !arri+a. No tinha consci&ncia disso na poca, mas eu aca!ara de cruzar um horizonte de eventos. 4 partir daquele ponto, no era mais poss2vel voltar atr$s.
III
“% ento'” )>alma olhava para mim ansiosamente. %ncolhi os om!ros. “7, ento nada. Todo mundo levantou, como eu disse, e eu fui pra casa.”
“as e a2'” eu cole+a insistia. %le era pouco mais >ovem que eu, mas o !rilho em seus olhos o fazia parecer
uma criança. “*s caras so sinistros mesmo' 1oc& viu al+uma coisa doida de ocultismo'”
“Pô, cara, tô dizendo, eu fui em!ora lo+o em se+uida. 4inda no deu tempo de ver nada. 8uem sa!e amanh... pelo que o cara falou, deve ter al+um tipo de ritual, sei l$.”
“% esse ne+(cio que voc& falou' <ara, como que voc& sa!ia o que era pra falar'”
9ancei um olhar para nosso ami+o 4lfredo. “Caça o que quiser, essa ser$ toda a lei,” ele disse. “4leister <roHle/. ? o lema da Thelema, movimento m2stico criado por ele. @eflete o tema central da imposiço da vontade so!re a realidade, que era o que ele compreendia por ma+ia. Pra quem conhece o tema, praticamente a porta de entrada.”
“%xatamente,” continuei. “Pra ser sincero, eu at fiquei meio decepcionado por eles ficarem to impressionados com uma coisinha !esta dessas. No que eu esperasse que eles fossem +randes mestres da sa!edoria,
claro, mas... !em, quem sa!e foi s( pela surpresa. 4final, no todo mundo que conhece essas coisas, certo' *u que solta esse tipo de frase numa conversa normal so!re xadrez...”
“1oc& t$ levando isso a srio mesmo, n'” irna, que completava nosso pequeno +rupo, per+untou suavemente.
“8ue nada,” disse, talvez um pouco mais forçadamente do que +ostaria. “? s( curiosidade mesmo. % tam!m !om ter um pessoal pra praticar xadrez...”
“T$ !om...” )>alma deu uma risada. “=e fosse eu, a Bltima coisa que eu ia pensar era xadrez: 0ma+ina se eles to invocando mesmo al+uma coisa...”
4lfredo tinha um ar +rave. “%u >$ expressei minhas reservas so!re esta sua empreitada... e, novamente, peço encarecidamente que reconsidere.”
“8ual o pro!lema'” Procurei demonstrar naturalidade. “%m primeiro lu+ar, eu tô convencido de que no tem nada de mais nesse pessoal. =( queria sa!er como que eles ficaram sa!endo da alta nas açFes da "elm!recht. )eve ter al+um esquema a2. % depois, se eu perce!er que a coisa t$ ficando pesada... !em, s( pular
fora, certo' al conheço esses caras.”
* olhar de irna ficou um pouco mais srio. “%u que no sei que tipo de coisa que eles podem estar armando, mas se for al+uma coisa peri+osa... tem certeza que voc& vai perce!er a tempo' 8ue, quando voc& se der conta, no vai estar envolvido demais pra voltar atr$s'”
“No esquenta no:” inha resposta foi r$pida. “? s( um !ando de malucos. )e qualquer >eito, vamos parar de enrolaço que o ne+(cio aqui srio.” Resticulei para a
parafern$lia de >o+o D dados, mapas, fichas, livros D que co!ria a mesa. “Tem um portal pra 3aator em al+um lu+ar da aldeia, e voc&s ainda to lon+e de achar a pista dele.”
“8ue se dane a aldeia, esse ne+(cio de verdade:” )>alma estava incrdulo. “7m culto sinistro, com ma+ia, demônios, o escam!au: Na realidade: 8uem se importa com o >o+o' ? s( ima+inaço:”
“%u no teria tanta certeza...” Pontuei a am!i+uidade do que disse com um sorriso ardiloso. “%, de qualquer >eito, no tem como avançar a aventura do clu!e de xadrez a+ora. as a aventura da aldeia de Rormund sim, e o tempo valioso.”
M M M
No dia se+uinte, resolvi ir mais cedo ao se!o para no atrasar e dar vexame, e aca!ei sendo o primeiro a che+ar. *r2+enes, que estava atendendo um fre+u&s, indicou uma das cadeiras no fundo da lo>a, onde hav2amos nos reunido da Bltima vez. Pe+uei um livro a esmo parecia ser al+o so!re a psican$lise so! a (tica da alquimia medievalO e me sentei, tentando em vo me concentrar na leitura.
“3oa escolha,” ele me disse al+uns minutos depois, e se diri+iu à frente da lo>a. * fre+u&s >$ havia sa2do. “7m tanto quanto va+o e acad&mico, com certeza, mas uma introduço v$lida à su!lime ci&ncia.” %le desceu o porto de correr, e começou a preparar a porta que o atravessava. “% o elo com a psican$lise... muitos tradicionalistas podem torcer o nariz, mas eu particularmente s( ve>o !enef2cios no di$lo+o entre a ci&ncia dos anti+os tomos e a das universidades. No acha'”
“", acho que sim... afinal, NeHton era alquimista, no' Naquela poca, eles no faziam muito essa distinço.”
%le apontou para mim, triunfante. “%xato: uita coisa se perdeu do homem renascentista, que !uscava uma viso completa do 7niverso. as parece que no preciso dizer isso para voc&, ah, no mesmo. <ada vez mais, compreendo as forças que o trouxeram a nosso c2rculo. as enfim:” 4ntes que eu tivesse tempo de ficar sem +raça, ele começou a mexer em um arm$rio. “Pelo que ve>o, voc& no trouxe preparativos. <ompreens2vel. No se preocupe, creio que tenho tudo o necess$rio aqui... vamos, vista isso.”
Pe+uei a vestimenta que ele me entre+ou e a desdo!rei. %ra um manto ne+ro, um tanto quanto $spero, com s2m!olos e inscriçFes D 4949%<, 4P"0%9 e 4@4P"0%9 D !ordados em linha dourada no peito e nas costas. 7m frio correu por minha espinha. “"um,” disse, pi+arreando, “ pra tirar a roupa antes de pôr isso'”
%le me estudou por al+uns momentos, aparentando se divertir com meu desconforto. “=im, @enato... a pureza prArequisito primordial para o tra!alho que fazemos aqui. =e quiser, pode usar o !anheiro ali nos fundos... mas eu fortemente su+iro que voc& se prepare para perder as ini!içFes de nossa sociedade controladora e antinatural. Perfeito amor e perfeita confiança, o que pre+amos.”
“Perfeito amor e perfeita confiança,” repeti, sem muita convicço. =e eu !em me recordava, esse lema era de outra tradiço, um !ocado distante da ma+ia de <roHle/ que eles pareciam praticar, mas no comentei nada. @esolvi me diri+ir ao !anheiro silenciosamente, e tirei tudo exceto a cueca, torcendo com todas as forças para que esse fato no viesse à tona, vestindo em se+uida o manto. %le tinha um capuz, que puxei so!re a ca!eça. “@enato, seu maluco,”
sussurrei, enquanto avaliava minha apar&ncia !izarra no pequeno espelho. “*nde que voc& foi se meter' 4+ora no d$ mais pra passar o caro de sair correndo... mas, depois que essa loucura aca!ar e eu me mandar daqui, nunca mais piso nesse lu+ar:”
8uando emer+i do !anheiro, a!rindo lentamente a porta com minha roupa do!rada em!aixo do !raço, o senhor mais velho que participava do +rupo >$ havia che+ado, e estava afastando as cadeiras enquanto *r2+enes trocava sua roupa, vestindo um manto !ranco com um penta+rama ela!orado e cheio de inscriçFes no peito, !ordado em preto.
“? @enato, n'” * homem *scar, conforme ele me lem!raria mais tardeO apresentava um sorriso acolhedor. “? a primeira vez que voc& faz isso' No se preocupe no, tudo !em tranquilo aqui. No fundo, no nada mais que uma sesso de oraço.” al sa!ia ele que, ao invs de me acalmar, isso apenas me deixou li+eiramente mais apreensivo. “? s( o!servar a +ente e acompanhar na medida do poss2vel. =e voc& fizer al+uma coisa fora do roteiro, no li+ue. Todo mundo >$ passou por isso.”
“% quem sa!e, o desvio pode ser o resultado de forças superiores, diri+indo o ritual de formas que mal podemos prever.” *r2+enes voltara ao centro da $rea onde antes estiveram os assentos, com diversas velas e outros o!>etos nas mos. “<laro, voc& ainda precisa aprender muito, mas +aranto que tam!m temos muito o que aprender com voc&.” %le começou a riscar um c2rculo no cho com uma espcie de pedra. @eparei, somente depois que ele começou, que ele estava traçando so!re uma linha apa+ada mas ainda percept2vel, provavelmente resqu2cio de rituais anteriores.
<omecei a folhear novamente o livro so!re alquimia enquanto *scar se trocava e *r2+enes traçava linhas e s2m!olos no c2rculoQ entretanto, lo+o che+ou =uzana, que me olhou de cima a !aixo. “4!ençoado se>a,” disse em tom >ocoso.
“4!ençoada se>a,” retri!u2, sendo lo+o acompanhado pelos outros. %sforceiAme para no olhar diretamente enquanto ela trocava de roupa no que ela fosse do tipo que desperta os instintos mais primitivos, mas ainda assim, valia ser educadoOQ ela, por seu lado, no fazia a menor questo de esconder seu corpo, mas pelo contr$rio, tinha al+o de provocante em seu >eito de se despir. *scar conversava animadamente com ela, aparentemente so!re al+um tipo de fofoca, e seu mentor prosse+uia pacientemente em seu tra!alho, colocando velas e incensos
em um +rande e ela!orado penta+rama.
*s outros mem!ros do +rupo no tardaram a che+ar primeiro 9Bcio e Naiara, e por Bltimo 3essaO, transformando aquele vestu$rio improvisado em uma roda de conversa, na qual me senti impelido a entrar. No foi dif2cil participar, pois eu era o tema principal da discusso D o que eu fazia, qual era minha formaço, se >$ havia participado de al+um “coven” ou outro tipo de c2rculo de
ocultismo. )eixei claro que, at o momento, meu conhecimento do assunto era apenas te(rico D sem mencionar, claro, que >amais acreditei que houvesse qualquer coisa de real nisso. Notei que 9Bcio olhava avidamente para mim e para 3essa mas principalmente para mimO enquanto sua namorada se trocavaQ procurei, portanto, parecer completamente a!sorto na conversa
9o+o o assunto pendeu para a le+itimidade da !ruxaria moderna, se ela era al+o inventado nos anos U6 ou no, e se isso realmente importavaQ este parecia ser um assunto delicado no +rupo, a >ul+ar pelos olhares e suspiros quando isso veio à !aila. Celizmente, *r2+enes interrompeu a discusso antes que ficasse acalorada demais, conclamando todos a tomar seus lu+ares no c2rculo, e apontando para mim um vrtice da fi+ura. =e+uindo a deixa dos outros, posicioneiAme lo+o atr$s de uma +rande vela preta. *s outros mem!ros, todos vestidos de preto com
exceço do l2derO, se posicionaram nos outros vrtices da estrela de sete pontas desenhada no cho.
* sacerdote caminhou para o centro do c2rculo, portando uma ada+a retorcida em suas mos. %le voltouAse para os quatro pontos cardeais, desenhando al+o com a ada+a no ar enquanto entoava palavras que no pude identificar, sendo acompanhado em se+uida pelo restante dos cultistas. Ciz o poss2vel para imitar o que diziam a partir da se+unda vez. 8uando terminou suas invocaçFes nas quatro direçFes, repetiu o procedimento mais duas vezes, primeiro apontando a ada+a para o alto, e depois tocando sua ponta no cho, no centro do c2rculo m$+ico. “4ssim como acima, tam!m a!aixo”, disse, sendo ecoado em se+uida por seus disc2pulos.
%le voltouAse para mim. “8uem este que apresentaAse à porta'”
9evei al+uns se+undos para entender o que ele queria dizer. “@enato *liveira,” disse. “%stou aqui para me >untar a este c2rculo.”
“% quem fala por este suplicante'”
“%u falo por ele,” 3essa disse. “8ue se>am minhas suas trans+ressFes, caso no venha a n(s em perfeita
confiança.” "avia um leve tom de contrariedade em sua voz.
“% o que !uscas no concili$!ulo, ( suplicante'”
@efleti por um momento. 0sso parecia ser crucial para +anhar a aceitaço deles. “3usco conhecimento. 3usco sa!edoria.” *lhei !revemente à minha volta, e adicioneiJ “3usco poder.”
“% >uras que vens a n(s puro de corpo e alma, em perfeito amor e perfeita confiança'”
“#uro. Perfeito amor e perfeita confiança.” )essa vez, procurei imprimir o m$ximo de se+urança em minha voz.
“%nto atravessa a porta e entra no c2rculo sa+rado.” Passei por cima da vela, tomando cuidado para no queimar o manto, e me diri+i ao centro da mandala. *r2+enes er+ueu a ada+a ao meu rosto e traçou uma fi+ura no ar. Por um momento, tive receio de que ele fosse me espetar D felizmente, no foi o caso, e ainda conse+ui evitar piscar. %le entoou outras palavras arcanas, sendo mais uma vez se+uido pelo restante do +rupo, e concluiu comJ “%u te saBdo, ( ma+o.”
“%u te saBdo, ( ma+o,” repetiram os outros.
“%u te saBdo, ( mestre,” disse eu. 9o+o em se+uida me arrependi, pensando que achariam que eu estava levando na !rincadeira, mas o sacerdote pareceu aprovar.
“ "heie” !radou *r2+enes. “ Haioth #ethraton” %le invocou v$rios nomes, com os disc2pulos repetindo todos. Tentei repetir tam!m, mas ele estendeu um dedo em direço a meus l$!ios. 4p(s uma srie destas palavras arcanas, ele +esticulou para que eu sa2sse do c2rculo,
andando atr$s de mim. *s outros apenas olharam, enquanto ele me direcionou lentamente para os fundos do recinto, sempre entoando. 8uando ele me posicionou frente a uma porta e a a!riu, o coro repentinamente parou.
“estre...” 4 voz era de 3essa. “Tem certeza que ele deve...”
“Tenho,” o mestre interrompeuAo. “1oc& questiona seu mestre'”
“Perfeito amor e perfeita confiança,” ele disse relutantemente, “mas... ele no est$ preparado...”
“4 deciso no sua. % tampouco minha. %ste momento nos foi revelado, e assim que ele deve ocorrer. @ecomecem a invocaço.”
%nquanto os mem!ros do c2rculo entoavam os nomes, *r2+enes voltouAse para mim. “Preste muita atenço, pois voc& no ouvir$ isso novamente. 1oc& dever$ entrar por esta porta sozinho, e descer a escada. No fundo, voc& encontrar$ um c2rculo e um triEn+ulo. %st$ me compreendendo'”
4cenei a ca!eça avidamente. No poderia falar nada, mesmo se quisesse.
“Vtimo,” ele prosse+uiu. “8uando che+ar l$, voc& dever$ ficar no centro do c2rculo, de face para o triEn+ulo. No pertur!e as inscriçFes, as velas, ou qualquer outro o!>eto... e, no importa o que aconteça, no saia de dentro do c2rculo de forma al+uma. %st$ claro'” Ciz que sim com a ca!eça. %le continuou. “=u+iro que voc& se sente, em posiço de l(tus. 4lm de ser uma posiço poderosa,
%n+oli em seco, enquanto olhava para a escadaria escura alm da porta. “%... o que eu vou encontrar l$'”
“0sso eu no posso dizer. )irei apenas que voc& deve prestar muita atenço, e tomar cuidado. No confie em tudo o que ouvir... voc& no ouvir$ mentiras, mas h$ muitas maneiras de se ferir com a verdade. No se precipite, mas prossi+a com cautela, pois o risco +rande. 1oc& tem tudo
a +anhar, e tudo a perder.” “as...”
%le co!riu minha !oca com sua mo. “Tudo o que voc& realmente precisa sa!er est$ em seu coraço. %stamos clamando por sua se+urança. 4+ora v$.”
* sacerdote voltou para o c2rculo, onde >untouAse ao coro. %ncarei a porta. Ah deia disso pensei. $ com medo de u3, &4o tem nada l emaio. $ tudo na cae6a desses doidos.
@espirei fundo, e passei pela porta. al podia ver os de+raus so! meus ps, mas havia uma luz fraca vinda do fundo da escadaria que permitia que eu me orientasse. No final do lance de escadas, che+uei a um pequeno cômodo provavelmente um poro ou despensaO totalmente despido de mo!2lia. 4 Bnica fonte de luz eram as velas espalhadas por diversos pontos do c2rculo arcano, que reconheci como sendo aquele desenhado na Clavicula Salomonis, com uma serpente amarela enrolada ao redor de uma srie de hexa+ramas. <aminhei at o centro um losan+o com as quatro letras do nome he!raico de )eus em seus vrticesO, e sentei no cho, de pernas cruzadas, voltado para o triEn+ulo desenhado pr(ximo a um dos cantos do aposento.
Cechei os olhos e respirei fundo mais uma vez. At7 ue n4o 7 t4o mau pensei. &4o sei do u3 ue eu tava com
medo. * s8 passar um tempinho sentado aui. =em sa!er ao certo o que esperavam que eu fizesse, resolvi fin+ir que estava meditando. “4uuuuuuummmm,” entoei.
“%stava esperando por sua che+ada.”
)ei um so!ressalto. 9em!randoAme das palavras de *r2+enes, fiz um esforço para ficar parado. “8uem t$ a2'”
“=ou aquele que voc& veio !uscar.” 4 voz era t&nue e distante, e parecia vir da minha frente.
“8Aquem voc&'” *lhei nervosamente à minha volta. 4lm de mim, o poro continuava vazio. “* que voc& quer'”
“4 verdadeira per+unta ... o que voc3 quer'”
Ah ue se dane pensei. $ no inerno ara6a o capeta... nesse caso uase ue literalmente. “%u quero... !em, o que voc& pode me oferecer'”
“Tudo o que voc& ousar pedir.”
“Tudo'” Ponderei por um momento. %ssa era a hora de pôr à prova essa farsa toda. “%u quero a Teoria de Tudo. 4 verdadeira. 4quela que unifica a quEntica e a relatividade, e responde às questFes insolBveis da f2sica. 1oc& pode me fornecer isso'”
4 voz pareceu +ar+alhar. “Cacilmente. =e voc& conse+uir compreender este conhecimento, ele seu. 0sso tudo'”
“8u&' No o !astante'” Se9a l uem or ue t a:endo isso acho ue n4o entendeu o tamanho do pedido. ;em vamos pa+ar pra ver. “=im... tudo.”
“uito !em. *lhe em meus olhos.” “as eu no tô vendo nada...”
“@elaxe sua mente.”
=enti uma ponta de frustraço. % ue ser ue eu tava esperando, &4o vai aparecer nada. %sperei um tempo, olhando para a vela à minha frente... at que um vulto começou a se formar das som!ras. )ei um pulo, e a viso desapareceu.
<=elae sua mente> a voz insistiu, ap(s al+uns momentos.
%ndireiteiAme no cho, fechei os olhos, e comecei a meditar novamente. 8uando a!ri os olhos, a fi+ura à minha frente voltou a +radualmente tomar forma. =eus contornos eram estranhos e dif2ceis de definir, mas minha atenço lo+o foi tomada por dois pontos !rilhantes que contrastavam com o vulto som!rio. Seus olhos. %les começaram pequenos e p$lidos, mas sua luz foi ficando cada vez mais forte e mais concentrada, como duas sin+ularidades c(smicas, crescendo, ofuscando o poro som!rio, en+olindo o mundo à minha volta, seu fo+o me consumindo, at que nada mais existisse.
IV
*s dias se+uintes se passaram como um sonho.
* domin+o mal foi re+istrado em minha mem(ria. 9em!ro de acordar em casa, vestido com minhas pr(prias roupas ao invs do manto ne+roO, pouco antes do meioAdia. No fazia a menor ideia de como havia che+ado l$, mas conclu2 mais tarde que devo ter voltado por conta pr(pria, pois meu carro estava na rua, em frente ao meu prdio, e a chave foi encontrada em meu !olso. %ntretanto, no tinha qualquer mem(ria de diri+ir de volta D minha Bltima
lem!rança antes de acordar fora o estranho encontro no poro do se!o.
"avia al+o de importante que eu ficara sa!endo l$... al+o que eu provavelmente deveria escrever em al+um lu+ar, antes que me esquecesse... se eu conse+uisse me concentrar o suficiente para isso. %ntretanto, me sentia em uma espcie de ressaca D era como se minha ca!eça estivesse dentro de um aqu$rio. %u no conse+uia manter a atenço por mais do que al+uns se+undos, ou mesmo fixar o olhar em um ponto espec2fico. Passei o dia olhando para a televiso, sem compreender nada do que estava passando, parando às vezes para comer restos frios da +eladeira.
8ualquer +rande verdade que eu porventura tivesse aprendido, eu >$ havia esquecido na se+undaAfeira, quando fui tra!alhar. %u pensei em li+ar, dizendo que estava doente, mas quando me dei conta, >$ estava che+ando ao escrit(rio. Paulinho e )>alma me cercaram, cheios de per+untas so!re o s$!ado, que respondi com +runhidos va+os. %u tinha apenas uma leve noço da presença deles. Ciquei a manh toda analisando um al+oritmo que normalmente no levaria mais que dez minutos, refazendo meu tra!alho um nBmero incont$vel de vezes.
9$ pela quartaAfeira, meu racioc2nio finalmente havia voltado a um n2vel que me permitisse pensar so!re o ocorrido. <onclu2 que eles deviam ter me hipnotizado, ou talvez dopado, de al+uma forma. 0sso explicava a alucinaço pois, pensei, s( podia ser issoO que eu tivera, com a voz etrea e o vulto envolto em som!ras, !em como a perda de mem(ria e meu estado mental nos Bltimos dias. ?eve ser al+uma coisa nauele incenso disse para mim mesmo. &4o tomei nada l mas tinha uns incensos e velas ue podem ter al+um tipo de uma6a alucin8+ena.
@esolvi no comentar so!re minhas experi&ncias com meus ami+os. No queria que eles achassem que eu era maluco, ou que havia tomado dro+as mesmo que contra minha vontadeO... e, alm do mais, eu mesmo no tinha certeza so!re o que tinha visto e ouvido. <ontei so!re o ritual, so!re minha descida ao poro e o c2rculo m$+ico, mas disse apenas que no encontrei nada l$ em!aixo, cansei de esperar, troquei de roupa e fui pra casa. %xpliquei meu comportamento estranho com uma +ripe repentina, da qual >$ estava me recuperando. *s dois no pareceram muito
convencidos, mas no questionaram nada.
Na sextaAfeira, li+uei para 4lfredo e irna para cancelar o >o+o de @PR, pois no tivera condiçFes psicol(+icas de preparar nada ao lon+o da semana. 4lfredo fez questo de me visitar para conversar so!re o que acontecera no Bltimo s$!adoQ no entanto, insisti que no havia nada de estranho para relatar, e ele eventualmente se rendeu. irna apenas reiterou seu pedido de cuidado.
@efleti por muito tempo se eu deveria ou no voltar ao clu!e de xadrez. Por um lado, eu havia prometido a mim mesmo que >amais pisaria l$ de novo... mas por outro, eu sentia que merecia al+um tipo de explicaço da parte deles. %les no podiam simplesmente me dro+ar, hipnotizar, ou se>a l$ o que for que fizeram sem ouvir umas !oas verdades, e eu queria tirar isso a limpo pessoalmente, olho no olho.
4ssim, compareci ao local no s$!ado, novamente che+ando !em mais cedo que o hor$rio previsto D mas desta vez de prop(sito. 8ueria confrontar *r2+enes sozinho, sem seus lacaios por perto.
)esta vez, a lo>a estava vazia. %le estava no !alco, fechando suas contas. “*ra, salve:” ele disse, antes que eu
pudesse me expressar. “Cinalmente voc& voltou: <onteAme, como foi sua experi&ncia'”
“Por que voc3 no me conta'” eu tom era r2spido. “%u no lem!ro de porcaria nenhuma. Rrande perda de tempo.”
“%u no seria to apressado em che+ar a essa concluso”, respondeu, de forma irritantemente satisfeita. “=ua mente consciente pode estar lutando para compreender verdades que seu su!consciente conse+uiu a!sorver.”
“=a!e,” disparei, “esse ne+(cio de su!consciente, Wnoventa por cento do cre!ro- e por a2 vai uma +rande !alela. 4ssim como isso tudo que voc&s t&m aqui. No sei
como que eu aceitei participar dessa palhaçada.”
%le sorriu. “esmo' Pois voc& parecia ter uma opinio !em diferente, quando emer+iu de seu encontro l$ em!aixo.”
4 lem!rança desencadeou uma enorme raiva em mim. “4 prop(sito, que ne+(cio esse que voc&s fizeram' * que faz voc&s pensarem que podem... !em, no sei o que aconteceu, mas voc&s no t&m esse direito:”
“No fiz nada alm de lhe apresentar a al+um que o queria conhecer... e arrisco dizer que, apesar de no sa!er disso conscientemente, voc& tam!m ansiava por esse encontro.”
“4h, que se dane. =e voc& quer se convencer de que tem... al+uma coisa l$ em!aixo que fez isso, no pro!lema meu. %u vim aqui pra dizer que no quero mais sa!er dessa hist(ria, t$ me entendendo' Nunca mais eu volto pra esse lu+ar.”
“uito !em, rece!i a mensa+em... mas n(s dois sa!emos que ela no verdadeira.”
“* qu&': <ara, alm de tudo c& ainda vem me dizer que...”
%le er+ueu sua mo, serenamente. “? muito simples. =e voc& realmente tivesse a intenço de a!andonar nosso c2rculo, seria apenas o caso de no retornar... ou, quando muito, dizer tudo isso por telefone. %ntretanto, aqui est$ voc&.”
“as... eu no...” Procurei um ar+umento, mas perce!i que o que ele dizia era verdade. @ealmente, eu no tinha motivos concretos para estar ali... ao menos, nenhum motivo que eu admitisse. %ntretanto, havia al+uma coisa nessa hist(ria que no se encaixava, que eu no compreendia, que precisava de uma explicaço... e eu simplesmente no podia suportar isso.
@espirei fundo. “Por favor... o que exatamente aconteceu l$'”
*r2+enes !alançou a ca!eça. “0sso, meu ami+o, realmente no posso dizer. * c2rculo de invocaço sa+rado, e o que ocorre entre o ma+o e a entidade ca!e apenas aos dois.”
“as como pode... eu no lem!ro... que hist(ria essa de entidade' 8ue coisa essa'”
“%stas per+untas no esto levando a lu+ar al+um.” #$ fechada a lo>a, ele novamente começou seus preparativos. “4lm do mais, as respostas esto todas com voc& mesmo. %las viro quando voc& estiver preparado. 1amos, est$ na hora.”
*scar e =uzana che+aram enquanto eu estava me trocando, desta vez na $rea onde nos reun2amos. *scar me encarava com leve preocupaço, e =uzana com uma curiosidade famintaQ entretanto, am!os foram reticentes. No per+untaram ou comentaram so!re o que acontecera comi+o, e pouco conversaram entre si. "avia uma tenso palp$vel no se!o naquela noite.
“*lha s(, o +rande ma+o est$ de volta:” %ra 3essa, em tom de esc$rnio. %le che+ara pouco depois. “% o +rande encontro, hein' T$ sa!endo todas as +randes verdades do mundo'”
“Nosso ami+o ainda est$ lutando para compreender o que viu e ouviu,” *r2+enes respondeu por mim. “Tudo vir$ em seu devido tempo.”
“? mesmo' %nto quer dizer que ele no tava pronto pra lidar com uma coisa desse porte' *lha s(, quem diria:”
“%i, pera2:” e senti na o!ri+aço de protestar. “8uem voc& pra che+ar me aloprando desse >eito'”
“)esculpa a2 se eu no sou o +rande escolhido...” “Paz, irmos:” * l2der er+ueu suas mos entre n(s. “* que se passou entre @enato e nosso +uia entre eles. No ca!e a n(s questionar o desenrolar da entrevista.”
“Tudo !em,” o >ovem ar+umentou, “mas esse ne+(cio de colocar o cara l$ em!aixo da primeira vez no podia prestar:”
“%u deixei isso !em claro na semana passada,” o sacerdote disse firmemente. “4 escolha no foi minha.”
“8ue foi, 3essa'” %ra 9Bcio, que havia aca!ado de che+ar com sua namorada. “T$ com ciuminho, s( porque voc& teve que esperar pra caram!a'”
“@$: V quem fala, o senhor inse+urança, morre de medo de al+um olhar pra namoradinha...”
9Bcio deu um passo à frente. “T$ maluco' 8uer perder os dentes, ô man'”
“Rente, +ente:” *scar suplicou. “4 +ente aqui t$ tudo >unto: Perfeito amor e perfeita confiança:”
3essa virouAse para ele com ar de desprezo. “Pra voc& tudo florido, n, sua !icha'”
“<"%R4:” 4 voz de *r2+enes ecoou pelo recinto, sendo se+uida de um sil&ncio constran+ido. “Parem >$ com isso: 1oc&s so ma+os ou crianças'”
4p(s al+uns momentos, 9Bcio se arriscou a falar. “? s( esse palhaço do 3essa que...”
“<alado:” * mestre o cortou repentinamente. “No quero sa!er: %sse tipo de picuinha no deveria acontecer entre n(s. No interessa a desculpa.” %le encostouAse na parede e fechou os olhos por al+uns momentos. “4cho que os Enimos esto exaltados demais. 4 sesso est$ suspensa.”
“as, s$!io...” =uzana aproximouAse dele cuidadosamente. “N(s vamos simplesmente desistir assim' =er$ que no podemos invocar al+uma entidade que...”
“Nossa harmonia est$ que!rada,” respondeu, com um +esto va+o de ne+aço. “8ualquer coisa que fizermos aqui vai aca!ar piorando tudo. ? melhor ir todo mundo para casa.”
*s disc2pulos sa2ram do se!o, ca!is!aixos, enquanto *r2+enes e eu tir$vamos nossos mantos e coloc$vamos nossas roupas comuns.
“*lha...” Pi+arreei, enquanto !uscava minhas palavras. “)esculpa por tudo isso... eu tô perce!endo que o pro!lema todo começou depois que eu che+uei.”
“Nem pense nisso.” %le começou a +uardar os apetrechos. “1oc& no fez nada que no fosse seu destino. No h$ nada do que se arrepender. 4lm do mais... eu deveria ter me preparado melhor para isso. %ra s( uma questo de tempo.”
“estre...” %u tinha dificuldade em admitir que realmente estava levando o assunto a srio o suficiente para fazer a per+unta, mas no podia evit$Ala. “%u andei olhando na Clavicula... quem t$ l$ em!aixo quem eu tô pensando'”
“=im... o vi+simoAquinto.” =ua expresso indicava que ele perce!ia o que isso implicava.
“8uando eu voltei aqui pra cima... o que realmente aconteceu'”
“1oc& estava completamente alterado... seus olhos estavam distantes, como se estivesse olhando muito alm do horizonte, e sua voz era !aixa e +rave. Parecia um sonEm!ulo. 1oc& disse al+umas coisas desconexas, que no conse+uimos entender. 8uando per+untei o que estava vendo, voc& murmurou al+o so!re...” %le apertou seus olhos, procurando se recordar. “* colapso das linhas de mundo. Coram essas as suas palavras.”
“<omo ' <olapso de linhas de mundo'” 4 expresso no fazia sentido para mim, apesar de parecer va+amente familiar.
“%xatamente. 0sso te diz al+uma coisa'”
“9inha de mundo eu sei o que , e Wcolapso- pode ter v$rios sentidos, mas...” Tentei me concentrar. No conse+uia recuperar nenhuma lem!rança concreta, mas havia al+uns ecos, t&nues e dispersos. Tentei me a+arrar ao mais n2tido deles. “* 3essa... essa raiva dele no à tôa, n' %u falei al+uma coisa pra ele'”
“%le te per+untou so!re quais papis da 3olsa estavam para su!ir.” *r2+enes suspirou. “1oc& respondeu somente que no fazia diferença... a linha dele estava pr(xima do fim.”
4!aixei a ca!eça, e me diri+i à sa2da sem dizer mais uma palavra. No podia ser verdade, era tudo muito fantasioso, muito a!surdo, contr$rio a tudo o que eu conhecia... no entanto, a hist(ria fazia sentido demais para se i+norar.
4final, o vi+simoAquinto demônio de =alomo era Rlas/aA9a!olas, conhecido no apenas por ensinar todas as artes e ci&ncias de forma instantEnea... mas tam!m por incitar as pessoas a derramamento de san+ue e matança.
V
“Cico feliz de ouvir isso tudo de voc&.” 4lfredo se de!ruçava so!re seu prato quase intacto. “No pelo acontecido, claro, que me preocupa... mas por voc& ter finalmente decidido compartilhar tudo isso comi+o. 4ntes que fosse tarde demais.”
exi lentamente as fatias de man+a de meu prato, que tam!m pouco havia sido tocado. “=ei l$... antes eu tava achando meio nada a ver contar essas coisas... parecia
hist(ria de doido, sa!e'” =oltei um riso desa>eitado. “as a+ora, depois desses Bltimos dias, t$ parecendo m( !o!eira, essa preocupaço.”
“No h$ motivos para tanto. Todos n(s sa!2amos onde voc& estava se metendo. <laro, o resultado no podia ser previsto... mas no foi de todo surpreendente.”
“T$ !rincando' No foi surpreendente' 4quela... coisa que eu vi l$ em!aixo, e que me fez pirar desse >eito'”
“V homemA!ule, h$ mais coisas entre o cu e a terra do que sonha nossa v filosofia... ou mesmo ci&ncia.”
“<omo assim, homemA!ule'” “"omem de pouca f.”
Ciz cara de dor. “No. %u no ouvi isso.”
“"orr2vel, eu sei. as no irei entrar em mais uma tirada a favor do conhecimento m2stico tradicional. <reio que lo+o isso deixe de ser necess$rio. %, a prop(sito, no sou contr$rio à ci&ncia moderna, apenas creio que ela est$ lon+e de deter todas as respostas.”
“4li$s, por falar nisso...” e inclinei para a frente, animado. “=a!e esse ne+(cio que o cara l$ falou que eu disse, do colapso das linhas de mundo, certo' %nto... eu fiquei encafifado com isso. 4ssim, racionalmente, parecia s( uma !esteira aleat(ria que eu disse num estado alterado de consci&ncia...”
“as as palavras soaram verdadeiras a seus ouvidos.”
“?... acho que sim. %nfim, eu pe+uei uns materiais que eu tinha em casa so!re relatividade, s( pra refrescar a mem(ria. No que o conceito de linha de mundo fosse
novidade, mas sei l$, me pareceu a coisa certa a fazer. * ne+(cio que, enquanto eu lia o livro... s( pra voc& entender, eu >$ tinha visto essa explicaço dBzias de vezes em v$rios lu+ares. as, dessa vez, al+uma coisa tava diferente. No sei como explicar... como se tivesse al+uma coisa de interessante ali, al+o que eu no lem!rava direito. %u folheei o livro todo umas tr&s vezes, procurando, mas no achei nada.”
“<reio que dificilmente acharia,” ele disse, enquanto masti+ava, satisfeito. “as continue, est$ muito interessante.”
“3em, eu tentei pe+ar um outro, de astrof2sica. <ara, eu sentia que tava l$, na ponta da l2n+ua. %ra como se eu estivesse tentando alcançar al+uma coisa, roçando a ponta dos dedos, mas sem conse+uir pe+ar. Parti pra um de +ravidade quEntica, e depois outro de teoria ... quando eu vi, eram quase cinco da manh, e os meus livros todos tavam a!ertos, espalhados pelo cho.”
“4l+um insi+ht '”
“Nada de concreto... mas tudo parecia, no sei, fazer mais sentido. Tipo, se voc& me forçasse a escrever exatamente o que foi que eu desco!ri de novo, eu no sa!eria dizer... mas eu sentia que tudo se encaixava. Tudo era coerente, parte de um Bnico todo... perce!e o que eu tô dizendo'”
%le fechou os olhos com +ravidade. “@elatividade e quEntica.”
“%xato:” exclamei, apontando para ele. “%nto, como eu tava dizendo, eu finalmente reparei na hora e fui pra cama... mas quem diz que eu conse+uia dormir' %ra
mem!ranas quadridimensionais, funçFesAonda... %nfim, levantei todo destru2do, s( com uns cochilos aqui e ali, l$ pelas duas. %u tava plane>ando ir na Castcon... lem!ra,
aquela convenço que eu te falei'”
* sorriso de meu ami+o se alar+ou. “Na ar+inal Tiet&' <laro... no teria como i+norar, depois do que ocorreu l$. % o que lhe impediu de ir' Pois voc& no aparenta ter sido v2tima daquele desa!amento.”
eneei a ca!eça. “4 palestra que eu queria ver era s( às cinco, ento eu pensei que dava tempo de dar uma olhadinha nuns sites acad&micos, ver uns papers de f2sica, !em rapidinho... e voc& >$ ima+ina o que aconteceu. =( perce!i a hora quando a tev& começou a mostrar o acidente, e eu lem!rei que era pra eu estar l$. as voc& no sa!e o pior...” *lhei !revemente ao nosso redor. “8uando eu vi a
not2cia, eu tive a n2tida sensaço de que aquilo no era realmente novidade... como se eu estivesse, tipo, lemrando disso.”
“)>àAvu.”
“Pois . 3em, a coisa no para por a2.”
“Por qu&' "ouve mais fenômenos do tipo'”
“)$ pra dizer que sim... !em, ontem eu voltei pro tra!alho, mas mal dava pra concentrar. 4inda tava naquela n(ia de ler tudo quanto material de f2sica, principalmente supercordas, loop quEntico, esse tipo de coisa. <laro, eu me esforçava pra fazer as minhas coisas normais na medida do poss2vel, e a2 que entra. No o tra!alho em si... voc& sa!e que a +ente +osta de mexer com 3olsa, certo' Nada de +rande, a +ente nem tem +rana pra isso, mas dif2cil no entrar nesse meio quando voc& fica o dia todo fazendo
an$lise de risco. =em contar que um excelente treino pra modelos matem$ticos de previso.”
“4h. Previso.” %le se reclinou. “Posso ima+inar aonde isso est$ levando.”
No pude conter um +rande sorriso. “0sso a2... eu tava mexendo no meu corretor online, e resolvi !otar pra vender um papel que tava caindo. 7ma empresa chinesa de aço... 4cho que chama <hen+li. Ciz isso meio que automaticamente, e voltei pra minha pesquisa. 8uando eu a!ri de novo o pro+rama, no fim do expediente, eu vi que tinha colocado pra comprar, sem querer. % adivinha o que aconteceu'”
“=u!iu drasticamente'”
“eu ami+o, quase que do!rou. Coi anunciado um me+a acordo comercial nesse meio tempo. * pessoal ouviu que ia sair not2cia +rande, achou que era ruim, saiu vendendo, e quando v&...” 4!ri as palmas das mos. “Ranhei uns X mil. Nada que mude a minha vida, mas como eu disse, o que a +ente aplica nisso mixaria.”
“%ntendo.” %le pôs os !raços so!re a mesa, entrelaçando os dedos. “% outra srie de coincid&ncias fortuitas trouxe a este nosso encontro.”
“<ara, se fosse qualquer outro dia, eu ia achar estranho paca, mas ho>e...” %ncolhi os om!ros. “)e repente me deu vontade de almoçar em al+um lu+ar diferente, ento eu sa2 andando pela <onsolaço, e achei esse lu+arzinho aqui, quase deserto...”
“#ustamente no mesmo dia em que eu precisei encontrar um cole+a no acIenzie, fazendo com que eu estivesse nas proximidades, e encontrasse este mesmo restaurante, por mais escondido que fosse.”
“?... doideira, no'”
“? s( uma questo de analisar o caso de maneira l(+ica. *s outros fatos que voc& me relatou... o que eles t&m em comum'”
“"... eles aconteceram porque eu tava distra2do'” “% especificamente com seus estudos de f2sica, resultantes do conhecimento preternatural que, supostamente, voc& rece!eu daquela entidade. as, alm disso, am!os tiveram a faculdade de salv$Alo de um destino desa+rad$vel.”
“* que voc& quer dizer'” Cranzi as so!rancelhas. “8ue voc& t$ aqui pra me prote+er de al+uma coisa'”
“% eu !em desconfio do qu&.” %le inclinouAse em minha direço, com um ar srio. “@enato... voc& tem al+uma pretenso de retornar para o malfadado clu!e de xadrez'”
“T$ !rincando comi+o' <& quer que eu simplesmente i+nore tudo o que aconteceu' %sses caras so uns mans, cada vez mais eu me convenço disso... mas tem al+uma coisa +rande acontecendo l$.”
“No duvido, nem um pouco. % precisamente este o pro!lema. "$ al+uma coisa +rande... e malvola.”
“4h, p$ra com isso. *s caras to nessa faz tempo e to numa !oa.”
“No foi a impresso que ficou da Bltima reunio, pela sua narrativa.”
“Nada a ver... s( ciuminho mesmo. %nfim, eu vou tentar li+ar de novo pra confirmar e...”
“Tentar de novo'” Dele me interrompeu. “<omo assim'”
“? que o telefone do se!o no t$ atendendo a manh toda, e eu no consi+o falar com o 3essa pra tentar pe+ar o celular.”
%le me encarou. “% isso no foi um recado claro o suficiente para voc&'”
M M M
ais tarde, ao sa2r do tra!alho, fui direto para o se!o. No havia conse+uido falar com *r2+enes ou 3essa os dois Bnicos mem!ros do clu!e cu>os telefones eu tinhaO, mas no podia esperar mais. %u estava pr(ximo de alcançar al+um conhecimento importante, e as respostas que me faltavam estavam naquele poro.
8uando che+uei, o porto estava fechado D muito estranho, para um dia Btil D mas reparei que a porta estava destrancada. 3ati duas vezes, e entrei lo+o em se+uida. *r2+enes estava nos fundos, mexendo em seu arm$rio de apetrechos arcanos. “%stamos fechados,” ele +ritou, sem olhar para tr$s. “1olte amanh:”
“=ou eu, @enato,” eu disse, cuidadosamente.
%le parou o que estava fazendo, continuando voltado para o arm$rio. “%u devia esperar isso,” disse, com um suspiro. “4li$s, eu sa!eria, se ele falasse comi+o... se ualuer um deles respondesse minhas per+untas.” %le virouAse para mim. “as no assim que funciona, no mesmo'”