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EXISTIR E RESISTIR: UM OLHAR GEOGRÁFICO DAS COMUNIDADES REMANESCENTES QUILOMBOLAS NO PANTANAL SUL-MATO- GROSSENSE.

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Academic year: 2021

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EXISTIR E RESISTIR: UM OLHAR GEOGRÁFICO DAS COMUNIDADES REMANESCENTES QUILOMBOLAS NO PANTANAL

SUL-MATO-GROSSENSE.

João Batista Alves de Souza E-mail: joao.batista@ifms.edu.br

Edvaldo Cesar Moretti E-mail:EdvaldoMoretti@ufgd.edu.br

RESUMO: O propósito desse trabalho é abordar o processo de produção espacial e resistência das Comunidades Remanescentes Quilombolas no Pantanal Sul-Mato-grossense. Ao analisar o processo de produção espacial das comunidades quilombolas remanescentes na Sub-Região Paraguai do Pantanal, a pesquisa busca compreender como são estabelecidas as relações de resistência e produção de um modelo multipolar nas comunidades quilombolas. Para que possamos ter a compreensão da realidade vivenciada pelas CRQ’s optamos em fazer as seguintes intervenções, revisão bibliográfica, levantamento de dados quantitativos junto à (FCP) Fundação Cultural Palmares, INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), IMNEGRA (Instituto da Mulher Negra do Pantanal), além da realização de entrevistas semiestruturadas com as lideranças das comunidades quilombolas Família Ozorio, Campos Correia e Maria Theodora, cuja finalidade é analisar a resistência dos quilombolas. A pesquisa caracteriza a resistência das comunidades quilombolas e apresenta a multipolaridade territorial e produção de alternativas econômicas, como a pesca, agricultura familiar e serviços informais.

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Introdução

O presente trabalho pretende analisar a formação das Comunidades Remanescentes Quilombolas no Pantanal Sul- Mato-grossense, especificamente o contexto da existência e resistência dessas comunidades. A proposta deste trabalho é realizar uma análise da produção espacial das comunidades quilombola remanescentes localizadas na Sub-Região Paraguai do Pantanal, como são estabelecidas as relações de resistência e produção de um modelo multipolar nessas comunidades quilombolas. De acordo com Rattz (2010), em varias regiões do país tem aumentado o interesse e estudos de geógrafos pela temática quilombola, como em Goiás (PAULA, 2003; LEITE, 2008) e na Paraíba, (MARQUES, 2009; MOREIRA, 2009). O autor destaca a importância dos estudos que têm como foco a questão ambiental e o uso de espécies vegetais do cerrado por quilombolas (ALMEIDA, 2010).

No Mato Grosso do Sul, a bibliografia que discute a temática das comunidades quilombolas ainda é ínfima, Daiana Perogil (2012), analisou o programa Brasil Quilombola na comunidade Furnas do Dionísio, no município de Jaraguari/MS. GabriellySaruwatari (2014) abordou a tradição, política e religião entre os “negros da picadinha” resultado da etnografia realizada na Comunidade Quilombola Dezidério Felippe de Oliveira no município de Dourados- MS.

Já Carlos Alexandre dos Santos (2010), abordou em sua tese as redes-irmandades na pós-abolição entre as Comunidades negras rurais Sul-mato-grossenses, na introdução do seu trabalho o autor destaca a negação da presença de quilombolas em terras sul-mato-grossense por parte de grupos políticos e sindicatos rurais e a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul/FAMASUL.

Os territórios quilombolas foram inseridos nas políticas públicas do primeiro mandato do governo Lula, que reconheceu essas comunidades. Verifica-se que a caracterização dos remanescentes das comunidades dos quilombos é atestada através da autodefinição da própria comunidade, e que para a demarcação dessas terras são levados em consideração critérios de territorialidade apontados pelos remanescentes das comunidades quilombolas.

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É possível constatar que diante do Decreto nº 4.887/03 o “Parecer Quilombolas” cai por terra, pois a existência dos remanescentes quilombolas no Mato Grosso do Sul é comprovada através de sua trajetória história, oriundo de outros estados, e ocupação da terra e suas relações territoriais.

Apesar dos avanços após a publicação do Decreto nº 4.887/03, no que diz respeito ao reconhecimento das comunidades quilombolas, em algumas regiões essas comunidades ainda não foram tituladas como territórios quilombolas.

No Mato Grosso do Sul 18 comunidades já receberam a certificação da Fundação Cultural Palmares (FCP), apenas 5 comunidades receberam a titulação do território quilombola é realizada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

De acordo com levantamento do INCRA, no estado do Mato Grosso do Sul existem 22 comunidades quilombolas, 7 dessas comunidades estão localizadas no pantanal sul-mato-grossense, das quais 3 comunidades quilombola remanescentes estão situadas na Sub-Região Paraguai do Pantanal, recorte empírico dessa pesquisa.

Este trabalho tem como objetivo principal analisar o processo de produção espacial das comunidades quilombolas remanescentes na Sub-Região Paraguai do Pantanal, a pesquisa busca compreender como são estabelecidas as relações de resistência e produção de um modelo multipolar nas comunidades quilombolas Família Ozório e Campos Correia.

Na produção deste trabalho realizou-se pesquisa bibliográfica em livros, teses, dissertações e artigos científicos que discutem a temática das comunidades quilombolas. Foram realizadas entrevistas com equipe de antropólogos do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), com a presidente do IMNEGRA (Instituto da Mulher Negra do Pantanal) e entrevista com a responsável pela Coordenadoria de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial do município de Corumbá.

Na segunda etapa da pesquisa foram realizadas entrevistas com três lideranças quilombolas, que responderam questionários de identificação das comunidades contendo 10 questões abertas. Além de pesquisa documental, nas atas de criação das associações de cada comunidade, certificados de auto-definição expedido pela Fundação Palmares para as três comunidades pesquisadas.

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Foram coletados pontos com as coordenadas geográficas com a utilização do Sistema de Posicionamento Global (GPS) em visita as comunidades Campos Correia, Maria Theodora e Família Ozório. Os pontos foram extraídos do GPS e espacializados no programa ArcGIS 10.6. Utilizou-se as bases de mapeamento das unidades territoriais do Brasil e Mato Grosso do Sul elaborados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A base hidrográfica utilizada foi da ANA (Agência Nacional de Águas) para representação do rio Paraguai no Bioma Pantanal.

As comunidades quilombolas no Mato Grosso do Sul.

De acordo com dados do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) o estado do Mato Grosso do Sul possui atualmente 22 Comunidades Quilombolas situadas em 15 municípios, conforme (Quadro 1), dessas comunidades apenas 5 são reconhecidas como Territórios Quilombolas segundo dados da SEPPIR (Secretaria de Politicas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República), são elas: Chácara do Buriti (Campo Grande), Dezidério Felipe de Oliveira ( Dourados/ Itaporã), Família Cardoso (Nioaque), Furnas do Dionísio ( Jaraguari), Colônia de São Miguel ( Maracaju ), e Furnas da Boa Sorte (Corguinho). O que difere as comunidades quilombolas dos territórios quilombolas é o andamento do processo, ou seja, aFundação Cultural Palmares (FCP) possui cadastro geral de Remanescentes das Comunidades dos Quilombos, instituído através da Portaria nº 98, as comunidades que se auto reconhecem como quilombolas recebem uma certidão de autodefinição da Fundação Palmares.

Quadro 1: Situação das Comunidades Quilombolas no Mato Grosso do Sul.

Quantidade Comunidade Munícipio Situação

1 Chácara do Buriti Campo Grande Titulada

2 Colônia de São Miguel Maracaju Titulada

3 Furnas do Dionísio Jaraguari Decreto

4 Furnas da Boa Sorte* Corguinho Decreto

5 Dezidério Felipe de Oliveira/Picadinha Dourados RTID

6 Família Cardoso Nioaque RTID

7 Ribeirinha Família Ozório / Ilha do Pescador** Corumbá Certificada

8 Ribeirinha Família Campos Correia** Corumbá Certificada

9 Maria Theodora Gonçalves de Paula** Corumbá Certificada

10 São João Batista Campo Grande Certificada

11 Eva Maria De Jesus Tia Eva (Vila São Benedito) Campo Grande Certificada

12 Santa Tereza Malaquias Figueirão Certificada

13 Família Araújo E Ribeiro Nioaque Certificada

14 Furnas Dos Baianos* Aquidauana Certificada

15 Águas do Miranda* Bonito Certificada

16 Ribeirinha Família Bulhões Nioaque Certificada

17 Ribeirinhos Família Romano Martins da Conceição Nioaque Certificada

18 Família Quintino Pedro Gomes Certificada

19 Família Jarcem Rio Brilhante Certificada

20 Ourolândia Rio Negro Certificada

21 Família Bispo* Sonora Certificada

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*Comunidades Quilombolas localizadas no Pantanal Sul- Mato Grossense ** Comunidades Quilombolas localizadas na Sub-Região Paraguai do Pantanal

Fonte: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) Adapt. pelo autor.

O Pantanal Sul- Mato-Grossense é formado por 15 municípios, quase a metade deles possuem comunidades quilombolas. No município de Aquidauana esta localizada a Comunidade Furnas dos Baianos, no município de Bonito a Comunidade Águas do Miranda, a Comunidade Furnas da Boa Sorte esta localizada no município de Corguinho, enquanto a Comunidade Família Bispo esta situada em Sonora. O município de Corumbá possui a maior concentração de comunidades quilombolas entre os municípios pantaneiros, Comunidade Campos Correia, Comunidade Ribeirinha Família Ozório e Comunidade Maria Theodora totalizando três comunidades.

As comunidades remanescentes quilombolas na Sub-Região Paraguai do Pantanal

As três comunidades remanescentes quilombolas pesquisadas estão localizadas na Sub-Região Paraguai do Pantanal. Figura 1.

Figura 1. Mapa da divisão das sub-regiões do Pantanal.

Fonte: SOUZA.J.B.A; ABRÃO.CM.R 2018

Ao analisarmos a divisão do Pantanal, deparamos com seis mapeamentos, que estabelecem diferentes propostas de subdivisão da maior planície alagável do planeta, sendo que a primeira divisão foi realizada em 1979 pela Superintendência de

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Desenvolvimento do Centro-Oeste (SUDECO), através do estudo de desenvolvimento integrado da bacia do Alto Paraguai e publicado no relatório descrição física e recursos naturais, que dividiu a região em 15 sub-regiões e adotou critérios geomorfológico, hidrológico e fluviomorfologico. Em 1982 o Projeto RADAMBRASIL, que realizou a divisão de 13 sub-regiões pantaneiras, Franco & Pinheiro (1982), Alvarenga adotaram critérios geomorfológicos e fatores morfogenéticos nessa divisão. No mesmo ano, Jorge Adámoli no trabalho que discutiu o conceito de complexo do Pantanal, realizou a divisão de 10 sub-regiões utilizando critérios fitogeográfico e hidrológico.

As comunidades quilombolas pesquisadas, ao longo de sua formação e processo de resistência ocuparam a região pantaneira, com origens na capital mato-grossense migraram na primeira metade do século XX para fazendas e áreas periurbana de Corumbá. Atualmente duas dessas comunidades estão localizadas nas margens do Rio Paraguai, também conhecida como parte baixa da cidade, entre uma área militar e a Olaria Borowski especializada na fabricação de artefatos de cerâmica e barro cozido para uso na construção, enquanto a outra comunidade esta localizada na parte alta da cidade, no Bairro Nossa Senhora de Fátima.

Comunidade Quilombola RibeirinhaFamília Ozório (AQUIRIO)

A Comunidade AQUIRIO foi fundada por Miguel Ozório, neto de escravos e Ercília Rodrigues Ozório, o casal é natural estado de Minas Gerais, vieram para Corumbá em meados do século XX, onde trabalharam em fazendas do Pantanal. O casal teve 17 filhos e Miguel teve mais 5 filhos com a segunda esposa, totalizando 22 filhos que residem desde 1985 numa área as margens do Rio Paraguai, onde cultivavam a terra e produziam os alimentos básicos para a sobrevivência. A comunidade Ribeirinha Família Ozório (AQUIRIO) reivindica uma área conhecida como Ilha do Pescador ou Ilha Comprida, conforme (Figura 1), distante 20 Km da cidade de Corumbá, essa área foi ocupada pela família até meados da década de 1980, onde cultivavam a terra e produziam os alimentos básicos para a sobrevivência. Atualmente a comunidade ocupa uma área periurbana de Corumbá próximo à margem direita do Rio Paraguai, onde sobrevivem da pesca, trabalho informal e a produção de hortaliças, de forma itinerante, ou seja, dependendo do ciclo de cheias do Rio Paraguai o cultivo de hortaliças é transferido para uma propriedade no Assentamento Paiolzinho distante 18 quilômetros

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do núcleo da Comunidade AQUIRIO, nesse aspecto a comunidade em busca da sobrevivência produziu um modelo multipolar. (NASUTI, 2015)

Corroboramos com a autora no sentido de que o território multipolar agrupa um conjunto de lugares descontínuos, que formam um espaço funcional, percorrido e vivenciado, em oposição à visão de um território baseado em um espaço único (Cortes, 1998; Padoch et al., 2008). A partir da ideia de território multipolar no processo de resistência da comunidade AQUIRIO, produziu-se um esquema para ilustrar o modelo multipolar: a) o deslocamento em 1985 da família Ozório da Ilha do Pescador para a área periurbana de Corumbá; b) a importância do Rio Paraguai na pesca e sobrevivência da família; c) O cultivo de hortaliças na área periurba; d) o deslocamento da horta para o Assentamento Paiolzinho; d) A comercialização das hortaliças na feira de Corumbá.

Figura 2. Esquema de multipolaridade da comunidade AQUIRIO

Fonte: Elaborado pelo autor 2018

Na Comunidade Remanescente Quilombola Família Ozório (AQUIRIO) há indícios que configuraram uma situação efetiva de multipolaridade, seja a partir das territorialidades próprias dos moradores desta comunidade, seus modos de vida que articulam diferentes espaços na área rural, ao mesmo tempo em que espaços na área urbana são utilizados para articulações de sobrevivência, o que caracteriza territorialidades multipolares.

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A Comunidade foi fundada por Ferminiana Campos nascida em Cuiabá – MT em 1945, a matriarca da família casou-se com Teodoro Correia em Poconé – MT em seguida mudaram-se para o município de Corumbá – MS, com os seus seis filhos.

De acordo com depoimento da liderança da comunidade o Sr. Paulo Correia, todos os membros da família sempre dependeram da pesca e agricultura de subsistência cultivada as margens do Rio Paraguai para sobreviver, para complementar a renda familiar dona Ferminiana começou a trabalhar como doméstica, mas durante todo esse período a família sempre morou no mesmo lugar.

Apesar das dificuldades enfrentadas nas últimas quatro décadas, a família Campos Correia sempre lutou pela sobrevivência, com a escassez do pescado no Rio Paraguai, os membros da família começaram atuar no trabalho informal sendo que o presidente da comunidade que é barqueiro e pescador desde a adolescência, teve que tomar novos rumos, passou a trabalhar na Vetorial Siderurgia1, todos os dias ele percorre um trajeto de 50 Km até o local de trabalho, para garantir o sustento da família.

Figura 3. Esquema de multipolaridade da comunidade Campos Correia

Fonte: Elaborado pelo autor 2018

Das três comunidades pesquisadas, a comunidade Campos Correia apresenta maior vulnerabilidade, de acordo com ofício encaminhado em 2011 peloInstituto da Mulher Negra do Pantanal (IMNEGRA) para o Ministério Público Federal/MS, o documento relata que a Comunidade Campos Correia, enfrentava uma situação de precariedade,

1 Em Corumbá, a unidade possui capacidade de produção de 370 mil toneladas de ferro gusa por ano e

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com a ausência de serviços básicos essenciais, as famílias quilombolas não tinha acesso à energia elétrica, água potável nem mesmo coleta de lixo. Durante pesquisa de campo realizada no início de 2018 constatou-se que algumas famílias não estavam recebendo a Bolsa Família, nem o Auxílio Pesca, continuam sem acesso aos serviços básicos, como energia elétrica, água potável e coleta de lixo.

Comunidade Maria Theodora Gonçalves de Paula

A comunidade Maria Theodora esta localizada no Bairro Nossa Senhora de Fátima, na Rua Luís Feitosa Rodrigues, na parte alta de Corumbá, com uma distância de 600 metros da linha férrea e a 1 km de distância do Aeroporto Internacional de Corumbá, conforme.

Na comunidade o núcleo familiar esta representado pela Associação da Comunidade da Família Maria Theodora Gonçalves de Paula (ACTEO), sendo que a matriarca da família chegou a Corumbá em 1920, essa comunidade é formada por mais de 100 pessoas que residem em 20 casas construídas de madeira e alvenaria, concentradas na Rua Luís Feitosa Rodrigues, entre as ruas Monte Castelo e Duque de Caxias, no Bairro Nossa Senhora de Fatima. Diferente das comunidades quilombolas ribeirinhas, os integrantes dessa comunidade não exercem atividades ligadas à pesca, embarcação ou agricultura familiar.

Ao contrário das comunidades AQUIRIO e Campos Correia a comunidade ACTEO não apresenta características de territorialidade multipolar. A maioria dos membros da comunidade realizam trabalhos informais, são diaristas ou atuam no setor privado, prestando serviços em hospitais, construção civil, mercados e lojas. Pelos menos quatro membros são funcionários públicos municipais e estaduais.

Considerações finais

Apesar de inúmeras pesquisas pautadas em diversos campos das ciências sociais, que apresentam trabalhos referentes às comunidades quilombolas, é preciso reconhecer a importância do Movimento Negro e da Fundação Palmares na divulgação de dados estatísticos, legislação e mapeamento dos territórios quilombolas, no entanto a maioria das CRQ do Mato Grosso do Sul, ainda não alcançam visibilidade na sociedade acadêmica e enfrentam uma disputa ideológica e política frente aos sindicatos rurais, bancada ruralista, FAMASUL e Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul

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- IHG/MS, tendo como contraponto a atuação do Fórum Permanente das Entidades do Movimento Negro de Mato Grosso do Sul (FPEMN/MS).

Para compreender o processo de resistência das CRQ no Pantanal Sul- Mato-Grossense é preciso investigar empiricamente como estabeleceram as relações territoriais multipolares dessas comunidades, ou seja, do ponto de vista geográfico vai além de um mapeamento cartográfico dessas comunidades, é necessário investigar os “sinais” de resistência, seja no deslocamento da família Ozório da Ilha do Pescador para a área periurbana de Corumbá, na importância do Rio Paraguai na pesca e sobrevivência das famílias Ozório e Campos Correia, no cultivo de hortaliças na área periurba e no deslocamento da horta para o Assentamento Paiolzinho, além da comercialização do pescado e venda de hortaliças na feira de Corumbá.

As três comunidades pesquisadas possuem trajetórias diferentes no seu processo de formação, no entanto essas comunidades compartilham das mesmas lutas e resistências no processo de produção espacial no pantanal Sul- Mato-Grossense.

Bibliografia

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NASUTI, Stéphanie et al. “Entre urbanização e regularização fundiária: uma geografia dos novos modos de vida quilombolas de Oriximiná”. In: GRUPIONI, Denise Fajardo e ANDRADE, Lúcia de (Orgs.). Entre águas bravas e mansas: índios e quilombolas em Oriximiná. São Paulo: Comissão Pró-Índio/ Iepé, 2015, pp. 210-223.

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Referências

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