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Revista Mundo Jovem

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  a   a   n   n   o   o    5    5    3    3   -  n   n    º    º    4    4    5    5    3    3   -   f    f  e  e   v   v   e   e   r   r   e   e    i    i  r  r   o   o    /    /    2    2    0    0    1    1    5    5

Prazer em aprender:

Prazer em aprender:

escola não é castigo

escola não é castigo

O que temos em comum

O que temos em comum

com nossos “hermanos”?

com nossos “hermanos”?

Congresso Nacional

Congresso Nacional

conservador: até quando?

conservador: até quando?

Ritmos biológicos e estilos

Ritmos biológicos e estilos

de vida: como harmonizar?

de vida: como harmonizar?

um jornal de ideias

um jornal de ideias

É preciso falar. É preciso ouvir

É preciso falar. É preciso ouvir

. É preciso

. É preciso

que todas as

que todas as

vozes ecoem e que, sobretudo, as vozes se entendam

vozes ecoem e que, sobretudo, as vozes se entendam

e organizem a palavra e a ação coletiva. É preciso

e organizem a palavra e a ação coletiva. É preciso

diálogo em torno do que gera as desigualdades, e

diálogo em torno do que gera as desigualdades, e

 ja

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ma

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is

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se

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li

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mi

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co

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Douglas Belchior, professor na rede pública de São Paulo

Douglas Belchior, professor na rede pública de São Paulo

e dos cursinhos da União de Núcleos de Educação Popular

e dos cursinhos da União de Núcleos de Educação Popular

para Negras/os e Classe Trabalhadora (UNEafro Brasil)

para Negras/os e Classe Trabalhadora (UNEafro Brasil)

Fraternidade,

Fraternidade,

o caminho da paz

o caminho da paz

Fotograa:

Fotograa:Tiago da Silva Greff Tiago da Silva Greff 

Informações Informações: p. : p. 33 e contracapa e contracapa Assinaturas Assinaturas Mundo Jovem Mundo Jovem

2015

2015

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fevereiro . 2015

fevereiro . 2015

www.mundojovem.com.br

www.mundojovem.com.br

Ser Fraterno: um compromisso com paz!  Ser Fraterno: um compromisso com paz! 

2

2

LÍNGUA E LITERATURA

LÍNGUA E LITERATURA

As sementes que

As sementes que

Rubem Alves plantou

Rubem Alves plantou

O escritor Rubem Alves

O escritor Rubem Alves

nasceu

nasceu

na cidade mineira de Boa

na cidade mineira de Boa

Esperança. Casualidade ou

Esperança. Casualidade ou

não, dentre tantas belas frases

não, dentre tantas belas frases

inspiradas, escreveu:

inspiradas, escreveu:

“Esperança

“Esperança

é quando, sendo inverno do lado

é quando, sendo inverno do lado

de fora, a despeito dele

de fora, a despeito dele

brilha o

brilha o

sol de verão no lado de dentro”.

sol de verão no lado de dentro”.

Lúcia Barcelos,

Lúcia Barcelos,

escritora, poetisa, integra a Equipe do jornal Mundo Jovem.

escritora, poetisa, integra a Equipe do jornal Mundo Jovem.

E-mail:

E-mail: lupoetandolupoetando@yahoo.com.br @yahoo.com.br 

Rubem Alves foi teólogo, educador, tradutor

Rubem Alves foi teólogo, educador, tradutor

e escritor: autor de livros de Filosofia, Teologia,

e escritor: autor de livros de Filosofia, Teologia,

Psicologia e de histórias infantis. E foi também

Psicologia e de histórias infantis. E foi também

um grande poeta, com uma linguagem que

um grande poeta, com uma linguagem que

lem- bra

 bra os os pássapássaros, ros, cujos cujos trinatrinados dos são são capazcapazes es dede

despertar os sonhos que repousam no recôndito

despertar os sonhos que repousam no recôndito

da alma de cada um.

da alma de cada um.

 Ao

 Ao fazefazer r essa essa compcomparaaração ção do do poepoeta ta com com oo

pássaro, lembrando também do

pássaro, lembrando também do

Rubem Alves educador, cabe aqui

Rubem Alves educador, cabe aqui

a transcrição de suas próprias

a transcrição de suas próprias

palavras: “Escolas que são asas

palavras: “Escolas que são asas

não amam pássaros engaiolados.

não amam pássaros engaiolados.

O que elas amam são pássaros

O que elas amam são pássaros

em voo. Existem para dar aos

em voo. Existem para dar aos

pássaros coragem para voar.

pássaros coragem para voar.

Ensinar o voo, isso elas não

Ensinar o voo, isso elas não

po-dem fazer, porque o voo já nasce

dem fazer, porque o voo já nasce

dentro dos pássaros. O voo não

dentro dos pássaros. O voo não

pode ser ensinado. Só pode ser

pode ser ensinado. Só pode ser

encorajado”.

encorajado”.

Essa personalidade

Essa personalidade

multiface-tada também muito contribuiu e

tada também muito contribuiu e

continuará contribuindo através

continuará contribuindo através

das suas produções literárias,

das suas produções literárias,

para o enriquecimento da

para o enriquecimento da

Edu-cação de adultos, jovens e crianças, pois tinha o

cação de adultos, jovens e crianças, pois tinha o

dom de transformar ideias e palavras em

dom de transformar ideias e palavras em

brin-cadeiras divertidas para transmitir informações.

cadeiras divertidas para transmitir informações.

 Ass

 Assimim, , susuas as obobraras s totornarnararam-m-se se inintetereressassantnteses

subsídios para professores e educadores de um

subsídios para professores e educadores de um

modo geral.

modo geral.

Paixão e sensibilidade

Paixão e sensibilidade

Rubem Alves afirma que, para além da

Rubem Alves afirma que, para além da

didá-tica, “o grande segredo da Educação é a paixão

tica, “o grande segredo da Educação é a paixão

do professor”. E foi mais longe ainda com o seu

do professor”. E foi mais longe ainda com o seu

jeito ímpar de enxergar a

jeito ímpar de enxergar a profundidade das temá-profundidade das

temá-ticas quando, no seu dizer poético, entendeu que

ticas quando, no seu dizer poético, entendeu que

há dois olhos para a educação: “o primeiro olho

há dois olhos para a educação: “o primeiro olho

 vê

 vê as as coisacoisas s da da ciênciciência, a, da da vida vida e e do do mundo, mundo, e e oo

segundo olho vê as coisas eternas”.

segundo olho vê as coisas eternas”.

 Ainda

 Ainda a a respeirespeito to da da EducaçEducação, ão, Rubem Rubem AlvesAlves

diz que as explicações conceituais são difíceis

diz que as explicações conceituais são difíceis

de aprender, monótonas talvez. Então, ele

de aprender, monótonas talvez. Então, ele

prefe-ria o caminho dos poetas,

ria o caminho dos poetas,

que é o caminho das

que é o caminho das

ima-gens. “Uma boa imagem

gens. “Uma boa imagem

é inesquecível”. Por isso,

é inesquecível”. Por isso,

suas crônicas e seus livros

suas crônicas e seus livros

são ricos em metáforas e

são ricos em metáforas e

pequenas histórias

pequenas histórias

ilustra-tivas que facilitam a

tivas que facilitam a

com-preensão de suas

preensão de suas

disserta-ções. Suas palestras, para

ções. Suas palestras, para

quem teve o privilégio de

quem teve o privilégio de

assisti-las, também

assisti-las, também

con-templavam essa agradável

templavam essa agradável

característica.

característica.

Com um estilo todo

Com um estilo todo

próprio de se expressar,

próprio de se expressar,

Rubem Alves deixa dicas

Rubem Alves deixa dicas

 va

 valioliosas sas aos aos edueducadcadoreores s no no que que dizdiz

respeito à alma humana, no sentido

respeito à alma humana, no sentido

de que é através da sensibilidade que

de que é através da sensibilidade que

se consegue perceber e tentar

se consegue perceber e tentar

com-preender melhor o que nos rodeia, o

preender melhor o que nos rodeia, o

contexto do mundo. Outra dica bem

contexto do mundo. Outra dica bem

importante do autor: tudo isso passa

importante do autor: tudo isso passa

pelo processo da arte de pensar.

pelo processo da arte de pensar.

No seu jeito de lidar com as

No seu jeito de lidar com as

pa-lavras, Rubem Alves aponta para um

lavras, Rubem Alves aponta para um

casulo onde se podem gestar

casulo onde se podem gestar

esperan-ças. Ele acreditou no poder mágico da

ças. Ele acreditou no poder mágico da

palavra e permanecerá entre nós, em

palavra e permanecerá entre nós, em

suas obras, conforme dito por ele:

suas obras, conforme dito por ele:

“Es-crever é o meu jeito de ficar por aqui.

crever é o meu jeito de ficar por aqui.

Cada texto é uma semente...”.

Cada texto é uma semente...”.

Rubem Alves nasceu em 15 de setembro de

Rubem Alves nasceu em 15 de setembro de

1933 e faleceu em 19 de julho de 2014.

1933 e faleceu em 19 de julho de 2014.

Para a reunião de professores

Para a reunião de professores

“Milho de pipoca que não passa

“Milho de pipoca que não passa

pelo fogo continua milho de pipoca

pelo fogo continua milho de pipoca

para sempre”! 

para sempre”! 

Em uma de suas parábolas, Rubem

Em uma de suas parábolas, Rubem

Alves nos compara aos milhos de

Alves nos compara aos milhos de

pipoca. Alguns de nós temos a

pipoca. Alguns de nós temos a

capacidade de nos transformarmos

capacidade de nos transformarmos

em “ores brancas macias” quan

em “ores brancas macias” quan-

-do aqueci-dos pelo fogo, outros

do aquecidos pelo fogo, outros

se mantêm como piruás, milhos

se mantêm como piruás, milhos

que não estouram na panela. Você

que não estouram na panela. Você

concorda?

concorda?

Um novo ano letivo se anuncia para

Um novo ano letivo se anuncia para

2015. E quais são as mudanças que

2015. E quais são as mudanças que

pretendemos ter em nossa escola?

pretendemos ter em nossa escola?

O que eu preciso mudar em minha

O que eu preciso mudar em minha

prática docente? E enquanto grupo

prática docente? E enquanto grupo

de professores? Como poderemos

de professores? Como poderemos

nos permitir mudar para melhor?

nos permitir mudar para melhor?

Leia mais:

Leia mais:  www.releituras.com/rubemalves_  www.releituras.com/rubemalves_

pipoca.asp

pipoca.asp

No Site do Mundo Jovem

No Site do Mundo Jovem

Documentário

DocumentárioRubem Alves, o profes-Rubem Alves, o

profes-sor de espantos 

sor de espantos . Com direção de Dul-. Com direção de

Dul-ce Queiroz. Duração 44 minutos. Pode

ce Queiroz. Duração 44 minutos. Pode

ser assistido em nosso site, na edição

ser assistido em nosso site, na edição

de fevereiro de 2015, por este link:

de fevereiro de 2015, por este link:

www.mundojovem.com.br/edicoes

www.mundojovem.com.br/edicoes

Site ocial do autor:

Site ocial do autor:

http://rubemalves.com.br http://rubemalves.com.br Sugestão de Site Sugestão de Site

“Enquanto a

“Enquanto a

sociedade feliz não

sociedade feliz não

chega, que haja pelo

chega, que haja pelo

menos fragmentos

menos fragmentos

de futuro em que a

de futuro em que a

alegria é servida como

alegria é servida como

sacramento, para que

sacramento, para que

as crianças aprendam

as crianças aprendam

que o mundo pode

que o mundo pode

ser diferente. Que a

ser diferente. Que a

escola, ela mesma,

escola, ela mesma,

seja um fragmento

seja um fragmento

do futuro...”

do futuro...”

Rubem Alves Rubem Alves

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Assine ou renove sua assinatura! Veja como na contracapa desta edição.

Encartes

pedagógicos

Formação de Professores

• O que é o Enem? • Ciências Humanas e suas

tecnologias

• Ciências da Natureza e suas tecnologias

• Linguagens, códigos e suas tecnologias

• Matemática e suas tecnologias

Afro.Br

Encarte de Cultura Afro-Brasileira 

•Ações armativas

• Griôs e quilombos

• Educomunicação e negritude • Religiões de matriz africana • Brasilidade negra Filosoa • Heráclito, Bergson e a necessidade da mudança • Marx, a dialética e a transformação do mundo • Nietzsche e potência do ser • Wittgenstein, Paul Ricoeur e a

losoa da linguagem

• Adela Cortina e a ética nas

prossões

Sociologia

• A idade penal

• Jovem e meio ambiente • Jovem, trabalho, família e

formação

• Jovem e suicídio: um fato social • Apatia, inércia, comodismo do

 jovem?

Conra o que você vai ler

no Mundo Jovem em 2015!

Temas escolhidos a partir de pesquisa com os assinantes

Educação

• Metodologias de ensino e aprendizagem com adolescentes •Mediação de conitos na escola

• Educação integral no Brasil • Conselho escolar

• Educação escolar indígena

• A mercantilização do Ensino Superior • Desvalorização e desinteresse

pelo estudo

• Educação matemática • Música na escola

• Protagonismo dos estudantes •Outros temas em encartes

pedagógicos (veja ao lado) 

Filosoa

•Como a Filosoa ajuda a pensar?

•Filosoa e libertação

• De onde surgem as ideias? • O que é a verdade?

• Pessoas invisíveis nas cidades •Antroposoa

• Categorias estéticas • Ignorância X conhecimento •Filosoa, religião e ciência

• Ética do discurso

•Outros temas em encartes pedagógicos (veja ao lado) 

Sociologia

• Efeitos da sociedade da informação • Consequências da Ditadura Militar • Sociedade de consumo e

desenvolvimento

• Modernidade e sociedade líquida • A ideologia (neo)liberal

• Estado policial e sociedade de controle • As “razões” do fundamentalismo • Pierre Bourdieu e as contestações

do capitalismo • A pena de morte

• Trabalho, autogestão e autonomia •Outros temas em encartes

pedagógicos (veja ao lado) 

Ecologia

• Qual rastro deixamos no mundo? • Falta de água nas cidades • Biodiversidade • Animais de estimação • Estrangeiros na Amazônia • Ecossistemas brasileiros • Direito ambiental • Cidades sustentáveis • Ameaças aos rios • Abelhas em extinção?

Projetos Pedagógicos

• Valores • Literatura • Meio ambiente • Família e escola • Juventudes • Produção escrita

• Educação para o cooperativismo • Gênero e diversidade

Ensino Religioso

• Cultura da paz • A fé e suas obras • Quem é Deus? • O diabo existe? • Milagres existem? • Religião e política • Mulheres nas religiões • A água nas religiões • Pastoral da Criança

• Drogas e comunidades terapêuticas

Saúde e Bem-Viver

• Saúde mental

• Humanização do parto • Saúde comunitária

• Qualidade de vida no trabalho • Bem-viver e a saúde pública • Medo de quê?

• Música e dança

• Contaminação dos alimentos • Vida lenta x estresse • Atividades físicas na escola

Ciências Naturais

• Ritmo biológico

• Viroses, infecções e epidemias •Corantes naturais e articiais

• Alimentos orgânicos

• Produtos de limpeza e higiene • Sal e açúcar

• Memória e esquecimento • Som e excesso de ruído • Ciência forense • Velocidade e adrenalina

Diversidade Cultural

• Sistema Nacional de Cultura • Comunidades tradicionais

pesqueiras

• Saraus das periferias

• Povos ciganos e direitos humanos • Frevo: patrimônio imaterial da

humanidade • Pontos de cultura • Cinema, saber e crença • Rádio no Brasil • Cultura do Norte

• Centenário de Grande Otelo

Língua e Literatura

• Rubem Alves

•O desao de ler, escrever e

interpretar • Literatura regional • Literatura para jovens • Mediação de leitura na escola • Livro didático e a educação • Trovas e oralidade

• Imperialismo linguístico • Mauricio de Sousa

• Língua estrangeira e música

Geograa

Temas relacionados à América Latina 

• Brasileiros e latinos: o que temos em comum?

• A geograa no Enem

• As orestas equatoriais

• Disputas territoriais

• Tensões sociais e a pobreza no mundo

• A educação na América Latina • Manifestações e protestos • Estado, poder e mídias • Diversidade étnica e cultural • Violações de direitos humanos

História

• Como estudar História?

• História da formação econômica das sociedades • Civilizações asiáticas • Escravismo • Civilizações ameríndias • Civilizações africanas • Sistema feudal • Sistema moderno-burguês • Comunismo

• Economia e História: para onde vamos?

Política e Cidadania

• O novo cenário político brasileiro • Plebiscito e referendo popular • Cidadania, militância e mobilização

popular

• Política X politicagem

• Política assistencial: compensatória ou emancipatória?

• “Cidadãos de bem”? • Efeitos da globalização e FSM • Exercício da cidadania nas

redes sociais • Voto obrigatório • O Brasil em reformas

Realidade Brasileira

• Economia brasileira • Violência doméstica e

Lei Maria da Penha

• Brasil: oportunidade de negócios? • Crianças errantes • Trabalho infantojuvenil • Inação e deação • Sonegação scal • O sistema carcerário • Desmilitarização da polícia • Flexibilização dos direitos

trabalhistas

Juventudes

Depoimentos de jovens sobre: 

• Estudar no exterior • Grêmio estudantil • Inclusão no trabalho • Sociedade competitiva • Prevenção ao alcoolismo • Solidão na juventude • Viver conectado • Violência física • Intercâmbio e voluntariado • PROUNI

Pais e Filhos

• Relacionamento entre gerações • Ciberbullying

• Parceria família e escola • A relação entre pais e lhos

• Violência psicológica na família • Afetividade e acomodação conjugal • Amizades e relações

no mundo virtual • Famílias reconstituídas • Alienação parental

• Redes de proteção à infância e à adolescência

Sexualidade

• Homossexualidade nas novelas • Sexualidade na adolescência • Dia da Mulher: o que comemorar? • Projeto de vida a dois

• Sexualidade infantil e

pedolia digital

• Gravidez e uso de drogas • Violência sexual

• DSTs virais

• Liberdade sexual e responsabilidade • Estresse prossional e sexualidade

Novidade:

matérias

*

bilíngues para

desenvolver

o espanhol!

(4)

fevereiro . 2015 www.mundojovem.com.br

Ser Fraterno: um compromisso com paz! 

4

DOS LEITORES

Aos leitores

Educar para a paz

Para transformar uma cultura vio-lenta é preciso ensinar e aprender com base no diálogo, na escuta, na participação e na corresponsabilidade. Trabalhar temas próximos da realidade, desenvolver pessoas humanas com maior equilíbrio físico e emocional, ca-pazes de lidar com todas as dimensões

da vida, de forma pacíca, harmônica

e feliz é compromisso da escola, mas também das famílias e de toda a so-ciedade.

Comecemos o ano escolar

nova-mente juntos para rearmar a paz e

a fraternidade em todos os lugares por onde passarmos. Que em 2015 sejamos todos sementes de paz para construirmos um mundo onde o amor à diversidade seja combustível de nos-so dia a dia!

Como assinar: veja na contracapa desta edição ou entre em contato com nossos atendentes. Fone: 0800.515200 (somente telefone xo)

Fax: (51) 3320.3889 / 3320.3902

Assinaturas: assinaturas.mundojovem@pucrs.br Redação: mundojovem@pucrs.br

Site: www.mundojovem.com.br

Av. Ipiranga, 6681 - prédio 33 - CEP: 90619-900 Porto Alegre - RS - Brasil

ISSN n°1677-1451

Impressão: EPECÊ Associado à Signis Brasil

Mundo Jovem é uma publicação mensal (fevereiro a novembro) da editora da PUCRS, sob orientação da Faculdade de Teologia: Inscrição 473301, Livro nº 14, Cartório de Registro Especial. @mundojovem jmundojovem

Diretor: Pe. Eduardo da Silva Santos

Equipe responsável: Luiz Gambim, Lúcia Maria Barcelos, Maria Izabel de Andrade Teixeira, Jorge Alvício da Silveira Teixeira (MTPS nº 11273), Ângela Machado Barcelos, Rui Antônio de Souza, Márcia Oliveira de Oliveira, Jaqueline de Souza Franco, Márcia Helena Koboldt Cavalcante, Fabiane Costa Cozza, Tiago da Silva Greff, Gabriela Thomaz, Rogério da Silva Castro. Jornalista responsável (interino): Márcio Zoratto Gastaldo (MTPS nº 12492)

Diagramação e Finalização Gráca: Jornal Mundo Jovem

“Acredito que ‘educação’ é a

palavra-chave para dizimar a

ignorância que tanto exclui

os povos de seus direitos

fundamentais.”

Maria José Pereira Souza Biritinga, BA

Palavras

Palavras são sementes:  Antes de crescerem para cima,

Em busca da luz do sol, do ar livre e do céu azul,

Devem crescer para baixo,

Buscando, no solo úmido, frio e escuro, Os nutrientes que as fortalecem. Palavras são plantas:

Da mesma forma que estas

Têm suas raízes xas no ventre da terra,  Aquelas têm sua força e autoridade

No terreno respeitoso da escuta. Palavras são crianças:

Umas são gestadas no útero da mãe, Outras, no útero misterioso do silêncio. Palavras são pássaros:

Depois de criarem asas, livres e soltas no ar,

 Jamais retornam ao ninho abandonado,  Ampliando, em espiral,

o raio de seus voos. Palavras são janelas:

De igual maneira que o aproximar-se de umas

 Abre os horizontes da paisagem, O fato de conhecer o sentido das outras  Aprofunda o leque do conhecimento.

Palavras são águas:

Deslizam e murmuram mansas nos vales, Fecundando o chão para o plantio. Precipitam-se e rugem bravias nos rochedos,

Revelando suas energias ocultas. Palavras são ventos:

 Aqui uma brisa leve e suave

Que dobra e acaricia as espigas maduras.  Ali, um furacão tempestuoso

Que tudo varre, devasta e destrói. Palavras são ores:

Ornamentam encontros, salas e festas Com suas formas, perfumes e cores, Mas logo murcham, secam e morrem, Deixando no ambiente a dor de um  vazio ou ausência.

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS E-mail: vicariogenerale@scalabrini.org

Vontades

 Vontade fútil, trivial, banal...  Afetiva, forte, atrevida,

Sensacional!  Vontade poderosa, melosa,

preguiçosa! Rápida, lenta, duradoura!

Gostosa!

 Vontade fraterna, amigável, familiar, Essencial, perene, elementar,

De gostar!  Vontade de viver mais,

De sorrir, De curtir, De persistir!  Vontades? Tenho. Só não tenho, De desistir!

Ilda Neta Silva Almeida Palmas, TO

Fé em ação

Fé, agora é preciso. Nas cidades, nos abismos Onde a dor fez sua morada, No exílio de cada estrada. Solidariedade para amar Sem impor condições, ajudar... Doar-se em imposição,

Fazer diferença na multidão.  A quem muito perdeu, ser  Auxílio, força, carinho.

Gesto que não se retrai Mas no amar se refaz.

Waleska Frota Fortaleza, CE

Em família

Os pais possuem opiniões diferentes dos lhos, mas assim mesmo pais e lhos podem se entender.  Às vezes, quando estamos em crise, devemos

con-tar com os nossos pais (eles querem o nosso bem). Quando caímos, as únicas pessoas que cam por perto de nós são os nossos pais: eles são o nosso “braço direito”. Valorizem os seus pais enquanto es-tão por perto, pois um dia eles não estarão mais por aqui para ajudá-los!

Daniel Barberino, Breno Barradas e Pedro Henrique Miguel Calmon, BA

Como está a nossa “pegada”?

Somos nós que alimentamos essa máquina pro-dutora de lixo no planeta. Estamos com problemas de norte a sul, do ocidente ao oriente, devido aos des-matamentos, às queimadas e às guerras que atingem todas as espécies de vida. Alimentando esse modo de agir, colheremos enchentes, calor excessivo, falta de água, maremotos, tufões, furacões, vulcões, degelos e por aí afora. É preciso dar um basta às barbáries que estamos vendo e vivenciando desde tempos distantes, para que a humanidade possa viver em harmonia com a natureza, e as nossas crianças possam viver como crianças no Planeta Terra.

Pedro Gomes Moreira Porto Alegre, RS

(5)

fevereiro . 2015

www.mundojovem.com.br Ser Fraterno: um compromisso com paz! 

5

Pegada ecológica:

consumo, logo existo?

A ideia de felicidade

acoplada ao consumo,

o sonho da moda,

a fugacidade dos

produtos e a aparente

abundância trazem

efeitos a curto, médio

e longo prazos, com

impacto na sociedade

e no ambiente. Qual é

a marca que estamos

deixando no planeta?

Mirian Fabiane Dickel Strate,

bióloga e professora, Teutônia, RS. E-mail: mirianfabiane@gmail.com 

 Vivemos em uma sociedade pautada pelo consumo, que sus-tenta a economia mundial. Va-lendo-se disso, o capital cria pro-dutos para os diversos públicos, gostos e bolsos, de modo que, embora milhões de pessoas vi- vam abaixo da linha da pobreza, há parcelas de consumidores que são responsáveis por alimentar o ciclo de produção capitalista.

O que chama atenção é a urgência de se fazer circular os produtos e as formas de vida, os quais rapidamente envelhecem e são substituídos. Isso se traduz em experiências de vida caracte-rizadas por conquistas em curto prazo, modos de ser em cons-tante busca de novas sensações, com inquietação e insatisfação crescentes.

Impacto no planeta

O consumidor, na sociedade atual, está sempre em movimen-to, ligado às mudanças, instigado a abolir a durabilidade e a per-manência das coisas, ao mesmo tempo em que luta para se re-conhecer através dos inúmeros  bens aparentemente disponíveis

a todos.

ECOLOGIA

1 - Como deno o meu

estilo de vida e de consumo? Que impactos ele gera no meio

ambiente?

2 - Quem são os principais depredadores e quem são as principais vítimas dos desequilíbrios ocasionados pelo excesso de consumo?

3 - O que signica ser um

cidadão responsável pelo ambiente de todos? Que impactos positivos podemos gerar para o planeta?

Questões para Debate

Mas alguma  vez você já pensou na

quantidade de recursos natu-rais necessários para manter o seu estilo de vida? Já imaginou avaliar o impacto no planeta das suas opções no dia a dia, daquilo que você consome e dos resídu-os que você gera?

 A pegada ecológica individu-al mede o quanto a presença de cada pessoa no mundo consome dos elementos que compõem o nosso espaço de vida e existên-cia, com vistas ao atendimento das necessidades que elege para sua vida em sociedade. Como critério para reconhecimento das condicionantes do nosso estilo de vida, a pegada ecológica coletiva pode ser comparada com a capacidade da natureza de renovar esses elementos com-ponentes bióticos e abióticos do meio ambiente.

 A pegada ecológica de um país é a área total requerida para a produção de todas as deman-das de consumo de sua popula-ção, incluindo alimentapopula-ção, ves-tuário, educação, saúde, cultura, trabalho, moradia, transporte, co-municação, entretenimento etc., as quais implicam exploração da natureza no que diz respeito a matéria-prima, energia, água,

ter-ras agricultadas, áreas urbanizadas e, ainda, a bolsões de absorção dos resíduos gerados por todas as etapas implicadas nesse pro-cesso antrópico geral.

Portanto, em decorrência do ato de consumir produtos e ser- viços diariamente, a população

mundial consome componentes ecológicos do planeta como um todo, de modo que a pegada eco-lógica da humanidade é a soma de todas essas áreas implicadas, onde quer que elas estejam no planeta. A humanidade necessita hoje de 1,5 planetas para manter seu padrão de consumo, colo-cando a biocapacidade planetá-ria em grande risco.

Cidadania ambiental

Sustentabilidade é a palavra da vez, entretanto é muito mais do que uma palavra da moda. Ser ecologicamente sustentável é uma forma de vida, e a única maneira de permitir que nosso planeta se recupere para que possamos viver em paz e por muito tempo ainda com os re-cursos naturais que ele tem para fornecer. Além disso, a cidadania possui estreita ligação com o meio ambiente, a partir do mo-mento em que decidimos apli-Quer saber qual pegada

eco-lógica está deixando no planeta? Acessa a Calculadora de Pegada Ecológica em nosso site, na edição de fevereiro de 2015, por este link: www.mundojovem.com.br/edicoes

No Site do Mundo Jovem

car sustentabilidade em nossa própria casa e exigir dos órgãos públicos o cumprimento da le-gislação ambiental.

Pensar globalmente, agir lo-calmente, conceito que contribui para mudar o comportamento do cidadão, introduzir a noção que cada um dos bilhões de seres humanos que habitam o plane-ta deve fazer a sua parte. Não  vamos salvar o planeta porque recusamos uma sacola plástica, mas, se os sete bilhões de seres humanos que habitam a Terra atualmente a recusarem, serão sete bilhões de sacolas a menos.

Preservar o meio ambiente é preservar a própria pele, e fragi-lizar o meio ambiente é fragifragi-lizar a economia, o emprego, a saúde. O certo é que não existe saída se não houver alteração nos costu-mes predatórios. É imprescindível que os cidadãos tomem conhe-cimento do seu papel enquanto agentes de conscientização e responsabilidade ambiental, op-tando pelos produtos de empre-sas comprometidas com o meio ambiente e a qualidade de vida da sociedade. Não existe natureza capaz de alimentar um shopping center  do tamanho do planeta.

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JUVENTUDES

Oportunidade para

expandir fronteiras

O sonho de expandir as fronteiras do país já se tornou realidade para

mais de 83 mil jovens brasileiros. Nicole Walczak, de 21 anos, foi uma das

contempladas pelo Ciência Sem Fronteiras e hoje estuda medicina na Holanda. Do quarto que divide com uma nlandesa, na cidade de Leiden, a estudante conversou com o Mundo Jovem sobre a experiência e os desaos do programa.

E-mail:

nicolecwalczak@gmail.com

Nicole, fale-nos sobre a sua trajetória até aqui.

Estudei no colégio da Uni- versidade Regional Integrada do  Alto Uruguai e das Missões (URI) com bolsa parcial, porque minha mãe trabalhava na instituição. Entrei na Universidade Fede-ral de Santa Maria (UFSM), em 2010, através de um programa já extinto, que se chamava Progra-ma de Ingresso ao Ensino Supe-rior. Escolhi a medicina porque sempre fui fascinada pelo corpo humano e queria exercer uma profissão em que me sentisse útil na vida das pessoas.

Como é a sua rotina de estu-dos na Holanda em comparação ao Brasil?

No Brasil, a faculdade exige dedicação integral. Aqui, eu estou estudando no segundo ano, e lá eu estava no quarto. Mesmo assim, não se compara ao meu segundo ano no Brasil, que foi muito mais pesado em questão de carga horária. O conteúdo que a gente estuda em um semestre aqui eles estu-dam em um mês e meio. Assim temos mais tempo livre para fazer exercício físico, realizar cursos de línguas, enfim, ter uma qualidade de vida melhor.

Como está sendo esta

expe-riência no programa até agora?

Pessoalmente, era tudo o que eu queria: ser mais independen-te e conhecer pessoas diferenindependen-tes. Em termos acadêmicos, foi bem

estranho no início, pois eu já tinha visto a maior parte do con-teúdo no Brasil e pensei que não precisaria me preocupar, mas fui supermal na prova. Recém tinha chegado, não estava muito adaptada, sem clima para estu-dar, e o conteúdo foi passado muito rápido. No Brasil, estava acostumada a chegar em casa e retomar o conteúdo da aula. Mu-dar de ambiente dicultou muito a rotina de estudos.

Quais são os pontos positi-vos do programa e quais devem ser aprimorados?

Os pontos mais interessan-tes é viver uma cultura diferen-te, conhecer gente de todos os cantos, estar dentro do sistema educacional de outro país e, assim, entender o que pode ser melhorado no sistema brasilei-ro. O conhecimento novo que é levado de volta é um dos pon-tos mais interessantes e con-tribui para o desenvolvimento do país. E estudar em uma faculdade de primeiro mundo era uma oportunidade só de quem tinha mais grana. Este programa muda a situação. Eu mesma não estaria aqui se não fosse o Ciência Sem Fronteiras. Mas acho que pode ser um pro- blema o governo não ter muito

controle com o aluno aqui. Como assim? Em relação à

frequência do aluno?

Não. Isso depende de cada universidade. Se a faculdade

cobra presença, você pode re-provar por isso. Aí, neste caso, perde a bolsa. O que acontece é que não tem nenhuma cobran-ça em relação à nota.

Mas o principal desafio mesmo é que ele ainda atinge a população que tem uma condi-ção um pouco melhor, porque eu não conheci nenhum bol-sista que tivesse alguma di-culdade nanceira: todos eram de classe média. O programa exige curso de línguas, e aca- bam sendo privilegiados aque-les que podem pagar um cur-sinho particular. Mas, quanto a isso, já vi que este ano, pelo menos na UFSM, começaram a dar curso de línguas voltado para o Ciência Sem Fronteiras (pouco depois desta entrevista, o MEC aprovou o programa Idioma Sem Fronteiras). Acho que esta questão da contra-partida, do que fazer depois, quando o estudante volta para o país, tem que ser aprimorada. Falta um pouco esta continui-dade do programa quando se  volta para o país de origem.

Levando em conta a sua área, a medicina, poderia tra-çar um paralelo entre os dois países?

Na Holanda o sistema de saúde funciona muito bem. Até os 18 anos não é preciso pagar nada. Depois disso, adquire--se um seguro de saúde, que é pago conforme o salário.  Aqueles que recebem um

salá-rio baixo, podem pedir ajuda ao governo, e serviços como Fi-sioterapia e Odontologia são à parte. Como a desigualdade so-cial não é tão grande, a maioria da população consegue pagar o seguro saúde. No Brasil, um sistema assim dicilmente fun-cionaria. 80% dos brasileiros usam o SUS, a maioria porque não tem mesmo como pagar um plano privado. Mas eu ainda acho que o modelo do SUS, na teoria, é um dos melhores do mundo. Na prática, ainda temos muito o que melhorar.

Entrevista: Nicole Walczak 

www.cienciasemfronteiras.gov.br

Sugestão de Site

Ciência Sem Fronteiras

Ciência Sem Fronteiras é um programa que busca promover a consolidação, a expansão e a internacio-nalização da ciência e tec-nologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. O projeto prevê a utili-zação de até 101 mil bol-sas em quatro anos para promover intercâmbio, de forma que alunos de gra-duação e pós-gragra-duação façam estágio no exterior

com a nalidade de man

-ter contato com sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e à inovação.     A   r    q    u     i   v   o    p    e    s    s    o    a     l

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EDUCAÇÃO

Desaos pedagógicos da adolescência

No passado, a escola era o único lugar de acesso aos conhecimentos, que

lá estavam concentrados. Hoje, ela sofre uma crise sem precedentes, pois

nem sempre as informações atualizadas da internet são contempladas na

metodologia do professor, muito presa em livros e apostilas.

O próprio perl de alguns jovens se torna um desao, em uma cultura imediatista, de inquietude, contestação e desmotivação. Diante desse quadro, é possível fazer algo na escola para que o processo de ensino e aprendizagem se concretize? Por incrível que possa parecer, sim, é possível e necessário fazer algu-mas propostas diferenciadas para que o adolescente tenha prazer em aprender e que frequentar a escola não seja um castigo.

Não sou adepta de receitas prontas, mas penso que, a partir de ideias que deram certo, outros pro-fessores podem, dentro da sua realidade, inovar e ter maior sucesso nessa tarefa. Então, seguem algumas propostas que, mesmo que pareçam muito simples, podem fazer a diferença com sua turma.

1. Escute seus alunos: proporcione espaços de di-álogo sempre em suas aulas. Converse quando chegar em sala de aula, trate-os pelos nomes, saiba mais de suas histórias de vida, pergunte suas opiniões sempre que haja espaço na matéria que você trabalha. Utili-ze as técnicas de júri simulado, discussão de temas transversais, análise e apresentação de textos diferen-ciados por grupos. Tudo isso irá estimular a partici-pação e o interesse dos alunos. Estudos diversos com-provam que a aproximação emocional com os alunos diminui a incidência de casos de violência na escola e aumenta a motivação para frequentar as aulas.

2. Use as tecnologias como aliadas da aprendiza-gem: em vez de proibir os celulares, por exemplo, ex-perimente fazer com seus alunos um projeto de fotos e/ou vídeos sobre a matéria que estão trabalhando. Proponha mais trabalhos de pesquisa e aproveite para desenvolver as habilidades de análise e síntese. Atu-almente, as informações não são mais problema, mas entender as que realmente são cientícas e têm rele- vância necessita de uma orientação pedagógica que o professor pode dar. Igualmente, abuse das ferramen-tas que você tem disponíveis para que os estudantes aprendam com maior facilidade os conteúdos a serem desenvolvidos: vídeos, lmes, jogos para computador e experiências práticas sempre são bem-vindas às salas de aula dos adolescentes.

3. Trabalhe em grupo: a referência dos adolescen-tes é o grupo, e individualizar o trabalho na escola vai na contramão dessa necessidade de pertencimento.

    S     í   r     i   a     C     h   r     i   s     t     B     i   r   c     k

Cynthia Castiel Menda,

educadora, psicóloga clínica e escolar, mestre em Educação pela PUCRS. Atualmente exerce suas atividades prossionais na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), RS.

E-mail: cyncamen@terra.com.br 

Ensine seus alunos a trabalhar em grupos. Comece com duplas, trios, e coloque, no máximo, cinco componentes em cada um. Faça lista de exercícios como desafios para serem alcançados pelos alunos e outras atividades que podem ser divididas e trabalhadas em partes por cada um dos grupos da sua turma. Lembre que hoje o mercado de trabalho exige que as pessoas saibam compartilhar conhecimentos, pla-nejar ações e executá-las em equipe.

4. Traga as manifestações artísticas para sua aula: descubra os talentos dos seus alunos e use-os como aliados da aprendizagem. Vale música, desenho, po-esia, teatro, dança. Peça que eles criem a partir dos conteúdos desenvolvidos e se surpreenda com os resultados.

5. Estabeleça regras de convivência:

faça um contrato pedagógico no início do ano, discutindo direitos e deveres, estabe-lecendo os papéis de cada um na sala de aula. Os estudantes devem construir essas regras juntos para que se comprometam com a sua observância. Relembre o con-trato sempre que necessário.

6. Elabore avaliações signicativas e

contextualizadas: utilize histórias, guras e, principalmente, o raciocínio dos estu-dantes nas suas avaliações. Faça avalia-ções diferenciadas: em grupo, individual, oral e escrita. Isso exibiliza a possibili-dade de o aluno se sair bem e entender a

importância do processo avaliativo. O mundo moderno exige da escola uma nova proposta do processo de ensino e aprendizagem, com um trabalho mais dinâmico e próximo aos alunos. Cabe ao professor sair da posição de queixa e experimentar novos caminhos e oportuni-dades para tornar esse processo prazeroso para ambos os lados.

Para a reunião de professores

Que tal dividir os professores em pequenos grupos e aprofundar os aspectos sugeridos pela autora? Seria possível traçar algumas ações a curto e médio prazo que poderiam ser implementadas em nossa escola, buscando contribuir com a educa-ção dos adolescentes. Cada grupo pode sugerir ações e responsáveis

para que tenhamos resultados e

-cazes, a partir da divisão de tarefas entre professores, gestores e alunos.

O trabalho em pequenos grupos na sala de aula , de Joan Bonalds. Porto Alegre, Artmed, 2003.

Dinâmicas em sala de aula: para to-dos níveis de ensino , de Elaine Pereira

Daroz, Recife, UFPE, 2012.

Prova: um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas , de

Vasco Pedro Moretto. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.

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Transgeracionalidade é uma noção definida como a transmissão de valores, de padrões de com-portamentos que passam de geração a geração. Em outras palavras, podemos pensar na ideia, também popular, “vem de berço”. O que vem do berço, meta-foricamente falando? São os modos como falamos, como agimos, como vestimos, como vemos o outro.  Assim, se um pai cria seu lho de maneira machista, desvalorizando as mulheres da família e as de fora, seu lho fará isso também. Bem, até quanto isso é  verdade? Nem sempre: o lho poderá ser muito di-ferente do pai. O lho de um pai machista não está fadado a ser outro peixe   machista. Filho de peixe não é peixe. É uma pessoa que tomará a mãe, o pai, os avós como referência para sua construção, mas será sempre uma outra pessoa, será original.

Laços familiares

Ocorre que, mesmo sendo uma pessoa inco-mum, diferente de nossos pais, em família vivencia-mos um pouco de tudo: valores, segredos, crenças, lealdades invisíveis, preferências por alguém, mitos, enm, laços de vários tipos; às vezes,nós  difíceis de serem desfeitos ou compreendidos. Herdamos não somente traços biológicos, mas também os traços ou laços da família. São heranças que, algumas ve-zes, tornamos negativas em nosso processo de viver. Temos que pensar, então, o que é uma família. Neste breve texto, vou tomá-la como um grupo de pessoas com laços afetivos que têm uma história de  vida. Ou seja, têm uma dinâmica que pode ser vista

PAIS E FILHOS

Família e transgeracionalidade

O que herdamos

de nossos parentes?

Filhos e lhas são sempre pensados

às sombras de seus pais. Por isso,

ouvimos as metáforas “Filho de

peixe, peixinho é”, que ultrapassam

gerações, por muitas décadas. Os

ditados populares, na verdade,

expõem o tema: a família e os (des)

caminhos da transgeracionalidade.

O que isso signica?

Marta Bellini,

doutora em psicologia social, docente na Universidade Estadual de Maringá, PR. E-mail: martabellini@uol.com.br 

pelas histórias que nos contam os avós ou que nós contamos a lhos e lhas. Mudamos de lugar porque imigramos,  buscamos novas chances de emprego; muitas vezes um pai abandona sua fa-mília, uma mãe cria seus lhos sozinha. Um casamento se desfaz, outro se refaz. O padrão de permanência nesse movimento de instabilidade são os laços de amor, de afeição. Nós sabemos que pertencemos a algum grupo e que, aí, temos acolhimento.

Rituais de passagem

O nosso movimento com a família está no tempo, na nossa história, e é também a nossa experiência sensorial, intelectual, espiritual do mundo. Boas ou más, as experiências, no fundo, são sempre aqueles rituais de passagem para nos tornarmos humanos. Pensando em Walter Benjamin, a infância é o país das descobertas. Descobertas das ruas, dos brinquedos, dos cheiros, das cores, das aventuras, dos destinos familiares desconhecidos. Herdamos isso, e não é pouco. Adultos, vamos repetir essas histórias com nossas famílias; no caso, é uma representação recriada. E, assim, repassamos aos descendentes a história cultural e pessoal dos antepassados. Rimos, choramos e perpetuamos as his-tórias de nossos parentes.

Entretanto muitos de nós detemo--nos nas amarrações da vida em família. Uma mãe que foi abandonada pelos parentes e pelo marido, e que jamais

esqueceu seu sofrimento, é capaz de manter o ódio e a desesperança nas gerações futuras. Uma lha aos 50 anos ainda poderá chorar a preferência da irmã mais velha; um lho de 40 anos se droga para falar aquilo que não disse ao seu pai aos seis anos de idade.

Também camos em volta das do-  enças da tradição   da família. Muitas  vezes, tomamos, inconscientemente, esse legado psicológico dos desafetos e não nos desatamos dele porque são amparos defensivos para nossa vida. Nesse senti-do, sem saber, somos mantidos pelo ódio aos pais, a nós mesmos e aos outros.

Conhecer as tramas da transgera-cionalidade importa para desvelar a tes-situra das dores, dos sofrimentos e sair dos psiquismos da família. É possível. Nesses casos, é possível sair da zona de estacamento e da exaustão, para cons-tituir outras experiências que também serão passadas adiante.

A criança, o brinquedo e a educação ,

de Walter Benjamin. São Paulo: Editora Summus, 1984.

Transgeracionalidade, um olhar sistêmico , de Clariana Palmieri Brandão Alba. Disponível em: http://bit.ly/transgeracional

A força do legado transgeracional numa família , de Maria Emília Sousa Almeida.

Revista Psicologia: Teoria e Prática, 2008. Disponível em: http://bit.ly/legado-transgeracional

Sugestões de Leitura

Com base na leitura do artigo e das

experiências vividas por você em sua

família, redija  um texto

dissertativo--argumentativo, em norma culta, sobre o

tema

As tramas da transgeracionalidade na formação de valores 

. Selecione e organize

de forma clara os argumentos para

defen-der seus pontos de vista. Você tem cerca

de uma hora para elaborar a redação.

    F   a    m     í     l     i   a     M   a    r     t     i   n   e    z  –     M   a    r     i   n   a     A   v     i     l   a     /     f   r   e    e     i   m   a    g    e    s .    c    o    m

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SEXUALIDADE

De tempos para cá, a presença de personagens homossexuais em

novelas tornou-se comum no Brasil. Apesar disso, as representações dos

personagens não heterossexuais apontam para uma perigosa relação entre

os discursos midiáticos e o imaginário social formulado por tais atuações.

 Júlio César Sanches,

 jornalista, mestrando em Comunicação na Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ. E-mail: sanches.julius@gmail.com 

Pesquisadores da área dos estudos de gênero indicam uma forte presença do fenômeno de heterossexualização de perso-nagens que não são heteros-sexuais. Desse modo, segundo os teóricos, o modelo de repre-sentação de personagens não heterossexuais estaria cami-nhando para a consolidação de uma imagem classicada como heteronormativa.

Entendendo que a hetero-normatividade se sustenta na aplicação de vivências heteros-sexuais como uma norma a ser seguida, identificamos que as representações de personagens não heterossexuais nas teleno- velas brasileiras estão completa-mente alinhadas com o universo heteronormativo. Nas narrativas dos últimos anos, toda e qual-quer situação em que as homos-sexualidades são representadas trazem à baila esse teor.

Controle dos corpos

 A aceitação desses persona-gens não heterossexuais se dá pela via da identicação de nor-malidade desses sujeitos, seja pela adoção de crianças, pelo casamento, pela constituição de família ou pela estética aceitá- vel (com indumentária e gestos regulados). Os personagens vão se enquadrando cada vez mais em um circuito que apaga as di-ferenças entre ser heterossexual e ser homossexual.

De modo geral, as homos-sexualidades representadas nas telenovelas brasileiras eviden-ciam um horizonte de controle dos corpos não heterossexu-ais. Para serem aceitos pela audiência e inclusos em um

A homossexualidade nas telenovelas

    R   e    p    r    o     d   u    ç     ã   o    :     R   e     d   e     G     l   o     b   o     d   e     T   e     l   e   v     i   s     ã   o

ordenamento social, os perso-nagens homossexuais replicam os valores de uma sociedade em que a heterossexualidade é a norma. Além disso, eles submetem-se ao apagamento de toda estética não heterossexual. Sem afetações, os homossexuais representados ngem ser pes-soas comuns à realidade de uma sociedade que está disposta a  ver na TV apenas o modelo de

sexualidade heteronormativa. O conito gerado pela pos-sível exibição de um beijo gay, por exemplo, desenvolveu um levante das alas mais conserva-doras da sociedade brasileira.  Alguns personagens típicos da política nacional, assim como lí-deres religiosos extremistas, ini-ciaram uma verdadeira batalha contra a veiculação de uma ima-gem de afeto entre pessoas do mesmo sexo na telenovela Amor à vida . Em certa medida, esse é um dos aspectos que evidenciam as disputas que acontecem em torno dessas representações.

Homofobia disfarçada

Caso estejam alinhados com a moralidade hegemônica da sociedade, os personagens ho-mossexuais podem ser aceitos. Entretanto essa

aceitação/inclu-são revela o quanto é perversa a forma como as homossexu-alidades são representadas na teledramaturgia. Há uma nítida manipulação das forças sociais atuando diretamente nessas representações, ditando exata-mente os limites morais aceitos pela maioria dos expectadores.  Ampl iando essa questão, po-demos considerar que existe uma homofobia pulsando nesse processo de visibilidade dos personagens homossexuais nas novelas brasileiras.

Compreendendo que a hete-ronormatividade está presente nas telenovelas, a indagação que devemos fazer a partir de

agora é a seguinte: de que modo essas representações de perso-nagens não heterossexuais na TV brasileira dialogam com a sociedade? E que características das homossexualidades estão sendo violadas pela heteronor-matividade reiterada nessas representações?

Partindo desses questiona-mentos, poderemos identicar um cenário perigoso e cruel para aqueles sujeitos cuja se- xualidade não é bem vista em nossa sociedade. Talvez essas perguntas nos ajudem a perce- ber por que o Brasil é um dos países mais homofóbicos do mundo.

Da violência simbólica das telas para a violência corporal das ruas, existe um conjunto de poderes controlando os corpos, as sexualidades e decidindo quem pode viver e como deve  viver.

Reunião de professores

Currículo escolar

e sexualidade

Entender heterossexuali-dade, bissexualidade e de-mais questões de gênero é fundamental em nossa for-mação como professoras(es). Além da compreensão bio-lógica ou cultural, estudar esse tema nos orienta à ga-rantia dos direitos humanos e à superação de todas as formas de preconceito.

Após ler o texto e assistir ao vídeo indicado, debata com os professores, bus-cando compreender: o que pensamos sobre as diferen-ças de gênero? Quais são os preconceitos que temos? Em nossa escola, em que momentos reafirmamos a heteronormatividade? Em quais atividades podemos promover a diversidade de gênero no currículo? Sugestões de Leitura

Um corpo estranho: ensaio sobre sexualidade e Teoria Queer , de Guacira Lopes Louro.

Autêntica Editora, 2004.

Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo , de Tomaz Tadeu da

Silva. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010.

Sugestão de Vídeo

Web aula produzida para a disciplina de Teorias de Currículo, ministrada por Shirley Sales, da UFMG: http://youtu. be/-e9cyqjVbjA

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A sociedade da

informação, traz no

seu bojo histórico o

contínuo processo

de rupturas e

mudanças, passando

a adotar técnicas

especícas para

transmitir conteúdos

que recongurem

novas formas de

convivências sociais.

 A uni versa lizaç ão do ca-pitalismo, como modo de pro-dução e processo civilizatório, adquire outros impulsos, com  base em nova s tecnologias e no uso excessivo da mídia e de seus dispositivos. Isso faz da informação e da mídia elementos importantíssimos na elaboração e na ressignificação de novas subjetividades do nosso tempo e, consequentemente, de notáveis mudanças sociais, culturais, po-líticas e econômicas.

Indústria cultural

Theodor Adorno e Max Horkheim noticam que a cul-tura é um dos elementos deter-minantes para o uso do capita-lismo. No afã de cada vez mais resultados de “mais-valia”, há a massicação da cultura, fazendo com que passe a existir o prin-cípio da convivência midiática para, a partir de então, alimentar o sistema.

 Ainda segundo os autores, a indústria cultural, por meio do processo reprodutivo, tenta tor-nar todos os ouvintes iguais ao

SOCIOLOGIA

A informação, a mídia e

as novas subjetividades

sujeitá-los, autoritariamente, aos idênticos programas de vários canais. E, ao fazer isso, esquema-tiza um mecanismo de padroni-zação para uma homogeneidade entre os sujeitos para agradá-los, mas também para controlá-los. O capitalismo impõe, dessa forma, seu próprio ritmo frenético, le- vando o indivíduo, geralmente, a deixar de pensar e reetir sobre o sistema ideológico que lhe é imposto. Faz, então, com que os  valores sociais e a felicidade se-jam inuenciados e condiciona-dos por essa cultura que atroa a capacidade de ser espontâneo, deixando de ser soberano em suas escolhas.

A Era Digital

 John Thompson traz à tona a necessidade de conhecer a ecá-cia do poder simbólico e os im-pactos que os indivíduos venham a ter mediante institucionaliza-ções e consagrainstitucionaliza-ções simbólicas de valores efêmeros criados pela comunicação da mídia.

Para tal interpelação, o autor recorre ao contexto social do sé-culo 19, quando a comunicação e a interação se davam face a face, e existia maior conservação de valores, crenças e a presença entre os pares. Já na moderni-dade midiática as categorias de tempo e espaço são

recongu-radas de modo que as questões cronológica e espacial não são mais barreiras para a interação entre pessoas. Elas passam a  viver sob o signo da teleimagem,

onde tudo é instantâneo.

Cria-se, assim, um instante sem passado e sem futuro, um agora mediático, muitas vezes, experiência local do indivíduo.  Através da teleimagem mesclam--se a cultura e a ideologia de forma aparentemente inofensiva, porém sempre com um m único: impor uma cultura dominante por dispositivos simbólicos.

Isso pode ser mais bem en-tendido por meio da leitura da

Sociedade do Espetáculo , obra de Guy Debord, na década de 1960, que aponta para uma so-ciedade imagética. Para Debord, os indivíduos abdicam da dura realidade dos acontecimentos da  vida, passando a viver movidos pelas aparências e pelo consumo permanente, dado o poder hip-nótico causado pelas imagens, as quais, em alguns graus, con-seguem deixar a pessoa passiva e aberta à aceitação dos valores impostos pelo capitalismo. Os indivíduos integram-se e intera-gem por meio da comunicação imagética: se não houve regis-tro imagético ao público, então não é real ou não aconteceu. Entretanto muitos indivíduos

Claudionor Pereira de Lima,

sociólogo e professor, São Paulo, SP. E-mail: dionoclau@yahoo.com.br 

não estão atentos que a mídia geralmente utiliza de suas infor-mações de forma manipuladora, mesmo quando o que é veiculado (parcial ou inteiro) tenha no cunho um peso de verdade.

 As questões trazidas por es-ses autores revelam que estamos diante de uma sociedade de ex-cessos de estímulos, causados pela tecnologia a serviço do ca-pitalismo, onde o virtual passa a ocupar o lugar do real. É inegável que o monopólio da informação e da mídia passa a ser desenha-do sobre os pressupostos da exclusão social, de tal forma que os excluídos são cada vez mais excluídos, e os privilegiados, mais privilegiados. E todos consentem com a dominação que uma cate-goria exerce sobre as outras.

Sociedade do Espetáculo 

http://youtu.be/A4FAJsFqHe0

Além do Cidadão Kane 

http://youtu.be/049U7TjOjSA

Um dia na vida de  Eduardo Coutinho 

http://youtu.be/j9vYJ74JGzg Sugestões de Filmes

Mamãe no Face

Zeca Baleiro

Mamãe, eu fz o disco do ano  E até mesmo Caetano  Parece que aprovou 

Mamãe, eu sigo na minha rota  Veja só o Nelson Motta  Disse que o disco é show  Só falta que a Folha de São Paulo  Comece a incensá-lo 

Dizer que eu sou o cara (...) 

Zeca Baleiro satiriza a força da mídia para consolidar o “su-cesso” dos artistas. O que você pensa sobre isso? Cite alguns

exemplos de inuências cultu

-rais que acontecem conosco.

Veja o clipe da música por este link : http://youtu.be/vs4IlPVX3cY

Mafalda – tira em quadrinhos desenhada pelo cartunista

argentino Quino entre 1964 e 1973 – é uma menina preocupada com a humanidade, a paz mundial e também com a indústria cultural. A partir da tira acima, discuta: a televisão pode ampliar nossa ignorância diante da vida? Quais programas contribuem para nos tornar alienados ou para abrir nossos olhos?

     M      A      F      A      L      D

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Como a Filosoa ajuda a pensar?

Desde sua origem, a Filosoa possibilita ao ser humano o despertar da consciência para compreender sua realidade. As explicações dadas pelos mitos passaram a não ser sucientes,

surgindo a necessidade de um pensar fundamentado na razão.

FILOSOFIA

Isabel Cristina Costa Freire,

professora de Filosoa da Educação Básica e do Ensino Superior, especialista em Docência do Ensino Superior, Supervisão e Orientação, São Luís, MA.

E-mail: locoruja@yahoo.com.br 

O despertar dessa consciência vem desde o homem primitivo, que no primeiro momento encontrou-se numa análise intuitiva e, gradativa-mente, foi passando a naturalista, com os primeiros pensadores na busca pelo elemento constitutivo em caráter contemplativo. Já o período clássico eviden-cia o ser humano procurando fundamentos para as suas inquietações sobre sua própria essência.

Neste cenário, relembremos Sócrates (469-399 a.C.) e seus ensinamentos pelo diálogo, utilizando o método deironia  (formulações de perguntas) emai-  êutica   (parturiente de ideias) numa forma humilde de reconhecimento da ignorância como busca cons-tante da verdade. Esse método faz pensar que não devemos car presos a ideias prontas e acabadas.

O encanto do pensar

Em Platão (427-347 a.C.), vamos encontrar o seguinte esclarecimento: a Filosoa é um saber que se dá por meio do intelecto, e é próprio dos lósofos que conseguem libertar a alma do cárcere corpóreo para a compreensão do eterno e imutável. E Aristóteles (384-322 a.C.) ressalta: “pela admira-ção, os homens (...) são levados a losofar, cando primeiramente maravilhados pelos problemas”. A propósito, os pensamentos dos clássicos Platão e  Aristóteles foram aproveitados pelos lósofos e teólogos cristãos do período medieval, traçando o domínio da ciência humana nos traços divinos, em que o ato do conhecer está no interior humano.

 Já na Modernidade, os lósofos encontraram--se emancipados da autoridade divina, rejeitando a tradição. Mas buscaram compreender as mudanças dessa época em várias situações. Podemos apontar alguns lósofos, entre eles Descartes, na discussão do it, destacando a primeira intuição diante da ideia clara e distinta numa reconstrução do saber. Kant, com sua losoa crítica, tentou a síntese compre-ensiva desse período. No seu pensamento referente à Filosoa, evidencia que “é, pois, um sistema de todo conhecimento losóco”, e assim existe a possibilidade de aprender a losofar exercitando o talento da razão, que direciona ao reetir, analisar e fazer críticas a esses sistemas.

Marx nos faz reetir sobre a transformação da realidade, natural à realidade social na conjugação da teoria e práxis com o intuito de desenvolver uma reexão contextual. Por outro lado, o período

pós-moderno é marcado pela reação às linhas anteriores, objetivando pensar na “demissão” da Filosoa na função própria e secular da metafísica. Outra característica é que coloca a pensar na Filosoa como desconstrução, para a construção de conceitos, numa articula-ção ao pensar dos espíritos livres.

Filosoa e educação

Para Saviani (1980), a tarefa da Fi-losoa na educação é de uma reexão radical, rigorosa e de conjunto sobre os problemas que a realidade educacional apresenta. Por certo, o ser humano tem que ser o lósofo reexivo, buscando elementos que se encontram na raiz d determinado problema, compreendendo os reais motivos num certo rigor, saindo das ilusões do senso comum, pautando--se numa visão totalizante da realidade.

Diante do exposto, surge a necessi-dade de analisarmos a ressignicação da Filosofia na contemporaneidade.  Wonsovicz (2005) ressalta que “a Filo-soa na escola, dentro de uma didática losóca que começa com crianças e continua com adolescentes e jovens, é um saber sobre o homem e a realidade, sobre o mundo para compreendê-lo e transformá-lo”. Essa transformação é possível quando se estabelece a cons-ciência ativa da realidade, interferindo com o pensar, deixando sua marca de melhoria com suas ações sábias, tendo a consciência de si, do outro e do mundo.

Portanto o pensar proposto pela Filo-soa é dinâmico, pois leva a uma postura de investigação, compreensão, tomada de decisão frente a argumentos criteriosos, desenvolvendo as habilidades de raciocí-nio, contextualizando socioculturalmente seus conhecimentos. Além disso, por pensar de modo totalizante, se articula com outras áreas de conhecimento.

Textos básicos de Filosofa , de Danilo

Mar-condes. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.

Educação: do senso comum à consciência flosófca , de Demerval Saviani. São Paulo:

Cortez, 1980.

Programa Educar para o pensar: flosofa com crianças, adolescentes e jovens. v. 3 , de Silvio Wonsovicz. Florianópolis: Sophos, 2005.

Sugestões de Leitura

1 - Por que o pensar é importante em nossas vidas?

2 - Pesquise mais sobre o método

losóco de Sócrates, partindo

da realidade e formulando perguntas que ajudem a pensar o contexto que vivemos. 3 - Como o pensar pode se tornar

um encanto e não um peso? E como pode se tornar um instrumento de transformação da realidade?

Questões para Debate

    A   r     t   e     d   e     M   a    r    c     i   o     G   a    s     t   a     l     d   o     /     M     J   s    o     b   r    e     f   o     t   o   s     d   e     D   a    v     i     d   e     G   u    g     l     i   e     l   m    o     /     f   r   e   e     i   m    a    g    e    s .    c    o    m

Referências

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