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MANUAL DO USUÁRIO: INTEGRAÇÃO DAS INFORMAÇÕES PARA A GESTÃO DA MANUTENÇÃO E DESEMPENHO DAS EDIFICAÇÕES

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MANUAL DO USUÁRIO: INTEGRAÇÃO DAS INFORMAÇÕES PARA A GESTÃO DA

MANUTENÇÃO E DESEMPENHO DAS EDIFICAÇÕES

M. A. S. HIPPERT V. H.C.MATTOS JUNIOR

Prof. Eng.ª Civil Engo. Civil

UFJF UFJF

Juiz de Fora; Brasil Juiz de Fora; Brasil

aparecida.hippert@ufjf.edu.br vhcmj@oi.com.br

RESUMO

A manutenção tem sido um tema muito discutido na atualidade. No Brasil, as empresas de edificações precisam entregar aos novos moradores um Manual do Usuário indicando a manutenção adequada. Por outro lado, a nova norma de desempenho brasileira, a NBR 15575, dispõe sobre várias informações que precisam estar contidas neste manual. O objetivo deste estudo é levantar as informações de manutenção dispostas nas normas e verificar se os manuais do usuário que vem sendo entregues na cidade de Juiz de Fora, Brasil, já as consideram. Os resultados apontam que, embora os manuais sejam ainda incompletos quanto ao atendimento à nova Norma os mesmos terão de se adaptar à esta nova exigência. Assim, busca-se contribuir para a elaboração de manuais mais adequados levando a uma melhoria da manutenção e consequentemente do desempenho da edifícação.

1. INTRODUÇÃO

Muito se diz a respeito do déficit habitacional do Brasil, que em números gerais se traduz em uma necessidade de 6.859.255 novas habitações urbanas, aumentando 10,17% apenas na última década, reforçando a tendência de urbanização crescente do país [1].

Entretanto, a busca pela redução deste déficit é tão importante quanto a oferta de moradias dignas e duráveis para a população. Neste sentido, ressalta-se que a necessidade de realização da manutenção aliada à recente publicação da norma brasileira de desempenho [2], destacam o importante papel que passa a ter o usuário na realização da manutenção do imóvel de maneira a mantê-lo em condições adequadas de uso atendendo ao seu desempenho.

O intuito deste trabalho é verificar se as informações de manutenção estão sendo consideradas nos manuais bem como observar as mudanças a serem introduzidas nos mesmos de maneira a torná-los compatíveis com os requisitos hoje presentes na norma de desempenho.

2. MANUTENÇÃO E DESEMPENHO DAS EDIFICAÇÕES 2.1. Manutenção de edifícios

A manutenção de edifícios pode ser definida como o “conjunto de atividades a serem realizadas para conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e de suas partes a fim de atender às necessidades e segurança dos seus

Fotografia Autor 1

30 mm x 40 mm

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usuários” [3]. Deste modo a previsão e o planejamento das possíveis intervenções ao longo da vida útil dos edifícios são fundamentais para reduzir o aparecimento de anomalias. Entretanto, o tema manutenção planejada, citado em conferências e seminários ainda não encontrou uma gama efetiva de contribuições em termos de aplicação com a definição de seu conteúdo e áreas de intervenção [4].

Para que as edificações possam permanecer por mais tempo em níveis satisfatórios de desempenho, torna-se importante a realização de trabalhos com boa qualidade em todas as etapas do ciclo de vida da edificação (projeto, construção e uso e manutenção), bem como a aquisição de materiais e serviços que atendam às especificações técnicas. No entanto, apesar de todos estes cuidados, os materiais e as edificações se deterioram o que leva a execução de atividades de manutenção.

Quanto mais tardia for realizada a manutenção de um edifício, maior será o seu custo e o comprometimento do desempenho da edificação. Segundo a lei de Sitter (ou lei da evolução dos custos), o impacto dos custos de um erro detectado em cada uma das etapas do ciclo de vida da edificação corresponderá a um custo que segue uma progressão geométrica de razão cinco, ou seja, as correções serão mais duráveis, efetivas, fáceis de serem executadas e econômicas se forem executadas mais cedo [5].

A manutenção deve ter início na etapa de projeto das edificações ([6], [7], [8]), onde são estabelecidos os procedimentos necessários à sua conservação e à sua recuperação, bem como sua capacidade de manutenabilidade. O termo manutenabilidade pode ser definido como o “grau de facilidade de um sistema, elemento ou componente em ser mantido ou recolocado no estado no qual pode executar suas funções requeridas, sob condições de uso especificadas, quando a manutenção é executada sobre condições determinadas, procedimentos e meios prescritos” [2].

2.1.1. Manutenção corretiva e manutenção preventiva

A norma brasileira [3] define três tipos de manutenção: rotineiras, preventivas e corretivas. As manutenções rotineiras englobam serviços constantes, simples e padronizados, de forma que sejam necessários apenas equipamentos e pessoas que permanentemente utilizem as edificações, como, por exemplo, a higienização de componentes e de áreas comuns. Já as manutenções preventivas se caracterizam pelos serviços cuja realização deve ser programada antecipadamente, priorizando os seguintes itens: solicitações dos usuários, estimativas da durabilidade dos sistemas, elementos ou componentes das edificações em uso, gravidade e urgência, bem como os relatórios de verificações periódicas sobre os estados de degradação. Por fim, as manutenções corretivas respondem à demanda de ações ou intervenções imediatas com o objetivo de permitir a continuidade no uso dos sistemas, elementos ou componentes das edificações. Além disto, devem evitar graves riscos ou prejuízos ao patrimônio, aos usuários e aos proprietários.

2.2. Desempenho de edifícios

A necessidade de estabelecimento de parâmetros de qualidade para as obras de edificações tem sido uma demanda dos intervenientes do setor da construção civil. O foco no desempenho vem de encontro a esta necessidade com o estabelecimento de exigências a serem atendidas bem como a forma de mensurá-las.

O desempenho deve ser considerado desde a fase de concepção do edifício e ao longo do ciclo de vida da edificação. Em alguns países, como França, Canadá e Japão, o desempenho do produto-edifício e dos seus subsistemas é inicialmente definido para posteriormente serem definidas as tecnologias construtivas a serem adotadas [9]. Entretanto, esta não é a realidade encontrada no Brasil, visto que o desenvolvimento de projetos, de maneira geral, não considera a questão do desempenho, especialmente em projetos habitacionais. Os aspectos de arquitetura e definição de tecnologias são inicialmente definidos para posteriormente serem consideradas as exigências de desempenho [10].

Porém, a realidade nacional tende a mudar com a entrada em vigor da nova norma de desempenho, já mencionada. Esta Norma foi publicada em fevereiro de 2013. A primeira versão, de 2008, limitava-se às edificações habitacionais de até 5 pavimentos enquanto o texto atual é mais detalhado e abrangente contemplando edificações habitacionais de qualquer porte.

Normas de desempenho são diferentes de normas prescritivas. As primeiras traduzem as exigências dos usuários em requisitos e critérios a serem atendidos, e são complementares às normas prescritivas. Já as normas prescritivas “estabelecem requisitos com base no uso consagrado de produtos ou procedimentos, buscando o atendimento aos requisitos dos usuários de forma indireta” [2]. A NBR 15575, como Norma de desempenho, foca os requisitos dos usuários para o edifício habitacional e seus sistemas, quanto ao seu comportamento em uso e não na prescrição de como os sistemas são construídos. Todas as suas disposições aplicam-se aos sistemas presentes nas “edificações habitacionais, projetados, construídos, operados e submetidos a intervenções de manutenção que atendam às instruções específicas do

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respectivo manual de uso, operação e manutenção” [2]. Ou seja, o desempenho e consequentemente a vida útil da edificação, poderão ser prolongados através da realização das atividades de manutenção. Porém, para que isto ocorra, é importante haver uma gestão adequada com o planejamento e o acompanhamento das atividades de manutenção necessárias, além da conscientização dos usuários em relação à execução destas atividades.

2.2.1. A norma brasileira de desempenho NBR 15575

A versão atual, 2013, da NBR 15575 se aplica a edificações habitacionais com qualquer número de pavimentos sendo que para as edificações de até cinco pavimentos, o texto faz as devidas ressalvas. A Norma não se aplica a: obras já concluídas, obras em andamento na data da entrada em vigor da Norma, projetos protocolados nos órgãos competentes até a data da entrada em vigor d Norma, obras de reforma ou retrofit e edificações provisórias.

A Norma foi elaborada segundo padrões internacionais de normalização de desempenho que considera para cada necessidade do usuário e condição de exposição, a definição de requisitos (qualitativos), critérios de desempenho (quantitativos ou premissas) seguidos dos métodos de avaliação, os quais permitem a mensuração do seu atendimento.

A Norma é composta de seis partes referentes aos sistemas que compõe as edificações habitacionais: Parte 1 - Requisitos gerais; Parte 2 - Requisitos para os sistemas estruturais; Parte 3 - Requisitos para os sistemas de pisos; Parte 4 - Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas; Parte 5 - Requisitos para os sistemas de coberturas e Parte 6 - Requisitos para os sistemas hidrossanitários. Cabe ressaltar que as exigências dos usuários das habitações consideram outros sistemas, como por exemplo, condicionamento de ar, gás, telecomunicações, que não foram considerados na versão atual na Norma. Para os sistemas elétricos, que fazem parte de um conjunto mais amplo de Normas, devem ser considerados os requisitos expressos na NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão. Cada uma das partes da Norma foi organizada segundo uma lista de exigências dos usuários distribuída em 18 seções:

Escopo, Referências normativas, Termos e definições, Exigências dos usuários, Incumbências dos intervenientes, Avaliação de desempenho, Desempenho estrutural, Segurança contra incêndio, Estanqueidade, Segurança no uso e na operação, Desempenho térmico, Desempenho acústico, Desempenho lumínico, Durabilidade e manutenibilidade, Saúde, higiene e qualidade do ar, Funcionalidade e acessibilidade, Conforto tátil e antropodinâmico e Adequação ambiental.

3. MANUAL DO USUÁRIO

Na entrega da obra a empresa deve entregar o manual de operação, uso e manutenção da edificação para o usuário. A obrigatoriedade de fornecimento deste documento é responsabilidade do empreendedor, sendo ele o incorporador ou construtor. Este manual é um documento que serve para esclarecer dúvidas dos usuários relativas às condições reais de apropriação do ambiente construído [11], reunindo as informações necessárias para orientar as atividades de operação, uso e manutenção. Deve ser desenvolvido com o propósit o de fornecer informações técnicas sobre o funcionamento, manejo e manutenção do imóvel, incluindo seus acessórios, equipamentos, peças e materiais [12]. Serve para orientar sobre a forma correta de utilização do espaço para evitar transtornos e despesas desnecessárias.

Os manuais de proprietário devem conter as seguintes informações:

Apresentação - contendo dados básicos da empresa construtora bem como do empreendimento;

Garantias e Assistência Técnica - informações referentes as coberturas de garantias do imóvel. Telefones, correios eletrônicos e endereços de acesso para assistência técnica, horários para contatos e prazos de atendimento de solicitações;

Memorial Descritivo do Imóvel - contendo dados e informações pertinentes, especificações utilizadas no imóvel; Fornecedores de projetos e materiais - informações de fornecedores de materiais de construção utilizados e

projetistas responsáveis com respectivos contatos;

Operação, Uso e Limpeza - dos sistemas construtivos existentes na edificação;

Manutenção - modelo de programa de manutenção preventiva, registros e verificações da manutenção;

Informações Complementares – meio ambiente e sustentabilidade, segurança, operação dos equipamentos, documentação técnica legal, elaboração do manual do usuário e sua revisão.

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4. METODO DE PESQUISA

O desenvolvimento desta pesquisa contemplou uma revisão da literatura disponível sobre os temas manutenção de edifícios e desempenho seguido da realização de um estudo de caso. O estudo de caso é caracterizado “pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado” [13]. Desta forma o trabalho foi dividido em duas etapas:

1) Levantamento das informações contidas nas normas brasileiras de manutenção [3], [11] e desempenho [2] e que precisam ser passadas aos usuários;

2) Identificação da existência ou não destas informações nos manuais dos usuários que vem sendo elaborados pelas empresas construtoras de edificações da cidade de Juiz de Fora/Brasil.

Para a etapa 2 foram analisados cinco manuais de proprietário de empreendimentos de baixa renda, entre casas e apartamentos. A escolha por esta classe de usuário deve-se ao crescimento deste tipo de construção tendo em vista os programas de construção que vem sendo lançados pelo governo federal nos últimos anos. O manual número 01, diz respeito a um conjunto habitacional com 32 blocos de quatro apartamentos cada, totalizando 128 unidades. O manual número 02, é um empreendimento composto por 240 apartamentos divididos em 12 blocos com cinco pavimentos cada. O manual número 03 diz respeito a um conjunto de 329 casas. O manual número 04 representa 206 unidades dividida em dez edifícios, com instalações preparadas para portadores de deficiência. O manual de número 05 representa um empreendimento de 190 casas populares. Os manuais foram analisados quanto ao conteúdo de cada uma das seções previstas nas normas: Apresentação; Garantias e Assistência Técnica; Memorial Descritivo; Fornecedores; Operação, uso e limpeza; Manutenção e Informações Complementares.

No primeiro item de avaliação, foi verificada a existência de: índice com conteúdo organizado e dividido com indicação respectiva de páginas e assuntos citados, introdução com informações do empreendimento e comentários sobre o manual, definições de palavras do vocabulário técnico para compreensão de pessoas leigas que usarão os manuais.

Para Garantias e Assistência Técnica foram observadas informações a respeito de garantias, com ênfase em itens da área privativa e de uso comum, contratos de garantias preexistentes, especialmente equipamentos, conteúdo explícito a respeito de perdas de garantias e assistência técnica por parte do construtor/incorporador na forma de prestar serviço de atendimento ao cliente.

Em seguida, foram observadas as informações referentes aos memoriais descritivos das edificações no que diz respeito aos métodos construtivos utilizados, desenhos de instalações com cotas de suas dimensões, cargas máximas para circuitos elétricos e cargas estruturais máximas, relação de acabamentos com especificações e informações referentes a manutenção preventiva da edificação.

Para fornecedores, foi avaliada a existência da relação de fornecedores de materiais e/ou equipamentos utilizados, contato dos responsáveis técnicos por projetos ou serviços técnicos realizados bem como informações referentes a concessionárias para instalação ou ligação de serviços básicos.

Na seção de operação, uso e limpeza observou-se a existência de informações básicas sobre procedimentos para que a edificação entre em uso, como: limpeza, instruções de uso da edificação. Ainda nesta seção, buscou-se informações referentes aos procedimentos para transporte de cargas horizontal e vertical nas áreas comuns do edifício, identificando dimensões e cargas máximas.

Para a manutenção foi observada a existência de um modelo de programa de manutenção com etapas bem definidas incluindo registros da mesma [11]. Além disso foi verificada a existência de atendimento aos requisitos de manutenibilidade dos sistemas: estrutura [14], pisos [15], fechamentos verticais [16], cobertura [17] e hidrossanitários [18].

Por fim, foram observadas as informações complementares acerca do manual do proprietário no que se refere às boas práticas para o uso do imóvel, visando o meio ambiente e a sustentabilidade bem como procedimentos para situações de emergência na unidade habitacional como possíveis vazamentos de gás ou água, procedimentos para combate a incêndio,locação de dispositivos e periodicidade de revisão do manual do usuário.

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5. RESULTADOS E ANÁLISES

Da análise realizada pode-se concluir que, de maneira geral, os manuais de proprietário possuem em sua maioria, boa parte das informações solicitadas pelas normas de manutenção. No primeiro item analisado: apresentação, três manuais não apresentam definições sobre termos técnicos. Estas são de suma importância para que o proprietário, leigo em sua maioria, compreenda os termos técnicos utilizados no discorrer da apresentação dos temas. Outro ponto importante observado dentro desta mesma temática é a forma da apresentação das plantas baixas das habitações, muitas vezes com cotas sem escala ou unidade definida.

No segundo tópico de garantias e assistência técnica, os manuais em questão cumprem bem ao que se propõe. Elucidando muitas vezes até por partes do imóvel, suas garantias e tipos de garantias cobertos com seus prazos. Apenas um manual não apresentou características suficientes para um memorial descritivo e não foi apresentada qualquer planta do imóvel. Para os demais, além de bem descritos na forma de especificação técnica detalhada de materiais, ainda foi possível observar planta de arquitetura e em alguns casos planta de instalações elétricas e hidráulicas.

No item fornecedores, somente um dos manuais apresentou relação de projetistas e responsáveis técnicos por projetos. Uma vez que, estes profissionais tem tanta responsabilidade quanto os executores, o registro de seu contato nos manuais é de suma importância para conhecimento dos proprietários destes empreendimentos. É também curiosa a falta de informação acerca de ligações de serviços básicos como: água, luz e telefone por parte de concessionárias. É necessário e muito importante informar aos proprietários como proceder com a ligação destes serviços.

O item operação, uso e limpeza, é uma unanimidade para equipamentos hidrossanitários, instalações elétricas, vedações, pisos e revestimentos internos e externos. Porém, faltam informações referentes ao sistema de combate a incêndio, por parte de três dos cinco manuais estudados. Tendo em vista que todos possuem ou deveriam ter projeto de prevenção e combate a incêndios é fundamental que existam informações de uso e localização de tais dispositivos. Automação, comunicação e ar condicionado, ventilação e calefação não foram citados pelo próprio porte dos empreendimentos estudados. Apenas para os manuais 01 e 03 foram encontrados dados referentes à manutenção preventiva de alguns dos sistemas.

No que se refere aos requisitos de manutenibilidade, para os elementos estruturais não foram encontrados dados técnicos referentes aos mesmos bem como o que os compromete quanto a segurança e estabilidade geral da edificação, além de conter subsídios para que haja manutenção estrutural.

Em se tratando de pisos e revestimentos, não é mencionado o tratamento de áreas molhadas diferentemente de áreas estanques (a primeira em caráter ocasional pode receber umidade enquanto as áreas estanques devem ser impermeáveis, não permitindo de água pela sua superfície). Não existem também informações referentes a pisos que, quando submetido a uma lâmina d’água de 10 milímetros de altura após 72 horas, não pode este revestimento sofrer qualquer alteração física visível.

Ao tratar de sistemas de vedação vertical de natureza interna ou externa, duas questões são apontadas: necessidade de não aparecimento de umidade perceptível em ambientes contíguos e a necessidade de se criar condições de uso, operação e manutenção para os dispositivos de vedação vertical. Todavia, não existem informações referente a manutenção para o substrato das paredes: alvenaria, encunhamento e emboço.

Para os sistemas de cobertura, é necessário que o manual do proprietário contenha informações referentes a carga máxima, fixação de elementos em forros ou lajes. E necessário ainda, citar e prover pontos de ancoragem para manutenção de fachadas por andaimes ou cadeiras próprias, com cargas máximas admissíveis. Informar ao proprietário da possibilidade de caminhamento de pessoas sobre telhado para uma carga mínima admissível de 1,2 KN sem danos a estrutura e peças componentes do telhado. Mais uma vez, nenhuma dessas informações foram encontradas nos manuais objeto de estudo.

Quanto às instalações hidrossanitárias, e apresentado como citado na norma em dois dos manuais abordados. Diz respeito a necessidade de conter a planta das instalações como construídas e prover o usuário quanto a materiais e fornecedores, bem como boas práticas para utilização e manutenção destas instalações.

Finalmente, quanto às informações complementares alguns itens não foram apresentados por nenhum dos manuais foram eles: Meio ambiente e sustentabilidade, Documentação técnica e legal, Elaboração, entrega e atualização do manual. Os itens de segurança como uso de extintores, saídas de emergência e iluminações de emergência foram citados

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nos manuais 01, 02 e 03. Já a operação dos equipamentos e suas ligações foi demonstrada por todos os manuais analisados.

Do exposto pode-se sugerir uma mudança na estruturação dos itens do manual de maneira que o mesmo passe a considerar as informações de manutenção e de desempenho conforme descritos nas normas brasileiras em vigor (quadro 1).

Tabela 1: Proposta de Manual integrando manutenção e desempenho

1. Apresentação

Índice Introdução Definições

2. Garantias e Assistência Técnica Garantias e Assistência Técnica

3. Memorial Descritivo Memorial Descritivo

4. Fornecedores Relação de Fornecedores

Relação de Projetistas

Serviços de Utilidade Pública

5. Operação, Uso e Limpeza Sistemas Hidrossanitários Sistemas Eletroeletrônicos SPDA

Sistemas de Incêndio Fundações e Estruturas Vedações

Revestimentos Internos e Externos Pisos

Coberturas

Jardins, Paisagismo e Áreas de Lazer

Esquadrias e Vidros

6. Manutenção Programa de Manutenção Preventiva

Estrutura Pisos Vedação Vertical Sistemas de Cobertura Hidrossanitários Registros de Manutenção Inspeções de Manutenção

7. Informações Complementares Meio Ambiente e Sustentabilidade Segurança

Operação dos Equipamentos e suas ligações Documentação Técnica Legal

Elaboração e Entrega do Manual

Atualização do Manual

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise realizada permite concluir que existe um cumprimento razoável dos itens referentes a norma de manuais de usuário, quanto ao uso e operação dos sistemas de edificações. No tocante ao desempenho de edificações habitacionais e principalmente na gestão da manutenção, muitas informações devem ser acrescentadas para que estes manuais de fato dêem condições ao usuário de fazer manutenções dos referidos imóveis e assim que seja atinjida a vida útil desejada.

Foi visto que pode-se melhorar a quantidade e a qualidade de dados cedidos aos usuários. Por exemplo, poderia ser incluído um capítulo com informações referentes a um programa de manutenção, com designação de datas ou períodos a serem seguidos e acompanhados por parte do usuário para perfeita manutenção destas habitações. Além disto, faz-se necessária a indicação de prazos para a atualização do manual. Esta informação é fundamental, uma vez que o imóvel pode passar por vários usuários, de maneira que todas as pessoas que venham a residir nessa edificação, tenham conhecimento deste histórico de manutenção, modificação ou mesmo troca de peças.

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Por outro lado, embora os resultados apontem para uma falta de informações de manutenção nos manuais pode-se verificar um movimento crescente de adaptação dos empreendedores a este novo cenário que se descortina. Isto porque, com a implantação da norma de desempenho a manutenção passa a representar um papel essencial para o alcance do desempenho esperado.

Desta forma, este trabalho vêm contribuir para a melhoria da manutenabilidade das edificações uma vez que indica as questões a serem tratadas de maneira que o usuário possa usufruir do imóvel da melhor maneira, cuidando da sua manutenção e consequentemente de um melhor desempenho para a edificação.

7. REFERÊNCIAS

[1] Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE. 2010 – Censo das cidades e regiões brasileiras, <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=313670>, site visitado em 01/03/2014.

[2] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15575-1: Edificações Habitacionais - Desempenho. Requisitos

Gerais. Rio de Janeiro: 2013

[3] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5674: Manutenção de Edifícios. Requisitos para o sistema de

gestão de manutenção. Rio de Janeiro: 2011.

[4] Gasparoli P, Scaltritti M. Inspections and Maintenance Programmes for the Conservation of Historic Architecture – some Critical Issues Related to Degradation and Durability. In: Proceedings of the international conference

“durability of building materials and components”. Porto: FEUP, 2011.

[5] Helene P, Figueiredo E P. Manual de reparo, proteção e reforço de estruturas de concreto. São Paulo: Ed. Rehabilitar; 1992.

[6] Succar B. Building information modeling framework: A research and delivery foundation for industry stakeholders. Automation in Construction 2009; 18: 357‐375.

[7] Sanches I D, Fabrício M M. A importância do projeto na manutenção de HIS. In: Anais “Simpósio

Brasileiro de Gestão e Economia da Construção – SIBRAGEC”. João Pessoa: ANTAC, 2009.

[8] Antunes G B S, Calmon J L. Manutenção de Edifícios: Importância no Projeto e Influência no Desempenho Segundo a Visão dos Projetistas. In: Anais “CONPAT 2005”. Assunción, Paraguai: 2005. [9] Oliveira, L. A.; Mitidieri Filho, C. V. O Projeto de Edifícios Habitacionais Considerando a Norma

Brasileira de Desempenho: análise aplicada para as vedações verticais. Gestão e Tecnologia de Projetos, v. 7, n. 1, p. 90-100, maio 2012.

[10] Melhado, Silvio B. Gestão, cooperação e integração para um novo modelo voltado a qualidade do processo de projeto na construção de edifícios. Tese de Livre Docência. Escola Politécnica. Universidade de São Paulo. São Paulo. 2001.

[11] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14037: Manual de operação, uso e manutenção das

edificações – Conteúdo e recomendações para elaboração e apresentação. Rio de Janeiro, 1998.

[12] Arco Incorporadora. Grupo Promobarna. Manual do Usuário. 2012. Disponível em: <http://www.arcoincorporadora.com.br/hotsite/village/manual/manual%20do%20proprietario.pdf>. Acesso em: out/2012.

[13] Gil, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, Sexta Edição, 2008.

[14] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15575-2: Edificações Habitacionais - Desempenho. Estrutura. Rio de Janeiro: 2013.

[15] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15575-3: Edificações Habitacionais - Desempenho. Sistemas de

Piso. Rio de Janeiro: 2013.

[16] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15575-4: Edificações Habitacionais - Desempenho. Vedações

Verticais. Rio de Janeiro: 2013.

[17] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15575-5: Edificações Habitacionais - Desempenho. Coberturas. Rio de Janeiro: 2013.

[18] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15575-6: Edificações Habitacionais - Desempenho. Sistemas

Referências

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