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DELIBERAÇÃO DO CONSELHO DIRETIVO DA ENTIDADE REGULADORA DA SAÚDE (VERSÃO NÃO CONFIDENCIAL)

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DELIBERAÇÃO DO CONSELHO DIRETIVO DA ENTIDADE REGULADORA DA SAÚDE

(VERSÃO NÃO CONFIDENCIAL)

Considerando as atribuições da Entidade Reguladora da Saúde conferidas pelo artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 127/2009, de 27 de maio;

Considerando os objetivos da atividade reguladora da Entidade Reguladora da Saúde estabelecidos no artigo 33.º do Decreto-Lei n.º 127/2009, de 27 de maio;

Considerando os poderes de supervisão da Entidade Reguladora da Saúde estabelecidos no artigo 42.º do Decreto-Lei n.º 127/2009, de 27 de maio;

Visto o processo registado sob o n.º ERS/040/12;

I. DO PROCESSO I.1. Origem do processo

1. Em 23 de julho de 2012, foi rececionada pela ERS uma exposição, através do endereço [...] e assinada por A., relativa ao estabelecimento prestador de cuidados de saúde, Tiagos Clínica, Lda., sito no Largo do Carmo, n.º 9, em Setúbal, que estaria alegadamente a atender utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) sem ser detentor da respetiva convenção, na valência de Medicina Física e de Reabilitação.

2. Após análise, quer do conteúdo da exposição, quer do resultado de averiguações preliminarmente encetadas, o Conselho Diretivo da ERS, por despacho de 28 de agosto de 2012, ordenou a abertura de processo de inquérito registado sob o n.º ERS/040/12.

(2)

I.2. Diligências

3. No âmbito da investigação desenvolvida pela ERS, realizaram-se, entre outras, as seguintes diligências de obtenção de prova:

(i) consulta e pesquisa do Sistema de Registo dos Estabelecimentos

Regulados (SRER) da ERS;

(ii) ação de fiscalização ao prestador Tiagos Clínica, Lda., sito no Largo do

Carmo, n.º 9, em Setúbal, em 2 de outubro de 2012;

(iii) solicitação de documentos no âmbito da ação de fiscalização realizada,

posteriormente remetidos pelo prestador Tiagos Clínica, Lda., em 12 de outubro de 2012;

(iv) pedido de informação à Administração Regional de Saúde de Lisboa e

Vale do Tejo, I.P., em 20 de novembro de 2012, e análise da resposta respetiva, rececionada em 6 de fevereiro de 2013.

II. DOS FACTOS II.1. Exposição e averiguações preliminares

4. Segundo a exposição rececionada pela ERS, a Tiagos Clínica, Lda. estaria alegadamente a assumir a qualidade de entidade convencionada do SNS, na valência de Medicina Física e de Reabilitação (MFR), no seu estabelecimento sito no Largo do Carmo, n.º 9, Setúbal;

5. Sem ser, contudo, detentora de convenção celebrada com o SNS para o efeito.

6. Concretamente, alegou o exponente que “[…] a Tiagos Clínica em Setúbal (largo

do carmo) atende doentes do SNS sem ter acordo com o mesmo. Desde abril do ano passado que o fazem.” – cfr. exposição de 23 de julho de 2012, junta aos

autos;

7. Mais tendo referido, em resposta a pedido de informação da ERS, que a “[… ]

Tiagos Clínica (Largo do Carmo) em Setúbal atende doentes do SNS, bastando qualquer pessoa fazer um simples telefonema e perguntar se fazem tratamentos de fisioterapia pela “caixa” ou até mesmo deslocar-se ao local com uma credencial e perguntar se tem acordo e fica logo a consulta marcada.”.

(3)

8. Por outro lado, refere que “[…m]uitas pessoas fazem hidroginástica vindo para o

exterior dizendo que existe uma clínica que tem acordo para tal.” – cfr. resposta do

exponente de 25 de julho de 2012, junta aos autos.

9. A entidade Tiagos Clínica, Lda., com o NIPC 502782390, encontra-se registada no SRER da ERS sob o n.º 16512, sendo detentora do estabelecimento prestador de cuidados de saúde visado na exposição, com a mesma designação de Tiagos Clínica, Lda. (de ora em diante, Tiagos Clínica), este registado no mesmo SRER sob o n.º 110019, com instalações no Largo do Carmo, n.º 9, em Setúbal.

10. Enquanto averiguações preliminares para verificação do conteúdo dos factos alegados, verificou-se que o prestador Tiagos Clínica não se apresenta, no SRER

da ERS, como estabelecimento convencionado com o SNS1;

11. Verificou-se, por outro lado, que o mesmo prestador não constava da listagem de entidades privadas com acordo para prestação de cuidados de saúde na valência de MFR no Distrito de Setúbal, conforme informação disponível no sítio eletrónico

da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, I.P. (ARSLVT)2.

12. Atenta a insuficiência da informação disponibilizada pelo exponente realizou-se no dia 27 de julho de 2012 uma diligência de contacto telefónico para o prestador em causa, na qual:

i) foi solicitada a “[…] marcação de consulta de fisiatria e tratamentos de

fisioterapia […]”, na qualidade de utente do SNS;

ii) a funcionária administrativa que prestou o atendimento informou que “[…] realizavam tais atos mediante a entrega da respetiva credencial”; iii) e informou ainda que “[…] dependendo dos médicos, as consultas de

Fisiatria podem ser marcadas de manhã ou de tarde, com exceção das quartas-feiras, dia em que os médicos não realizam consultas […]” – cfr.

memorando de diligência telefónica de 27 de julho de 2012, junto aos autos.

1

Cfr. quanto à identificação do prestador e respetiva indicação sobre acordos celebrados, a cópia dos registos retirada do SRER em 27 de julho de 2012, junta aos autos.

2

Cfr. cópia da listagem de Entidades Privadas com acordo para prestação de cuidados de saúde no

Distrito de Setúbal da ARSLVT, disponível em

http://www.arslvt.min- saude.pt/PrestacoesCuidadosSaude/UnidadesDeSaude/Documents/Medicina%20Fisica%20Reab-%20Setúbal%20NOV%202012.pdf, junta aos autos.

(4)

II.2. Ação de fiscalização ao prestador Tiagos Clínica

13. Assim conformada a situação em análise, afigurou-se necessária a verificação in

loco dos factos relatados, tendo-se realizado uma ação de fiscalização às

instalações do prestador Tiagos Clínica, no dia 2 de outubro de 2012;

14. No âmbito de tal ação de fiscalização, a primeira diligência realizada consubstanciou-se em uma técnica da ERS ter-se dirigido às instalações supra

enunciadas, e solicitado à funcionária que prestou o atendimento, “[…] o

agendamento de uma consulta de fisiatria e tratamentos de fisioterapia para o utente do Serviço Nacional de Saúde […]”;

15. Em resposta, a funcionária em causa informou à técnica da ERS que “[…] seria

possível proceder ao agendamento para um utente do SNS […]”;

16. E apôs em cartão de visita, que entregou à técnica da ERS, a menção “[…] marcar

consulta fisiatria […]”, para os contactos da Tiagos Clínica, designadamente,

“Largo do Carmo, 9 Telef. 00351 265 537 500 Fax: 265 537 509 2900-293 Setúbal […]” – cfr. o memorando da diligência no âmbito da ação de fiscalização, bem como o documento ao mesmo anexado, juntos aos autos.

17. Atendendo à informação assim prestada, procedeu-se à inquirição do Representante Legal da entidade Tiagos Clínica, Lda., detentora do prestador Tiagos Clínica, e que exerce aqui as funções de Diretor Clínico, tendo este declarado que:

i) “nas instalações em causa são atendidos utentes do SNS, sendo que

nas instalações exercem funções a Tiagos Clínica e o Centro de Medicina Física e Reabilitação do Montijo”, havendo “[...] uma separação clara entre as duas entidades, com um atendimento separado.”;

ii) “[...] O Centro em causa presta atendimento aos seus utentes como

convencionado com o SNS.”, sendo que “[...] quando os utentes do SNS se dirigem a estas instalações são encaminhados para os profissionais do Centro de MFR do Montijo”;

iii) “A Tiagos Clínica, Lda. existe n[aquelas] instalações há 10 anos, e o

Centro desde cerca de 2011, na sequência das alterações legais”;

iv) “[...] entende que os utentes conheçam a Tiagos Clínica, Lda. e que

não haja alteração de comportamento quando são encaminhados pelo SNS, no sentido de não serem discriminados.”;

(5)

v) “[...] existem elementos do Centro MFR do Montijo que exercem nas

instalações em causa. Quando existe um “superavit” de utentes os funcionários da Tiagos Clínica exercem pelo Centro MFR do Montijo, de acordo com um contrato estabelecido.”;

vi) “A entidade detentora de convenção é o Centro de MFR do Montijo,

com sede e estabelecimento no Montijo, exercendo funções como entidade convencionada nessas instalações do Montijo igualmente”.

18. Foi ainda referido pelo Declarante ser igualmente Diretor Clínico do Centro de

Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda. – cfr. auto de

declarações de 2 de outubro de 2012, junto aos autos.

19. Ora, a entidade Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda., com o NIPC 501 719 423, encontra-se registada no SRER da ERS sob o n.º 16522, e com estabelecimento prestador de cuidados de saúde sito na Av. D.

Afonso Henriques, n.º 67, R/C, no Montijo3.

20. Ainda no âmbito da ação de fiscalização, tendo sido inquirida uma funcionária do prestador Tiagos Clínica, com funções de atendimento aos utentes, foi por esta informado que:

i) “[...] atendem utentes do SNS, mediante apresentação de credencial,

sendo isentos não cobrando qualquer valor de taxa moderadora, em consultas de Fisiatria e tratamentos de MFR.”;

ii) a Tiagos Clínica, Lda. “[...] tem acordo com diversos subsistemas.”;

iii) e, “[...] exerce funções como convencionada desde abril de 2011,

sendo uma “sucursal “ do Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda.”;

iv) a testemunha tem “[...] contrato de trabalho celebrado com a Tiagos

Clínica, Lda., prestando o atendimento a todos os utentes (da Tiagos Clínica e do Centro do Montijo), sendo que não faz distinção e procede ao encaminhamento de todos.”;

v) por último, “[...] os utentes (detentores de credencial ou particulares)

dirigem-se às instalações enquanto Tiagos Clínica, Lda.” – cfr. auto de

inquirição de testemunha de 2 de outubro de 2012, junto aos autos.

3

(6)

21. Por seu turno, a funcionária que exercia, à data, funções de apoio à administração

referiu que “Nestas instalações (Largo do Carmo) é prestado atendimento/

cuidados de saúde aos utentes do SNS, pelo Centro de Medicina Física e Reabilitação do Montijo.” – cfr. auto de inquirição de testemunha, de 2 de outubro

de 2012, junto aos autos.

22. Refira-se ainda que aquando da ação de fiscalização foram entregues pelo representante inquirido, cópia de duas credenciais emitidas em sede de cuidados primários a utentes do SNS, de 05 e 27 de setembro de 2012, para consultas subsequentes em MFR;

23. Sendo as mesmas referentes a utentes cujos cuidados em MFR foram prestados pelo Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda., nas instalações do prestador Tiagos Clínica;

24. Foi igualmente entregue, print screan de ficha de utentes do SNS, constante do

programa informático em utilização nas instalações do prestador Tiagos Clínica –

cfr. cópia dos documentos entregues aquando da ação de fiscalização, juntos aos autos.

25. Pôde apurar-se ainda que nas instalações do prestador Tiagos Clínica estão disponibilizados, documentos que continham apostos, quer o logótipo do prestador Tiagos Clínica, quer o logótipo do Centro de Medicina Física e de Reabilitaçao do Montijo, Lda. – cfr. exemplares obtidos do decurso da ação de fiscalização e juntos aos autos.

II.3. Documentos remetidos pelo prestador Tiagos Clínica, Lda.

26. Na sequência das declarações recolhidas, foi o prestador Tiagos Clínica notificado para, no prazo de 10 dias, proceder ao envio de:

“[...]

1) Cópia da convenção celebrada com o SNS para a realização de consultas e tratamentos na valência de Medicina Física e de Reabilitação que é utilizada nestas instalações;

2) Cópia de ficha técnica atualizada;

3) Cópia de todos os documentos respeitantes à convenção solicitada em 1);

(7)

4) Cópia do acordo de complementaridade de serviços celebrado entre o Centro de Medicina Física e de Reabilitação do Montijo e a Tiagos Clínica, Lda.” – cfr. auto de notificação de 2 de outubro de 2012, emitido

no âmbito da ação de fiscalização e junto aos autos.

27. Nessa sequência, veio o prestador Tiagos Clínica remeter à ERS, em 12 de outubro de 2012, mensagem de correio eletrónico na qual referiu que:

“[...]

1 – Não foi possível localizar de momento a convenção celebrada entre o Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda. e o Serviço Nacional de Saúde, pelo que se junta documento emitido pelo Centro de Conferência de Facturas de onde consta o código de convenção […]”;

28. Do qual foi possível retirar que era àquela data utilizada naquelas instalações a convenção celebrada entre o SNS e o Centro de Medicina Física e Reabilitação Central do Montijo, Lda., na área G – Prestação de Cuidados de Saúde no âmbito

da Medicina Física e de Reabilitação, com o código de Convenção 202419307;

29. Tendo, quanto ao mais solicitado, remetido cópia da ficha técnica emitida pelo Centro de Medicina Física e Reabilitação Central do Montijo, Lda., na qual vem mencionado que as instalações afetas ao respetivo exercício de atividade estão sitas na “Av. D. Afonso Henriques, n.º 67 R/C, 2870 – 154 Montijo”;

30. Bem como remeteu ainda cópia do Acordo de Cooperação celebrado entre o Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda. e a Tiagos Clínica, Lda. em 10 de abril de 2011;

31. Que estabelece que “[o] Centro de Medicina Física de Reabilitação Central do

Montijo, Lda. está interessado em criar um departamento funcional destinado a prestar cuidados a doentes agudos, sub-agudos e crónicos, em Setúbal, ao abrigo do disposto na Portaria n.º 1212/2010 de 30 de Novembro, designadamente no seu art. 9.º […]”;

32. “[…] onde possa dispor de melhores condições em termos de espaço e de

equipamentos e dispondo a Tiagos Clínica de instalações, devidamente aprovadas pela ARS de Setúbal, que permitem quer em termos de espaço quer de equipamentos que o Centro do Montijo instale o departamento funcional que pretende […]”;

(8)

33. “[…] acordam as partes que com efeitos a partir de Abril de 2011, o Centro do

Montijo instale um departamento funcional no Largo do Carmo n.º 9 em Setúbal, diretamente dependente de si […]”;

34. “[…] utilizando recursos humanos próprios, à excepção da recepção que será

assegurada pelos funcionários da Tiagos Clínica, disponibilizando a Tiagos Clínica, em complementaridade, elementos da sua equipa técnica, para fazer face a situações de um maior afluxo de doentes aos tratamentos, assegurando-se assim melhor qualidade do serviço prestado” – cfr., quanto ao exposto, mensagem de

correio eletrónico de 12 de outubro de 2012, e respetivos documentos anexos, tudo junto aos autos.

II.4. Resposta da ARSLVT ao pedido de informação da ERS

35. Considerando o resultado das diligências supra descritas, revelou-se oportuno solicitar à ARSLVT, por ofício de 20 de novembro de 2012, o envio da seguinte informação e documentação:

“[...]

(i) informação quanto à existência de convenção com o SNS para Medicina Física e de Reabilitação para estabelecimento sito no Largo do Carmo, n.º 9, Setúbal;

(ii) em caso afirmativo, identificação da entidade detentora da referida convenção, e envio de cópia da mesma;

(iii) informação quanto a eventuais diligências empreendidas por essa

ARS em matéria de convenção para as identificadas instalações.”.

36. Considerando, em particular, que foi possível aferir da existência do já mencionado acordo de cooperação para funcionamento, nos termos do disposto na Portaria n.º 1212/2010, de 30 de novembro, de um departamento funcional (cuidados a doentes agudos, subagudos e crónicos) do Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda. nas instalações da Tiagos Clínica, Lda;

37. Mais se solicitou à ARSLVT o “[...] envio de toda a documentação relevante,

relativa ao cumprimento dos requisitos previstos no artigo 9.º da Portaria n.º 1212/2010, de 30 de novembro, para funcionamento do referido departamento funcional do Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda. nas instalações da Tiagos Clínica, Lda., nomeadamente quanto à aprovação das

(9)

instalações e sua localização.” – cfr. ofício da ERS de 20 de novembro de 2012 e

ofício de insistência por resposta de 04 de janeiro de 2013, todos juntos aos autos. 38. Por resposta rececionada a 6 de fevereiro de 2013, veio a ARSLVT referir que:

“[...]

1- O Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda., com o NIPC 501 719 423, tem convenção para a tipologia de medicina física e de reabilitação, para o estabelecimento sito na Av. D. Afonso Henriques, n.º 67 – R/C, no Montijo, conforme cópia da norma de adesão que se junta;

2- O referido Centro detém a Licença de Funcionamento n.º 00047 MF/2005, concedida em 30-08-2005, ao abrigo do, então em vigor, Decreto-Lei n.º 500/99, de 19 de Novembro, cuja cópia se junta;

3- Anexa-se igualmente a atualização da ficha técnica do referido Centro apresentada no ano de 2008.

39. Constando da mesma que as instalações afetas ao respetivo exercício de atividade permanecem na “Av.ª D. Afonso Henriques, n.º 67, r/c, 2810 Montijo” – cfr. cópia da ficha técnica atualizada, remetida com a resposta da ARSLVT.

40. Mais referiu a ARSLVT que: “[…]

4- [a]pós a emissão da licença de funcionamento, em 06-04-2009, a Comissão de Verificação Técnica Regional de Medicina Física e de Reabilitação das Sub-Regiões de Setúbal e Santarém, efetuou vistoria às instalações do referido Centro, conforme relatório de monitorização da referida vistoria que se junta.

5- Inexistindo qualquer outra documentação nos arquivos desta ARS relativos a outras diligências empreendidas em matéria de convenção para as identificadas instalações.

6- A ARSLVT, IP não dispõe de qualquer documentação relativa ao cumprimento dos requisitos previstos no artigo 9.º da Portaria n.º 1212/2010, de 30 de Novembro, para funcionamento do departamento funcional do Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda. nas instalações da Tiagos Clínica, Lda., nomeadamente quanto à aprovação das instalações e sua localização, na medida em

(10)

que o referido Centro não submeteu qualquer pedido nesse sentido nesta ARS nem tão pouco lhe comunicou a criação do referido departamento funcional.

41. Por outro lado, declarou ainda a ARSLVT que a “[…] Tiagos Clínica, Lda., com o

NIPC 502 782 390, com estabelecimento no Largo do Carmo, n.º 9, em Setúbal, detentora da Licença de Funcionamento n.º 00132 MF/2006, emitida ao abrigo do Decreto-Lei n.º 500/99, de 19 de Novembro, cuja cópia se junta […] não tem convenção.” – cfr. resposta da ARSLVT e respetivos anexos, tudo junto aos autos.

III. DO DIREITO III.1. Das atribuições e competências da ERS

42. De acordo com o n.º 1 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 127/2009, de 27 de maio, a ERS tem por missão a regulação da atividade dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde.

43. Sendo que estão sujeitos à regulação da ERS, nos termos do n.º 1 do artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 127/2009, de 27 de maio, “[...] todos os estabelecimentos

prestadores de cuidados de saúde, do sector público, privado e social, independentemente da sua natureza jurídica, nomeadamente hospitais, clínicas, centros de saúde, laboratórios de análises clínicas, termas e consultórios

”.

”.

44. É esse o caso dos estabelecimentos de cuidados de saúde detidos pela Tiagos Clínica, Lda, registada no SRER da ERS sob o n.º 16512, com estabelecimento sito no Largo do Carmo, n.º 9, Setúbal, e pela entidade Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda., registada no SRER da ERS sob o n.º 16522, e com estabelecimento sito na Av. D. Afonso Henriques, n.º 67, R/C, Montijo.

45. As atribuições da ERS, de acordo com o disposto no n.º 2 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 127/2009, de 27 de maio, compreendem “[…] a supervisão da actividade e

funcionamento dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde no que respeita:

(i) Ao cumprimento dos requisitos de exercício da actividade e de

(11)

(ii) À garantia dos direitos relativos ao acesso aos cuidados de saúde e dos

demais direitos dos utentes;

(iii) À legalidade e transparência das relações económicas entre os

diversos operadores, entidades financiadoras e utentes”.

46. Por seu lado, constituem objetivos da atividade reguladora da ERS, em geral, nos termos do artigo 33.º do Decreto-Lei n.º 127/2009, de 27 de maio:

“[…]

b) Assegurar o cumprimento dos critérios de acesso aos cuidados de saúde, nos termos da Constituição e da lei;

c) Garantir os direitos e interesses legítimos dos utentes;

d) Velar pela legalidade e transparência das relações económicas entre todos os agentes do sistema;

e) Defender a concorrência nos segmentos abertos ao mercado […]”.

47. No que se refere ao objetivo regulatório de assegurar o cumprimento dos critérios

de acesso aos cuidados de saúde, a alínea d) do artigo 35.º Decreto-Lei n.º

127/2009, de 27 de maio, estabelece ser incumbência da ERS “zelar pelo respeito

da liberdade de escolha nos estabelecimentos de saúde privados”.

48. Incluem-se ainda nos objetivos regulatórios da ERS, nos termos do artigo 37.º do Decreto-lei n.º 127/2009, de 27 de maio,

(i) analisar questões relativas às “[…] relações económicas nos vários

segmentos da economia da saúde, incluindo no que respeita ao acesso à actividade e às relações entre o SNS e os operadores privados […]”

(alínea a) do referido artigo 37.º); e

(ii) pronunciar-se sobre questões relacionadas com “[…] os acordos

subjacentes ao regime das convenções” (alínea b) do referido artigo

37.º).

49. Por último, e relativamente ao objetivo de defesa da concorrência nos segmentos

abertos ao mercado, a alínea b) do artigo 38.º do Decreto-Lei n.º 127/2009, de 27

de maio, estabelece ser incumbência da ERS “velar pelo respeito da concorrência

(12)

III.2. Da utilização da convenção fora do estabelecimento convencionado

50. Analisados os factos supra expostos, resulta que a questão principal que importa à ERS analisar no presente processo de inquérito, prende-se com a utilização indevida de convenção com o SNS, em estabelecimento não convencionado; 51. Nesse caso deve esclarecer-se que uma entidade não poderia, como melhor se

analisará infra, utilizar a convenção detida com o SNS em locais diferentes daqueles a que se refere uma tal convenção.

52. Nem permitir que outras entidades utilizem a sua convenção;

53. Com efeito, os clausulados-tipo que aprovaram os contratos de convenção com o SNS impedem a utilização de convenções fora dos locais convencionados, e por entidades diferentes daquela que outorgou a convenção em causa, devendo a norma de adesão de cada entidade fazer referência explícita às instalações que serão abrangidas pela referida convenção;

54. Recorde-se que in casu, tal como consta da documentação remetida à ERS pela ARSLVT, a entidade detentora de convenção para a tipologia de MFR é o Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda.;

55. Constando da ficha técnica respetiva, atualizada ao ano de 2008, que as

instalações afetas ao exercício de atividade situam-se na “Av.ª D. Afonso

Henriques, n.º 67, r/c, 2810 Montijo”;

56. Recorde-se, ainda, que foi confirmado junto da ARSLVT que a Tiagos Clínica, Lda. não possui convenção para o seu estabelecimento sito no Largo do Carmo, n.º 9, Setúbal;

57. Nem tampouco existe qualquer convenção com o SNS determinada para estabelecimento sito nessa morada – cfr. resposta da ARSLVT de 6 de fevereiro de 2013 e respetivos anexos, tudo junto aos autos;

58. E no entanto, foi confirmada, mediante realização de ação de fiscalização, a utilização de convenção detida pelo Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda., para estabelecimento sito no Montijo, nas instalações do prestador Tiagos Clínica.

59. Pelo que nem o Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda., através da convenção por si detida, nem o prestador Tiagos Clínica podem prestar cuidados de saúde na área de MFR a utentes do SNS, nessa qualidade, no estabelecimento aqui em causa.

(13)

60. Quanto a este aspeto, rememore-se que tem sido entendimento da ERS, plasmado, nomeadamente, na deliberação emitida no âmbito do processo de inquérito n.º ERS/005/09, e que se encontra publicada no site da ERS, em www.ers.pt; que

61. Os prestadores de cuidados de saúde que sejam detentores de convenções com o SNS, apenas podem utilizar essas convenções nos estabelecimentos que se encontrem identificados na ficha técnica anexa ao contrato de adesão à convenção;

62. Pelo que se utilizarem essas convenções fora dos locais convencionados, tais comportamentos são suscetíveis de constituir violação dos interesses legítimos dos utentes, designadamente o interesse fundamental da transparência nas relações com os utentes, instrumental do direito à informação e do direito à liberdade de escolha – cfr. Base XIV da Lei de Bases da Saúde.

63. Ora, o direito fundamental dos utentes de cuidados de saúde à informação, bem como os princípios da verdade e transparência relevarão, fundamentalmente, em três momentos distintos:

(i) antes da escolha do prestador (garantindo-se, nomeadamente, pela via da informação e transparência, o exercício da liberdade de escolha nas unidades de saúde privadas, que à ERS cumpre garantir);

(ii) durante a prestação do concreto cuidado de saúde (veja-se o que prevê a alínea e) do n.º 1 da Base XIV da Lei n.º 48/90, de 24 de Agosto, para efeitos de consentimento informado e esclarecimento quanto a alternativas de tratamento e evolução do estado clínico); e

(iii) depois de cessada a relação contratual com o prestador (quando tal seja necessário para o exercício de direitos ou interesses legítimos de ambas as partes).

64. Na verdade, o direito do utente à informação não se limita ao que prevê a alínea e) do n.º 1 da Base XIV da Lei n.º 48/90, de 24 de agosto, para efeitos de consentimento informado e esclarecimento quanto a alternativas de tratamento e evolução do estado clínico;

65. Trata-se, antes, de um princípio que deve modelar todo o quadro de relações atuais e potenciais entre utentes e prestadores de cuidados de saúde.

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66. A informação quanto à concreta entidade prestadora, responsável pela prestação dos cuidados, bem como quanto ao conteúdo e extensão de eventuais convenções não pode, por isso, deixar de ser completa, verdadeira e inteligível.

67. A informação disponibilizada ao público deverá, pois, ser suficiente para o dotar dos instrumentos necessários ao exercício da liberdade de escolha nas unidades de saúde privadas, situando-se necessariamente em momento anterior àquele em que o concreto utente orientou já a sua escolha para um determinado prestador. 68. Isto é, a informação errónea do utente quanto à existência de convenções é apta a

distorcer o exercício da própria liberdade de escolha dos utentes;

69. Tal como pode facilitar situações de lesões de direitos e interesses financeiros dos utentes.

70. Ora, do supra exposto, resulta que atualmente não existe nenhuma convenção do SNS, detida pela Tiagos Clínica, Lda. ou por qualquer outra entidade, que abranja o estabelecimento sito no Largo do Carmo, n.º 9, em Setúbal;

71. Com efeito, a entidade Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda., conforme confirmado junto da ARSLVT, detentora de convenção com o SNS para o estabelecimento sito na AV. D. Afonso Henriques, n.º 67 – R/C Montijo;

72. Apenas nesse estabelecimento poderá prestar cuidados de saúde na área de Medicina Física e de Reabilitação aos utentes do SNS.

73. Pelo contrário, a convenção por si detida não poderá, como visto supra, ser por si utilizada noutros estabelecimentos, in casu no estabelecimento sito no Largo do Carmo, n.º 9, Setúbal;

74. E tanto é assim independentemente da existência do mencionado Acordo de Cooperação entre o Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda. e a Tiagos Clínica, Lda.;

75. Tanto mais que, recorde-se, da informação prestada pela ARSLVT quanto ao alegado funcionamento de um departamento funcional da resulta que esta “[...] não

dispõe de qualquer documentação relativa ao cumprimento dos requisitos previstos no artigo 9.º da Portaria n.º 1212/2010, de 30 de Novembro, para funcionamento do departamento funcional do Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda. nas instalações da Tiagos Clínica, Lda., nomeadamente quanto à aprovação das instalações e sua localização, na medida

(15)

em que o referido Centro não submeteu qualquer pedido nesse sentido nesta ARS nem tão pouco lhe comunicou a criação do referido departamento funcional.”;

76. Sob pena de ao fazê-lo se encontrarem estas entidades a violar os direitos e interesses legítimos dos utentes ao consentimento informado e esclarecido (alíneas b) e e) do n.º 1 da Base XIV da Lei de Bases da Saúde) e, consequentemente, de escolher livremente o agente prestador de cuidados de saúde (alínea a) do n.º 1 da Base XIV da Lei de Bases da Saúde); e

77. Bem como a não respeitar a legalidade e transparência que deve pautar as relações económicas entre prestadores de cuidados de saúde e utentes.

78. Assim, importa garantir que qualquer utente conheça, em todo o momento, qual a concreta entidade prestadora que é responsável pela prestação dos cuidados de saúde e que a mesma corresponda, igualmente em todo o momento, à entidade que por si livremente foi escolhida;

79. Sendo um tal permanente conhecimento igualmente fundamental para que, de facto, o utente possa identificar com clareza a entidade prestadora perante si responsável e responsabilizável.

III.3. Do respeito pela sã concorrência entre prestadores convencionados com o SNS

80. Por outro lado, tais comportamentos dos prestadores em causa podem ainda impactar com o respeito da concorrência nas actividades abertas ao mercado

sujeitas à sua jurisdição, que à ERS incumbe velar, nos termos da alínea b) do

artigo 38.º do Decreto-Lei n.º 127/2009, de 27 de maio.

81. Efetivamente, o regime de contratação com o SNS assenta na adesão dos prestadores interessados aos requisitos constantes do clausulado tipo de cada convenção.

82. Mas como se pôde constatar no estudo da ERS intitulado Avaliação do Modelo de

Celebração de Convenções pelo SNS de 20064, após a publicação e entrada em

vigor do Decreto-Lei n.º 97/98, de 18 de abril, apenas tinham sido publicados três

clausulados tipo, nas áreas de Cirurgia, Diálise e SIGIC – Sistema Integrado de

Gestão de Inscritos para Cirurgia.

4

(16)

83. Assim, com exceção destas áreas, as demais convenções em vigor não foram celebradas ao abrigo do Decreto-Lei n.º 97/98, de 18 de abril, mas tiveram por base clausulados tipo e legislação publicados em meados da década de oitenta, o que significa, na prática, que o acesso às convenções se acha encerrado, salvo

situações excecionais – como seja o período em que por força do previsto no

Decreto-Lei n.º 112/97, de 10 de maio foi possível às ARS celebrar novas convenções.

84. Em consequência, o universo de entidades convencionadas é dominado por entidades que já se encontram no mercado há muito tempo, sendo reduzido o número de entidades com convenções recentes.

85. E sublinhe-se que tanto é tão mais importante quanto o acesso à prestação de cuidados de saúde é conformado por enquadramentos prévios do mesmo em função (das qualidades) dos concretos utentes que buscam a satisfação das suas necessidades de cuidados de saúde.

86. Ou seja, a qualidade (por exemplo, utente do SNS ou beneficiário de um subsistema) em que um determinado utente busca a satisfação das suas necessidades condiciona, de forma relevante, o acesso aos cuidados de saúde. 87. Concretizando, a liberdade de escolha dos utentes será primeiramente orientada

para o conjunto de entidades prestadoras que, em face de determinados requisitos (por exemplo, detenção de convenções ou acordos), garantem àqueles o acesso segundo tais enquadramentos.

88. Assim, o utente portador de uma credencial buscará a satisfação das suas necessidades de cuidados de saúde no conjunto das entidades convencionadas com o SNS na valência e local/região relevante.

89. Dito de outra forma, tais entidades convencionadas com o SNS na valência e local/região relevante concorrem entre si para a prestação de cuidados de saúde ao utente em questão.

90. É assim que se compreende, então, que as fortes restrições no acesso às convenções não somente protegem aqueles que já possuem convenções;

91. Como prejudicam, claramente, aqueles que não logram aceder às mesmas.

92. E tanto tem, aliás, tornado francamente apetecíveis algumas formas de “acesso”

às convenções, designadamente de terceiros, ou “extensões subjetivas fáticas”

(17)

94. Aumento de dimensão num sector e mercado altamente protegido de tensões concorrenciais.

95. Ora, quando um prestador convencionado faz uso da sua convenção fora dos estabelecimentos para os quais a detém é adulterado e falseado o jogo concorrencial pré-existente;

96. Seja relativamente àqueles que não possuem convenção e que,

consequentemente, não acedem a tal sector e mercado;

97. Seja, ainda, relativamente aos outros prestadores convencionados;

98. Sendo assim também por isso que os comportamentos dos prestadores em causa impactam com o respeito da concorrência nas atividades abertas ao mercado

sujeitas à sua jurisdição, que à ERS incumbe velar, nos termos da alínea b) do

artigo 38.º do Decreto-Lei n.º 127/2009, de 27 de maio.

99. Em face de todo o exposto, considera-se oportuno garantir que os prestadores Tiagos Clínica, Lda. e Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda. não utilizem convenção(ões) em estabelecimentos que não estejam expressamente abrangidos pela(s) mesma(s).

IV. AUDIÊNCIA DE INTERESSADOS

100. A presente deliberação foi precedida da necessária audiência de interessados,

nos termos e para os efeitos do disposto no n.º 1 do artigo 101.º do Código do Procedimento Administrativo, aplicável ex vi do artigo 41.º do Decreto-Lei n.º 127/2009, de 27 de maio, tendo para o efeito sido chamados a pronunciar-se a ARSLVT e os prestadores Tiagos Clínica e Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda. (Centro de Reabilitação do Montijo);

101. A pronúncia da ARSLVT e as pronúncias dos prestadores Tiagos Clínica e

Centro de Reabilitação Montijo foram rececionadas pela ERS no dia 13 de maio de 2013;

102. A ARSLVT declarou na sua pronúncia, “[…] acolher, na íntegra, o teor e

conclusões constantes do referido projeto de deliberação, os quais, uma vez tornado definitivo aquele projeto, serão objeto de adequada divulgação no seio deste instituto.”.

103. Quanto às pronúncias dos prestadores Tiagos Clínica e Centro de Reabilitação

(18)

é equivalente, a reprodução que infra se apresenta será indistintamente referente a ambas as pronúncias apresentadas.

104. Os referidos estabelecimentos prestadores invocam desde logo “erros nos

pressupostos de facto e de direito”, porquanto, “[…] o exercício da actividade levada a cabo no estabelecimento sito no Largo do Carmo, n.º 9 em Setúbal, no âmbito do acordo celebrado entre as duas prestadoras […] respeita integralmente a previsão constante do art.º 9 da Portaria n.º 1212/2012, de 30 de Novembro.”.

105. Concretamente, “A unidade denominada Centro de Medicina Física e

Reabilitação Central no Montijo, Lda., com o exercício de actividade no âmbito da valência – MFR, devidamente convencionada com o SNS, decidiu criar um departamento funcional para a prestação de cuidados a doentes agudos, subagudos e crónicos – cfr. al. a) do n.º 1 do art. 9.º da Portaria n.º 1212/2012, de 30/11, tendo estabelecido com o prestador Tiagos Clínica, Lda. o acordo anteriormente referido, no sentido desse polo ser instalado no estabelecimento, devidamente aprovadas […]”;

106. Referem ainda que tal unidade “Preenche também a previsão constante do n.º

3 do art. 9.º”, porquanto “[…] [f]unciona em instalações separadas, uma no Montijo e outra em Setúbal, à qual se acede em não mais de 30 minutos [...] e é dependente da unidade central […]”;

107. Verifica-se, assim, no entendimento dos estabelecimentos prestadores “[…]

errada subsunção dos factos assentes e verificados ao direito aplicável e, consequentemente, não foram articulados factos que demonstrem inequívoca e objectivamente que da situação descrita, estejam a ser afrontados os princípios previstos na Base XIV, da Lei de Bases da Saúde, mormente da sã concorrência, da transparência e da informação.”;

108. Tanto mais que, segundo defendem ainda, a ERS terá referido a violação de

tais princípios “[…] de forma condicional ou virtualmente possível “podem impactar”

– cfr. ponto 80; “podem facilitar situações de lesões de direitos e interesses financeiros dos utentes” – cfr. ponto 69.”;

109. E com base em “[…] considerações de carácter meramente subjectivo,

conclusivo, sem suporte fáctico. Baseiam-se em meras conjecturas, virtualidades que, hipoteticamente, podem consubstanciar determinadas “violações”, de resto, não provadas.”.

(19)

110. Pelo que, no entendimento do prestadores, “Inexiste qualquer desrespeito à lei

e, seguramente, em nenhum momento, foram diminuídos, restringidos ou por qualquer forma afectados os princípios constantes do estatuto dos utentes e respectivos direitos […]”;

111. Ainda, “Inexistem factos que permitam concluir no sentido do Projecto de

Deliberação exposto, nomeadamente, porque a Lei foi integralmente respeitada e não foram adulterados princípios ou regras de actuação, quer no que concerne à sã concorrência, quer no que respeita à transparência e ao exercício pleno do fornecimento e obtenção da informação necessária, para o utente poder escolher em liberdade.”;

112. Inexiste, por outro lado, “qualquer queixa que permita concluir que algum

utente não tenha sido tratado com a necessária proporcionalidade e adequação nos cuidados de saúde prestados pelo Centro do Montijo, Lda. no polo funcional que instalou no Largo do Carmo, n.º 9 em Setúbal.”;

113. Pelo que, prosseguem na defesa de que poderá afirmar-se que “[…] existe um

“non liquet” probatório, em toda a exposição de motivos da Deliberação ora objecto de pronúncia, podendo acrescentar-se que, a mesma padece de fundamentação insuficiente, designadamente, no segmento probatório, não podendo os factos descritos ser subsumidos ao direito indicado, sob pena de erro de facto e de direito

[…]”;

114. Que, “[…] a manter-se, necessariamente afecta a deliberação do Conselho

Directivo da ERS por vício de forma, por falta e ou insuficiência de fundamentação e de violação de lei, por erro nos pressupostos de facto e de direito, mormente, no disposto nos arts. 5º e 9º da Portaria n.º 1212/2012 de 30/11.”.

115. No que concretamente respeita à atuação do Centro de Reabilitação do

Montijo, entende-se que “[…] não é posta em causa a possibilidade de criação do

polo funcional criado pelo centro do Montijo, mas apenas o facto de não o ter comunicado à ARS e não ter pedido a aprovação das instalações.”;

116. Admitindo assim aquele estabelecimentos prestador que “[…] pode ter

interpretado mal a lei, mas esse facto deve conduzir à notificação da prestadora Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo para que dê cumprimento ao preceituado no art. 9.º da Portaria n.º 1212/2010 […]”;

117. “[…] de resto já parcialmente cumprido na medida em que foi remetido a essa

(20)

Montijo instalar um departamento funcional nas instalações sitas no Largo do Carmo, n.º 9 em Setúbal.”.

118. Refere ainda que foi sua intenção, ao “[…] ao criar um departamento funcional

para o tratamento de doentes agudos, sub-agudos e crónicos, […] proporcionar tratamentos aos seus utentes, nos quais se inserem os utentes do SNS, de meios de tratamento que não lhes pode proporcionar na sua sede no Montijo, designadamente, de tratamentos em meio aquático, como é o caso da piscina que existe na sede da Tiagos Clínica, mas não no Centro do Montijo […]”;

119. “[…] [p]ara além de outros meios mais modernos e sofisticados que existem na

Tiagos Clínica e não existem no Centro do Montijo de que os seus utentes passaram a usufruir.”;

120. Pelo que a criação do departamento funcional, “[…] a que a Tiagos Clínica

aderiu, celebrando com o Centro do Montijo o Acordo junto aos autos, teve como objectivo primordial a qualidade dos serviços prestados aos utentes.”;

121. E, “[j]amais tendo a Tiagos Clínica feito uso de convenção com o SNS detida

por outra entidade terceira seja ela o Centro do Montijo, ou qualquer outra.”.

122. Concluem que não deve, por isso, “ser mantida a deliberação consubstanciada

na instrução vertida no ponto 100, mas substituída por notificação ao Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo para que dê cumprimento ao preceituado no art. 9.º da Portaria n.º 1212/2010 de 30/11, designadamente, comunicando à ARSLVT a criação do departamento funcional e requerendo a aprovação das instalações e sua localização.” – cfr. as pronúncias dos

estabelecimentos prestadores Tiagos Clínica e Centro de Reabilitação do Montijo, juntas aos autos.

123. Refira-se, ab initio, que os argumentos apresentados nas pronúncias dos

estabelecimentos prestadores foram considerados e ponderados pela ERS, embora se adiante, desde já, que os mesmos não são de molde a alterar o quadro factual e jurídico do projeto de deliberação notificado;

124. E, consequentemente, a alterar o sentido da decisão projetada.

125. Com efeito, os argumentos aduzidos não põem em causa o quadro

fáctico-jurídico apresentado pela ERS.

126. Apresentam sim o entendimento dos estabelecimentos prestadores, mas

quanto a uma factualidade que não esgota aquela carreada para os autos, conforme melhor se verá infra;

(21)

127. Refira-se, preliminarmente, que dada a coincidência e similitude das pronúncias apresentadas, a análise que se segue reportar-se-á às pronúncias no seu todo, sendo, quando aplicável, evidenciadas no devido lugar as especificidades quanto a cada estabelecimento prestador.

128. Comece-se por frisar que a análise dos presentes autos incide sobre a conduta

dos estabelecimentos prestadores unicamente à luz das regras atinentes à celebração de convenções com o SNS.

129. Assim, atendendo concretamente à alegação de que no projeto de deliberação

da ERS ocorreu uma “[…] errada subsunção dos factos assentes e verificados ao

direito aplicável […]”, e que, consequentemente, “[…] não foram articulados factos que demonstrem inequívoca e objectivamente que da situação descrita, estejam a ser afrontados os princípios previstos na Base XIV, da Lei de Bases da Saúde, mormente da sã concorrência, da transparência e da informação.”.

130. Importa notar que foram apurados nos autos, entre outros, os seguintes factos.

131. Na diligência de contacto telefónico, de 27 de julho de 2012 junto da Tiagos

Clínica,

“[…]

i) foi solicitada a “[…] marcação de consulta de fisiatria e tratamentos de fisioterapia […]”, na qualidade de utente do SNS;

ii) a funcionária administrativa que prestou o atendimento informou que “[…] realizavam tais atos mediante a entrega da respetiva credencial”; iii) e informou ainda que “[…] dependendo dos médicos, as consultas de Fisiatria podem ser marcadas de manhã ou de tarde, com exceção das quartas-feiras, dia em que os médicos não realizam consultas […]” – cfr. memorando de diligência telefónica de 27 de julho de 2012, junto aos autos.”;

132. Na ação de fiscalização de 2 de outubro de 2012,

“[...] a primeira diligência realizada consubstanciou-se em uma técnica

da ERS ter-se dirigido às instalações supra enunciadas, e solicitado à funcionária que prestou o atendimento, “[…] o agendamento de uma consulta de fisiatria e tratamentos de fisioterapia para o utente do Serviço Nacional de Saúde […]”;

(22)

Em resposta, a funcionária em causa informou à técnica da ERS que “[…] seria possível proceder ao agendamento para um utente do SNS […]”;

E apôs em cartão de visita, que entregou à técnica da ERS, a menção “[…] marcar consulta fisiatria […]”, para os contactos da Tiagos Clínica, designadamente, “Largo do Carmo, 9 Telef. 00351 265 537 500 Fax: 265 537 509 2900-293 Setúbal […]” – cfr. o memorando da diligência no âmbito da ação de fiscalização, bem como o documento ao mesmo anexado, juntos aos autos.”;

133. Considerada, por outro lado, a inquirição do Legal Representante e Diretor

Clínico da Tiagos Clínica: “[…]

i) “nas instalações em causa são atendidos utentes do SNS, sendo que

nas instalações exercem funções a Tiagos Clínica e o Centro de Medicina Física e Reabilitação do Montijo [havendo] “[...] uma separação clara entre as duas entidades, com um atendimento separado.”;

ii) “[...] O Centro em causa presta atendimento aos seus utentes como

convencionado com o SNS.”, sendo que “[...] quando os utentes do SNS se dirigem a estas instalações são encaminhados para os profissionais do Centro de MFR do Montijo”;

iii) “[...] entende que os utentes conheçam a Tiagos Clínica, Lda. e que

não haja alteração de comportamento quando são encaminhados pelo SNS, no sentido de não serem discriminados.”;

iv) “[...] existem elementos do Centro MFR do Montijo que exercem nas

instalações em causa. Quando existe um “superavit” de utentes os funcionários da Tiagos Clínica exercem pelo Centro MFR do Montijo, de acordo com um contrato estabelecido.”;

v) “A entidade detentora de convenção é o Centro de MFR do Montijo,

com sede e estabelecimento no Montijo, exercendo funções como entidade convencionada nessas instalações do Montijo igualmente”;

134. Ainda no âmbito da ação de fiscalização, tendo sido inquirida uma funcionária

da Tiagos Clínica, com funções de atendimento aos utentes, foi por esta informado que:

(23)

“[…]

i) “[...] atendem utentes do SNS, mediante apresentação de credencial,

sendo isentos não cobrando qualquer valor de taxa moderadora, em consultas de Fisiatria e tratamentos de MFR.”;

ii) [a Tiagos Clínica] exerce funções como convencionada desde abril de 2011, sendo uma “sucursal “ do Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda.”;

iii) a testemunha tem “[...] contrato de trabalho celebrado com a Tiagos Clínica, Lda., prestando o atendimento a todos os utentes (da Tiagos Clínica e do Centro do Montijo), sendo que não faz distinção e procede ao encaminhamento de todos.”;

iv) por último, “[...] os utentes (detentores de credencial ou particulares) dirigem-se às instalações enquanto Tiagos Clínica, Lda.” – cfr. auto de inquirição de testemunha de 2 de outubro de 2012, junto aos autos.”.

135. Por seu turno, a funcionária que exercia, à data, funções de apoio à

administração referiu que “Nestas instalações (Largo do Carmo) é prestado

atendimento/ cuidados de saúde aos utentes do SNS, pelo Centro de Medicina Física e Reabilitação do Montijo.” – cfr. auto de inquirição de testemunha, de 2 de outubro de 2012, junto aos autos.”.

136. Refira-se ainda que aquando da ação de fiscalização foram entregues pelo

representante inquirido, cópia de duas credenciais emitidas em sede de cuidados primários a utentes do SNS, de 05 e 27 de setembro de 2012, para consultas subsequentes em MFR, relativas a utentes cujos cuidados foram prestados pelo Centro de Reabilitação do Montijo, nas instalações da Tiagos Clínica;

137. Foi possível apurar ainda, junto da ALRLVT, por um lado, que “[...] O Centro de

Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda., […] tem convenção para a tipologia de medicina física e de reabilitação, para o estabelecimento sito na Av. D. Afonso Henriques, n.º 67 – R/C, no Montijo […]”;

138. “[…] Inexistindo qualquer outra documentação nos arquivos desta ARS

relativos a outras diligências empreendidas em matéria de convenção para as identificadas instalações.”;

139. E declarou, por outro lado, que a Tiagos Clínica “[…] não tem convenção.”.

(24)

141. Tal como a ERS já referira também no mesmo projeto de deliberação, a constatação de que a convenção detida pelo Centro de Reabilitação do Montijo não poderia ser utilizada no estabelecimento detido pela Tiagos Clínica, sito em Setúbal foi assumida “independentemente da existência do mencionado Acordo de

Cooperação”;

142. E tão somente é reforçada na sequência de a ARSLVT ter informado nos autos

que, quanto ao alegado funcionamento de um departamento funcional, esta “[...]

não dispõe de qualquer documentação relativa ao cumprimento dos requisitos previstos no artigo 9.º da Portaria n.º 1212/2010, de 30 de Novembro, para funcionamento do departamento funcional do Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda. nas instalações da Tiagos Clínica, Lda., nomeadamente quanto à aprovação das instalações e sua localização, na medida em que o referido Centro não submeteu qualquer pedido nesse sentido nesta ARS nem tão pouco lhe comunicou a criação do referido departamento funcional.”.

143. Dito de outra forma, ainda que o dito departamento funcional estivesse

regularmente constituído à luz das normas da Portaria n.º 1212/2010, de 30 de novembro, sempre estaria em causa a questão da impossibilidade de utilização de convenção naquele departamento.

144. Com efeito, não poderão pretender os estabelecimentos prestadores, com a

alegação da criação de um departamento funcional, dar como implícita a possibilidade de atendimento de utentes do SNS, nas instalações da Tiagos Clínica, ao abrigo da convenção do Centro de Reabilitação do Montijo com o SNS.

145. Pois da instalação de um departamento funcional não se retira que por tal meio

fique autorizada, sem mais, a utilização, no âmbito de tal convenção, de instalações, equipamentos e (eventualmente) de recursos humanos pertencentes a entidade terceira;

146. Não podendo aceitar-se o entendimento de que o Centro de Reabilitação do

Montijo estará habilitado a utilizar as instalações da Tiagos Clínica, para efeitos de atendimento de utentes do SNS;

147. Ainda que, repita-se, não se exclua a hipótese de ser autorizada a instalação

de um departamento funcional;

148. Na medida em que a autorização para efeitos de prestação de cuidados de

saúde a título privado, neste caso mediante a aceitação por parte da ARSLVT do departamento funcional, não habilita automaticamente o estabelecimento prestador

(25)

que aí passa a estar estabelecido a fazer uso de uma convenção que detenha para estabelecimento sito em morada distinta.

149. Ora, o Centro de Reabilitação do Montijo dispõe, de facto, de convenção para

prestação de cuidados de MFR.

150. No entanto, nos termos do contrato celebrado e respetiva ficha técnica, apenas

e só nas suas instalações localizadas na Avenida D. Afonso Henriques, n.º 67 –

R/C, no Montijo;

151. Não podendo, assim, atender utentes do SNS ao abrigo dessa convenção em

qualquer outro local, seja nas instalações da Tiagos Clínica, seja em quaisquer outras instalações;

152. E diga-se ainda que tampouco poderá o Centro de Reabilitação do Montijo

alterar o modo de execução da convenção única e simplesmente por via do acordado interpartes privadas, sem ter sido assegurada a intervenção, in casu da ARSLVT, enquanto entidade incumbida da celebração de convenções com o SNS.

153. Assim, não deixam de se manter intactas e oportunas as análises efetuadas

pela ERS, no seu projeto de deliberação, no que se refere à lesão dos direitos e interesses dos utentes, designadamente o interesse fundamental à transparência na relação com os prestadores de cuidados de saúde, bem como à lesão do dever de respeito pela sã concorrência entre prestadores convencionados com o SNS;

154. Dando-se aqui por reproduzido o já exposto relativamente ao dever de respeito

pelos princípios de verdade e transparência na relação com os utentes, bem como relativamente ao direito do utente à informação, enquanto concretização do respeito, pelos prestadores de cuidados de saúde, dos direitos e interesses legítimos dos utentes;

155. E sublinhando-se, ademais, a importância da garantia de que o utente

conheça, em todo o momento, qual a concreta entidade prestadora que é responsável pela prestação dos cuidados de saúde e que a mesma corresponda, igualmente em todo o momento, à entidade que por si livremente foi escolhida;

156. Pois um utente recorrerá aos serviços de um prestador em função da sua

reputação ou da existência de uma determinada convenção (ou simultaneamente em função cumulativa destas duas características), as quais serão, em qualquer caso, relevantes na escolha do utente;

157. E seguidamente à escolha e recurso a um prestador de cuidados de saúde,

(26)

subentende uma necessidade de transparência na integralidade dos pressupostos subjacentes à mesma.

158. Ora, estas considerações suportam igualmente a constatação da necessidade

de as ARS poderem garantir a cada momento, um acompanhamento e controlo eficiente das modificações ocorridas ao nível da prestação de cuidados de saúde aos utentes do SNS, pelas entidades convencionadas;

159. E tanto implica que estas detenham cabal conhecimento, ao nível das

convenções celebradas, seja dos concretos atos abrangidos, seja quanto à conformidade das instalações e equipamento técnico, e ainda quanto à sua localização.

160. Com efeito, refira-se que, perante a necessidade de estender o SNS a

entidades privadas mediante convenção, tanto constitui a assunção, pelas entidades competentes, da necessidade de recurso a um tal mecanismo para cumprimento do dever constitucional de garantia de acesso.

161. E nesse conspecto, será sempre com base no acordado que assenta o

pressuposto de uma prestação de cuidados de saúde aos utentes com a garantia da proteção dos direitos dos utentes, tal como supra enunciados.

162. Nesta medida, uma qualquer eventual alteração ao âmbito abrangido pela

convenção implica que a ARS respetiva possa, a todo o momento, aferir da manutenção dos pressupostos que justificaram a respetiva celebração;

163. E tanto é assim, quando consideradas as atribuições e competências

cometidas às ARS, de garantia “à população da respectiva área geográfica de

intervenção o acesso à prestação de cuidados de saúde de qualidade, adequando os recursos disponíveis às necessidades e cumprir e fazer cumprir políticas e programas de saúde na sua área de intervenção” – cfr. o n.º 1 do art. 3.º do

Decreto-Lei n.º 22/2012, de 30 de janeiro, que aprovou a nova Lei Orgânica das ARS;

164. Por outro lado, assiste igual necessidade de conhecimento e análise de

eventuais alterações na arquitetura da prestação de cuidados de saúde pelas entidades convencionadas, considerado também o papel fundamental das ARS na estruturação e organização da resposta do SNS nas áreas sob suas influências, tal como resulta igualmente da respetiva Lei Orgânica;

(27)

165. Porquanto deve competir a cada uma das ARS, em cada região de saúde, assegurar a gestão de convenções, onde se inclui, então, o acompanhamento da atividade das entidades convencionadas com o SNS;

166. E na medida em que as convenções dizem respeito a determinada área

geográfica e se encontram estabelecidas com o intuito da prestação de cuidados específicos a determinada população;

167. Pelo que qualquer alteração assim decidida unilateralmente poderá igualmente

distorcer as regras da concorrência, como já visto nos autos, por força da alteração da distribuição e de prestadores de cuidados de saúde convencionados.

168. Assim sendo, considerando que o teor das pronúncias apresentadas em nada

altera a constatação expressa nos autos, de que os prestadores de cuidados de saúde que sejam detentores de convenções com o SNS apenas podem utilizar essas convenções nos estabelecimentos que se encontrem identificados na ficha técnica anexa ao contrato de adesão à convenção;

169. Assim, não existe erro nos pressupostos de facto ou de direito na deliberação

em causa, estando a mesma devidamente fundamentada, nos termos legais.

170. E face a todo o vindo de expor, importa concluir que não foi trazido ao

conhecimento da ERS qualquer facto ou documento capazes de alterar o sentido do projeto de deliberação tal como notificado pela ERS;

171. Pelo que se mantém in totum o sentido do projeto de deliberação tal como

emitido e regularmente notificado.

V. DECISÃO

172. Tudo visto e ponderado, o Conselho Diretivo da ERS delibera, assim, nos

termos e para os efeitos do preceituado no n.º 1 do artigo 41.º, e da alínea b) do artigo 42.º do Decreto-Lei n.º 127/2009, de 27 de maio emitir uma instrução aos prestadores Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda. e Tiagos Clínica, Lda. nos seguintes termos:

a) O prestador Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do Montijo, Lda. apenas pode utilizar a convenção por si detida com o SNS para a prestação de cuidados de saúde na área de Medicina Física e Reabilitação, nas instalações convencionadas, as quais constam aliás da respetiva ficha técnica, bem como não pode autorizar que terceiros

(28)

utilizem a sua convenção, devendo cessar qualquer uso da referida convenção fora dos termos referidos;

b) O prestador Tiagos Clínica, Lda. não pode fazer uso, em qualquer situação, de convenção com o SNS, detida por uma entidade terceira; c) Os prestadores Centro de Medicina Física e de Reabilitação Central do

Montijo, Lda. e Tiagos Clínica, Lda. devem dar cumprimento imediato à presente instrução, bem como dar conhecimento à ERS, no prazo máximo de 30 dias após a notificação da presente deliberação, dos procedimentos adotados para o efeito.

173. A instrução ora emitida constitui decisão da ERS, sendo que a alínea b) do n.º

1 do artigo 51.º do Decreto-Lei n.º 127/2009, de 27 de Maio, configura como

contraordenação punível in casu com coima de € 1000,00 a € 44 891,81, “[….] o

desrespeito de norma ou de decisão da ERS que, no exercício dos seus poderes, determinem qualquer obrigação ou proibição”.

174. A versão não confidencial da presente decisão será publicitada no sítio oficial

da ERS na Internet.

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