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ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE CAMINHA. Sessão Solene Comemorativa do 25 de Abri. 25 de abril de 2017

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1 ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE CAMINHA

Sessão Solene Comemorativa do 25 de Abri 25 de abril de 2017

Saudação Especial para os Bombeiros Voluntários de Vila Praia de Âncora que nos acolhem neste tão emblemático Cineteatro,

Caros Munícipes do concelho de Caminha, dos Vales do Âncora e do Coura Minho,

Comunicação Social

Minhas Sras. e Meus Srs. …

Há 43 anos atrás, numa determinada, arrojada e intrépida ação libertadora, um punhado de homens avançou, no desassossego da noite, para pôr fim a um regime que durante quase meio século se traduziu na mais vil afirmação da ditadura que governou Portugal. Uma ditadura que comungou de ideais fascistas e que os afirmou pelo controlo na formação e na informação, conduzindo a 48 anos de privação de liberdades; 48 anos de submissão das classes trabalhadoras; 48 anos de pobreza, levando tantos homens e mulheres a verem na fuga do país a

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2 sua sobrevivência; 48 anos de repressão na expressão, na reunião, na eleição; 48 anos de medos, deportações e prisões; 48 anos de atraso no desenvolvimento económico e social do país; 48 anos de ostracismo que levou à Guerra Colonial num percurso contrário à História dos tempos; 48 anos de desigualdades, alimentando a subserviência e a estratificação social, e que ainda hoje pesam sobre as populações portuguesas; 48 anos de estagnação cultural e de privação das mais elementares manifestações artísticas, da pintura à literatura, passando pela música; 48 de ataque à literacia dos portugueses, reduzindo-a, como estratégia de controlo das populações; 48 anos marcados por julgamentos sumários, fruto de uma justiça arbitrária; 48 anos de nepotismo e caciquismo.

Por isso nunca é demais lembrar a realização histórica da revolução do 25 de abril de 1974, os militares e o povo. A sua expressão no país e no mundo é um grito de liberdade superior à palavra, porque a liberdade hoje tida, não foi dada, foi conquistada. E esta conquista recorda os homens e mulheres que não cedendo, defendendo a justiça e a paz, a democracia e o respeito pela condição humana, lutaram ao longo dos anos, muitos na clandestinidade, com prejuízo pessoal e familiar. Homens e mulheres que perante a hostilidade fascista responderam com coragem, ensinando o que significa liberdade. Liberdade para

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3 agir, para se auto determinar, para se manifestar, para partilhar o pensamento e para decidir. Liberdade para construir uma sociedade onde a cada um se garante o essencial da sua necessidade e capacidade, construindo uma consciência de responsabilidade social onde impera a igualdade, a justiça e paz.

Com o 25 de abril de 1974 um novo ideário se construiu. Não sem que as forças reacionárias baixassem a guarda, procurando limitar a vontade popular, intentando a reversão do processo revolucionário em curso. E não o conseguindo na totalidade, persistem muitos, de formas várias, no retrocesso do avanço social alcançado, pugnando pela reversão dos direitos laborais, pelos monopólios, pela dependência do Estado ao interesse de alguns com prejuízo da maioria. Para tal tudo serve, até o estímulo da ignorância, recriando História, transformando o pensamento pelo esquecimento, criando, num cenário de pós verdade, factos alternativos. Dos perigos, agressões e ofensas do fascismo fazem ouvidos moucos, delapidando, letra a letra, a palavra liberdade.

O Mundo de hoje apoia o racionamento crítico, afastando cada vez mais o cidadão da realidade, dando-lhe a ilusão de que assim não é. O desenvolvimento tecnológico construiu armas poderosas de controlo da informação e de

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4 direcionamento global do pensamento. São novas dimensões das máquinas de propaganda que no passado mancharam a humanidade e que obrigam a redobradas ações de informação e à divulgação de relatos factuais do combate à exploração do Homem pelo Homem. E ninguém, jamais, será explorado se viver em liberdade, nos seus amplos horizontes de paz, que hoje perigam no mundo.

E é este pensamento livre que hoje também se lembra neste ato comemorativo que evoca as memórias de uma revolução que é exemplo no mundo. Exemplo pelo que consagra e defende, particularmente na defesa de uma sociedade progressista, justa e promotora da paz; mas exemplo também pela atitude patriótica que afirma a vontade de um povo. A mesma ação patriótica que deve retaliar toda e qualquer tentativa de nos subjugar às vontades de outros, venham elas da Europa ou de outras partes do mundo.

Mas esta celebração tem também lugar numa sessão solene especial, num órgão que reconhece no 25 de Abril de 1974 a sua capacidade e a sua presença na condução dos desígnios e anseios das populações. O Poder Local livre, consubstanciado nas autarquias, termo que afirma o poder próprio e que se refere ao conjunto das freguesias e municípios, é em si mesmo, pela sua existência, mais um elemento que consagra as conquistas de abril e que conduz à

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5 detenção de instrumentos administrativos capazes que responder, com prontidão e adequação, às necessidades do território.

O exercício do Poder Autárquico em Caminha tem conhecido, ao longo destes 43 anos, episódios de valorização da intervenção democrática, de elevação na participação política na tomada de decisões coletivas e de reconhecimento da importância da democracia representativa. No entanto tem sido também palco de intervenções crispadas, de tentativas de atropelos às determinações regimentais e de desrespeito pelos eleitos, chegando mesmo à incapacidade de se perceber a importância das relações institucionais entre órgãos autárquicos, refletindo a indiferença face ao eleitorado, como que se um eleito se representasse a si próprio e não à população, independentemente de nele terem votado ou não. Esta atuação revela princípios com os quais a revolução dos cravos rompeu. Princípios déspotas que vigoraram na ditadura fascista do Estado Novo. Princípios que menosprezam a liberdade, por isso lhes serve de arremesso, mesmo de forma incompreensível, já que é precisamente comemorando a liberdade, em liberdade, que se denuncia a falta dela. Mas no município de Caminha, como em tantos outros territórios nacionais e no Mundo,

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6 a pós verdade e os factos alternativos têm encontrado terreno fértil para que se vivam momentos desprestigiantes no normal exercício da ação política local.

Os órgãos municipais do concelho de Caminha, e em particular a Assembleia Municipal, tem sido o espaço preferido para unir a dialética dos factos alternativos à influência das tecnologias de informação, na criação da opinião. Mas tem sido também espaço de algum debate, porque tem sabido resistir ao medo, à pressão e à ofensa, mostrando o quanto, em todos os quadrantes políticos, há democratas combativos na defesa das suas ideias, na firmeza e determinação ideológica que têm, resistindo à agressão gratuita. Democratas que, em todos os quadrantes do espetro partidário, sabem assumir as suas responsabilidades, colocando os interesses do município em primeiro lugar. Homens e mulheres que honram o voto dado e a confiança popular, ecoando os ideais de abril na afirmação do poder local e na conquista da capacidade de decidir sobre o território. São essas mulheres e homens que, afirmando as suas convicções políticas, sabem agir no desenvolvimento do município, valorizando a população, criando novas oportunidades de fixação, com mais disponibilidades e acessos à educação, à saúde, ao trabalho, à cultura, ao desporto, ao lazer. E neles revemos os tantos que sonharam com um país livre,

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7 mais capacitado e igual; um país mais justo onde a paz e a vida digna são garantias constitucionais; um país que preserva o seu património e a sua identidade.

Por tudo isto valeu a pena a luta e a determinação que conduziu ao 25 de abril de 1974. Por abril estamos hoje aqui, manifestando publicamente e sem receios a nossa perceção do Mundo, do país e do município. Por abril temos disponibilidade de ensino básico e secundário para toda a população. Por abril temos liberdade de associação, reunião e manifestação. Por abril temos como garantido o direito ao voto. Por abril temos disponível o apoio no desemprego e reformas generalizadas para todos. Por abril ganhamos o direito à justiça e ao trabalho. Por abril melhoraram as condições de vida das populações.

E esta vontade de mudança com que o 25 de abril nos inflama ecoa nos sucessos do município de Caminha e deve estimular a novas e maiores conquistas.

Lembrar Abril, é prestar uma justa homenagem a quem lutou pela nossa liberdade.

Viver Abril, é não abdicar da liberdade conquistada.

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8 Viva o concelho de Caminha!

Viva Portugal!

| Vila Praia de Âncora, 25 de abril de 2017 |Joaquim Celestino Ribeiro | CDU -

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