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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE

FARMÁCIA HOSPITALAR

Aluno:

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CURSO DE

FARMÁCIA HOSPITALAR

MÓDULO IV

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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MÓDULO IV

20 FARMACOECONOMIA

Até o início do século XX, a disponibilidade de medicamentos era limitada a pouco mais de duas centenas, o acesso aos medicamentos era restrito a poucas pessoas por motivos geográficos e socioeconômicos e havia uma quantidade relativamente pequena de informações conhecidas sobre cada um deles. Já, a partir da década de 1940, verificou-se grande descoberta de novos fármacos e de informações relevantes sobre o uso, aumentando rapidamente a complexidade do exercício da terapêutica medicamentosa. Além disso, mudanças na estrutura das sociedades e a cultura de massas forçaram importantes alterações no papel de governos e de instituições privadas quanto ao provimento de artigos e serviços de saúde. Na medida em que a cultura se desenvolveu, as exigências sociais se ampliaram tanto no aspecto da demanda quali-quatitativa por medicamentos e serviços adequados quanto pelas exigências de eficácia e segurança de produtos farmacêuticos.

No final da década de 1960, alguns países como a Suécia, a Islândia, a Finlândia e a Noruega, pressionados pela existência de um grande número de produtos farmacêuticos de eficácia duvidosa e custo elevado, iniciaram movimentos no sentido de racionalizar a terapêutica farmacológica, reduzindo a oferta abundante de medicamentos para aqueles que eram realmente indispensáveis, usando critérios de análise comparativa entre custos e avaliação de qualidade de produtos. Para ser aceito, um produto farmacêutico precisava demonstrar que poderia ser mais eficaz e menos dispendioso. No entanto, a experiência acumulada por meio do tempo mostrou que critérios para a avaliação do binômio custo-qualidade tinham de ser muito mais abrangentes do que a simples comparação de preço com eficácia, sob o risco de estar perdendo uma visão ética e humanística da prática clínica.

Os estudos de farmacoeconomia surgiram em 1978, porém, este termo “farmacoeconomia” foi utilizado pela primeira vez apenas em 1986. A farmacoeconomia pode ser definida como a descrição, a análise e a comparação

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dos custos e das consequências das terapias medicamentosas para os pacientes, os sistemas de saúde e a sociedade, com o objetivo de identificar produtos e serviços farmacêuticos cujas características possam conciliar as necessidades terapêuticas com as possibilidades de custeio.

A análise econômica da saúde deve considerar:

 Custos da preparação administração e controle dos resultados;  Tratamento dos efeitos secundários e indesejáveis;

 Características clínicas e farmacológicas dos medicamentos;  Benefícios na prática clínica real comparada aos seus custos.

A avaliação econômica dos medicamentos aborda metodologias utilizadas à avaliação clínica, por meio das análises de custo-benefício e custo-efetividade, aplicadas aos problemas de saúde, promovendo segurança e qualidade dos tratamentos, pela comparação entre dois ou mais medicamentos ou tratamentos, buscando menor dispêndio de recursos.

20.1 CUSTOS

É um complexo, que engloba elementos mensuráveis tanto qualitativa quanto quantitativamente, e aos quais podem ser atribuídos valores financeiros, podendo ser dividido como veremos a seguir.

20.1.1 Custos diretos

São aqueles pagamentos que implicam em uma retirada financeira real e imediata, como o uso de materiais e medicamentos, salários (horas trabalhadas), exames realizados, despesas administrativas e outros eventos.

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20.1.2 Custos indiretos

São representados por ganhos não realizados, fatos sempre presentes na maioria das situações de doença e que envolvem o próprio paciente e seus acompanhantes (perda temporária ou definitiva da capacidade de trabalho).

20.1.3 Custos intangíveis

São representados por dor, sofrimento, incapacidade e perda da qualidade de vida. O sentido dado à palavra custo, neste caso, tem a ver com o ônus psicológico que esses fatores representam, mas não podem ser avaliados em valores monetários. No entanto, podem ser englobados em avaliações de consequências e mostram importância no processo de decisão entre condutas diferentes.

20.2 ANÁLISE FARMACOECONÔMICA

A análise farmacoeconômica atualmente se faz imprescindível tanto ao sistema público de saúde como no particular. Esta análise busca comparar opções diferentes de conduta em saúde, posto que quando se faz a comparação entre dois ou mais medicamentos (ou outros procedimentos), serão verificadas diferenças nas consequências para a saúde.

Essas consequências são os resultados do tratamento que podem ser mensuradas por meio de resultados clínicos (por exemplo, porcentagens de curas obtidas, complicações evitadas, número de vidas salvas, melhorias em parâmetros vitais e outros), econômicos (lucros ou prejuízos) ou humanísticos (mudanças na qualidade de vida dos pacientes). De acordo com o tipo de consequência analisada, as análises farmacoeconômicas podem ser classificadas como:

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Análise de custo-benefício – quando uma opção terapêutica é avaliada

em termos de suas vantagens ou desvantagens econômicas;

Análise de custo-efetividade – quando a opção terapêutica é avaliada

em termos dos resultados clínicos obtidos;

Análise de custo-utilidade – quando a opção terapêutica é avaliada

em termos do aumento ou redução dos indicadores de qualidade de vida dos usuários.

20.2.1 Análise de custo-benefício

Nas análises do tipo custo-benefício, o que se procura é identificar a opção de tratamento que permite reduzir custos ou aumentar lucros, especificamente olhando a resposta financeira obtida por cada opção. Para a sua utilização, é necessário levar em conta que as alternativas sob estudo não trazem em si riscos éticos insuportáveis.

Apenas se admitiria a adoção de uma alternativa mais barata, com potencial danoso, se fosse a única opção ou em caso de decisões em prol de uma maioria de indivíduos que poderia ser prejudicada pela adoção de uma alternativa mais cara.

Uma avaliação de custo-benefício parte do levantamento de custos de uma opção. Em seguida, devem ser levantados os benefícios econômicos obtidos pela opção, como a quantidade de recursos financeiros que podem ser reduzidos pela adoção da alternativa, por exemplo.

20.2.2 Análise de custo-efetividade

As análises de custo-efetividade têm por objetivo identificar a opção terapêutica que consegue obter o melhor resultado clínico por unidade monetária aplicada (Tabela 9).

Os resultados clínicos são levantados por meio de ensaios clínicos (de preferência controlados, randomizados e duplo-cegos), estudos de coorte ou

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estudos observacionais; podem provir de publicações científicas ou, simplesmente, de reuniões com comitês de especialistas (embora esta forma seja altamente passível de desvios e imprecisões).

TABELA 9 - ANÁLISE DE CUSTO-EFETIVIDADE Medicamentos Custo para tratar

100 pacientes Número de vidas salvas/100 pacientes Razão custo/efetividade (custo/vida salva) A R$ 30.000 10 R$ 3.000 B R$ 20.000 4 R$ 5.000 C R$ 18.000 18 R$ 1.000

FONTE: Adaptado de Neto, J. F. M.

Farmácia Hospitalar e suas interfaces com a saúde pública, 2005.

20.2.3 Análises de custo-utilidade

O profissional de saúde, em particular o médico, possui a tendência de se deixar dominar pelos aspectos concretos e objetivos da ciência. Resultados obtidos por ensaios clínicos controlados, mensurados por meio de ferramentas estatísticas, frequentemente se sobrepõem à satisfação dos pacientes como um fator de escolha, pressupondo que o mesmo só está interessado na cura e, quando essa é obtida, sua satisfação será máxima.

No entanto, nem sempre um paciente estará disposto ou satisfeito em usar um produto cujas características envolvam qualquer grau de sacrifício e mal-estar, muitas vezes o prolongamento do tempo de vida e os custos adicionais associados à opção por um determinado tratamento não se justificam pelo n ível de sofrimento do paciente.

Por esse motivo vêm sendo desenvolvidas ferramentas de análise que obtêm e quantificam a satisfação do paciente com relação ao tratamento

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empregado, traduzindo-se estes dados como a mensuração da qualidade de vida

associada à saúde.

20.2.3.1 Avaliação da qualidade de vida associada à saúde

A qualidade de vida é um conceito muito mais amplo e envolve não apenas a saúde, mas também a percepção global do paciente de um determinado número de dimensões-chaves, com ênfase nos seguintes itens:

 Características físicas, biológicas, anatômicas e hereditárias;

 Estado funcional e capacidade de desempenhar as atividades do cotidiano;

 Estado mental, incluindo a autopercepção da saúde e do estado de ânimo;

 Potencial de vida individual, que inclui a longevidade e o prognóstico dos eventuais estados mórbidos;

 Fatores ambientais, que incluem a situação socioeconômica, a educação, os hábitos de higiene, a alimentação e o meio ambiente, entre outros.

A avaliação da qualidade de vida associada à saúde é feita por meio de questionários cuidadosamente elaborados para captar o grau de satisfação de um indivíduo com o seu estado atual. Os resultados obtidos são valores quantitativos que representam escores de qualidade de vida (comumente chamados valores de QOL – Quality Of Life).

Os indicadores QOL podem ser também usados em associação com o tempo de vida de um paciente portador de uma enfermidade, obtendo-se os valores de QUALY (Quality of Life Years Gained), ou AVAQ (Anos de Vida Ajustados pela Qualidade), que expressam a utilidade percebida pelo paciente no tempo de vida em tratamento ao qual foi submetido, dados esses utilizados em estudos de custo-utilidade (Tabela 10).

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TABELA 10 - ANÁLISE DE CUSTO UTILIDADE

Item Antidepressivo A Antidepressivo B

Custo/dia de tratamento R$ 1,30 R$ 1,50

Escore de QOL 0,5 0,8

Extensão de vida 20 anos 30 anos

Índice AVAQ 10 AVAQ 24 AVAQ

Custo anual do tratamento R$ 474,00 R$ 912,50

Relação custo/utilidade R$ 47,40/AVAQ R$ 38,02/AVAQ FONTE: Adaptado de Neto, J. F. M.

Farmácia Hospitalar e suas interfaces com a saúde pública, 2005.

21 FARMACOVIGILÂNCIA

A tragédia da Talidomida, no início da década de 1960, modificou radicalmente o processo de novos fármacos no mundo. Em vários países, os governos e as autoridades sanitárias criaram ou aprimoraram suas legislações relativas ao registro de medicamentos. O reconhecimento de limitações dos ensaios clínicos, principalmente de fase III, estimulou os pesquisadores e clínicos a buscarem métodos que permitissem a identificação precoce de reações adversas raras, graves e fatais, na pós-comercialização. Nascia assim a farmacovigilância.

Segundo a OMS, farmacovigilância é o conjunto de métodos que tem por objetivo a identificação e a avaliação dos efeitos do uso agudo e crônico, dos tratamentos farmacológicos no conjunto da população ou em subgrupos de pacientes expostos a tratamentos específicos. Esse campo de atividade tem se expandindo e, recentemente, incluiu novos elementos de observação e estudo, como: plantas medicinais; medicinas tradicional e complementar; produtos derivados de sangue; produtos biológicos; produtos médico-farmacêuticos; vacinas.

Além das reações adversas a medicamentos, são questões relevantes para a farmacovigilância:

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 Desvios da qualidade de produtos farmacêuticos;  Erros de administração de medicamento;

 Notificações de perda da eficácia;

 Uso de fármacos para indicações não aprovadas, que não possuem base científica adequada;

 Notificação de casos de intoxicação aguda ou crônica por produtos farmacêuticos;

 Avaliação de mortalidade;

 Abuso e uso errôneo de produtos;

 Interações, com efeitos adversos, de fármacos com substâncias químicas, outros fármacos e alimentos.

21.1 ESTUDOS DE FARMACOVIGILÂNCIA

Para auxiliar os estudos de fase IV, ou farmacovigilância, foram desenvolvidos alguns desenhos metodológicos.

21.1.1 Caso Controle

Trata-se de um estudo que parte do efeito para chegar às causas. É uma investigação na qual, pessoas com uma dada reação adversa são comparadas com outras sem essa condição, de modo a identificar, no passado, se estiveram expostas a um determinado medicamento que poderia explicar a ocorrência do agravo estudado. Utiliza-se o odds-ratio.

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21.1.2 Coorte

É um estudo que parte da causa para observar os efeitos. Um grupo de pessoas que utiliza e outro que não utiliza determinado medicamento são seguidos no tempo com o intuito de determinar quais de seus componentes desenvolveram reações adversas e se a exposição prévia ao medicamento está relacionada à ocorrência do agravo estudado. Utiliza-se o risco relativo.

21.1.3 Ecológicos

O efeito de um medicamento na ocorrência de um evento relativo ao seu uso é comparado pelo menos duas vezes, antes e depois de sua retirada do mercado. O objetivo é avaliar se a disponibilidade do fármaco afeta, de alguma forma, a ocorrência de algum tipo de efeito.

21.1.4 Transversais

Neste estudo, causa e efeitos são detectados simultaneamente, sendo os dados coletados de uma população de pacientes em um mesmo ponto no tempo, independentemente da exposição ou estado da doença. É um corte no fluxo histórico da doença, evidenciando as características apresentadas por ela naquele momento. Desfecho e exposição acontecem num mesmo ponto no tempo.

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21.2 PROJETO HOSPITAL SENTINELA

Criado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o projeto Hospital Sentinela constitui uma rede nacional de hospitais, cuja finalidade é a notificação ativa e qualificada de queixas técnicas e efeitos adversos relacionados a produtos de saúde: materiais médico-hospitalares, equipamentos eletroeletrônicos, medicamentos, sangue e hemoderivados, saneantes, kits diagnósticos.

As notificações podem ser classificadas como:  Notificação voluntária;

 Profissionais de saúde – médicos, farmacêuticos, enfermeiros, odontólogos e representantes da indústria farmacêutica;

 Usuários;

 Notificação compulsória;  Profissionais de saúde.

Essas notificações podem ser feitas a partir do preenchimento do formulário de notificações de reações adversas que pode ser enviado via internet, correio ou fax aos hospitais que compõem esta rede.

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22 CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE MEDICAMENTOS (CIM)

O papel mais importante no sistema de saúde é ocupado pelos medicamentos, pois esses salvam vidas e melhoram a saúde. O amplo emprego dos medicamentos, os altos custos que estes representam na assistência à saúde, a elevada incidência de morbimortalidade atribuída aos medicamentos, a possibilidade de que boa parte possa ser prevenida ou amenizada a partir da difusão e do uso de informação e de uma assistência farmacêutica de qualidade, tornam o uso racional de medicamentos um dos grandes desafios para a saúde pública.

Com o avanço das ciências em geral, tem aumentado exponencialmente a quantidade de informação disponível. Na área farmacêutica, a partir da década de 1940, também tem havido a introdução de novos medicamentos em grande escala. A essa quantidade de informação se convencionou chamar de “explosão de informação” ou “avalanche de informação”. Apesar da quantidade, essa informação nem sempre é de boa qualidade e imparcial; além disso, este volume de informação não é difundido de forma eficiente e ágil, de modo que os profissionais da saúde têm dificuldade em se manter atualizados.

Este contexto dá origem a estudos que relatam cinco fatores causadores de problemas na farmacoterapia de um hospital:

 Sistemas deficientes de distribuição e de administração de medicamentos;

 Aplicação inadequada da informação do produto no que se refere a sua preparação e administração;

 Informação inadequada do médico prescritor;

 Falta de conhecimento sobre as características farmacocinéticas dos medicamentos;

 Falta de interesse e de preocupação no que se refere ao conhecimento e à notificação de reações adversas aos medicamentos.

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Os quatro primeiros fatores estão fundamentalmente ligados à falta de conhecimento e de informação sobre os medicamentos. Nesse caso, o problema não é a inexistência da informação, mas a dificuldade de acesso e de uso da mesma. Em nosso país, o problema é mais grave, já que a informação, em geral, não está disponível por causa dos altos custos que envolvem a aquisição e a manutenção da mesma e, também, por existir poucas publicações em português.

Um estudo americano cita que estima 7 mil mortes anuais, nos EUA, entre pacientes ambulatoriais e hospitalares devido a erros de uso de medicamentos. No Brasil, o SUS registrou, em 1999, 275 milhões de consultas médicas e 12 milhões de internações hospitalares.

Estes dados permitem estimar a importância dos medicamentos nestes procedimentos.

A diretora-geral da OMS, em 1999, publica artigo onde expressa que:

 De 25% a 75% dos antibióticos são prescritos inapropriadamente, mesmo em hospitais universitários;

 Estudos realizados em farmácias de países em desenvolvimento demonstraram que 90% dos consumidores compram antibióticos para três dias de tratamento ou menos; 50% compram somente para o tratamento de um dia;

 Em média, 50% dos pacientes do mundo não tomam os medicamentos corretamente, resultando em mortalidade excessiva por infecções comuns, resistência a medicamentos e tratamento inadequado de doenças crônicas, como a hipertensão.

Uma das propostas para solução desses problemas é a formação de farmacêuticos, clinicamente treinados como disseminadores de informação sobre medicamentos, serviço que esses profissionais, tanto comunitários como hospitalares, tradicionalmente vêm prestando de modo informal. Nos EUA, os farmacêuticos são os profissionais que mais atuam nos Centros de Informação sobre Medicamentos, o que também se observa no Brasil, uma vez que, como categoria profissional, são eles que têm a formação mais abrangente sobre medicamentos.

Em 1962, foi criado o primeiro Centro de Informação sobre Medicamentos do mundo, no Centro Médico da Universidade de Kentucky, nos EUA. O termo “informação sobre medicamentos” foi proposto nesta época, usado em conjunto

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com as palavras Centro e Especialista. O sucesso da experiência resultou na abertura de novos CIMs pelos EUA, depois no Canadá e, hoje, existem mais de 200 centros no mundo.

A necessidade de serviços de informação sobre medicamentos é mais evidente quando se considera que a documentação que frequentemente está ao alcance dos profissionais da saúde é aquela proporcionada pela indústria farmacêutica e, portanto, o enfoque tem um alto componente publicitário e comercial. Além disso, a entrega de amostras grátis para os médicos, as quais geralmente acompanham a publicidade dos medicamentos, influi de forma quase compulsiva na prescrição médica, evitando a análise objetiva e científica que se requer na consideração das alternativas de tratamento.

O Centro de Informação sobre Medicamentos (CIM) é uma alternativa para facilitar o acesso e a disponibilidade da informação, diminuindo os custos hospitalares pela racionalização do uso dos medicamentos.

22.1 A UTILIZAÇÃO E A PRODUÇÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE MEDICAMENTOS PELO CIM

A informação sobre medicamentos é a base para o desenvolvimento dos instrumentos imprescindíveis para sua prescrição e uso racional. Entre esses, podemos citar: formulários; guias de tratamentos padronizados; e informação para consumidores, os quais só poderão ser desenvolvidos com informação confiável.

As atividades de um Centro de Informação sobre Medicamentos costumam estar divididas em dois grandes grupos:

Informação reativa (também denominada de passiva)

Aquela que é oferecida em resposta à pergunta de um solicitante. O farmacêutico informador espera passivamente que o interessado lhe faça a pergunta. Desencadear a comunicação é iniciativa do solicitante. Esta é considerada a principal atividade de um CIM.

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Informação proativa (também denominada de ativa)

É aquela em que a iniciativa da comunicação é do farmacêutico informador, que analisa qual tipo de informação seus possíveis usuários podem necessitar (médicos, farmacêuticos, odontólogos, enfermeiros, pacientes, outros) e encontra uma via de comunicação para suprir essas necessidades. Estas atividades dão mais visibilidade e causam maior impacto junto aos usuários.

Dentre estas atividades, deve-se notar que:

 Não existe Centro de Informação sobre Medicamentos sem a primeira atividade – responder perguntas. Ou seja, um CIM pode desenvolver todas as atividades descritas, mas não será um CIM o lugar que desenvolver todas as atividades menos a primeira;

 Responder perguntas deve representar a maior parte dos trabalhos prestados pelo CIM. Esta deve ser a atividade principal.

A produção de informação em um CIM obedece a um protocolo que abrange desde a pesquisa em fontes bibliográficas para responder perguntas até a escolha dos temas a serem abordados em boletins, formulários, revisão de uso de medicamentos, farmacovigilância etc. A informação reativa deverá ser utilizada como “termômetro”, mostrando quais as principais dúvidas dos solicitantes do serviço que poderão servir de orientação para a elaboração de material informativo escrito – artigos, boletins, folders etc. – ou sugestão para programas de educação continuada.

Levando-se em consideração as vantagens e as limitações das fontes de informação sobre medicamentos, em um CIM, na informação reativa, sugere-se que a sequência de busca de dados obedeça a seguinte ordem: terciárias, secundárias e primárias. As fontes terciárias são as mais utilizadas na atividade de informação reativa por uma série de fatores, tais como: disponibilidade, facilidade de manuseio, agilidade no uso, objetividade, variedade de informações que, porém, podem estar desatualizadas. Dependendo da complexidade e da natureza da pergunta, por exemplo, em novidades terapêuticas, será necessária a utilização das fontes secundárias e primárias. A avaliação crítica do farmacêutico especialista em informação sobre medicamentos deverá ser utilizada neste momento para fornecer a informação mais atual de forma objetiva e ágil.

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Os CIMs podem ser solicitados por telefone, pessoalmente, fax, correspondência, correio eletrônico, dependendo do caso. É necessário que o usuário identifique-se e forneça seu endereço, número do telefone etc., a fim de estabelecer uma via de comunicação que será utilizada na resposta, se essa não for imediata, ou caso um novo contato seja necessário. Quando estiver envolvido um paciente, é de grande importância fornecer os dados adequados, de tal forma que a resposta seja apropriada às necessidades e características particulares de cada um.

Na informação reativa, uma das características dos CIMs é o fornecimento gratuito, significando dizer que as consultas feitas não serão cobradas. Excepcionalmente, trabalhos específicos poderão ser cobrados, a critério de cada CIM. Como exemplo, a seguir constam algumas categorias de perguntas respondidas pelos CIMs:

 Identificação de fármacos e medicamentos nacionais e estrangeiros, de uso comum ou em investigação, sua disponibilidade e/ou equivalência no mercado nacional e internacional;

 Mecanismo de ação, usos clínicos, eficácia, reações adversas e toxicidade;

 Posologia, duração e uso correto dos medicamentos, em especial para pacientes pediátricos, idosos, diabéticos, cardiopatas, nefropatias etc.;

 Liberação, absorção, distribuição, metabolismo e excreção;

 Possíveis interações dos medicamentos com o álcool, alimentos e outros fármacos;

 Interferência dos medicamentos com exames de análises clínicas;  Uso de medicamentos durante a gravidez e a lactação;

 Conservação dos medicamentos, principalmente quando se requer condições especiais;

 Compatibilidade de misturas parenterais.

Sabe-se que a principal atividade de um CIM é a informação reativa. Por outro lado, a informação proativa pode ser aquela que cause maior impacto ou reconhecimento do serviço junto à comunidade, seja essa de profissionais da saúde ou pacientes. Entretanto, existe uma estreita relação entre estes dois tipos de atividades e somente a experiência acumulada no exercício do dia a dia do CIM

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poderá determinar o equilíbrio das mesmas, ou seja, qual o tempo que será dedicado a cada uma delas.

Um aspecto de destaque dentro da atividade proativa é a publicação de um boletim. Seu papel básico é a disseminação de informação imparcial, científica e avaliada sobre o uso de medicamentos, seja de novidades terapêuticas, novos usos, alertas sobre reações adversas, perguntas e respostas fornecidas na informação reativa que possam ter interesse geral, entre outras. O boletim é importante veículo de divulgação do CIM; por isso mesmo, deve ter qualidade, periodicidade (pelo menos quatro por ano) e ser bem difundido.

22.2 CENTROS DE INFORMAÇÃO SOBRE MEDICAMENTOS NO BRASIL

Em 1992, iniciou-se a “sistematização de esforços para o desenvolvimento dos Centros de Informação sobre Medicamentos no Brasil”, quando o Conselho Federal de Farmácia, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde, inicia a implantação do Centro Brasileiro de Informação sobre Medicamentos (CEBRIM) e, mais tarde, a partir deste, o Sistema Brasileiro de Informação sobre medicamentos, constituído atualmente por diversos CIMs.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Portaria nº 3.616/MS/GM, de 30 de outubro de 1998. Aprova a Política Nacional de Medicamentos.

______. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Institui normas para licitações e contratos de administração pública.

______. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui a modalidade de licitação denominada pregão, para a aquisição de bens e serviços comuns.

GOODMAN & GILMAN. As bases farmacológicas da Terapêutica. Rio de Janeiro: Mcgraw-Hill Interamericana, 2007.

GOMES, M. J. V. M.; REIS, A. M. M. Ciências farmacêuticas: uma abordagem em farmácia hospitalar. São Paulo: Atheneu, 2006.

NETO, J. F. M. Farmácia Hospitalar e suas interfaces com a saúde. São Paulo: RX, 2005.

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