TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ
REPRESENTAÇÃO N° 3170-39.2014.6.16.0000
Representantes : CARLOS ALBERTO RICHA
• MARIA APARECIDA BORGHETTI
: COLIGAÇÃO "TODOS PELO PARANÁ"
^sentados: ROBERTO REQUIÃO DE MELLO E SILVA
SENTENÇA
I - Relatório
Trata-se
de
Representação
Eleitoral
ajuizada
pela
COLIGAÇÃO "TODOS PELO PARANÁ", CARLOS ALBERTO RICHA e
MARIA APARECIDA ABORGHETTI, em face do PARTIDO DO
MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO - PMDB (Diretório Estadual) e
ROBERTO REQUIÃO DE MELLO E SILVA, em razão de alegada invasão
de propaganda majoritária a Governador, no horário destinado a propaganda
proporcional para Deputado Federal, na modalidade de inserções na
emissora de rádio, no dia 12/09/2014, em ofensa no artigo 43, caput, e §2°
da resolução TSE n° 23.404/2014 e artigo 53-A, caput e §2° da Lei 9.504/97.
Afirmaram que todas as inserções de 15" (quinze segundos)
do PMDB estão sendo utilizadas para invasão de propaganda do candidato
ao pleito majoritário e que todos os temas apontados nas inserções tratam
de plataformas e propostas do Plano de Goyeiríq/do candidato Roberto
Requião de Mello e Silva, quais sejam: a) votí^da^olícia às ruas; b) sobre a
melhor Escola Pública do Brasil; c) avilte d/ governo da atuai gestão.
Alegam que não há qualquer pedidy de /tíío a candidatos a deputado
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federal, nem a indicação de nome ou número de possíveis candidatos. Sustentaram que a mesma estratégia fora usada pelos representados nas
inserções de TV e a sua ilegalidade foi reconhecida no julgamento dos
recursos eleitorais n° 2928-80, 2997-15 e 1978-09.Por fim, requereram a procedência da representação, a fim de determinar a perda do tempo, relativo a 04 (quatro) inserções de 15" (quinze segundos) nas transmissoras de rádio - BANDNEWS, CBN, MASSA FM e BANDA B e a aplicação de multa de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) por nova veiculação.
Os representados apresentaram contestação em que arguiram, preliminarmente, a ilegitimidade do candidato Roberto Requião de Mello e Silva para figurar no pólo passivo. No mérito, sustentaram que não houve a violação de qualquer norma eleitoral, posto que é permitido aos partidos ou coligações a utilização das inserções de fora livre para a veiculação das suas propostas. Por fim, requereu a improcedência da
representação.
A Procuradoria Regional Eleitoral, na qualidade de custus legis, manifestou-se pela improcedência da representação.
É o relatório.
II - Da Decisão e seus Fundamentos
Da preliminar de ilegitimidade passiva
Os representados arguiram como preliminar de mérito a ilegitimidade passiva de Roberto Requião, posto que a responsabilidade pela veiculação das inserções é exclusiva da coligação e ou do partido.
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Nota-se que, no caso em tela, o candidato Roberto Requião
é beneficiário da arguida invasão de horário, portanto, impossível o
reconhecimento da sua ilegitimidade para compor a lide. Neste sentido:
"RECURSO ELEITORAL. ELEIÇÕES 2012. REPRESENTAÇÃO.
PROPAGANDA ELEITORAL. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE
PASSIVA. COLIGAÇÃO A QUAL CANDIDATO É INTEGRANTE
REJEIÇÃO. MÉRITO. INVASÃO DE HORÁRIO DESTINADO ÀS
ELEIÇÕES PROPORCIONAIS. CANDIDATO DE COLIGAÇÃO
PROPORCIONAL QUE BENEFICIA CANDIDATO DA COLIGAÇÃO MAJORITÁRIA. CONDUTA DEFESA EM LEI. RECURSO IMPROVIDO. 1. O candidato da Coligação Majoritária é beneficiário da invasão de horário eleitoral e, portanto, tem legitimidade passiva juntamente com a referida Coligação Majoritária. Preliminar rejeitada. 2. Se há o intuito de se fazer campanha para candidato concorrente ao pleito majoritário, em horário destinado à divulgação de candidatura às eleições proporcionais, há clara invasão de horário eleitoral. Violação do artigo 53A da Lei das Eleições. 3. Recurso improvido.(TREPA -R-Rp: 9929 PA , Relator: EVA DO AMARAL COELHO, Data de Julgamento: 02/10/2012, Data de Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Volume 17:41, Data 02/10/2012)"
Ademais, veja-se que o pleito dos representantes restringe a condenação da Coligação majoritária na perda de 02 inserções de 15", nos
termos do artigo 43, Resolução 23.404 TSE, portanto, em eventual
procedência da ação o candidato Roberto Requião também será penalizado,
posto que perderá seu tempo de propaganda.Mérito
A lide se restringe à alegada existência de propaganda
eleitoral irregular, em desfavor dos representantes, na propaganda eleitoral
proporcional. Querem a aplicação do Artigo 43, da Resolução 23.404/TSE.
As inserções impugnadas são:
NARRADOR: "Ponha ordem na casa, vote nos candidatos a Deputado Federal do PMDB. Vote 15. Vote pelo respeito aos
professores, vote nos candidatos a Deputado Federal do PMDB.
Vote 15".
NARRADOR: Vote pela Polícia nas Ruas, vote nos candidatos a Deputado Federal do PMDB. Vote 15. Vote contra a corrupção, vote nos candidatos a Deputado Federal do PMDB. Vote 15 O Artigo 43 da Resolução 23404ATSE diz:
"Art. 43. É vedado aos partidos políticos e às coligações incluir no horário destinado aos candidatos às eleições proporcionais propaganda das candidaturas a eleições majoritárias, ou vice-versa, ressalvada a utilização, durante a exibição do programa, de legendas com referência aos candidatos majoritários, ou, ao fundo, de cartazes ou fotografias desses candidatos (Lei n° 9.504/97, art. 53-A, caput).
§ 1o É facultada a inserção de depoimento de candidatos a eleições proporcionais no horário da propaganda das candidaturas majoritárias e vice-versa, registrados sob o mesmo partido ou coligação, desde que o depoimento consista exclusivamente em pedido de voto ao candidato que cedeu o tempo (Lei n° 9.504/97, art. 53-A, § 1o).
§ 2o É vedada a utilização da propaganda de candidaturas proporcionais como propaganda de candidaturas majoritárias e vice-versa (Lei n° 9.504/97, art. 53-A, § 2o). § 3o O partido político ou a coligação que não observar a regra contida neste artigo perderá, em seu horário de propaganda gratuita, tempo equivalente no horário reservado à propaganda da eleição disputada pelo candidato beneficiado (Lei n° 9.504/97, art. 53-A, §
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Alegaram os representantes que todos os temas apontados nas inserções tratam das plataformas e propostas do Plano de Governo apresentado por Roberto Requião em sua página oficial.
Observo que a Resolução 23.404/2004/TSE determinou a observância dos horários reservados aos candidatos majoritários e aos proporcionais, isto é, no intuito de estabelecer a regra que garante a proporcionalidade entre os partidos e seus candidatos.
O que se proíbe, no caso, é a inclusão no horário destinado aos candidatos às eleições proporcionais (Deputados) propaganda das candidaturas a eleições majoritárias (Governador) ou vice- versa, ressalvada a utilização, durante a exibição do programa, de legendas com referência aos candidatos majoritários, ou, ao fundo, de cartazes ou fotografias desses candidatos.
Nas propagandas acostadas (v. vídeo de fl. 15), o que se vê, são menções de propostas defendidas pelos candidatos a cargo majoritário
A propaganda questionada, desta forma, em nada ultrapassa os limites desenhados pelo art. 43, da Resolução TSE n° 23.404/2014, não contendo qualquer elemento que possa, minimamente, degradar ou ridicularizar candidato, partido político ou coligação; não configura, portanto, afronta à vedação do art. 45 do referido diploma legal.
Ressalto que, embora os Poderes da República sejam independentes entre si, eles devem ser harmônicos, possuindo assim um diálogo para a melhor gerência do Estado Brasileiro. Desta forma, é legítima a menção de candidatos majoritários por candidatos à proporcional e compreensível que as propostas e discurso de candidatos de um mesmo partido ou coligação sejam semelhantes.
Neste sentido José Jairo Gomes:
"(...) É, pois, legítimo o interesse de candidatos majoritários em
eleger bancada de parlamentares que lhes dê sustentação., assegurando a governabilidade. Por outro lado, há situações em que, devido ao prestígio que goza junto a população. A vinculação de candidato majoritário e a proporcional beneficia mais a este que àquele. Sob tais prismas, não é ilícita só a referência ou veiculação a candidato majoritário em horário destinado a candidatura proporcional, desde que esta não esteja desnaturada. Assim, na propaganda televisiva, admite-se a utilização de legendas com referência a candidatos majoritários ou, ao fundo, cartazes ou fotografias desses candidatos (...)"1
Assim, a propaganda atacada não importa em qualquer infração à legislação eleitoral.
Em verdade, o que se verifica é a veiculação de críticas à
política pública desenvolvida pela atual gestão do Governo do Estado, o que
é respaldado direito à liberdade de expressão e próprio da propaganda
eleitoral lícita.Por fim, não se diga que os temas da segurança e educação
(polícia e professores) não estão dentro da esfera de competência dos
mandatários ao cargo legislativo e que por isso não poderia ser tratado na
propaganda política dos mesmos. Se assim fosse considerado haveria umaverdadeira censura à propaganda eleitoral, o que colide com todo o
propósito do atual Estado Democrático de Direito, abastecido pelos ideais de
uma sociedade livre.
Inocorreu a infração aos artigos 53-A da Lei n° 9.504 /1997 e 43 da Res 23.404/2014.
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III - Dispositivo
Diante disso, com base no artigo 269, inciso I, do Código de Processo Civil, julgo improcedente a presente Representação Eleitoral e
que foi proposta pela COLIGAÇÃO "TODOS PELO PARANÁ" BETO RICHA
e CIDA BORGHETTI, em face de COLIGAÇÃO "PARANÁ COM GOVERNO,
PMDB e ROBERTO REQUIÃO DE MELLO E SILVA".
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Curitiba, 18 de Setembro de 2014.
URIVAL PEDRO CMEMIM - JUIZ AUXILIAR