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INFORMATIVO JURÍDICO Nº 45/2016

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INFORMATIVO

JURÍDICO Nº 45/2016

1 EMENTA. MEDIDA PROVISÓRIA N. º 723 DE 29 DE ABRIL DE 2016, PROPOSTA PELA PRESIDENTE AFASTADA, SRA. DILMA ROUSSEFF. ALTERAÇÃO DA LEI N.º 12.871/2013.

A MP n. º 723/2016, proposta pela Presidente afastada, Sra. Dilma Rousseff, propõe alteração na Lei n. º 12.871/2013, a qual institui o Programa Mais Médicos, altera as Leis n. º 8.745/93 e n. º 6.932/81, nos seguintes termos:

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte Medida Provisória, com força de lei: Art. 1º O prazo de dispensa previsto no art. 16 da Lei nº 12.871, de 22 de outubro

de 2013, fica prorrogado por três anos.

Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, fica prorrogado, por três anos, o prazo do visto temporário de que trata o art. 18 da Lei nº 12.871, de 2013. Art. 2º Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 29 de abril de 2016; 195º da Independência e 128º da República. DILMA ROUSSEFF

Aloizio Mercadante

José Agenor Álvares da Silva

Pelas antigas regras, os intercambistas poderiam permanecer apenas três anos no Programa, e depois deveriam revalidar os diplomas ou retornar ao país de origem. Agora, eles poderão ficar mais três anos, assim como os médicos brasileiros com registro no país.

Em suas razões para edição da Medida Provisória declina que o objetivo é atender a um apelo dos gestores municipais, e ainda, garantir dispensa do prazo de revalidação de diploma do médico intercambista, bem como, no caso dos estrangeiros, de

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2 seu visto temporário para o exercício de atividades no âmbito do Projeto Mais Médicos para o Brasil.

Tal prorrogação constituiria em uma oportunidade para corrigir uma suposta distorção que afeta parte dos médicos intercambistas, já que os profissionais originários de Cuba recebem apenas uma parcela reduzida do valor das bolsas pagas pelo governo brasileiro para que atuem no Projeto.

Relata ainda que a atuação de tais profissionais vem sendo de suma importância para a saúde brasileira, já que dos médicos com registo no Brasil, o percentual de permanência atingido para o PMM é de 60%, sendo que 40% não ficam até o fim do tempo programado e contratado e no caso dos médicos intercambistas individuais o índice de permanência é de 85% e o de médicos cooperados chega a 92%.

Assim, o percentual apresentado representaria a descontinuidade do atendimento por parte dos profissionais que foram para as áreas mais vulneráveis do Brasil.

Em análise à Medida Provisória, o Congresso Nacional, por meio de suas casas, Câmara e Senado, pondera sobre vários aspectos da proposta, tanto negativos como positivos, e aqui citamos alguns:

 O Senador Ronaldo Caiado entende que: Dessa forma, segundo instrução do Tribunal de Contas da União (TCU) – Processo TCU nº 003.771/2014-8 –, em levantamento feito no início de 2014, dos R$10.000,00 da bolsa, apenas R$935,40 eram destinados ao médico cubano no Brasil, enquanto R$ 1.403,10 eram depositados em Cuba, em benefício do profissional, R$500,00 eram pagos à Opas, a título de administração, e R$7.161,50 (71,6%) tinham destinação desconhecida. Levantamento posterior dos desembolsos feitos pelo governo brasileiro indicou que o valor sem destinação conhecida atingia R$803 milhões, correspondendo a 85,7% do total. Essa situação precisa ser revista, pois

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3 evidencia uma falta de isonomia no tratamento desses médicos em relação aos demais profissionais inscritos no Projeto, sejam brasileiros, sejam de outras nacionalidades.

E ainda: De acordo com a Lei nº 12.871, de 2013, o aperfeiçoamento dos médicos participantes do Projeto ocorre pela oferta de curso de especialização por instituição pública de educação superior, envolvendo atividades de ensino, pesquisa e extensão, com “componente assistencial mediante integração ensino-serviço”. A aprovação do médico participante no curso é condicionada ao cumprimento dos requisitos do Projeto e à sua aprovação em avaliações periódicas. Para que se possa garantir a qualidade dessas avaliações, evitando que se transformem em procedimentos essencialmente burocráticos, julgamos relevante o seu acompanhamento pelo Conselho Regional de Medicina (CRM).

Já em análise da Câmara dos Deputados, várias foram as sugestões de emenda para alteração dos artigos da Medida Provisória e até mesmo de inclusão de novos artigos, seja para prorrogar o prazo de dispensa, para que seja realizado o pagamento diretamente ao médico intercambista, vetando o repasse a órgãos internacionais, ou ainda, para que seja dada preferência aos médicos brasileiros formados no exterior em detrimento dos médicos estrangeiros.

No entendimento do ex Senador e ex Ministro da Educação Aloizio Mercadante, a interrupção brusca do período de três anos determinados na Lei representaria um prejuízo importante aos princípios da Atenção Básica, em especial ao do vínculo e longitudinalidade do cuidado, que asseguram que quanto maior o tempo de permanência de um médico na mesma equipe, melhores seriam os resultados em saúde.

Dessa forma, haveria a necessidade de manutenção dos médicos intercambistas no programa sobre a alegação de extrema necessidade, já que não há médicos brasileiros interessados em manter vínculo com o PMM, e não preencheriam o quadro de vagas existentes, caso haja a saída dos médicos estrangeiros.

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4 A Medida Provisória foi assinada pela Presidente afastada em 29/04/2016, e atualmente encontra-se no Senado Federal para que sejam votadas as emendas propostas.

Sob nossa ótica, em termos práticos, é sabido que o programas mais médicos ao utilizar intercambistas sem formação adequada, colabora para o prejuízo da saúde da população. Nesse sentido temos notícia recente de que O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que o Ministério da Saúde revise a avaliação e, se necessário, faça o desligamento de 95 profissionais que estão em atividade no Mais Médicos. Recrutados no acordo de cooperação com a Organização Pan-Americana de Saúde, os médicos não alcançaram a pontuação mínima necessária no módulo de acolhimento. Pela regra, eles deveriam ter sido reprovados ou ter feito curso de recuperação. Mesmo assim, tiveram autorização para iniciar o trabalho.

"Isso representa um risco para a saúde da população, que está sendo atendida por médicos que não demonstraram ter conhecimento suficiente para tanto", avalia o relatório.

O TCU identificou outras falhas no programa. De acordo com o trabalho, grande quantidade de médicos não tem supervisão e os relatórios com a avaliação dos profissionais são feitos de forma pouco organizada. "Se essa supervisão não ocorre e também não existe a revalidação do diploma, pode estar ocorrendo o exercício ilegal da medicina", diz o texto do TCU.

Pelas contas dos auditores, pelo menos 4.375 dos profissionais (31,73%) trabalham sem supervisão. Além disso, 147 supervisores encaminharam relatórios relativos a mais de dez profissionais - o máximo permitido para supervisão. O acórdão do TCU pede ainda que o Ministério da Saúde verifique a compatibilidade da carga horária dos supervisores, a compatibilidade e o acúmulo de funções do Mais Médicos.

O trabalho apontou ainda que atividades de tutoria são feitas de forma superficial. O TCU determina no acórdão de hoje que, num prazo de 60 dias, o

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5 Ministério da Saúde crie mecanismos para que tutores passem a se dedicar à orientação acadêmica dos profissionais. Auditores identificaram ainda que dos 2.143 municípios que receberam profissionais do Projeto Mais Médicos no ano de 2013, pelo menos 127 deles possuíam, em abril de 2014, menos equipes de atenção básica - um indício de que prefeituras poderiam ter dispensado profissionais para contar apenas com integrantes do Mais Médicos. Procurado, o Ministério da Saúde não se manifestou.

Portanto, apesar da suposta boa intenção apresentada na elaboração da medida provisória em tela, entendemos que a mesma merece ser combatida, tendo por fundamento que encontra uma série e óbices jurídicos de eficiência e validade.

Sem mais para o momento, renovamos nossos votos de estima e consideração.

Brasília/DF, 07 de junho de 2016.

José Alejandro Bullón Assessor Jurídico CBO

Carlosmagnum Costa Nunes Assessor Jurídico CBO

Juliana de Albuquerque O. Bullón Assessora Jurídica CBO

Isabella Carvalho de Andrade Assessora Jurídica CBO

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