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Ofertas mais ágeis: Nova 476 isenta de registro ofertas de ações

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January 27, 2014

Ofertas mais ágeis: Nova 476 isenta de registro

ofertas de ações

Luiz Rafael de Vargas Maluf

Nair Veras Saldanha Janson

(2)

NESTA EDIÇÃO

Ofertas mais ágeis: Nova 476 isenta de registro

ofertas de ações, pág. 2

Superintendência de Relações com Empresas divulga

Ofício-Circular com orientações gerais sobre os procedimentos que

devem ser observados pelos emissores de valores

mobiliários, pág. 3

Divulgado o resultado do XI Concurso de Monografia, pág. 4

Sistema de Informação Abrasca

às Companhias Abertas

Edição semanal • 4 páginas • Número 1188 • 24/02/2014

Sistema de Informação Abrasca às Companhias Abertas

-SIA & CIA é editado pela Associação Brasileira das Companhias

Abertas, São Paulo: Av. Brig. Luis Antônio, 2504 Conj 151 -CEP 01402-000 - tel e fax (11) 3107-5557; Rio de Janeiro: Av. Rio Branco, 12 - 6º andar - CEP 20090-000 e Rua da Conceição, 105 - Sala 1305 - CEP 20051-010 - tel (21) 2223-3656, fax (21) 2233-2741 - www.abrasca.org.br - abrasca@abrasca.org.br Antonio D. C. Castro - Presidente; Frederico Carlos Gerdau Johannpeter - 1º Vice-Presidente; Alfried Plöger, José Salim Mattar

Junior, Luiz Serafim Spínola Santos, Paulo Setubal Neto - Vice-Presidentes; Flávio Donattelli, Henry Sztutman, Maria Isabel Bocater, Maurício Perez Botelho, Morvan Figueiredo Paula e Silva, Paulo Cezar Aragão - Diretores

Eduardo Lucano da Ponte - Superintendente Geral; Ivanildi Lustosa de Sousa Augusto - Supervisora Financeira

É permitida a transcrição das matérias, desde que citada a fonte. Solicita-se a remessa de um exemplar da publicação.

Expediente

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2 24 de fevereiro de 2014

Ofertas mais ágeis:

Nova 476 isenta de

registro ofertas

de ações

Nair Veras Saldanha Janson* Luiz Rafael de Vargas Maluf** Em 21 de janeiro de 2014, a Co-missão de Valores Mobiliários (“CVM”) submeteu à audiência pública minuta de Instrução (“Nova 476”) que altera as Instruções CVM nºs 400 e 476 (“Instru-ção 400” e “Instru(“Instru-ção 476”, respectiva-mente), para viabilizar a oferta pública de distribuição com esforços restritos de ações, debêntures conversíveis ou permutáveis por ações e também dos recém regulamentados certificados de operações estruturadas, por companhi-as abertcompanhi-as de categoria A, bem como para ampliar a divulgação de informa-ções ao mercado no contexto dessas ofertas, dentre outras inovações.

A Instrução 476 introduziu em 2009, à semelhança de mecanismos existen-tes em outros países, uma nova moda-lidade de ofertas públicas mais ágil e menos onerosa, que não depende de aprovação prévia nem de registro na CVM, destinada exclusivamente a inves-tidores qualificados, em quantidade li-mitada, e com algumas restrições à negociação do mercado secundário. Esse tipo de oferta com esforços res-tritos não abrangia as ofertas de ações ou de valores mobiliários referenciados em ações, sendo que o desejo do mer-cado de inclusão dessa possibilidade já havia sido manifestado na respectiva audiência pública de 2008.

Passado esse período de amadure-cimento do mercado com as ofertas via esforços restritos, a CVM entendeu por bem ampliar o rol de valores mobiliári-os sujeitmobiliári-os a essa modalidade de ofer-ta. Apesar de não se dirigir especial-mente a pequenas e médias empresas, a Nova 476 poderá estimular as ofertas por empresas de menor porte ao redu-zir os custos de emissão. A CVM não criou obstáculos para a realização de oferta no exterior simultaneamente à oferta conduzida no Brasil sob a Nova 476. Para que o especialista em direito estrangeiro possa definir qual a regula-mentação mais adequada a essa oferta internacional, será necessário considerar as particularidades de cada oferta, podendo ser aplicáveis a

Rule 144A e a Regulation S, ambas edi-tadas pela US Securities and Exchange Commission, sob o Securities Act de 1933 dos EUA, ou regras diversas.

Dentre as propostas de alteração trazidas pela Nova 476, destacam-se:

• Possibilidade de emissão de ações, debêntures conversíveis ou permutáveis por ações, e certificados de operações estruturadas:

Nos termos da minuta proposta, as companhias abertas registradas na CVM sob a categoria A poderão realizar emis-sões, com esforços restritos de coloca-ção, de ações e debêntures conversíveis ou permutáveis por ações. Nesse con-texto, e exclusivamente para as ofertas primárias de ações ou debêntures con-versíveis em ações distribuídas com esforços restritos, a sua realização so-mente poderá ocorrer com exclusão do direito de preferência, na forma prevista no artigo 172, inciso I, da Lei nº 6.404/ 76, caso (i) seja dada prioridade aos atuais acionistas na subscrição da tota-lidade das ações ou debêntures conver-síveis em ações objeto da oferta (com divulgação de fato relevante e prazo mí-nimo de 5 dias úteis para o exercício desse direito); ou (ii) seja aprovada pela totalidade dos acionistas da companhia. Adicionalmente, a CVM passa a per-mitir a emissão pública por esforços restritos dos certificados de operações estruturadas (“COE”). O COE consiste em instrumento financeiro criado pela Lei nº 12.249, de 11 de junho de 2010, e regulamentado pelo Conselho Mone-tário Nacional e Banco Central nos ter-mos da Resolução nº 4.263 e Circula-res nºs 3.684 e 3.685, divulgadas no fi-nal de 2013, sendo destinado à capta-ção de recursos por bancos de investi-mento, comerciais, múltiplos, ou caixas econômicas, que podem ofertar ao in-vestidor um conjunto de produtos de renda fixa e variável. Semelhantes às notas estruturadas ofertadas no exteri-or, a aplicação realizada no COE não pode ser resgatada a qualquer momen-to. Porém, sendo o COE realizado via uma oferta pública, o investidor poderá negociá-lo no mercado secundário, an-tes do vencimento do certificado, bem como negociar COEs de quaisquer ban-cos, independentemente de ser cliente dessas instituições.

• Aumento do limite de subscritores ou adquirentes de 20 para 50 investido-res qualificados:

De acordo com a minuta proposta, até 50 investidores qualificados podem subs-crever ou adquirir valores mobiliários objeto de oferta pública com esforços restritos. Uma vez que a norma atual-mente em vigor permite a consulta a 50 desses investidores, mas a subscrição ou aquisição por apenas 20, a intenção dessa alteração é criar uma possibilida-de possibilida-de que todos os investidores consul-tados tenham suas ordens atendidas. A Nova 476 não deixa claro se essa quan-tidade máxima de investidores aplica-se à oferta como um todo, incluindo os in-vestidores acessados via esforços de colocação realizados no exterior, o que poderá ser esclarecido no contexto da audiência pública em curso.

• Obrigatoriedade de comunicado de início e lista de controle com informa-ções sobre os investidores consultados: Desde a entrada em vigor da Instru-ção 476, a principal responsabilidade de comunicação à CVM sobre a realização da oferta com esforços restritos consis-tia no envio, pelo intermediário ou coor-denador líder da oferta, de um comuni-cado à CVM informando sobre o encer-ramento da oferta, contendo informações referentes à emissão e ao ofertante/ emissor, bem como dados finais de co-locação dos valores mobiliários.

Com a minuta proposta, essa obriga-ção passará a valer também para o mo-mento do início da oferta, quando o co-ordenador líder deverá enviar à CVM um comunicado divulgando o início dos es-forços de colocação. Ao contrário do que ocorre nas ofertas reguladas pela Ins-trução 400, em que o anúncio de início marca o momento da efetiva distribui-ção do valor mobiliário, etapa posterior ao procedimento de coleta de intenções de investimento, o marco de início das ofertas com esforços restritos será efe-tivamente a data da primeira consulta a investidores. Além disso, a CVM traz a previsão de que o comunicado de encer-ramento indique a quantidade de fundos de investimentos subscritores ou adquirentes dos valores mobiliários que sejam geridos pelo mesmo gestor.

Adicionalmente, dentro de um con-texto de aprimoramento das atividades de supervisão da autarquia, a CVM pas-sará a exigir expressamente que o ofertante e o coordenador líder mante-nham uma lista detalhada com as infor-mações de investidores contatados, data e resposta da consulta. Essa lista

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24 de fevereiro de 2014

não deverá ser enviada à CVM, mas deve ser disponibilizada se solicitada.

• Divulgação, pelo sistema IPE, de qualquer informação fornecida aos in-vestidores, caso o emissor seja regis-trado na categoria A:

A Nova 476 prevê que, para os emis-sores registrados na CVM sob a catego-ria A, todas as informações fornecidas ao potencial investidor por ocasião da oferta deverão ser disponibilizadas via sistema IPE no website da CVM. Dessa forma, a eventual lâmina com informa-ções resumidas sobre o emissor e a ofer-ta ou prospecto da oferofer-ta deverão ser disponibilizados via sistema IPE para assegurar que as informações divulgadas aos investidores sejam de conhecimen-to do mercado como um conhecimen-todo.

• Hipóteses para negociação de ações ou debêntures conversíveis ou permutáveis por ações por investidores não qualificados:

A atual Instrução 476 restringe a ne-gociação de valores mobiliários ofertados com esforços restritos exclu-sivamente entre investidores qualifica-dos. Se aprovada a Nova 476 na forma proposta, passará a ser permitida a ne-gociação entre investidores não qualifi-cados das ações e debêntures conver-síveis ou permutáveis por ações, nos casos a seguir indicados. Além disso, será excetuado, exclusivamente para as ações, o período de restrição à negoci-ação (lock-up) de 90 dias contados da data em que o valor mobiliário foi subs-crito ou adquirido.

Dessa forma, para avaliar se os va-lores mobiliários em questão se enqua-dram nas hipóteses que permitem sua negociação entre investidores não qua-lificados, a primeira distinção a ser fei-ta é se a companhia emissora está em fase operacional ou pré-operacional.

a. Operacional

Sendo a companhia operacional, po-derão ser negociadas as ações ou de-bêntures conversíveis ou permutáveis por ações entre investidores não quali-ficados (varejo) caso tais valores mobi-liários sejam da mesma espécie e clas-se daqueles que (i) tiverem sido objeto de oferta pública de distribuição regis-trada na CVM; ou (ii) tenham tido sua primeira negociação em bolsa de valo-res há pelo menos 18 meses.

b. Pré-Operacional

Segundo a mudança proposta para a

Instrução 400, nas ofertas de emissores em fase pré-operacional, a distribuição deve ocorrer exclusivamente para inves-tidores qualificados, sendo admitida ne-gociação apenas entre essa categoria de investidor pelo prazo de 18 meses conta-do da oferta. A redação proposta pela Nova 476 equalizará esse conceito para as ofertas com esforços restritos. Assim, uma companhia em fase pré-operacional somente poderá ter suas ações ou de-bêntures conversíveis ou permutáveis por ações negociadas entre investidores não qualificados (i) se tiver realizado uma ofer-ta pública registrada na CVM anteriormen-te e após o decurso de 18 meses a con-tar da referida oferta; ou (ii) quando se tornar operacional e após o decurso de 18 meses a contar da primeira negocia-ção do ativo em bolsa de valores.

Em meio a um cenário econômico em que a bolsa vem registrando fortes que-das nos últimos meses e que as oportu-nidades de emissão estão mais limita-das, a dinâmica para a estruturação de uma oferta de ações nos moldes da Ins-trução 400 dificulta ou mesmo inviabiliza sua realização. Além desses fatores, o ano de 2014 pode ser particularmente difícil para captações nos moldes tradi-cionais, em razão de eventos como a Copa do Mundo e as eleições presiden-ciais que, historicamente, tornam o ce-nário menos favorável. Some-se a isso o fato de o investidor estrangeiro ter de-monstrado menor disposição para cor-rer riscos no mercado brasileiro.

Nesse contexto, as inovações introduzidas pela Nova 476, há muito aguardadas, são muito bem vindas. Di-ante da necessidade de desenvolvimen-to da empresa nacional com redução dos custos de financiamento, as mu-danças propostas tendem a favorecer o mercado para que os emissores con-sigam viabilizar captações nas curtas janelas de oportunidade.

A audiência pública da Nova 476 re-ceberá comentários e sugestões dos participantes do mercado até o dia 24 de março de 2014.

São Paulo, 27 de janeiro de 2014. * Nair Veras Saldanha Janson

é sócia do Bocater, Camargo, Costa e Silva Advogados (njanson@bocater.com.br) ** Luiz Rafael de Vargas Maluf é advogado do Bocater, Camargo, Costa e Silva Advogados (lmaluf@bocater.com.br)

Superintendência de

Relações com Empresas

divulga Ofício-Circular

com orientações gerais

sobre os procedimentos

que devem ser

observados pelos

emissores de

valores mobiliários

A Superintendência de Relações c o m E m p r e s a s ( S E P ) d a C V M divulga hoje, 06/02/2014, o Ofício-C i r c u l a r Ofício-C V M / S E P / N ° 0 1 / 2 0 1 4 . O documento, anualmente emitido pela SEP, tem o objetivo de orien-tar os emissores, tanto sobre os procedimentos principais que de-vem ser observados no envio de informações periódicas e eventu-ais, quanto sobre interpretações dadas pelo Colegiado da CVM e pela área técnica referentes a as-pectos relevantes da legislação e regulamentação societária que de-vem ser considerados pela compa-nhia quando da realização de de-terminadas operações.

Com esta iniciativa, a SEP pre-tende fomentar a divulgação das informações societárias de forma coerente com as melhores práticas de governança corporativa, visando à transparência e à equidade no relacionamento com os investidores e o mercado, bem como minimizar e v e n t u a i s d e s v i o s e , c o n s e -quentemente, reduzir a necessida-de necessida-de formulação necessida-de exigências e aplicação de penalidades. No q u e d i z r e s p e i t o a o c o n t e ú d o , o Ofício introduz novas orientações, principalmente, sobre os seguintes assuntos:

• consulta feita pela CVM ao BACEN sobre a obrigatoriedade de divulgação de demonstrações fi-nanceiras intermediárias por insti-tuições financeiras (item 2.2.1);

• divulgação sobre eventual inci-dência de tributos sobre dividendos propostos (item 2.4.2);

• divulgação sobre o número de vagas a serem preenchidas em elei-ção de membros de conselho de

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ad-4 24 de fevereiro de 2014

ministração, bem como de candida-tos indicados por acionistas não controladores (item 2.4.2);

• flexibilização do regime de di-vulgação sobre fatos relevantes (item 3.1);

• recomendações ao DRI sobre di-vulgação de fatos relevantes (pró-atividade e cuidados com o conteú-do e a forma) (item 3.1);

• responsabilidade do presidente da mesa das assembleias gerais (item 6.1.4);

• esclarecimento sobre eleição em separado em sociedades de eco-nomia mista (item 6.1.5);

• esclarecimento sobre homolo-gação parcial de aumento de capi-tal por subscrição privada (item 6.6); • orientação sobre período de vedação de negociação com valo-res mobiliários (item 6.9);

• orientações sobre o preenchi-mento do Formulário de Referência relativas a deficiências dos contro-les internos da companhia

aponta-das pelo auditor (item 9.1.3), sobre os principais riscos de mercado (item 9.2.5), relações de subordinação dos administradores (item 9.2.12) e benefícios motivados pela cessação do exercício do cargo (item 9.2.13). O referido ofício será encaminha-do para o endereço eletrônico encaminha-dos diretores de relações com investi-dores - DRIs ou pessoas equivalen-tes dos emissores, e também esta-rá disponível na página da CVM na internet (no link Legislação e Regu-lamentação), e em Comunicado ao Mercado (na página principal).

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a BM&FBOVESPA anunciam os premiados do XI CONCURSO DE MONOGRAFIA.

Os vencedores, que receberão um certificado e um computador no valor de R$ 3.300,00, seguem na lista abaixo:

TEMA 1: “O comportamento da pessoa física no mercado de ações brasileiro” 1º lugar: Maxwel Soares Santos, de Teresina – PI, pelo trabalho “Os investidores brasi-leiros no âmbito das finanças comportamentais”.

TEMA 2: “Os benefícios para as empresas de capital aberto de ter maior

participa-ção de pessoas físicas como seus acionistas”

Não houve premiados, por falta de trabalhos com qualidade satisfatória. TEMA 3: “A governança corporativa no mercado de capitais brasileiro”

1º lugar: Camila Bolfe, de Florianópolis – SC, pelo trabalho “Análise da negociabilidade das ações das empresas com adesão ao Novo Mercado da BM&FBOVESPA”;

2º lugar: João Pedro de Oliveira de Biazi, de São Paulo – SP, pelo trabalho “O impacto da governança corporativa no desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro”.

Devido à ausência de premiação no Tema 2 e de excelentes trabalhos no Tema 3 do concurso, a Comissão Julgadora, nos termos do item 8 do regulamento do concurso, premiou também o segundo colocado desse Tema.

O Concurso de Monografia existe há mais de 10 anos, com o objetivo de estimular a pesquisa sobre o mercado de capitais. Ao longo desse período, já foram premiados diversos trabalhos acadêmicos de jovens universitários, matriculados em cursos de graduação reconhecidos pelo MEC, bem como de recém-formados. Este projeto é uma iniciativa da CVM e da BM&FBOVESPA, que também conta com a participação de outras entidades representativas do mercado como integrantes da Comissão Julgadora (Abrasca, ANBIMA, APIMEC e IBRI). Este apoio permite uma avaliação mais pluralista das melhores monografias.

Os prêmios serão entregues em cerimônia que será realizada no mês de março na BM&FBOVESPA, com data ainda a ser definida.

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BCCS Newsletter – n. 55 – janeiro/2014

Proposta da CVM de reforma da Instrução CVM

476 permite a oferta pública de distribuição com

esforços restritos de ações e de certificados de

operações estruturadas (COE)

Nair Veras Saldanha Janson* Luiz Rafael de Vargas Maluf**

Em 21 de janeiro de 2014, a Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”) submeteu à audiência pública minuta de Instrução (“Nova 476”) que altera as Instruções CVM nºs 400 e 476 (“Instrução 400” e “Instrução 476”, respectivamente), para viabilizar a oferta pública de distribuição com esforços restritos de ações, debêntures conversíveis ou permutáveis por ações e também dos recém regulamentados certificados de operações estruturadas, por companhias abertas de categoria A, bem como para ampliar a divulgação de informações ao mercado no contexto dessas ofertas, dentre outras inovações.

A Instrução 476 introduziu em 2009, à semelhança de mecanismos existentes em outros países, uma nova modalidade de ofertas públicas mais ágil e menos onerosa, que não depende de aprovação prévia nem de registro na CVM, destinada exclusivamente a investidores qualificados, em quantidade limitada, e com algumas restrições à negociação do mercado secundário. Esse tipo de oferta com esforços restritos não abrangia as ofertas de ações ou de valores mobiliários referenciados em ações, sendo que o desejo do mercado de inclusão dessa possibilidade já havia sido manifestado na respectiva audiência pública de 2008.

Passado esse período de amadurecimento do mercado com as ofertas via esforços restritos, a CVM entendeu por bem ampliar o rol de valores mobiliários sujeitos a essa modalidade de oferta. Apesar de não se dirigir especialmente a pequenas e médias empresas, a Nova 476 poderá estimular as ofertas por empresas de menor porte ao reduzir os custos de emissão. A CVM não criou obstáculos para a realização de oferta no exterior simultaneamente à oferta conduzida no Brasil sob a Nova 476. Para que o especialista em direito estrangeiro possa definir qual a regulamentação mais

Mercado de

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BCCS Newsletter – n. 55 – janeiro/2014

adequada a essa oferta internacional, será necessário considerar as particularidades de cada oferta, podendo ser aplicáveis a Rule 144A e a Regulation S, ambas editadas pela US Securities and Exchange Commission, sob o Securities Act de 1933 dos EUA, ou regras diversas.

Dentre as propostas de alteração trazidas pela Nova 476, destacam-se:

• Possibilidade de emissão de ações, debêntures conversíveis ou permutáveis por ações, e certificados de operações estruturadas:

Nos termos da minuta proposta, as companhias abertas registradas na CVM sob a categoria A poderão realizar emissões, com esforços restritos de colocação, de ações e debêntures conversíveis ou permutáveis por ações. Nesse contexto, e exclusivamente para as ofertas primárias de ações ou debêntures conversíveis em ações distribuídas com esforços restritos, a sua realização somente poderá ocorrer com exclusão do direito de preferência, na forma prevista no artigo 172, inciso I, da Lei nº 6.404/76, caso (i) seja dada prioridade aos atuais acionistas na subscrição da totalidade das ações ou debêntures conversíveis em ações objeto da oferta (com divulgação de fato relevante e prazo mínimo de 5 dias úteis para o exercício desse direito); ou (ii) seja aprovada pela totalidade dos acionistas da companhia.

Adicionalmente, a CVM passa a permitir a emissão pública por esforços restritos dos certificados de operações estruturadas (“COE”). O COE consiste em instrumento financeiro criado pela Lei nº 12.249, de 11 de junho de 2010, e regulamentado pelo Conselho Monetário Nacional e Banco Central nos termos da Resolução nº 4.263 e Circulares nºs 3.684 e 3.685, divulgadas no final de 2013, sendo destinado à captação de recursos por bancos de investimento, comerciais, múltiplos, ou caixas econômicas, que podem ofertar ao investidor um conjunto de produtos de renda fixa e variável. Semelhantes às notas estruturadas ofertadas no exterior, a aplicação realizada no COE não pode ser resgatada a qualquer momento. Porém, sendo o COE realizado via uma oferta pública, o investidor poderá negociá-lo no mercado secundário, antes do vencimento do certificado, bem como negociar COEs de quaisquer bancos, independentemente de ser cliente dessas instituições.

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BCCS Newsletter – n. 55 – janeiro/2014

• Aumento do limite de subscritores ou adquirentes de 20 para 50 investidores qualificados:

De acordo com a minuta proposta, até 50 investidores qualificados podem subscrever ou adquirir valores mobiliários objeto de oferta pública com esforços restritos. Uma vez que a norma atualmente em vigor permite a consulta a 50 desses investidores, mas a subscrição ou aquisição por apenas 20, a intenção dessa alteração é criar uma possibilidade de que todos os investidores consultados tenham suas ordens atendidas. A Nova 476 não deixa claro se essa quantidade máxima de investidores aplica-se à oferta como um todo, incluindo os investidores acessados via esforços de colocação realizados no exterior, o que poderá ser esclarecido no contexto da audiência pública em curso.

• Obrigatoriedade de comunicado de início e lista de controle com informações sobre os investidores consultados:

Desde a entrada em vigor da Instrução 476, a principal responsabilidade de comunicação à CVM sobre a realização da oferta com esforços restritos consistia no envio, pelo intermediário ou coordenador líder da oferta, de um comunicado à CVM informando sobre o encerramento da oferta, contendo informações referentes à emissão e ao ofertante/emissor, bem como dados finais de colocação dos valores mobiliários.

Com a minuta proposta, essa obrigação passará a valer também para o momento do início da oferta, quando o coordenador líder deverá enviar à CVM um comunicado divulgando o início dos esforços de colocação. Ao contrário do que ocorre nas ofertas reguladas pela Instrução 400, em que o anúncio de início marca o momento da efetiva distribuição do valor mobiliário, etapa posterior ao procedimento de coleta de intenções de investimento, o marco de início das ofertas com esforços restritos será efetivamente a data da primeira consulta a investidores. Além disso, a CVM traz a previsão de que o comunicado de encerramento indique a quantidade de fundos de investimentos subscritores ou adquirentes dos valores mobiliários que sejam geridos pelo mesmo gestor.

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Adicionalmente, dentro de um contexto de aprimoramento das atividades de supervisão da autarquia, a CVM passará a exigir expressamente que o ofertante e o coordenador líder mantenham uma lista detalhada com as informações de investidores contatados, data e resposta da consulta. Essa lista não deverá ser enviada à CVM, mas deve ser disponibilizada se solicitada.

• Divulgação, pelo sistema IPE, de qualquer informação fornecida aos investidores, caso o emissor seja registrado na categoria A:

A Nova 476 prevê que, para os emissores registrados na CVM sob a categoria A, todas as informações fornecidas ao potencial investidor por ocasião da oferta deverão ser disponibilizadas via sistema IPE no website da CVM. Dessa forma, a eventual lâmina com informações resumidas sobre o emissor e a oferta ou prospecto da oferta deverão ser disponibilizados via sistema IPE para assegurar que as informações divulgadas aos investidores sejam de conhecimento do mercado como um todo.

• Hipóteses para negociação de ações ou debêntures conversíveis ou permutáveis por ações por investidores não qualificados:

A atual Instrução 476 restringe a negociação de valores mobiliários ofertados com esforços restritos exclusivamente entre investidores qualificados. Se aprovada a Nova 476 na forma proposta, passará a ser permitida a negociação entre investidores não qualificados das ações e debêntures conversíveis ou permutáveis por ações, nos casos a seguir indicados. Além disso, será excetuado, exclusivamente para as ações, o período de restrição à negociação (lock-up) de 90 dias contados da data em que o valor mobiliário foi subscrito ou adquirido.

Dessa forma, para avaliar se os valores mobiliários em questão se enquadram nas hipóteses que permitem sua negociação entre investidores não qualificados, a primeira distinção a ser feita é se a companhia emissora está em fase operacional ou pré-operacional.

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a. Operacional.

Sendo a companhia operacional, poderão ser negociadas as ações ou debêntures conversíveis ou permutáveis por ações entre investidores não qualificados (varejo) caso tais valores mobiliários sejam da mesma espécie e classe daqueles que (i) tiverem sido objeto de oferta pública de distribuição registrada na CVM; ou (ii) tenham tido sua primeira negociação em bolsa de valores há pelo menos 18 meses.

b. Pré-Operacional.

Segundo a mudança proposta para a Instrução 400, nas ofertas de emissores em fase pré-operacional, a distribuição deve ocorrer exclusivamente para investidores qualificados, sendo admitida negociação apenas entre essa categoria de investidor pelo prazo de 18 meses contado da oferta. A redação proposta pela Nova 476 equalizará esse conceito para as ofertas com esforços restritos. Assim, uma companhia em fase pré-operacional somente poderá ter suas ações ou debêntures conversíveis ou permutáveis por ações negociadas entre investidores não qualificados (i) se tiver realizado uma oferta pública registrada na CVM anteriormente e após o decurso de 18 meses a contar da referida oferta; ou (ii) quando se tornar operacional e após o decurso de 18 meses a contar da primeira negociação do ativo em bolsa de valores.

Em meio a um cenário econômico em que a bolsa vem registrando fortes quedas nos últimos meses e que as oportunidades de emissão estão mais limitadas, a dinâmica para a estruturação de uma oferta de ações nos moldes da Instrução 400 dificulta ou mesmo inviabiliza sua realização. Além desses fatores, o ano de 2014 pode ser particularmente difícil para captações nos moldes tradicionais, em razão de eventos como a Copa do Mundo e as eleições presidenciais que, historicamente, tornam o cenário menos favorável. Some-se a isso o fato de o investidor estrangeiro ter demonstrado menor disposição para correr riscos no mercado brasileiro.

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BCCS Newsletter – n. 55 – janeiro/2014

Nesse contexto, as inovações introduzidas pela Nova 476, há muito aguardadas, são muito bem vindas. Diante da necessidade de desenvolvimento da empresa nacional com redução dos custos de financiamento, as mudanças propostas tendem a favorecer o mercado para que os emissores consigam viabilizar captações nas curtas janelas de oportunidade.

A audiência pública da Nova 476 receberá comentários e sugestões dos participantes do mercado até o dia 24 de março de 2014.

* Nair Veras Saldanha Janson é sócia de BCCS (njanson@bocater.com.br). ** Luiz Rafael de Vargas Maluf é advogado de BCCS (lmaluf@bocater.com.br).

Endereços

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Referências

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MADALENA (Repetindo maquinalmente e devagar o que acabava de ler.) – “Naquele engano d’alma ledo e cego / Que a fortuna não deixa durar muito...” Com a paz e a alegria de

Combinaram encontrar-se às 21h