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TsunamiS: portugueses têm. noção do perigo? Inquérito revela que portugueses não têm noção do risco de um tsunami p26

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TsunamiS:

portugueses

têm

noção

do perigo?

Inquérito

revela que

portugueses

não

têm

noção

do risco

de

um

tsunami

p26

(2)

Os

portugueses

têm

noção

do

perigo

que

correm

com os

tsunamís?

Nem

por Isso

O

Algarve

e a

grande Lisboa

são

as

zonas mais expostas

às

ondas criadas

por um

sismo

no

mar.

No início de 2014

arranca

um

sistema

de

alerta de

tsunamis

em

Portugal.

Apesar

deste risco

no

país,

um

inquérito

revela

que,

na

cabeça

dos

portugueses,

ele quase

não

existe

(3)

Teresa Firmino

Lembra-se

da falsa on-da gigante do Algarve, em

pleno Verão

de 1999, num dia de calor intenso com milhares de pessoas na praia? Lembra-se de como vários curiosos fica-ramjunto àcosta aver

a"onda" aproximar-se, apesar de ter sido ordenada a eva-cuação das praias? Afinal, tudo não passava de uma ilusão óptica, mas

se o que muitos pensavam estar a

ver ao longe fosse aonda asério de um tsunami, queum sismo nomar tivesse criado, depressa elase aba-teria na costa

-

e quem soubesse o

que éum tsunami fugiria asetepés. Ainda hoje, depois das imagens

do tsunami de

2004,

que arrasou

oSudeste asiático ecausou a mor-teamais de200 mil pessoas, edo igualmente violento tsunami do Japão de 2011, os portugueses não têm percepção do risco que correm em relação àocorrência deste fenó-meno em Portugal continental,

se-gundo uminquérito doObservatório

do Risco doCentro deEstudos Sociais

da Universidade de Coimbra. Entre 28riscos

-

como acidentes de viação, ondas de calor, vagas de frio, incêndios florestais, cheias,

sis-mos, epidemias, acidentes de com-boio, acidentes aéreos ou ruptura de barragens

-,

os tsunamis aparecem em último lugar na importância dos riscos percebidos como tal pelos por-tugueses inquiridos.

"O risco de tsunami é oúltimo a

figurar numa escala comparativa, composta por um total de 28 riscos, de percepção da possibilidade do

pa-ísou do local de residência dos in-quiridos serem afectados por riscos

naturais etecnológicos", refere o re-latório O Risco deTsunami em Portu-gal

-

Percepções ePráticas, realizado pelo sociólogo José Manuel Mendes,

coordenador do Observatório do

Ris-co, epela geógrafa Susana Freiria. "Que seja domeu conhecimento, é

aprimeira vez queéfeito um inquéri-tosobre apercepção dos tsunamis em Portugal", diz-nos José Manuel

Men-des, acrescentando que houve outros

inquéritos, coordenados por Maria Eduarda Gonçalves (do ISCTE -

Ins-tituto Universitário de Lisboa) e

Lu-ísaSchmidt (do Instituto de Ciências

Sociais daUniversidade de Lisboa), mas dedicados à percepção de ou-tros riscos ambientais etecnológicos.

Como havia falta de informação específica sobre otema, o relatório foi pedido pelo Grupo de Trabalho de Investigação, Monitorização e

Alerta Precoce de Tsunamis (de que

José Manuel Mendes faz parte), que

integra o Comité Português para a

Comissão Oceanográfica Intergover-namental (COI, da UNESCO). Aliás, a

COI estáacriar, desde 2005, um

sis-tema dealerta precoce de tsunamis no Atlântico Nordeste, Mediterrâneo

eoutros mares na região (no Pacífi-coe nas Caraíbas

há um sistema mantido pelos Estados Unidos com outros países, tal como no Índico foi criado um, já depois da tragédia de 2004 no Sudoeste asiático).

Portugal éum dos 19países parti-cipantes no sistema no Atlântico Nor-deste, Mediterrâneo eoutros mares da região. No início de 2014, o Institu-to Português do Mareda Atmosfera (IPMA) começa aoperar osistema de alerta "como responsabilidade nacio-nal", explica o geofísico Fernando Carrilho, um dos coordenadores no país do projecto europeu. "A 1ou 2

de Janeiro entramos em operação a

nível nacional e, no início do segun-do semestre de 2014, ofereceremos

os serviços aos restantes países do Nordeste Atlântico."

Em Portugal, é aoIPMA que cabe lançar os avisos de tsunami à Auto-ridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), àqual, por sua vez, com-pete fazer os alertas àpopulação e a outras entidades que vão pôr em prática asmedidas de protecção. Em relação aos outros países envolvidos

no sistema, oIPMA também enviará alertas para as entidades

congéne-resou para osserviços de protecção civil. Aliás, Portugal lidera um pro-jecto de investigação sobre tsunamis

financiado emseis milhões de euros pela União Europeia, que arrancou

agora: coordenado pela geofísica Ma-ria Ana Baptista, do Instituto Dom Luiz da Universidade de Lisboa, en-volve instituições de 16países enos

próximos três anos, entre outras, irá estudar arecorrência alongo prazo

de tsunamis no Nordeste Atlântico e

no Mediterrâneo, desenvolver fer-ramentas informáticas de avaliação do risco emelhorar aidentificação dos mecanismos nasua origem e as

capacidades de detecção edealerta precoce na região.

Nesta fase actual do sistema em Portugal, os alertas basear-se-ão na informação obtida pelas estações

sís-micas emterra (um sismo com epi-centro no mar emagnitude superior

a6,5 graus pode ter provocado um tsunami), confirmados depois pela rede de marégrafos junto à costa, à

medida que aonda chegar.

Parajá, porque são caras, não ha-verá estações no fundo do mar, cujos

sensores permitiriam detectar com mais fiabilidade seum tsunami vem a

caminho (os sensores detectam uma certa variação na altura da coluna de água, devido àdeformação dofundo domar causada pelo sismo). A con-figuração estudada do sistema para

oSudoeste do cabo deSão Vicente incluía omínimo de três estações, cada uma acustar cerca de 700 mil euros, com outros 700 mil euros por ano em manutenção.

"É o problema do investimento inicial, que ésubstancial, eda

ma-nutenção regular. Isto afasta países com potencial económico superior ao nosso, como aFrança, que não avançaram nesta

linha",

diz Fer-nando Carrilho. Só aTurquia insta-lou estas estações

-

seis, no mar de Mármara

-

e,segundo ogeofísico, tem planos para mais. Outros países,

como aGrécia eFrança, játêmo

sis-tema de monitorização ealerta em operação no Mediterrâneo, mas sem

estações no fundo do mar.

Avaliados

28

riscos

Voltando aos resultados do relatório de Coimbra, baseiam-se num inqué-rito, em Novembro de

2008,

auma amostra representativa da população residente em Portugal continental, com mais de17anos. Oinquérito fez parte do projecto Risco, Vulnerabili-dade Social eEstratégias de Planea-mento

-

Uma Abordagem Integrada, com uma amostra de 1200pessoas. Neste projecto, constava ummódulo com perguntas sobre apercepção do

(4)

risco de tsunamis e aspráticas

rela-cionadas com esserisco, aplicado aos

1200 inquiridos. Otrabalho foi com-plementado com outro módulo, com perguntas específicas para quem vi-via no litoral eem zonas de estuário, neste caso aplicado a

800

pessoas.

Para avaliarem apercepção dos 28 riscos, os investigadores utiliza-ram uma escala de possibilidade de

olocal de residência ouopaís serem atingidos por esses riscos. A escala ia de 1(nenhuma) a 5(muito grande), em que o 2 éumapossibilidade "pe-quena", o 3"nem muita nem pouca"

eo4 "grande". "Osvalores da intensi-dade da percepção dorisco de

tsuna-misão baixos, não chegando aatingir

ovalor 3,o qual representa ovalor neutro daescala (...) aplicada", lê-se.

Esta baixa percepção do risco de tsunamis não éalheia ao facto de

es-te fenómeno natural semanifestar deforma muito espaçada no tempo, refere o relatório. "Felizmente, não acontece muitas vezes", comenta Fernando Carrilho. "O último gran-de tsunami foi em 1755, depois

dis-so houve outros, mas de dimensão muito inferior. Isso fazcom que se

apague da memória das pessoas, que terão consciência de outros riscos com períodos menores, oque não é

surpreendente."

Um sismo éoriginado pela

ruptu-ra da crosta terrestre e,quando

es-serompimento deforma ofundo do mar, origina-se uma onda que movi-menta toda acoluna de água, desde

ofundo marinho até àsuperfície (a ondulação normal ésó superficial). Eéaenergia de toda essa água que

seabate sobre aszonas costeiras.

Co-mo aconteceu no terraCo-moto de1755,

desencadeado por um sismo de 8,7 graus de magnitude, seguido

por

um tsunami, que arrasaram Lisboa matando cerca de dez mil pessoas.

0

Algarve, aÁrea Metropolitana de Lisboa (que engloba 18municípios da Grande Lisboa eda Península de Setúbal) e a costa atéàNazaré são as

zonas do continente em maior risco.

Ainda que, genericamente, os

portu-gueses não pareçam estar conscien-tes deste risco, éprecisamente no Al-garve, na capital ena Área Metropoli-tana de Lisboa que oestudo registou

"os valores mais altos em termos de

percepção do risco de tsunamis".

Experiência

em Setúbal

Mas se quem vive na Área

Metropo-litana de Lisboa, onde seincluem os

municípios da península de Setúbal,

está entre quem tem osvalores mais altos no país de percepção do risco de tsunamis, neste grupo mais

cons-ciente deste risco quem tem os resul-tados mais baixos são osresidentes naquela península.

"Consideram-se preocupantes as respostas dos inquiridos residentes napenínsula de Setúbal, uma das áreas com um

dos níveis de susceptibilidade mais elevados no país, onde apercepção do risco de tsunami équase

insigni-ficante", conclui orelatório.

"Esta situação exigirá no futuro um plano de comunicação do risco de tsunami especificamente orientado para esta região etambém para o Al-garve", acrescenta-se. Éno Algarve, curiosamente, que osinquiridos

con-sideram que oresto do país tem mais possibilidade de ser atingido por um tsunami do que oseu próprio local de residência que, como seviu, está entre aszonas de maior risco.

que o local onde se vive não é

tudo oque importa aqui. Pode

viver-se nointerior eir-se deférias para o

litoral, pelo que este éum risco que todos podemos correr. Porisso, per-guntou-se aosinquiridos sevisitavam ou passavam férias em zonas costei-ras, em Portugal ou no estrangeiro: 55% responderam que costumavam deslocar-se à costa portuguesa e14%

que ofaziam no estrangeiro.

Daqueles que vão até aomar nas férias, 82% desconhecem se essas

zonas costeiras podem ou não ser afectadas por um tsunami. Aos 18%

que responderam saber se aszonas costeiras para onde vão podem ser afectadas, perguntou-se quando é

que souberam disso: "[É] interessan-tenotar que mais de 50% responde-ram ter sido depois de

2004,

oano em que ocorreu um tsunami no Ín-dico, com consequências devastado-ras", refere orelatório, referindo-se que estacatástrofe "actuou como um amplificador doconhecimento eda consciência do risco detsunami".

Nem todos osresultados são

pre-ocupantes, uma vez que 55% dos inquiridos disseram que queriam

ter mais informação, "o que com-prova que existe um público poten-cial para acções de sensibilização e divulgação de informação sobre este tipo de risco". Sinalização vi-sual e alertas sonoros éo tipo de informação que osinquiridos

gosta-riam de ter, por exemplo, em zonas balneares. "Caberá àsautoridades competentes aconcretização

des-sas práticas mitigadoras", lê-se. Aestenível, jásefez uma experi-ência-piloto em Setúbal, no Parque Urbano de Albarquel: num projecto do Joint Research Centre da Comis-são Europeia, em Itália, em 2001 instalou-se, com a colaboração da autarquia e da protecção civil municipal, um sistema composto por painel (que podia transmitir informações ao público sobre o tempo da chegada de um possível tsunami, com base em informação sísmica), uma sirene de alerta eum altifalante. "Neste momento, não

está completamente funcional", in-forma Fernando Carrilho, cujo ins-tituto não participou directamente neste projecto.

Oque fazerpara não ser apanha-do por um tsunami? A esmagaapanha-dora maioria dos inquiridos (95%)disse

nunca ter adoptado medidas pre-ventivas; e ospoucos que as aplica-ram referiaplica-ram não ir àpraia, deixar

o carro auma distância segura da praia enão fazer turismo balnear em locais susceptíveis a tsunamis. "O ideal seria fazer um questioná-rio de diagnóstico de dois em dois anos, incluindo riscos, práticas e

processos de mitigação (pontos de encontro, reservas deágua emcasa,

etc.)", dizJosé Manuel Mendes.

Caso sinta ochão atremer forte-mente quando estiver na praia, fuja rapidamente para uma zona alta. Mas um tsunami pode ter uma ori-gem muito distante edemorar 24

horas aatravessar uma bacia oceâ-nica. Como neste caso não sentiría-mos osismo, outros sinais naturais podem servir de alerta: a onda po-derá serantecedida por uma

desci-dabrusca donível do mar, deixan-do expostos os peixes eas rochas.

Oúltimo exercício público pro-movido a11deOutubro pela ANPC

(5)

um sismo

-

ao longo de um minu-to, pelo país, pôde executar-se os três gestos afazer durante um abalo (baixar-se sobre osjoelhos, prote-ger a cabeça com as mãos, aguar-dar que aterra pare de tremer)

-esqueceu-se dos tsunamis.

Para que todos saibam oque

fa-zer perante essa situação, em 2016 a COI tenciona fazer um exercício com meios no terreno, diz

Fernan-doCarrilho "Será dado um alerta de tsunami e simulada toda a cadeia, até aos avisos eàtomada de

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