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Atualização das Projeções e Estimativas Populacionais para o Rio Grande do Sul e seus Municípios

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Academic year: 2021

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Atualização das Projeções e Estimativas Populacionais para o

Rio Grande do Sul e seus Municípios

Maria de Lourdes Teixeira Jardim Fundação de Economia e Estatística

Palavras-Chave: Projeções de população, estimativas de população.

1. Introdução

O objetivo deste trabalho é mostrar os resultados das novas projeções populacionais para Estado do Rio Grande do Sul e os modelos de estimativas populacionais municipais a ser utilizado para estimar as populações municipais anuais para os anos posteriores a 2000.

As projeções populacionais ainda são preliminares já que ainda não foram divulgadas as informações referentes ao questionário da amostra do censo demográfico de 2000, as quais irão permitir avaliar a fecundidade, mortalidade e a migração, e com isso possibilitar a reavaliação dos níveis e padrões dos componentes demográficos utilizados nas projeções demográficas. Mesmo assim, com a divulgação da população por faixa etária e sexo de 2000, é possível fazer novas projeções populacionais considerando a estrutura etária atual. Além disso, como a estrutura etária da população é resultado do comportamento dos componentes demográfico, os resultados do censo demográfico já divulgados possibilitam que se tenha uma idéia da evolução dos componentes. Com isso, além da nova base inicial para as projeções foram avaliadas e revisadas também as projeções para os componentes.

Em relação as estimativas populacionais municipais, que são realizadas anualmente, a divulgação dos resultados definitivos possibilitou a avaliação do modelo utilizado para estimar a população dos municípios do Rio Grande do Sul em 2000 e a formulação de modelos para estimar as populações municipais anuais e a adequação destes aos dados censitários.

Trabalho apresentado no XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, realizado em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil de 4 a 8 de novembro de 2002.

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2. Dinâmica Demográfica do Rio Grande do Sul

A população do Rio Grande do Sul atualmente é de mais de 10 milhões de habitantes. Nos últimos vinte anos a população do Estado aumentou em apenas 30%. A população do Rio Grande do Sul tem crescido a taxas decrescentes a partir da década de 50, quando apresentava uma taxa de 2,57% ao ano, sendo que na última década cresceu 1,21%.

Nos anos posteriores a 60, quando se inicia no Brasil o processo de queda acentuada da fecundidade e de expansão da fronteira agrícola, em função da menor fecundidade das mulheres gaúchas e da migração de gaúcho, principalmente para outros estados, as taxas de crescimento populacional do Estado são menores do que a média brasileira. Embora, nas últimas décadas as taxas de crescimento do Rio Grande do Sul ainda sejam menores da que as do Brasil, as diferenças são menos significativas do que as verificadas até 1980, contribuíram para esta tendência, por um lado, a generalização da queda da fecundidade, já que no início da transição, era restrita as regiões Sul e Sudeste, por outro, a diminuição da emigração de gaúchos para outros estados. A fecundidade das mulheres gaúchas passa de 4,9 filhos por mulher no início da década de 60 para 2,4 no início dos anos 90.

Até a década de 70 mais da metade da população do Rio Grande do Sul tinha menos de 20 anos, os resultados do censo demográfico de 2000 revelaram que o percentual da população com menos de 20 anos era de 35,54%. Por outro lado, a participação da população adulta, de 20 a 59 anos, aumenta em 10 pontos percentuais entre 1970 e 2000, (passa de 44% para 54%).A população com 60 anos ou mais apresenta uma participação cada vez maior no contingente populacional: cresce de 5,77% para 10,46% entre 1970 e 2000. Em termos absolutos, nos últimos 20 anos, a população de idosos no Rio Grande do Sul aumentou em 91% (passou de 557.944 habitantes em 1980 para 1.065.484 em 2000).

A razão de sexo, representada pelo número de homens para cada cem mulheres, em 1970 era de 99,06 passando a 96,18 no ano 2000. A análise deste indicador, por grandes grupos etários, mostra que somente no grupo etário de 0 a 19 anos há mais homens que mulheres, inclusive com elevação da participação masculina nas últimas décadas (em 1970 a razão de sexo da população de 0 a 19 anos do Rio Grande do Sul era de 101,70 e em 2000 era de 103,55). Nas idades mais avançadas, além de haver uma

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predominância de mulheres a participação do sexo feminino vem aumentando nos últimos anos: no Rio Grande do Sul, o número de homens na faixa etária de 20 a 59 anos para cada 100 mulheres passa de 97.33, em 1970, para 96,29 em 2000. Na população de 60 anos e mais, onde a predominância de mulheres é mais significativa, a razão de sexo passa de 87,21 em 1970 para 74,26 em 2000.

A distribuição da população do Rio Grande do Sul por tamanho de município mostra que houve uma grande concentração populacional nos municípios maiores. Haja vista que a concentração populacional nos município, medida pelo índice de Gini tem aumentado: este indicador passou de 0,45, em 1970, para 0,72 em 2000. Em 1960, mais de 90% dos municípios do Estado eram de médio porte (com população entre 10.000 e 100.000 habitantes) e somente 6,67% dos municípios do Rio Grande do Sul tinham menos de 10.000 habitantes, ao longo das décadas seguintes, devido ao êxodo rural e os constantes desmembramentos de municípios, a participação dos municípios de médio porte diminui. A constante criação de municípios de pequeno porte e o esvaziamento populacional dos antigos faz com que, a partir de 1980, haja um aumento acentuado de municípios com menos de 10.000 habitantes. Em 2000, o percentual de municípios com menos de 10.000 habitantes era de 65% e nestes viviam apenas 14% da população do Estado. Em contrapartida, 44% da população do Estado, neste ano, estava concentrada em menos de 4% dos municípios.

3. Avaliação das projeções e estimativas populacionais para 2000

O método que vem sendo aplicado para projetar a população total do Rio Grande do Sul, por faixa etária e sexo, é o tradicionalmente utilizado para projetar a população para áreas maiores: Método dos Componentes (Neupert,1987; Projeção..., 1999; Paraná...,1999). O principal objetivo da comparação das projeções populacionais realizadas para o ano de 20001 e os resultados verificados no censo demográfico do

mesmo ano é avaliar a tendência projetada dos componentes e assim, obter subsídios para as novas projeções. Conforme mostra o quadro 1, as duas projeções para o ano de 2000 foram menores do que os valores observados no censo de 2000.

1 Avaliaremos a duas projeções populacionais para o ano de 2000: a última tendo por base a população por faixa etária e sexo de 1996 e a penúltima a estrutura etária de 1991.

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Embora a última projeção contasse com informações mais atualizadas da dinâmica demográfica do Rio Grande do Sul, as diferenças entre estas projeções e os resultados censitários foram maiores do que as obtidas com a projeção anterior, isto se deve provavelmente a sub estimativa da contagem populacional de 1996. Outro fator que influenciou ao menor volume populacional projetado foi o comportamento do componente migratório, haja vista que, apesar de nas duas projeções se considerar que haveria uma redução das perdas populacionais por migração, conforme mostra o quadro 5, as reduções foram muito acentuada, passando de uma taxa líquida de migração anual de –0,30% no período de 1970 a 1980 para –0,03% entre 1990 a 2000 (quadro 5).

A avaliação dos dados, por grandes grupos etários, mostra que a projeção da fecundidade associada a projeção da mortalidade infantil, implícita na tábua de vida utilizada, conduziu a valores ligeiramente maiores da população infantil, já que o número de mulheres em idade fértil projetados é maior na última projeção. O elevado percentual de diferença, para menos, da projeção da população de 60 anos e mais sugere que é provável que a tábua de vida desta projeção é menos adequada, para este grupo etário, do que a anterior.

Nas previsões2 populacionais municipais, para o ano de 2000, o método utilizado

foi a média dos resultados obtidos com Método de Relação de Coortes (Duchesne,1987), cujos resultados foram ajustado para que a soma das populações municipais fosse igual a projeção da população total do Rio Grande do Sul, para o mesmo ano, obtida pelo método dos componentes.

As diferenças entre as previsões da população dos municípios do Rio Grande do Sul para o ano de 2000 e os resultados do censo demográfico do mesmo ano (quadro 2) mostram que a proporção de diferenças inferiores a 5% e 10% (em módulo) diminui quando se considera a média dos métodos de correlação de razão e o de Duchesne. O método de correlação de razões, quando se considera o ajuste ao total da população do Estado, produz um viés na média das diferenças. Haja vista que além da média das diferenças entre a estimativa e a população dos municípios observada no censo ser de 2,44%, muito superior aos 0,40% do método de correlação de razões sem ajuste, em 72% dos municípios os valores estimados são maiores do que os observados.

2 Como veremos a seguir o método utilizado é um misto de projeção e estimativa, por isso preferimos utilizar o termo genérico Previsão.

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4. As novas projeções populacionais do Rio Grande do Sul

A metodologia utilizada para projetar a população total do Rio Grande do Sul, por faixa etária e sexo, de 2001 a 2020, foi o mesmo das projeções anteriores, ou seja; o Método dos Componentes por Coortes. As variações desta projeção, em relação as anteriores, foram no sentido de, além de atualizar a população inicial ( a do ano 2000), fazer novos supostos sobre o comportamento futuro da fecundidade e da mortalidade. Embora a informação de 2000 sobre estes componentes ainda não tenha sido divulgada, a avaliação da estrutura etária de 2000 e os dados das PNADs da década passada, possibilitam projeções futuras destes componentes. Quanto a migração, neste exercício preliminar, dado que a avaliação indicou que no período de 1990 a 2000 era insignificante (quadro5), optamos por a considera nula.

Outra inovação metodológica utilizada nesta projeção foi nos supostos sobre os limites que os componentes populacionais teriam. Neste sentido, consideramos que a fecundidade limite das mulheres gaúchas seria a experimentada pelas mulheres dos países mais desenvolvidos no período entre 1990 e 1995, que é de 1,71 filhos por mulher (quadro 3). A projeção da mortalidade (quadro 4) foi calculada interpolando a tábua estimada para o período 1990-95 com a tábua limite proposta por Arriaga (1987)3.

5. Os modelos de Estimativas populacionais municipais

Do mesmo modo que nas estimativas populacionais da década de 90, a metodologia que estamos propondo para estimar a população dos municípios do Rio Grande do Sul nos anos posteriores a 2000, é a utilização dos métodos de correlação de razões e o de Duchesne. Assim as estimativas populacionais, para cada município, deverão ser obtidas através da média aritmética dos dois métodos. O Método de Relação de Coortes, proposto por Duchesne para projetar a população por sexo e idade para áreas menores, além de participar na média da estimativa populacional, é utilizado para distribuir a população dos municípios por faixa etária e sexo.

3 Esta interpolação foi feita em duas etapas, na primeira usamos o ajuste logístico para interpolar a expectativa de vida, e na segunda, interpolamos, os valores de lx, como uma função da expectativa de vida obtida anteriormente.

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Foram avaliadas as estimativas obtidas por 8 métodos de correlação de razões:

Modelo 1: Considerando as variáveis sintomáticas nascidos vivos, óbitos,

matricula escolar de primeiro grau, eleitores e as razões entre 1991 e 2000.

Modelo 2: Considerando as variáveis sintomáticas nascidos vivos, óbitos,

matricula escolar de primeiro grau e eleitores, as variáveis dummy tamanho e densidade demográfica e as razões entre 1991 e 2000.

Modelo 3: Considerando as variáveis sintomáticas nascidos vivos, óbitos,

matricula escolar de primeiro grau e eleitores, a variável dummy tamanho e as

razões entre 1991 e 2000.

Modelo 4: Considerando as variáveis sintomáticas nascidos vivos, óbitos,

matricula escolar de primeiro grau e eleitores, a variável dummy densidade demográfica e as razões entre 1991 e 2000.

Modelo 5: Considerando as variáveis sintomáticas nascidos vivos, óbitos,

matricula escolar de primeiro grau, eleitores e as razões entre 1996 e 2000.

Modelo 6: Considerando as variáveis sintomáticas nascidos vivos, óbitos,

matricula escolar de primeiro grau e eleitores, as variáveis dummy tamanho e densidade demográfica e as razões entre 1996 e 2000.

Modelo 7: Considerando as variáveis sintomáticas nascidos vivos, óbitos,

matricula escolar de primeiro grau e eleitores, a variável dummy tamanho e as

razões entre 1996 e 2000.

Modelo 8: Considerando as variáveis sintomáticas nascidos vivos, óbitos,

matricula escolar de primeiro grau e eleitores, a variável dummy densidade demográfica e as razões entre 1996 e 2000.

No quadro 6, estão listados os parâmetros dos modelos e as correlações. Os modelos que consideram a população de 1991 apresentam valores maiores correlações do que os que são elaborados com a população de 1996. A maior correlação entre as razões das populações dos municípios e as variáveis dependentes foi a do modelo 2, que considera as variáveis sintomáticas e as duas variáveis dummy (tamanho e densidade demográfica dos municípios) e as razões entre 1991 e 2000.

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Quando avaliamos as diferenças entre as populações para o ano de 2000, obtidas através da regressão4, e os resultados do censo (quadro 7 e 8) observamos que os

métodos que consideram as razões entre 1996 e 2000 apresentam maior proporção de municípios com estimativas mais próximas dos resultados do censo (percentual de municípios com diferença entre -10% e 105 e entre -5% e 5%) . Deste modo, apesar de haver maior correlação nos modelos de que consideram a população de 1991, são nos modelos onde se utiliza a população de 1996 que se obtém maior proporção de municípios com diferença pequena entre a população estimada e a observada no censo.

Os modelos que apresenta os menores viesses 5 são os modelos 2, que foi o que

apresentou maior correlação de razões, e os modelos 5 e 6. Avaliando o viés da estimativa e a dispersão ( mediada através da proporção de municípios com diferença entre as estimativas e os resultados do censo entre -5% e 5%) verificamos que apesar do modelo 2 apresentar menor viés nas estimativas (0,80% contra 0,87% e 0,95% dos modelos 5 e 6 respectivamente) é o modelo 6 que apresenta menor dispersão.

6. Conclusões

Embora preliminares, as projeções e estimativas populacionais para o Rio Grande do Sul avaliadas neste texto estão sendo utilizadas em diversos estudos e projetos. As informações obtidas com essa metodologia já estão sendo divulgadas no Site da Fundação de Economia e Estatística (http://www.fee.tche.br) e está entre as informações mais consultadas. Quando da elaboração deste texto estava disponível no Site da FEE a população total do Rio Grande do Sul, por faixa etária e sexo, para os anos de 2001 a 2020 e a estimativa da população dos municípios, por situação de domicílio, para o ano de 2001. Quando da divulgação deste provavelmente já estarão disponível as estimativas municipais por faixa etária e sexo.

Apesar do viés nas estimativas e projeções populacionais que consideram a contagem de 1996, gostaríamos de enfatizar a importância da contagem populacional

4Os modelos de correlação de razão consideram como variável dependente a proporção da população do município em relação a população total do Estado de 2000 e a proporção da população de 1991 ou 1996 do município em relação a respectiva população do Estado. As estimativas populacionais municipais são obtidas através da razão estimada considerando como conhecido os valores da população total do Estado em 2000 e as populações municipais e a estadual do ano de 1991 ou 1996

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realizada no meio da década. Principalmente para Estados, como é o caso do Rio Grande do Sul, onde houve uma grande quantidade de criação de novos municípios. Já que as leis de criação dos municípios não informam corretamente os dados populacionais dos novos municípios com a discriminação da cota retirada dos antigos.

Quanto ao viés, este poderia ser corrigido caso os diferenciais de sub registro fossem mensurados.

7. Bibliografia

ARRIAGA, Eduardo. (1987). Algumas considerações sobre a previsão da mortalidade. In: FUTURO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA: PROJEÇÕES, PREVISÕES E TÉCNICAS. ABEP.

BAY, Guiomar. (1998) El uso de variables sintomáticas en la estimacion de la población de áreas menores. Notas de Población. n.67-68. Santiago do Chile.

JARDIM, Maria de Lourdes T. (2000). Metodologias de Estimativas e Projeções Populacionais para Áreas Menores: A experiência do Rio Grande do Sul. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 12., Caxambu. Anais... Caxambu: ABEP. 1CD

NEUPERT, Ricardo F. (1987). Nova projeção da população brasileira; hipóteses baseadas em informações recentes. In: Futuro da população brasileira: projeções, previsões e técnicas. ABEP.

PARANÁ - projeções de população por sexo e idade 1991-2020. (1999). Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. – Curitiba : IPARDES; Rio de Janeiro:IBGE, vii+40p.

PROJEÇÃO da população da Região Centro-Oeste e Tocantins 1997-2020. (1999) Brasília: CODEPLAN/IBGE. 208p.II. (Cadernos de demografia, 12).

Referências

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