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Aéreas terão subsídios para operar rotas já existentes

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Fonte: Dr. Renato Kloss

Seção: Economia Versão: Online Data: 28/07

Aéreas terão subsídios para operar

rotas já existentes

Medida do governo deve beneficiar cem linhas

rentáveis. Subvenção pode somar R$ 1 bi por ano

POR LINO RODRIGUES / GERALDA DOCA / DANIELLE NOGUEIRA / GLAUCE CAVALCANTI

28/07/2014 15:41 / ATUALIZADO 29/07/2014 7:46

BRASÍLIA, SÃO PAULO e RIO - Um ano e meio após a presidente Dilma Rousseff anunciar um plano para disseminar os voos no país, foi publicada ontem, no Diário Oficial da União, a medida provisória (MP) 652, que cria o Programa de Desenvolvimento da Aviação Regional (PDAR). A proposta, que ainda precisa ser regulamentada, autoriza a União a conceder subsídios às companhias aéreas para pagar parte dos custos dos voos em rotas regionais e todas as tarifas aeroportuárias nos terminais incluídos no programa. Na prática, o governo vai colocar dinheiro nas empresas para cobrir gastos operacionais das novas rotas e das já existentes entre aeroportos de capitais e cidades do interior, que movimentem até 800 mil passageiros por ano. Ou seja, mais de cem rotas rentáveis, que não necessitam da ajuda do governo para serem operadas regularmente, serão beneficiadas com o subsídio. Nos bastidores, fontes do próprio governo criticam a proposta, alegando que não faz sentido subsidiar rotas já existentes,

principalmente em municípios de fácil acesso, com boas rodovias, como nas regiões Sul e Sudeste.

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— Vai facilitar a vida para a classe média, para quem já utiliza o avião. Esses recursos públicos poderiam ter outra destinação — disse uma fonte.

O montante a ser destinado à subvenção ainda será definido, devendo ficar na casa de R$ 1 bilhão por ano. Os recursos virão do Fundo Nacional da Aviação Civil (Fnac), que é abastecido com o dinheiro arrecadado com as concessões dos grandes aeroportos. O fundo encerrou 2013 com R$ 2,7 bilhões em caixa.

Deste total, R$ 1,2 bilhão é referente a outorgas das concessões de Cumbica e Viracopos, em São Paulo, e do aeroporto de Brasília. O programa será aberto a todas as empresas, e o valor do subsídio será proporcional ao tipo de avião utilizado, tamanho do terminal atendido, número de passageiros transportados e aos quilômetros voados. As companhias interessadas terão que assinar um contrato com a União e comprovar regularidade jurídica e fiscal, de acordo com a MP.

Em São Paulo, o ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Moreira Franco, disse que os recursos também serão usados para melhorar a infraestrutura dos pequenos aeroportos do país, além de dar competitividade às empresas que fizerem voos regionais.

— É uma nova etapa da aviação regional. O objetivo é garantir aos passageiros um aeroporto a pelo menos cem quilômetros de distância do outro. Hoje, temos apenas cem aeroportos regionais operando voos comerciais. Queremos aumentar esse número e diminuir as distâncias para os passageiros — afirmou Moreira Franco.

'PROGRAMA DEVERIA COMPLEMENTAR VOO, NÃO EMPRESA'

A promessa é assegurar nessas rotas preços semelhantes aos das passagens de ônibus. Voos entre Brasília e Uberlândia, por exemplo, e

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vice-versa fazem parte do programa. Assim como voos do aeroporto Santos Dumont, no Rio, até Macaé ou Campos.

Segundo o governo, o objetivo é facilitar o acesso da população ao transporte aéreo regular, aumentar o número de frequências atuais, de municípios atendidos pelo serviço, além de integrar à malha

comunidades isoladas. Para isso, a proposta é subsidiar a metade dos assentos da aeronave, limitados a 60 por voo, nas rotas regionais. Os detalhes da implementação das medidas, como a forma de

pagamento às empresas que aderirem ao programa, a fiscalização e a vigência, ainda serão definidos por decreto. A MP, basicamente,

permite à União repassar recursos públicos às empresas e dita as linhas gerais da política de subvenção econômica ao setor.

A proposta do governo difere do plano desenhado no fim do mandato do ex-presidente Lula para estimular a aviação regional, em que o subsídio era restrito às rotas para municípios de difícil acesso, sem ligações por rodovias, principalmente da Região Norte e localizados nas fronteiras. O objetivo era incentivar as companhias a operarem rotas não lucrativas, mas importantes do ponto de vista da integração nacional, e não fomentar voos já existentes.

Além do subsídio, o atual plano de aviação regional contempla investimentos públicos em 270 aeroportos regionais, visando a preparar esses terminais para novos voos. Em dezembro de 2012, foram anunciados para este segmento R$ 7,3 bilhões, também originados do Fnac.

Segundo levantamento da SAC, cerca de 40 aeroportos já passaram por obras e outros estão em processo de licitação. Para executar o

programa, a Secretaria contratou o Banco do Brasil (BB), que fez uma radiografia em todos os aeroportos incluídos no programa.

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Nos próximos dias, será publicada portaria da SAC sobre o plano de outorgas, que vai definir o gestor dos aeroportos regionais que vão receber recursos públicos. O governo dará preferência aos estados. Somente municípios com Produto Interno Bruto (PIB) acima de R$ 1 bilhão poderão ficar com a administração de terminais.

Segundo especialistas, mais do que ajudar na criação de empresas regionais, o programa do governo pode funcionar como estímulo para que as grandes do setor aéreo operem no segmento. O professor Elton Fernandes, especialista em logística aeroportuária da Coppe/UFRJ, avalia que a concessão de benefícios a grandes companhias, inclusive para a operação de ligações já existentes, pode estar relacionada com o fato de as maiores dessa indústria estarem registrando prejuízos nos últimos anos:

— As grandes empresas, que operam o filé mignon das rotas aéreas, estão no vermelho. Por que escolheriam operar linhas deficitárias? O subsídio a linhas já existentes pode frear novos cortes em voos de baixa rentabilidade.

LACUNA NA GESTÃO DOS TERMINAIS

A sobrecarga nos aeroportos centrais levou companhias aéreas

regulares a comprarem pequenas empresas para ocuparem mais slots (alocações de horários de chegadas e partidas de aviões) nesse

terminais, afirma Fernandes.

Como a aviação regional usa uma rede de pequenos terminais aéreos, exige equipamentos de menor porte, elevando o custo por passageiro e reduzindo ganhos em escala. Combinada à fraca demanda, resulta em passagens mais caras e operação com saldo negativo.

— Seria importante que o programa contemplasse o voo, não a

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Para Carlos Campos, do Ipea, autor de estudos sobre o setor aéreo, subsídios são fundamentais para viabilizar a aviação regional. Mas ele critica a ambição de viabilizar, de uma só vez, 270 aeroportos e a lacuna quanto a quem vai gerir estes terminais:

— Começaria com cem, para ganhar experiência aos poucos. A maior parte dos terminais é gerida por municípios e estados, que não têm capacidade de alocar recursos. Há municípios que não conseguem sequer manter caminhão de bombeiros.

Renato Kloss, sócio do setor regulatório do Siqueira e Castro

Advogados, afirma que o programa de aviação regional vai na linha do que é feito fora do país.

— É preciso criar uma cultura da viagem de avião em lugares onde não há, além de criar uma nova classe de consumidores. Isso só se consegue com subsídios.

Os especialistas dizem que o principal ponto da MP é justamente o mais vago, que trata dos subsídios para “pagamento de parte dos custos de voos nas rotas regionais”. Subentende-se que o governo dar algum auxílio financeiro para as operações propriamente ditas das empresas, mas não está claro como nem que custos serão subsidiados. Nos custos operacionais, o principal é o combustível, responsável por 40% das despesas das aéreas. As tarifas aeroportuárias e de navegação aérea, que também serão subsidiadas de acordo com a MP, respondem por apenas 6% dos custos, nos cálculos da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear)

AZUL E TAM TERIAM INTERESSE NO SEGMENTO

Para ele, muitos desses aeroportos terão que ser transferidos para o governo federal. Leia-se Infraero, o que deve agravar a situação da estatal, que vem se desfazendo dos aeroportos mais rentáveis.

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No mercado, comenta-se que as duas empresas dispostas a investir com força na aviação regional são Azul e TAM. A Azul destaca que encomendou até 50 aeronaves à Embraer, com o objetivo de expandir sua atuação. Estudos da companhia aérea mostram que cem

municípios, incluindo o interior do Estado do Rio — que atualmente são desprovidos de linhas de aviação regulares — têm potencial para ter esse serviço em sete a dez anos.

A TAM, que começou na aviação regional, avalia voltar ao segmento. Segundo fontes do setor, a TAM analisa três cenários: o renascimento da marca Pantanal — empresa que atuava na aviação regional

comprada pela TAM em 2009 —, a possível compra de outra aérea regional (a Passaredo, que está em recuperação judicial), ou a compra de jatos para atuar no segmento regional sob a marca TAM.

Procurada, a TAM se limitou a dizer que “ confia no plano de desenvolvimento dos aeroportos regionais e continua estudando a possibilidade de atuar neste mercado no futuro”. A Gol, por sua vez, disse que “avaliará o plano para estudar a possibilidade de operar em outras localidades do interior do país”.

Segundo fontes, porém, a aviação regional não é prioridade para a Gol, que usa aviões grandes, com mais de cem lugares e que são

incompatíveis com boa parte dos aeroportos regionais. Procurada, a Avianca não ligou de volta.

* Colaborou Eliane Oliveira

Read more: http://oglobo.globo.com/economia/aereas-terao-subsidios-para-operar-rotas-ja-existentes-13408200#ixzz38xJ1BG1B

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