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O CONSENTIMENTO INFORMADO COMO GARANTIA DE INFORMAÇÃO AO PACIENTE E COMO MEIO DE PREVENÇÃO DE DEMANDA JUDICIAL

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REV. EDUC. MEIO AMB. SAÚ. 2019 VOL 9 Nº 4 OUT/DEZ. 20 O CONSENTIMENTO INFORMADO COMO GARANTIA DE INFORMAÇÃO AO

PACIENTE E COMO MEIO DE PREVENÇÃO DE DEMANDA JUDICIAL

CONSENT INFORMED AS GUARANTEE OF PATIENT INFORMATION AND AS A MEANS OF PREVENTION OF JUDICIAL DEMAND

CONSENTIMIENTO INFORMADO COMO GARANTÍA DE INFORMACIÓN DEL PACIENTE Y COMO MEDIO DE PREVENCIÓN DE LA DEMANDA JUDICIAL

Igor Lacerda de Oliveira1; Joice Martins Coelho 2.

1 Mestrando pela UNISUAM, Pós Graduado em Direito Tributário, Psicologia Forense, Processo Civil e Direito Administrativo. Professor Graduação. Advogado.

2 Bacharel em Direito. Pós-Graduada em Psicologia Forense.

CONTATO:

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REV. EDUC. MEIO AMB. SAÚ. 2019 VOL 9 Nº 4 OUT/DEZ. 21 O CONSENTIMENTO INFORMADO COMO GARANTIA DE INFORMAÇÃO AO

PACIENTE E COMO MEIO DE PREVENÇÃO DE DEMANDA JUDICIAL

CONSENT INFORMED AS GUARANTEE OF PATIENT INFORMATION AND AS A MEANS OF PREVENTION OF JUDICIAL DEMAND

CONSENTIMIENTO INFORMADO COMO GARANTÍA DE INFORMACIÓN DEL PACIENTE Y COMO MEDIO DE PREVENCIÓN DE LA DEMANDA JUDICIAL

Resumo

Hoje sabe-se que a atuação do médico não é mais o centro da condição médico x paciente, sempre priorizando a opinião do paciente e dando o devido respeito a mesma. É conveniente dizer que o artigo traz exatamente a explicação da prática do termo de consentimento informado, não admitindo tão somente a prática médica no tratamento do paciente sem que este autorize, a não ser nos casos descritos em lei. Para preservar essa autonomia de vontade do paciente o termo é utilizado como meio de autorização e informação ao paciente e em demandas judiciais como erro médico por exemplo esse termo torna-se um importantíssimo meio de provas que o paciente estaria ciente de todos os benefícios e riscos da intervenção. Contudo há uma grande importância ética do uso do termo de consentimento informado, porque para o médico é um valioso instrumento de autorização do paciente para intervenções médicas, já que existem muitas ações judiciais envolvendo a prática médica. Este artigo tem por finalidade demonstrar e fornecer informações pertinentes a elaboração do termo de consentimento informado, que além de ser um instrumento de legitimação do procedimento médico, tem uma validade jurídica incalculável caso haja uma investigação por erro médico. Palavras-chave: Consentimento informado; Investigação; Erro médico.

Abstract

Today it is known that the doctor's performance is no longer the center of the doctor x patient condition, always prioritizing the patient's opinion and giving due respect to it. It is convenient to say that the article gives exactly the explanation of the practice of the informed consent term, not only admitting the medical practice in the treatment of the patient without its authorization, except in the cases described by law. To preserve this autonomy of the patient's will the term is used as a means of authorization and information to the patient and in court demands such as medical error for example this term becomes a very important means of proof that the patient would be aware of all the benefits and risks. of the intervention. However, there is a great ethical importance of the use of the informed consent term, because for the physician it is a valuable instrument for authorizing the patient for medical interventions, as there are many lawsuits involving medical practice. The purpose of this article is to demonstrate and provide relevant information for the elaboration of the informed consent form, which besides being an instrument of legitimization of the medical procedure, has an invaluable legal validity if there is an investigation for medical error.

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REV. EDUC. MEIO AMB. SAÚ. 2019 VOL 9 Nº 4 OUT/DEZ. 22 Resumen

Hoy se sabe que el desempeño del médico ya no es el centro de la condición del médico x paciente, siempre prioriza la opinión del paciente y le da el debido respeto. Es conveniente decir que el artículo da exactamente la explicación de la práctica del término de consentimiento informado, no solo admite la práctica médica en el tratamiento del paciente sin su autorización, excepto en los casos descritos por la ley. Para preservar esta autonomía de la voluntad del paciente, el término se utiliza como un medio de autorización e información para el paciente y en demandas legales como un error médico, por ejemplo, este término se convierte en un medio muy importante de prueba de que el paciente sería consciente de todos los beneficios y riesgos. de la intervención. Sin embargo, existe una gran importancia ética del uso del término de consentimiento informado, porque para el médico es un instrumento valioso para autorizar al paciente para intervenciones médicas, ya que hay muchas demandas relacionadas con la práctica médica. El propósito de este artículo es demostrar y proporcionar información relevante para la elaboración del formulario de consentimiento informado, que además de ser un instrumento de legitimación del procedimiento médico, tiene una validez legal invaluable si hay una investigación por error médico.

Palabras clave: Consentimiento informado; Investigación; Error medico.

1 O QUE É O TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO?

O consentimento informado trata-se de uma manifestação expressa de vontade do paciente, para a realização de procedimentos médicos, é sempre facultado ao paciente recusar ou não o tratamento ou intervenção, sendo o termo utilizado para que o mesmo tome conhecimento dos riscos, sucessos ou insucessos dos procedimentos.

É sabido que trata-se de um dever moral e legal do médico passar essas informações ao paciente para eximir de sua responsabilidade qualquer dano não conhecido pelo paciente, tornando o procedimento conhecido e esclarecido, sendo uma de suas principais características que o paciente ao assinar o termo deve estar isento de dúvidas e ciente de todos os riscos.

O paciente antes de ser submetido a qualquer procedimento, passará por um processo de diálogo com o médico, onde este o alertará sobre os riscos e benefícios, sucessos, e consequências pertinentes ao tratamento/intervenção que será utilizada, para que só assim depois de autorizado pelo paciente mediante termo de consentimento informado, inicie o tratamento.

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REV. EDUC. MEIO AMB. SAÚ. 2019 VOL 9 Nº 4 OUT/DEZ. 23 Entretanto, faz-se necessário que o médico explique sobre a possibilidade não apenas de um tratamento, mas sim de outras alternativas procedimentais possíveis, elucidando ainda, que o paciente tem o direito de obter até mesmo uma segunda opinião médica.

Deste modo, é explícito que o termo consentimento informado é o meio pelo qual o paciente exerce seu direito em participar das decisões e escolhas pertinentes ao seu

tratamento, de autorizar ou não a intervenção do tratamento médico depois de receber todas as informações do procedimento a que deva ser submetido.

2 O DEVER DE INFORMAR E A RELAÇÃO DE CONSUMO

O termo de consentimento informado tem como principal objetivo proteger a dignidade da pessoa humana, uma vez que é garantido ao paciente, a autonomia privada que consiste na tomada de decisões e respeito legítimo por suas escolhas e decisões, consistindo em decisões livres e de inteiro querer do paciente. Deste modo, tais princípios devem ser utilizados e observados como um parâmetro de atuação do médico sem defeitos ou vícios que possam macular a vontade do paciente.

O médico tem o dever legal de respeitar essa vontade a não ser que o paciente esteja com iminente perigo de vida, assim como disposto no artigo 31 do Código de Ética Médica, é vedado ao médico: “desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de iminente risco de morte.” (BRASIL, 2019)

Em alguns casos a espera pelo consentimento do paciente não deve ser respeitada porque pode resultar no agravamento no estado de saúde de modo a vir a prejudicar ou até mesmo levar a morte, consistindo em dever do médico agir imediatamente visando sempre salvaguardar a saúde e a vida do paciente.

A informação ao paciente só é vedada quando esta vir a prejudicar o estado de saúde mental do paciente, restando ao médico a direta comunicação com o responsável legal ou algum familiar próximo ao paciente.

O artigo 34 do Código de Ética Médica veda ao médico:

Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e os objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação direta possa lhe provocar dano, devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seu representante legal. (BRASIL, 2019)

Ainda neste sentido, o dever de dar informação além das previsões trazidas pelo conselho de ética médica, ainda consiste em fundamento explicito na Constituição Federal,

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REV. EDUC. MEIO AMB. SAÚ. 2019 VOL 9 Nº 4 OUT/DEZ. 24 condicionado em seu artigo 5º, Inciso XIV, e previsão legal tratando-se de relação de consumo no código de defesa do consumidor, disposto no artigo 6º, Inciso III do Código de Defesa do Consumidor.

Além das previsões em lei, ainda há decisões do Superior Tribunal de Justiça do Ministro Antônio Herman Benjamin, em que as preponderâncias vela pelo princípio da transparência, zelando pela boa-fé objetiva e o princípio da confiança abarcados pelo código de defesa do consumidor em relação ao consumo.

DIREITO DO CONSUMIDOR. ADMINISTRATIVO. NORMAS DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR. ORDEM PÚBLICA E INTERESSE SOCIAL(..).PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR. PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA. PRINCÍPIO DA CONFIANÇA. OBRIGAÇÃO DE SEGURANÇA(..)DIREITO À INFORMAÇÃO. DEVER POSITIVO DO FORNECEDOR DE INFORMAR, ADEQUADA E CLARAMENTE, SOBRE RISCOS DE PRODUTOS E SERVIÇOS. DISTINÇÃO ENTRE INFORMAÇÃO-CONTEÚDO E INFORMAÇÃO-ADVERTÊNCIA.

ROTULAGEM. PROTEÇÃO DE CONSUMIDORES

HIPERVULNERÁVEIS. CAMPO DE APLICAÇÃO DA LEI DO GLÚTEN (LEI 8.543/92 AB-ROGADA PELA LEI 10.674/2003) E EVENTUAL ANTINOMIA COM O ART. 31 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO. JUSTO RECEIO DA IMPETRANTE DE OFENSA À SUA LIVRE INICIATIVA E À COMERCIALIZAÇÃO DE SEUS PRODUTOS. SANÇÕES ADMINISTRATIVAS POR DEIXAR DE ADVERTIR SOBRE OS RISCOS DO GLÚTEN AOS DOENTES CELÍACOS. INEXISTÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA. (REsp 586.316/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/04/2007, DJe 19/03/2009)

Contudo é direito do paciente de receber informações pertinentes de seu quadro clínico e é resguardado ao médico o direito a não informação direta nos casos previstos em lei.

O tratamento médico é definido como uma relação de consumo por ser atingido pelos princípios do Código de Defesa do Consumidor. Sendo assim, o paciente é considerado consumidor de acordo com o artigo 2º da Lei nº 8.079/90 que assim dispõe: “consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.” (BRASIL, 1990)

De outra parte, o médico ou pessoa jurídica que presta o serviço enquadra-se como fornecedor de serviços, artigo 3º da mesma lei que assim dispõe:

Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. (BRASIL, 1990)

Como o fito de estabelecer o elo entre consumidor e termo de consentimento informado, o TJ-RS assim se manifestou:

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REV. EDUC. MEIO AMB. SAÚ. 2019 VOL 9 Nº 4 OUT/DEZ. 25

APELAÇÃO.RESPONSABILIDADE.CIVIL. CONSENTIMENTO INFOR MADO. REALIZAÇÃO DE CIRURGIA. HISTERECTOMIA. RETIRADA DE ÓRGÃOS NÃO AUTORIZADOS. FALHA NO DEVER DE INFORMAÇÃO NÃO CARACTERIZADA. A responsabilidade civil do médico é subjetiva, ou seja, depende da prova da culta (§ 4º do artigo 14 do CDC). O consentimento informado estabelece que o médico deve dar ao paciente informações suficientes sobre o tratamento proposto. O direito de informação contém disposição expressa na Constituição Federal (art. 5º, XIV), constituindo-se num dos direitos do consumidor (art. 6º, inc. III, do CDC). Dever de informação igualmente presente no Código de Ética Médica. [....] APELO DESPROVIDO. (Apelação Cível nº 70042067538, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Leonel Pires Ohlweiler, Julgado em 25/05/2011.)

Portanto, o dever jurídico que o médico possui de fornecer informação ao paciente, todo o trâmite de explicar a natureza do procedimento e os riscos do tratamento ou terapia, devendo esclarecer sobre as consequências de determinada conduta, é inquestionável a não ser nos casos previstos em lei, em que o dever de comunicar se dará diretamente aos familiares ou responsáveis legais, sendo certo que, se tais obrigações não forem cumpridas pelo médico, o mesmo estará prestando um serviço defeituoso, ou seja, invalidando parte de sua obrigação contratual, que no caso concreto consiste no dever de informar.

3 DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO E A RELAÇÃO DE CONSUMO

Como de sabedoria, a responsabilidade civil se liga a ideia de punição, recompensa, restituição ou ressarcimento, no âmbito pecuniário.

Nosso regime jurídico caracteriza que o dever de reparar deve ser caracterizado por elementos que se direcionam para a formação da obrigação de reparar, tais elementos são: a existência de dano, ação ou omissão, culpa e nexo causal.

O artigo 186 do Código Civil dispõe que: “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” (BRASIL, 2002)

Ainda neste sentido o artigo 186 do código Civil estabelece a regra da responsabilidade civil subjetiva, consistindo que o agente só poderá ser responsabilizado se os atos por si cometidos forem dotados de culpa, ou seja quando seu agir não respeita o dever de cuidado.

O médico é detentor da chamada responsabilidade subjetiva, significa dizer que todo o dano sofrido pelo paciente deverá ser provado e ser comprovado a culpa do médico, neste caso a responsabilização do médico se dará pela comprovação da culpa, que será exemplificada por meio de negligência, impudência ou imperícia.

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REV. EDUC. MEIO AMB. SAÚ. 2019 VOL 9 Nº 4 OUT/DEZ. 26 Por se tratar de responsabilidade, é coerente dizer que a relação de médico e paciente, trata-se de uma relação de natureza contratual, onde confere a cada uma das partes direitos e deveres.

A responsabilidade civil rege-se pelo código civil e concomitantemente pelo código de defesa do consumidor, leis distintas, porém se comunicam constantemente exatamente por essa caracterização de relação de consumo. Neste diapasão, o Código Civil, em seu art. 951, e o Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 14, § 4º, dispõem que a responsabilidade civil do profissional liberal é de natureza subjetiva, uma vez que exige prova do elemento subjetivo denominado "culpa".

Para se dá essa responsabilização médica é importante frisar que a doutrina e a jurisprudência entendem que essa relação médico e paciente possui, em regra, natureza consumerista, por isso a temática deve ser tratada em conjunto com o código de defesa do consumidor. O motivo desse posicionamento entre doutrina e jurisprudência está no objeto dessa relação jurídica, que correlaciona ser uma prestação de um serviço especializado por um profissional liberal que é o médico ao tomador do serviço paciente. Esses elementos, são definidos pelos conceitos legais de consumidor e fornecedor expressos nos arts. 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor.

Nesse sentido, fica explícito que o médico, ao prestar o serviço ao paciente, amolda-se a figura de fornecedor. No tocante a responsabilização, a partir desamolda-se entendimento vem a premissa de que o paciente ao adquirir serviço médico especializado, torna-se a parte vulnerável da obrigação, tal parecer encontra-se descrito no art. 4º, I, da lei 8.078/90 que assim dispõe:

art. 4º. A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; (BRASIL, 1990)

A legislação apresenta cunho protetivo em relação ao consumidor, por esse motivo se comprovado a culpa do prestador serviço este será obrigado a reparar o dano sofrido pelo paciente, versando sempre pelo princípio da boa-fé objetiva que retrata exatamente essa premissa do dever de reparar o dano, sendo ele material, moral ou estético.

Entretanto, por se tratar do princípio da boa-fé objetiva, em casos como a responsabilidade civil médica, é sempre um "dever de tutela o melhor interesse do paciente”. Neste sentido, tal dever significa que a interpretação da relação contratual

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REV. EDUC. MEIO AMB. SAÚ. 2019 VOL 9 Nº 4 OUT/DEZ. 27 jurídica entre médico e paciente, visa a proteção da parte vulnerável da obrigação, nesse caso o paciente.

Como consequência, esse dever de tutela impõe aos médicos um dever de conduta, como ênfase o direito à informação que é destinada ao paciente, onde o médico deve esclarecer de forma clara e concisa todas as pertinências do tratamento e por fim, fica a critério do paciente a realização o não de tal procedimento.

Portanto recai sobre o médico a responsabilidade sobre o consentimento do paciente, por isso se dá a importância de documento escrito como uma formalidade e prova de ciência e consentimento do paciente, a este documento é dado o nome de termo de consentimento informado, importantíssimo ressaltar que essa é uma medida preventiva, que pode afastar o dever de reparação ou responsabilização. Basta pensar que o paciente que ingressa com uma ação de reparação com o argumento que tal procedimento, causou sequelas e danos irreparáveis, o médico ao ser citado no processo deverá apresentar defesa, trazendo aos autos o termo de consentimento informado, explicando que em alguma clausula do termo, teria constado que aquela seqüela poderia surgir após determinado tratamento, ou seja, deste modo fica comprovado que o paciente tinha total ciência de tal agravamento e mesmo assim consentiu.

Neste contexto, fica fácil observar que o médico tomou as medidas e agiu com seu dever de informação, não restando assim que falar em responsabilização e dever de reparar.

4 O TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO E A NÃO NECESSIDADE DE INFORMAR

Sabe-se que na relação médico x paciente há uma disparidade quando se trata de conhecimento, por haver uma aptidão técnica dos médicos em relação ao paciente uma vez que por se tratar dessa falta de conhecimento ser dever do médico passar todas as informações necessárias ao paciente.

Contudo há uma preocupação e uma exceção trazida pela lei que em casos de risco de morte, quando o procedimento é urgente, ou em casos que possa o paciente ter dificuldades para compreender ou que tais informações possam acarretar em uma disfunção psicológica no paciente impedindo assim o entendimento eficaz dessas informações, o médico não deve fornecer essas informações.

Nesses momentos não há a necessidade do consentimento informado, porque há a presunção de que a vida é mais importante do que o dever de informar, então o dever do

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REV. EDUC. MEIO AMB. SAÚ. 2019 VOL 9 Nº 4 OUT/DEZ. 28 médico passa a ser de salvar a vida e não de informar, sendo a vida um direito tutelado na constituição federal.

O artigo 22 do código de ética médica diz que “deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de morte.” (BRASIL, 2019)

Nesse sentido, confirmando o que já foi dito acima, compreende-se que o dever do médico de dar informações ao paciente do procedimento a ser realizado, cessa quando este estiver em iminente risco de morte.

Em complemento ao artigo 22 do código de ética médica, o artigo 34 do mesmo dispositivo legal, confirma sobre a possibilidade de a informação causar dano ao paciente e traz a obrigação de informar para os responsáveis legais, que advém a mesma obrigação de clareza ao falar e de forma possível que o responsável entenda passo a passo do procedimento a ser realizado.

Art. 34. Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e os objetivos do tratamento, salvo quando acomunicação direta possa lhe provocar dano, devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seu

representante legal. (BRASIL, 2019)

Pode-se ainda citar como exemplos legais, o contido no artigo 23 do Código Penal brasileiro:

Art. 23 – Não há crime quando o agente pratica o fato: I – em estado de necessidade;

III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. (BRASIL, 1940)

Como forma de explicitar tal norma, citamos a decisão do TJRS que assim decidiu:

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. CONSENTIMENTO INFORMADO REALIZAÇÃO DE CIRURGIA. HISTERECTOMIA. RETIRADA DE ÓRGÃOS NÃO AUTORIZADOS. FALHA NO DEVER DE INFORMAÇÃO NÃO CARACTERIZADA. […] Circunstância em que prova carreada é elucidativa no sentido de que a cirurgia, da forma como foi feita (histerectomia total com anexectomia bilateral), era extremamente necessária. Não caracterização de danos autônomos decorrentes da violação do dever de informar. APELO DESPROVIDO. (Apelação Cível nº

70042067538, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Leonel Pires Ohlweiler, Julgado em 25/05/2011)

Lado outro, a falta de informação é desrespeito ao seu paciente, sendo a falta de informação uma infringência na transparência e na boa-fé, sendo princípios principais na relação entre o médico e paciente.

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REV. EDUC. MEIO AMB. SAÚ. 2019 VOL 9 Nº 4 OUT/DEZ. 29 Por ser o Termo de consentimento informado uma garantia ao paciente, consistente na sua autonomia privada de tomada de decisões e respeito por suas escolhas, consistindo em decisões livres, é de extrema importância verificar se o paciente possui capacidade civil que o permite consentir ou não nas suas decisões livre e, de certo modo, voluntárias. Assim, para que o Termo de consentimento seja válido e legal, é de suma importância a pela capacidade civil do paciente que estará consentindo ao ato médico.

Apesar de cada país possuir suas regras próprias sobre a capacidade civil plena, no Brasil a disposição do artigo 5º do Código Civil descreve que “a menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.” (BRASIL, 2002)

Assim, no caso do menor incapaz, necessário se faz o consentimento de seu representante legal.

Contudo, encontra-se tipificado no Código de Ética Médica que o menor de idade possui sua opinião considerada:

Art. 74. Revelar sigilo profissional relacionado a paciente criança ou adolescente, desde que estes tenham capacidade de discernimento, inclusive a seus pais ou representantes legais, salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente. (BRASIL, 2019)

Porém, tal artigo deve ser estudado com ressalva, já que o menor para consentir em uma intervenção deverá ser capaz de agir, receber uma exposição completa, entender a exposição, agir voluntariamente e consentir na intervenção, no entanto, como forma de garantia de eventual responsabilidade, deverá o médico informar, de forma escrita, aos seus representantes também.

6 MOMENTO ADEQUANDO PARA CONSENTIR

Para ser validado o Termo de Consentimento Informado, livre de qualquer coação, deverá o mesmo ser realizado antes da intervenção cirúrgica médica, devendo o médico informar ao paciente ou ao seu representante legal, de forma bem minudenciada, todas as informações necessárias e pertinentes ao procedimento cirúrgico, oportunizando, assim, a possiblidade de reflexão e se realmente quer se submeter a possíveis consequências advindas do pós-operatório.

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REV. EDUC. MEIO AMB. SAÚ. 2019 VOL 9 Nº 4 OUT/DEZ. 30 O Código de Ética Médica veda a obtenção do recolhimento do Termo de Consentimento após a realização do ato cirúrgico, bem como momento antes de sua realização.

Art. 22. Deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de morte. (BRASIL, 2019)

Tal vedação ocorre sobre a possibilidade de ocorrência de coação ao paciente, o que o torna anulável.

Claudia Lima Marques, em sua obra ensina que:

Sendo assim, faz-se necessário que o termo de consentimento informado seja obtido antes da adoção de qualquer prática médica relevante, pois constitui dever ético do médico obter o consentimento do submetido antes do procedimento, uma vez que, se obtido no momento do procedimento operatório, será caracterizado como ato abusivo, além de desrespeitar o princípio da boa-fé. (MARQUES, 2004, p. 26).

Assim, deverá o médico consentir o paciente antes da cirurgia, dando-lhe tempo para refletir sobre o ato e, aceitando, colher o seu assentimento por escrito.

7 DA INCOMPREENSÃO DO TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

É de forma plenamente perceptível que o paciente ocupa possível desfavorável nas relações entre os médicos e pacientes, por ser este de forma presumida leiga.

Como já abordado, o Código de Defesa do Consumidor, precisamente em relação ao artigo 6º, inciso III, na qual relata que a informação a ser prestada ao consumidor deve ser adequada e clara, além de especificar os riscos que os serviços apresentem.

Assim, para melhor elucidar essa forma clara e os riscos da intervenção médica poderá ocasionar, deverá o médico fazer o seguinte questionamento interno: será que outra pessoa, com o mesmo perfil do paciente, aceitaria, ou não, fazer a cirurgia caso tivesse acesso as informações necessárias de forma clara e precisa?

Deste modo, somente caberá em se falar em manifestação deliberada de vontade, se o paciente tiver a devida compreensão acerca de todos os termos contido no Termo de Consentimento, que deverá ser feito de forma extremamente clara, precisa e transparente. Alguns dos vocabulários médicos utilizados no Termo deverão ser explicados ao paciente para que o mesmo tenha o entendimento correto e preciso sobre as informações ali prestadas.

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REV. EDUC. MEIO AMB. SAÚ. 2019 VOL 9 Nº 4 OUT/DEZ. 31 Como forma de sugestão, deverá ser o texto de o Termo ser redigido para o nível intelectual à população a qual se direciona, sendo de necessidade que o médico busque um relacionamento de interação com seus pacientes, observando as condições e as suas limitações, explicando-lhes cada aspecto do conteúdo do termo, como forma de fonte de segurança, tanto para o paciente, quanto para o médico.

8 CONCLUSÃO

Portanto, define-se que o termo de consentimento informado é um documento de formalização da decisão de vontade do paciente, confirmando que recebeu todas as informações específicas, pertinentes aos procedimentos a serem adotados e todos os riscos e benefícios que poderão ser causados.

Sua finalidade é de informação e transparência, e adoção de cumprimento pelo médico, uma vez que este detém o dever de informar.

9 REFERÊNCIAS BIBILOGRÁFICAS

BRASIL. Código de Ética Médica: Resolução CFM nº 2.217, de 27 de setembro de 2018, modificada pelas Resoluções CFM nº 2.222/2018 e 2.226/2019 / Conselho Federal de Medicina – Brasília:

Conselho Federal de Medicina, 2019. Disponível em:

http://www.portalmedico.org.br/novocodigo/integra.asp. Acesso em: 09 ago. 2019.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 31 dez. 1940.

BRASIL. Lei nº. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Código de Defesa do Consumidor. Dispõe sobre a

proteção do consumidor e dá outras providências. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm. Acesso em: 10 ago. 2019.

BRASIL. Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm, Acesso em: 10 de ago. 2019.

MARQUES, Claudia Lima. A responsabilidade dos médicos e do hospital por falha no dever de informar ao consumidor. São Paulo: RT, 2004.

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REV. EDUC. MEIO AMB. SAÚ. 2019 VOL 9 Nº 4 OUT/DEZ. 32 STJ. DIREITO DO CONSUMIDOR. ADMINISTRATIVO. NORMAS DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR. ORDEM PÚBLICA E INTERESSE SOCIAL(..).PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR. PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA. PRINCÍPIO DA

BOA-FÉ OBJETIVA. PRINCÍPIO DA CONFIANÇA. OBRIGAÇÃO DE

SEGURANÇA(..)DIREITO À INFORMAÇÃO. DEVER POSITIVO DO FORNECEDOR DE INFORMAR, ADEQUADA E CLARAMENTE, SOBRE RISCOS DE PRODUTOS E SERVIÇOS.

DISTINÇÃO ENTRE INFORMAÇÃO-CONTEÚDO E INFORMAÇÃO-ADVERTÊNCIA.

ROTULAGEM. PROTEÇÃO DE CONSUMIDORES HIPERVULNERÁVEIS. CAMPO DE APLICAÇÃO DA LEI DO GLÚTEN (LEI 8.543/92 AB-ROGADA PELA LEI 10.674/2003) E EVENTUAL ANTINOMIA COM O ART. 31 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO. JUSTO RECEIO DA IMPETRANTE DE OFENSA À SUA LIVRE INICIATIVA E À COMERCIALIZAÇÃO DE SEUS PRODUTOS. SANÇÕES ADMINISTRATIVAS POR DEIXAR DE ADVERTIR SOBRE OS RISCOS DO GLÚTEN AOS DOENTES CELÍACOS. INEXISTÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA. (REsp 586.316/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,

julgado em 17/04/2007, DJe 19/03/2009) Disponível em:

https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/4092403/recurso-especial-resp-86316. Acesso em: 13 ago. 2019.

TJRS.APELAÇÃO.RESPONSABILIDADE.CIVIL. CONSENTIMENTO INFORMADO. REALIZA ÇÃO DE CIRURGIA. HISTERECTOMIA. RETIRADA DE ÓRGÃOS NÃO AUTORIZADOS. FALHA NO DEVER DE INFORMAÇÃO NÃO CARACTERIZADA. (Apelação Cível nº 70042067538, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Leonel Pires Ohlweiler,

Julgado em 25/05/2011.) Disponível em:

https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/20948519/apelacao-civel-ac 0043642503-rs-tjrs/inteiro-teor-20948520?ref=juris-tabs. Acesso em: 21 ago. 2019.

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