“Reformas”:
impactos sobre a classe trabalhadora
Contextualização
Desmonte do papel
social do Estado
PEC do Teto
Novo Regime fiscal que limita os gastos públicoscom políticas sociais (Em dezembro de 2016)
Reforma da
Previdência
Altera as regras de acesso e remuneração da previdência pública (PEC 287)Reforma
Trabalhista
Altera a CLT precarizando as relações de trabalho (Em julho de 2017)Lei da
Terceirização
Retira restrições sobre otrabalho temporário e terceirização
(Em março de 2017)
Perdas de
direitos sociais
DESMONTE DO SERVIÇO PÚBLICO
▪
Limite de gastos, inclusive com pessoal (EC 95/2016)
▪
PDV e Possibilidade de redução de jornada com remuneração
proporcional (MPV 792/2017)
▪
Reforma da Previdência (PEC 287-A/2016)
▪
Restrição ao Direito de Greve (PLS 327)
▪
Negociação Coletiva (Convenção 151 da OIT)
▪
Demissão por insuficiência de desempenho
A Emenda Constitucional 95 –
Novo Regime Fiscal
Orçamento com Teto Fixo - Critério de alocação de recursos que consiste em estabelecer um quantitativo financeiro fixo, geralmente obtido mediante a aplicação de percentual único sobre as despesas realizadas em determinado período, com base no qual os órgãos/unidades deverão elaborar suas propostas orçamentárias parciais.
Também conhecido, na gíria orçamentária, como "teto burro".
CONSIDERAÇÕES SOBRE A EC 95
•
Trata-se de uma reforma do Estado. Transfere a execução da política
fiscal para a Constituição Federal.
•
A EC 95 valida o plano de austeridade de longo prazo;
•
Reduzirá o papel do Estado enquanto indutor do desenvolvimento;
•
Não permitirá ampliação real da despesa, mesmo que o cenário de crise
seja superado e haja aumento de arrecadação e recuperação das contas
públicas;
•
O teto para os gastos públicos não acompanhará a expansão da
demanda por serviços públicos;
•
Para que o montante total das despesas primárias se acomode
dentro do limite imposto, haverá uma concorrência por orçamento
entre as diversas áreas;
•
Implica em mudanças na política de valorização do salário
mínimo e/ou da previdência;
•
Foco do projeto apenas nas despesas primárias:
▪
Não estão previstas mudanças na estrutura de arrecadação
▪
Não considera para o ajuste as despesas com juros.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A EC 95
Reforma Trabalhista
Reforma Trabalhista
A Reforma se fundamenta em reduzir a proteção
institucional aos trabalhadores, por parte do Estado e
do Sindicato, e aumentar as garantias das empresas
nas relações de trabalho, diminuindo custos e
A reforma trabalhista e o serviço público
Tanto a Lei 13.467/2017 quanto a Lei 13.429/2017 (do trabalho
temporário e da terceirização) atingem mais diretamente os(as)
trabalhadores(as) do setor privado e os(as) celetistas.
No entanto, o serviço público pode ser afetado, por pelo menos três vias:
•
pelos segmentos privatizados (por parceria público-privada,
organizações sociais, fundações, contratações etc.);
•
pelo recurso à CLT para estabelecer direitos de servidores (as); e
•
pela utilização das normas do setor privado como paradigma ou
referência para o direito do setor público.
EIXOS DA REFORMA TRABALHISTA
CONDIÇÕES E
CONTRATO DE
TRABALHO
NEGOCIAÇÕES
COLETIVAS
ORGANIZAÇÃO
SINDICAL
JUSTIÇA DO
TRABALHO
• É UMA REFORMA TRABALHISTA E SINDICAL
Ampliação e flexibilização da jornada de trabalho Facilita a demissão Altera condições de trabalho e remuneração Cardápio de contratos precários
CONDIÇÃO DE TRABALHO
Terceirização Trabalho intermitente Tempo parcial Trabalho autônomo Trabalho temporárioRETIRA, FLEXIBILIZA OU DESREGULAMENTA DIREITOS
Intervalos intrajornada Jornada de 12x36h Hora extra Banco de horas Horas “in itineri” Comum acordo Quitação total de débitos em PDV e PDI Revoga direito a assistência na recisão Demissão coletiva sem negociação com o sindicato Desobriga rescisão sindicato Termo de quitação anual Teletrabalho Reduz conceito de salário
Reduz alcance trabalho igual/salário igual Parcelamento de férias em 3X Gestante/lactante em local insalubre Pausas para amamentação Reduz incorporação gratificações
Terceirização irrestrita
▪
A Lei 13.467 modifica a Lei 6.019/1974, em artigos que
foram recentemente alterados pela Lei 13.429/2017.
▪
Conceitua “prestação de serviços a terceiros” como “a
transferência feita pela contratante da execução de
quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade
principal, à pessoa jurídica de direito privado prestadora
de serviços”. (Art. 4-A da Lei 6.019).
Promove a negociação
individual
Altera hierarquia das normas que regulam o trabalho Flexibiliza o piso de direitos
NEGOCIAÇÃO COLETIVA
Prevalência do negociado sobre o legisladoREFORÇA AMBIENTE DESFAVORAVEL AS NEGOCIAÇÕES COLETIVAS FRAGMENTA A NEGOCIAÇÃO COLETIVA
FIM DA ULTRATIVIDADE
Prevalência dos ACTs sobre os CCTs Trabalhador com salário 2x teto previdência + ensino superior Demissão de Comum acordo Compensação jornada, hora extra e “Banco de Horas” Pausas para amamentação
ORGANIZAÇÃO SINDICAL
PROCURA DESARTICULAR A ORGANIZAÇÃO SINDICAL
Fim da obrigatoriedade da contribuição sindical
(imposto sindical)
Representação no local de trabalho
sem vínculo com sindicato
JUSTIÇA DO TRABALHO
Reduz o papel e dificulta o acesso à Justiça do
Trabalho
▪ Não cria meios de resolução de conflitos entre capital e trabalho e nem garante equilíbrio na relação entre as partes;
▪ Limita a intervenção da Justiça do Trabalho nos resultados das negociações coletivas;
▪ Limita o escopo dos enunciados de jurisprudência do TST e dos TRTs e de elaboração de Súmulas;
▪ Restringe o acesso gratuito à Justiça do Trabalho;
▪ Impõe custos judiciais ao trabalhador que perder ação: honorários de sucumbência e custos com periciais técnicas
IMPACTO DA REFORMA
• Diversificação das formas de contratação, com ampliação das formas
precárias.
➢ Reforma previdenciária + reforma trabalhista = não aposentadoria.
rotatividade, ocupações sem filiação à Previdência, baixos rendimentos
não acúmulo de 25 anos de contribuição.
• Reforço do resultado da negociação e enfraquecimento de ator
negociador (sindicato) = perda de direitos, abaixo da lei.
• Flexibilidade para as empresas e baixos rendimentos para trabalhadores
opção pela “via de baixo desenvolvimento”.
• Impactos na economia: redução do mercado consumidor interno e
desenvolvimento.
IMPACTOS DA REFORMA
Mercado de trabalho
▪ Formalização de vínculos precários, maquiando as estatísticas de geração de emprego;
▪ Troca de vínculos com contratos típicos por contratos precários;
▪ Reforça a segmentação/heterogeneidade das condições de trabalho e direitos;
▪ Amplia a insegurança dos segmentos que já são mais vulneráveis no mercado de
trabalho – mulheres, negros, jovens, idosos, trabalhadores com deficiência, migrantes;
▪ Reduz os rendimentos dos trabalhadores com impactos negativos no poder de compra e em benefícios atrelados aos salários (FGTS e previdência);
▪ Dificulta a conciliação do tempo de trabalho com o tempo livre; e
▪ Impactos negativos na saúde e segurança do trabalhador, maior abertura para executar atividades em situações degradantes.
Organização sindical
IMPACTOS DA REFORMA
▪ Pode fragmentar a representação dos trabalhadores por empresa, com atribuições que podem ser concorrentes
▪ Cria dificuldades para o financiamento das ações sindicais e mesmo para a existência de parte dos Sindicatos
▪ Por outro lado, mantém financiamento das entidades patronais através do Sistema S
▪ Enfraquecimento e desequilíbrio do processo negocial brasileiro
Setor público - reflexões
▪
A EC 95 é a materialização da lógica da necessidade do corte
de gastos. Reflexos:
▪
Prejuízo de programas sociais
▪
Rebatimento sobre os servidores (“acabam pagando
novamente o pato”)
▪
Grande problema – direcionamento dos recursos oriundos
dessa economia para atender ao mercado
▪
Privatização do lucro
Reajustes salariais, por setor econômico, segundo
comparação com o INPC-IBGE
1º sem. 2017
Variação Indústria Comércio Serviços Total Acima do INPC-IBGE 48,6 57,9 68,3 58,9 Mais de 3% acima 0,0 2,6 0,8 0,7 De 2,01% a 3% acima 0,0 0,0 3,3 1,5 De 1,01% a 2% acima 2,8 21,1 13,8 10,4 De 0,01% a 1% acima 45,9 34,2 50,4 46,3 Igual ao INPC-IBGE 40,4 36,8 22,8 31,9 De 0,01% a 1% abaixo 9,2 0,0 8,1 7,4 De 1,01% a 2% abaixo 0,0 5,3 0,8 1,1 De 2,01% a 3% abaixo 1,8 0,0 0,0 0,7 Mais de 3% abaixo 0,0 0,0 0,0 0,0 Abaixo do INPC-IBGE 11,0 5,3 8,9 9,3 Total 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: DIEESE. SAS-DIEESE - Sistema de Acompanhamento de Salários
OBS: São 270 reajustes, sendo 109 na indústria, 38 no comércio e 123 nos serviços
Reajustes salariais e variação real média dos reajustes, segundo
comparação com o INPC-IBGE
De 1996 a 1º sem. 2017 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 231 470 324 316 369 495 480 548 658 640 655 715 816 815 804 807 802 784 780 753 714 270 v al ar iação r eal méd ia reaj u stes ab ai xo , ig u ai s e aci ma d o I N PC -I B GE
Abaixo do INPC-IBGE Igual ao INPC-IBGE Acima do INPC-IBGE Variação real média
Greves, segundo caráter das reivindicações
Brasil, 1994 a 2017 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% 55% 60% 65% 70% 75% 80% 85% 90% 95% 100% 199 4 199 5 199 6 199 7 199 8 199 9 200 0 200 1 200 2 200 3 200 4 200 5 200 6 200 7 200 8 200 9 201 0 201 1 201 2 201 3 201 4 201 5 201 6 201 7 Propositivas DefensivasOBS: dados preliminares 2014, 2015 e 2017
Fonte: DIEESE. SAG-DIEESE - Sistema de Acompanhamento de Greves
OBS: A soma das parcelas é superior ao total porque uma greve pode ter reinvindicações de mais de um caráter
Greves, segundo caráter das reivindicações
Brasil, 2016
nº %
Propositivas 721 34,4
Defensivas 1.694 80,9
Manutenção das condições vigentes 839 40,1 Descumprimento de direitos 1.165 55,7
Protesto 271 12,9
Total 2.093 100