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INSPEÇÃO ESCOLAR DA IMPLEMENTAÇÃO DA LEI Nº 10

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Academic year: 2021

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INSPEÇÃO ESCOLAR DA IMPLEMENTAÇÃO DA LEI Nº 10.639/03 NO ENSINO PRIVADO: UMA PROPOSTA PARA EQUIPE DE PROFESSORES

INSPETORES ESCOLAR DA SECRETARIA DE ESTADO E EDUCAÇÃO DO RIO DE

JANEIRO

VIVIANE RODRIGUES SANTOS ANGELO Mestranda do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Relações

Etnicorraciais – PPRER do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca – CEFET/RJ; Especialista em

Educação das Relações Étnico-Raciais do PENESB-UFF; e em História da África e do negro no Brasil da UCAM; E-mail: vividenzel@hotmail.com RESUMO

No contexto onde após mais de 10 anos da lei 10.639 de 9 de janeiro de 2003, que modificou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96, estabelecendo obrigatoriedade ao ensino da História e Cultura afro-brasileira e africana nas instituições que fazem parte do sistema de ensino brasileiro, embora o reconhecimento de muitos avanços, a sua efetivação no cenário nacional como política pública em educação, vem percorrendo caminhos tensos e complexos que demandam a mobilização da sociedade civil para que seja garantido nas escolas o direito à diversidade etnicorracial. A proposta vem idealizar uma ação de intervenção envolvendo o Poder Público Estadual, através da atuação do profissional de Inspeção Escolar da Secretaria de Estado e Educação do Rio de Janeiro que, como agente de educação, poderia ter incluído às suas atividades profissionais, ações focais em atendimento as recomendações do Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Etnicorraciais e para o Ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana, direcionadas para o Sistema de Ensino Estadual, dentre elas a realização de consulta às escolas sobre a implementação das Leis 10.639/03 e 11.645/2008, através da construção de relatórios e avaliações do levantamento realizado. Visando primeiramente a observância do cumprimento da lei em questão, do ponto de vista qualitativo, a ação de inspeção da implementação da lei

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teria como base a análise do comprometimento das instituições de ensino privado, dentro de uma perspectiva de educação inclusiva e democrática, com o compromisso de combater o racismo e todas as formas de discriminação, a partir de projetos e práticas que respeitem, valorizem e reconheça as diferenças. Assim, buscaremos refletir nesse artigo sobre uma possível articulação entre o exercício desses profissionais em apoio aos atuais desafios trazidos pela implementação desta lei de âmbito nacional que estabelece novas diretrizes e práticas pedagógicas envolvendo discussões sobre currículo, relações sociais, e identidade dos sujeitos envolvidos, no interior das instituições de ensino privado.

Palavras-Chaves: Lei 10.639/03. Inspeção Escolar. Ensino privado.

1 INTRODUÇÃO

A ideia deste trabalho impulsionado pela concepção de pesquisa-ação, onde se vincula à pesquisa a ideia de transformação dos atores e da realidade, começa na oportunidade em que o curso de Educação para as Relações Raciais do PENESB-UFF1, propõe aos seus cursistas a elaboração de uma pesquisa onde teoria e prática, dialogassem no processo de investigação.

Nessa perspectiva, onde a pesquisa se articula em seu processo de construção do conhecimento, dentro de uma concepção de incorporação de ações como dimensão constitutiva, a pesquisa-ação é “mais do que uma abordagem metodológica, é um posicionamento diante de questões epistemológicas fundamentais, como a relação entre sujeito e objeto, teoria e prática, reforma e transformação social.” (MIRANDA; RESENDE, 2006, p.516)

Desta forma, com base em “uma modalidade de pesquisa que considera a intervenção social na prática como seu princípio e seu fim último” (MIRANDA; RESENDE, 2006, p.511), através dos conteúdos apresentados ao longo desta especialização foi possível um trabalho que se propõe a realizar uma investigação convertida em possibilidade de ação, favorecendo ao pesquisador uma atuação efetiva sobre a realidade estudada. Vinculando teoria e prática no processo de

1 Programa de Educação sobre o Negro na Sociedade Brasileira – Faculdade de Educação da

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construção do conhecimento, o trabalho é pensado dentro do contexto de minha atuação profissional como Professora Inspetora Escolar da Equipe de Acompanhamento e Avaliação da Secretaria de Estado e Educação do Rio de Janeiro.

A abordagem proposta no desenvolvimento do trabalho, surge de reflexões em torno da lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003 que modificou a LDBN2 nº 9394/96, estabelecendo obrigatoriedade ao ensino da História e Cultura Afrobrasileira e Africana nos sistemas de ensino brasileiro. A lei federal de âmbito de política educacional de Estado, que faz parte de uma modalidade de política que atende as demandas das Políticas de Ação Afirmativas, voltadas para a valorização da identidade, da memória e das culturas negras, simboliza um marco histórico das lutas antirracistas no Brasil e vem possibilitando um salto para renovação da qualidade social da educação brasileira, mediante a incorporação da diversidade etnicorracial na pauta das práticas escolares.

Diante das demandas relacionadas à implementação da lei n.º 10.639/03, onde são apontados em estudos de pesquisadores como Gomes (2009) um diagnóstico que revela ainda um nível incipiente de iniciativas para a concretização da lei e suas respectivas formas de regulamentação (Resolução CNE/CP 01/2004 e Parecer CNE/CP 03/ 2004) como política pública, dada à responsabilidade, “do MEC, dos sistemas de ensino, das escolas, gestores e educadores na superação do racismo e na educação das relações étnico-raciais” (GOMES, p.40, 2009), acreditamos que é um dever das Secretarias Estaduais de Educação atuarem em conformidade e parceria com o governo federal, através de medidas que concorram para a efetivação dessa legislação que configura uma política pública curricular de educação, e de Estado, vinculada a garantia do direito a educação.

Essa legislação e suas diretrizes curriculares precisam ser compreendidas dentro do complexo campo das relações raciais brasileiras sobre o qual incidem. Isso significa ir além da adoção de programas e projetos específicos voltados para a diversidade étnico-racial

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realizados de forma aleatória e descontínua. Implica a inserção da questão racial nas metas educacionais do país, no Plano Nacional de Educação, no Plano de Desenvolvimento da Educação, nos planos estaduais e municipais, na gestão da escola e na nas práticas pedagógicas e curriculares de forma mais contundente. (GOMES, 2009, p. 41)

No contexto onde após mais de 10 anos da lei, embora o reconhecimento de muitos avanços, a sua efetivação no cenário nacional como política pública em educação vem percorrendo caminhos tensos e complexos, que demandam a mobilização da sociedade civil para que seja garantido nas escolas o direito à diversidade étnico-racial. Gomes (2009) alerta sobre os limites e possibilidades enfrentados, apontando sobre as dificuldades da universalização de sua adoção nos sistemas de ensino, tal como são expressas em algumas pesquisas sobre a fragilidade das implementações em unidades de ensino, evidenciadas em experiências que não garantem o seu pleno cumprimento, muito em decorrência com o “confronto com as práticas e com o imaginário racial presente na estrutura, e no funcionamento da educação brasileira, tais como o mito da democracia racial, o racismo ambíguo, a ideologia do branqueamento.” (GOMES, 2009, p.40) Assim, este trabalho vem refletir sobre uma possível articulação entre o exercício profissional dos inspetores escolar da Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro, em apoio aos atuais desafios trazidos pela implementação da lei nº 10.639/03 que, em nível nacional, vem estabelecer novas diretrizes e práticas pedagógicas que reconheçam e valorizem a importância dos africanos e dos afrodescendentes no processo de formação nacional, envolvendo discussões sobre currículo, relações sociais, e identidade de alunos e alunas.

2 INSPEÇÃO ESCOLAR X IMPLEMENTAÇÃO DA LEI Nº 10.639/03

A proposta idealizou uma ação de intervenção envolvendo o Poder Público Estadual, através da atuação do profissional de inspeção escolar que, como agente de educação do estado, poderia ter incluido as suas atividades profissionais

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ações focais, visando a observância qualitativa do comprometimento das instituições de ensino, com uma educação democrática, de qualidade, que combata o racismo e todas as formas de discriminação, respeitando e valorizando as diferenças, conforme as orientações do Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Etnico-Raciais e para o Ensino da História e Cultura Afrobrasileira e Africana (PNI DCN ERER) que trás no seio de suas recomendações, as principais ações direcionadas para o Sistema de Ensino Estadual, dentre elas a realização de “consulta às escolas sobre a implementação das Leis 10.639/03 e 11.645/2008, e construir relatórios e avaliações do levantamento realizado.” (PNI DCN ERER, 2009, p.32).

Atuando como funcionária pública concursada da SEEDUC-RJ3, no acompanhamento e avaliação da rede de ensino público e privado que fazem parte do Sistema de Ensino Estadual, conforme previsto na LDBN nº 9.394/96, em artigo nº 17, I e III4, através da realização de visitas in loco para inspeção do funcionamento e regularidade das instituições de ensino, buscou-se refletir sobre a viabilidade de uma possível articulação entre as principais ações recomendadas ao Sistema de Ensino Estadual, materializadas pela atuação do inspetor escolar que já atua com o objetivo de inspecionar as unidades de ensino.

E diante da proposta de uma pesquisa-ação onde se deve propor a teoria efetivada, neste caso, idealizada como prática, refletimos sobre o trabalho do inspetor escolar que é conduzido pelas diretrizes de uma coordenadoria, atuando dentro de uma lógica de trabalho onde as práticas são sustentadas e encaminhadas em consonância com diretrizes educacionais, através de serviços de rotina e de ações empreendidas com base em legislações educacionais, em conjugação com um trabalho de consulta sobre da implementação da lei no interior das escolas.

A Portaria Normativa da Coordenação de Inspeção Escolar nº 03, de 19 de setembro de 20015, que versa sobre as atribuições dos profissionais de inspeção,

3 SEEDUC. Secretaria de Estado e Educação do Rio de Janeiro.

4 LDBN, Art. n.º17, I, III: Os Sistemas de Ensino dos Estados compreendem: as instituições mantidas pelo

Poder

Público Estadual e as instituições se ensino fundamental, médio criadas pela iniciativa privada;

5 Portaria da Coordenação de Inspeção Escolar do Governo do Estado do Rio de Janeiro/

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informa que a Coordenadora da Coordenadoria de Inspeção Escolar, no uso de suas atribuições legais, considera diversos princípios da educação, tais como, a garantia do padrão de qualidade e a liberdade de ensino que se acha condicionada ao cumprimento das normas gerais da educação nacional, e do respectivo sistema de ensino, bem como dever do poder público na autorização do funcionamento de escolas e avaliação da qualidade de ensino ali ministrado, para atribuir as funções pertinentes ao cargo. Assim, resolve no seu artigo 1º, que cabe ao inspetor escolar planejar a dinâmica de sua atuação em consonância com as diretrizes estabelecidas pela Coordenadoria de Inspeção Escolar. O parágrafo único deste artigo prevê que a ação do Inspetor Escolar: "dar-se-á, prioritariamente, de modo preventivo e sob a forma de orientação, visando evitar desvios que possam comprometer a regularidade dos estudos dos alunos e a eficácia do processo educacional.” (PORTARIA E/COIE. E Normativa n.º03, de 19/09/2001)

No artigo 2º sobre as atribuições do Inspetor, temos que a função precípua desse profissional é zelar pelo bom funcionamento das instituições de ensino público e privado, vinculadas ao Sistema de Ensino Estadual, realizando avaliações permanentes sob o ponto de vista educacional e institucional, verificando:

a) a formação e a habilitação exigidas do pessoal técnico-administrativopedagógico, em atuação na unidade escolar. b) a organização da escrituração e do arquivo escolar, de forma que fiquem asseguradas a autenticidade e a regularidade dos estudos e da vida escolar dos alunos. c) o fiel cumprimento das normas regimentais fixadas pelo estabelecimento de ensino, desde que estejam em consonância com a legislação em vigor. d) a observância dos princípios estabelecidos na proposta pedagógica da instituição, os quais devem atender à legislação vigente. e) o cumprimento das normas legais da educação nacional e das emanadas do Conselho Estadual de Educação - RJ. (RIO DE JANEIRO, PORTARIA E/COIE.E Normativa n.º03, de 19/09/2001)

de Desenvolvimento do Ensino de 19/09/2001, que fixa as atribuições do Inspetor Escolar, publicada em DOERJ em 27 de setembro de 2001, p. 55.

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No artigo 3º desta portaria compreende as atribuições específicas do inspetor, além do acompanhamento contínuo às unidades de ensino, que dentre outras, está à divulgação de matéria de interesse relativo à área educacional e “manter fluxo horizontal e vertical de informações, possibilitando a realimentação do Sistema Estadual de Educação, bem como sua avaliação pela

Secretaria de Estado de Educação.” (RIO DE JANEIRO, PORTARIA E/COIE. E Normativa n.º03, 2001)

Compreendendo que a legislação em questão, que se trata de uma política educacional que vem garantir o direito a educação de qualidade para todos e, analisando o PNI DCN ERER, que trás indicações sobre as atribuições específicas a cada setor envolvido no sistema de ensino, para a operacionalização colaborativa visando o cumprimento das determinações legais sobre a implementação da lei, soma-se a experiência de fazer parte da equipe de Inspeção Escolar, e da vivência do trabalho sistemático de acompanhamento e avaliação no universo de escolas da rede pública e particular de ensino, oportunizando o surgimento da ideia de elaboração de um Plano de Ação para Inspeção Escolar da Implementação da Lei nº 10.639/03, na prática de acompanhamento e avaliação de Professores Inspetores Escolares, que já possuem dentre as suas atribuições a inspeção do cumprimento das normas legais da educação nacional, além da obrigação de manter um fluxo horizontal e vertical de informações que realimente o Sistema Estadual de educação.

Com base nas atribuições do inspetor trazidas pela Portaria E/COIE nº 03, no seu artigo n.º 2, e compreendendo que é função precípua desse profissional, zelar pelo bom funcionamento das instituições vinculadas ao Sistema de Ensino Estadual, na observância dos princípios estabelecidos na proposta pedagógica das instituições, atenta-se para um ponto de interseção entre o trabalho do inspetor e a ação de realização de consulta sobre a implementação da lei nº 10.639/03, em instituições escolares, quando uma das recomendações às instituições de ensino contidas no PNI

DCN ERER, prevê que sejam reformulados “o seu Projeto Político Pedagógico adequando o seu currículo ao ensino de história e cultura afrobrasileira e africana

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(...) assim como os conteúdos propostos na Lei 11.645/03.” (PNI DCN ERER, 2009, p.38)

Nessa perspectiva em que o inspetor tem sido o único agente representante do Poder Público Estadual na esfera educacional, a transitar no interior das instituições de ensino mantidas pela iniciativa privada, de nível fundamental e médio, observamos como uma possibilidade em potencial, a atuação desses profissionais no cumprimento das ações atribuídas ao Sistema de Ensino Estadual, nas orientações contidas no PNI DCN ERER, em um contexto onde esses estabelecimentos de ensino não têm recebido apoio, orientação e consultas sobre a implementação da lei.

A idealização dessa proposta de intervenção tem como propósito assegurar o direito à igualdade de condições de vida e de cidadania da população brasileira, assim como garantir igual direito às histórias e culturas que compõem esta nação, além do direito de acesso às diferentes fontes de cultura nacional a todos brasileiros, em cumprimento ao estabelecido na Constituição Federal de 1988, nos seus artigos 5º, I, art. 210, art. 206, I,§ 1º do art. 242, art. 215 e art.216, bem como nos art. 26 e 79B na Lei de Diretrizes e Bases nº 9394/96.

A partir de experiências enquanto inspetora dessa equipe, no contato com um determinado universo de instituições de ensino, percebe-se a fragilidade da atuação do Sistema de Ensino Estadual diante do seu papel atribuído pelo PNI DCN ERER, principalmente no universo das instituições mantidas pela iniciativa privada que, embora gozem da autonomia para construção de sua linha pedagógica, devem segundo artigo 7º da LDBN, cumprir com as normas gerais da educação nacional e do respectivo sistema de ensino, bem como ser avaliada pelo Poder Público. Nesse sentido, embora possamos afirmar que atualmente, a via de entrada do Poder Público Estadual nessas instituições privadas ocorrem por parte dos profissionais de inspeção escolar, observamos que a prática de sua atuação não tem se direcionado para o acompanhamento das ações que vão interferir no currículo, como é o caso da ação proposta neste trabalho.

Diante dos dados apresentados, a pesquisa está fundada na proposta de articulação entre atuação do profissional de inspeção escolar no uso de suas atribuições, em consonância com as

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Diretrizes Curriculares da lei nº 10.639/2003, do Parecer CNE/CP 003/20046 e da Resolução CNE/CP 01/20047 que, constituem marco legal para orientação das instituições educacionais sobre as suas atribuições no que diz respeito à incorporação da diversidade etnicorracial da sociedade brasileira nas práticas escolares.

Sendo assim, a pesquisa vem propor uma ação que poderia fazer parte das diretrizes da Coordenadoria de Inspeção Escolar, com fins específicos para consulta sobre a implementação da lei, articuladas com as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações ÉtnicoRaciais e para o ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana (DCN ERER), conjuntamente com o seu Plano Nacional de Implementação, que tem como finalidade intrínseca a institucionalização da implementação da Educação das Relações Étnico-Raciais, por meio da compreensão e do cumprimento da lei.

Através da leitura do PNI DCN ERER que foi construído como um documento pedagógico, com o intuito de balizar os sistemas de ensino, foram abertos caminhos para se refletir, a partir das atribuições específicas dada a cada um dos atores envolvidos, tais como os Sistemas de Ensino, os Conselhos de Educação, dos Grupos de Colegiados e Núcleos de Estudos, como poderão ser operacionalizadas, de maneira colaborativa, as intervenções visando implementar a lei, nos diversos níveis e modalidades de ensino, em consonância com seu objetivo específico de criar e consolidar agendas propositivas para disseminação da lei, garantindo condições adequadas para o seu pleno desenvolvimento como política de Estado.

O instrumento para consulta da implementação elaborado nesta proposta, denominado Programa de Trabalho, é um questionário que visa nortear as ações em campo do inspetor, voltadas para inspeção qualitativa da implementação da lei nº 10.639/03, e foi organizado fundamentado nas recomendações às instituições

6 Parecer Conselho Nacional de Educação/ Conselho Pleno nº 03, publicada em 03 de março de

2004, onde são estabelecidas orientações de conteúdos a serem incluídos e trabalhados e também as necessárias modificações nos currículos escolares, em todos os níveis e modalidades de ensino.

7 Resolução Conselho Nacional de Educação/ Conselho Pleno nº 01, publicada em 17 de junho de 2004,

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de ensino da rede pública e particular e seus respectivos níveis de ensino, tais como:

a) Reformular ou formular junto á comunidade escolar o seu Projeto Político Pedagógico adequando seu currículo ao ensino de história e cultura da afrobrasileira e africana, conforme Parecer CNE/CP 03/2004 e as regulamentações dos seus conselhos de educação, assim como os conteúdos propostos na Lei 11645/08; b) Garantir no Planejamento de Curso dos professores a existência da temática das relações etnicorraciais, de acordo sua área de conhecimento e o Parecer CNE/CP 03/2004; c) Responder em tempo hábil as pesquisas e levantamentos sobre a temática da Educação para as Relações etnicorraciais; d) Estimular estudos sobre Educação das Relações Etnicorraciais e história e cultura africana e afrobrasileira, proporcionando condições para que professores, gestores e funcionários de apoio participem de atividades de formação continuada e/ou formem grupos de estudos sobre a temática; e) Encaminhar solicitação ao órgão de gestão educacional ao qual esteja vinculada para a realização de formação continuada para o desenvolvimento da temática; f) Encaminhar solicitação ao órgão superior da gestão educacional ao qual a escola estiver subordinada, para fornecimento de material didático e paradidático com intuito de manter acervo específico para o ensino da temática das relações etnicorraciais; g) Detectar e combater com medidas socioeducativas casos de racismo e preconceito e discriminação nas dependências escolares. (PNI, 2009, p.38)

E a ação de inspeção será realizada respaldada pelas principais ações destinadas ao Sistema de Ensino Estadual, citadas pelo PNI DCN ERER.

Para a viabilização de um trabalho como o proposto, acreditamos que inicialmente seria essencial que a SEEDUC e a Coordenação de Inspeção Escolar atuassem com base nas principais ações atribuídas ao Sistema de Ensino Estadual, principalmente que diz respeito à promoção da formação continuada para os quadros funcionais do sistema educacional, para os assuntos relacionados à diversidade, incluindo a educação das relações etnicorraciais, possibilitando a equipe uma formação condizente com a temática proposta, favorecendo não

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somente realização de consultas, mas também o apoio e orientação às escolas através de ações colaborativas para a implementação da lei.

Promover formação para os quadros funcionais do sistema educacional, de forma sistêmica e regular, mobilizando de forma colaborativa atores como os Fóruns de Educação, Instituições de Ensino Superior, NEABs, SECAD/MEC, sociedade civil, movimento negro, entre outros que possuam conhecimento da temática. (PNE, 2009, p.32)

Para qualquer atuação no que diz respeito à lei nº 10.639/03 não é aceitável que sejam ações improvisadas, pois na prática das relações sociais sabemos que se trata de um campo específico, ao mesmo tempo tenso, alvo de muitas resistências no campo social, e de opiniões baseadas no senso comum formadas através de mitos como o da democracia racial que atua no imaginário social da população brasileira, com a crença de que somos todos tratados como iguais, e que convivemos de maneira harmoniosa, dando a impressão de que o racismo já foi superado. Esses mitos corroboram para o esvaziamento de ações que envolvem princípios que vão muito além da inserção de conteúdos em disciplinas, mas, de uma (re) educação das relações etnicorraciais que devem ser incorporadas na estrutura curricular e nas ações pedagógicas. Segundo Munanga (2005), considerando o imaginário e as representações do inconsciente coletivo onde são cultivadas as crenças, os estereótipos e os valores será preciso descobrir e "inventar técnicas e linguagens capazes de superar os limites da pura razão e tocar no imaginário e nas representações (...) deixar aflorar os preconceitos escondidos na estrutura profunda do nosso psiquismo.” (MUNANGA, 2005, p.19)

Por tudo isso, além de toda articulação para a elaboração do questionário norteador de um trabalho voltado para a prática da inspeção da implementação da lei, acreditamos que seja fundamental que a equipe de inspetores seja submetida a uma capacitação que contemple conteúdos baseados nas novas diretrizes de uma educação inserida no conjunto das políticas que visam a qualidade e o direito de todos, pela via das Políticas de Ações Afirmativas.

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Sabendo que no cotidiano escolar convivem diferentes visões de mundo, estilos de vida, crenças, costumes, etnias, e todos os aspectos que compõem a cultura, além das complexas relações sociais existentes na sociedade, e partindo do pressuposto que o currículo não é neutro e nem tem transmissão desinteressadas, a compreensão da lei nos permite observar o campo conflitivo com que ela vem dialogando. E partindo desse ponto, acreditamos que a formação continuada precisa ser respaldada por fundamentações específicas em torno da (re)educação das relações étnico-raciais, buscando maior comprometimento com as Políticas de Ações Afirmativas, e tornando a ação de inspeção e avaliação efetivamente mais criteriosas, visando a realização de consultas que tenha condições de interferir de maneira crítica e analitíca com base nos princípios de igualdade preconizados por lei, na prática do exercício da orientação às escolas, sobre os fatores da estruturas para o ensino que favorecem ou não, ao cumprimento da legislação, até a verificação das bases filosóficas inseridas nas propostas pedagógicas que corroboram ou não com uma perspectiva ampla e inclusiva do tema em destaque.

Para a análise dos dados apurados no questionário para a consulta sobre a implementação da lei também será necessário utilizar como base os aspectos recomendados aos Níveis de Ensino Fundamental e Médio, tal como, a tarefa de “incluir, nas ações de revisão dos currículos, discussão da questão racial e da história e cultura africana, afrobrasileira e indígena como parte integrante da matriz curricular;” (PNI, 2009, p.52)

Abordar a temática etnicorracial como conteúdo multidisciplinar e interdisciplinar durante todo o ano letivo, buscando construir projetos pedagógicos que valorizem os saberes comunitários e a oralidade, como instrumentos construtores de processos de aprendizagem. [...] Apoiar a organização de um trabalho pedagógico que contribua para a formação e fortalecimento da auto-estima dos jovens, dos(as) docentes e demais profissionais da educação; (PNI, 2009, p.50)

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Assegurar formação inicial e continuada aos professores e profissionais desse nível de ensino para a incorporação dos conteúdos da cultura Afrobrasileira e indígena e o desenvolvimento de uma educação para as relações etnicorraciais. [...] Implementar ações, inclusive dos próprios educandos, de pesquisa, desenvolvimento e aquisição de materiais didático-pedagógicos que respeitem, valorizem e promovam a diversidade a fim de subsidiar práticas pedagógicas adequadas a educação para as relações etnicorraciais. Prover as bibliotecas e as salas de leitura de materiais didáticos e paradidáticos sobre a temática Etnicorracial adequados à faixa etária e à região geográfica das crianças. (PNI, 2009, p.51)

A trajetória do curso de especialização sobre a Educação das Relações Raciais, somada as recomendações do Plano de Implementação, deram condições para organização do questionário para inspeção através da seleção de algumas categorias para a análise, com base nos enunciados da legislação. E sendo assim, o instrumento para inspeção da implementação da lei foi dividido em três etapas, onde a primeira diz respeito a Escrituração da escola, envolvendo algumas documentações que fazem parte do universo escolar. A segundo etapa está relacionada aos aspectos da estrutura para o ensino e a terceira aos recursos humanos para a implementação da lei, observado através das ações da Equipe Técnica Pedagógica e Docente.

É importante enfatizar que a viabilização da implementação de uma proposta como a elaborada para esse projeto, dependeria de força e vontade política que centrasse na ação dos inspetores, que já realizam um acompanhamento sistemático nas escolas, a ação de consulta, acompanhamento e avaliação sobre a implementação da lei nº 10.639/03, uma vez que essa faz parte de uma norma da educação nacional. Portanto a construção desta proposta de Plano de Ação consiste numa construção ideológica por constituir uma ação voltada para uma esfera do serviço público, na forma de políticas públicas, demandando de determinações do Poder Público Estadual, no estabelecimento de diretrizes que atuassem em consonância com o trabalho do inspetor.

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Atualmente, observo em minha prática profissional como inspetora que, a realidade das instituições escolares que oferecem o ensino fundamental e médio, mantidas pela iniciativa privada, no uso de sua autonomia pedagógica, como preconiza o artigo nº 7 da LDBN, atuam sem nenhum tipo de acompanhamento e avaliação que dê suporte e supervisione suas práticas pedagógicas no que diz respeito a implementação da lei, diferente da rede pública estadual que recebe o acompanhamento de uma gerência específica de ensino vinculada à Secretaria de Educação. E diante desse cenário, podemos afirmar que todos os setores que fazem parte da Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro se detêm ao serviço de atendimento as unidades da rede de ensino público estadual, e que a única via de entrada do Poder Público Estadual do Rio de Janeiro, às unidades de ensino mantidas pela iniciativa privada tem sito pelas vias da equipe de Professores Inspetores Escolar que atendem a rede de maneira ampla, através de visitações que atualmente, estão centradas muito mais na ação de regularização da vida do aluno, através das certificações dos alunos concluintes do ensino médio das escolas ativas e extintas, do que na observância do cumprimento da LDBN inseridos nos princípios básicos estabelecidos na proposta pedagógica e no efetivo trabalho escolar, bem como nas ementas do trabalho efetivamente desenvolvido por componente curricular, na forma da legislação.

Embora estas práticas não estejam sendo praticadas, as mesmas estão previstas na ação sistemática do inspetor no ato da verificação e liberação da listagem de alunos concluintes que deverão ser publicados no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, com a autenticação do inspetor, onde cumina na ação de preenchimento do Programa de Trabalho que, determina que sejam apresentados os documentos que compõem o arquivo escolar, conforme Deliberação CEE n.º 239/19998.

Assim, o trabalho que se apresenta consiste em refletir sobre possíveis estratégias de atuação, que sejam viáveis, e voltadas para a consulta, acompanhamento e orientação de escolas no que diz respeito à implementação da lei n.º10.639/03

8 Deliberação do Conselho Estadual de Educação que regulamenta o arquivo de documentos escolares

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através, da equipe de Professores Inspetores Escolar da CDIN/SEEDUC9, no seu trabalho de acompanhamento em instituições de ensino da educação básica, somando esforços às atribuições do Sistema de Ensino Estadual no acompanhamento das ações que devem ser empreendidas à favor da construção de uma escola plural, democrática, de qualidade, que combata o racismo, as discriminações e o preconceito através do respeito e da valorização das diferenças que constituem a cultura da sociedade brasileira.

3 (RE)EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ETNICORRACIAIS X

IMPLEMENTAÇÃO DA LEI

O texto inserido nos artigos 26A e 79B da LDBN pela promulgação da lei nº 10.639 em Janeiro de 2003, suas regulamentações, Diretrizes Curriculares Nacionais e o planejamento para a implementação das Diretrizes, compreendidos no contexto das interações sociais e históricas que se dinamizam na sociedade brasileira, denotam a emergência de sua aplicabilidade dentro de um conjunto de medidas que pretendem corrigir desigualdades procedentes de discriminação, seja atual ou do passado, sofrida pela população negra brasileira.

Os 12 (doze) anos da promulgação desta lei que constitui um marco histórico nas lutas do movimento negro por uma educação anti-racista para o enfrentamento das injustiças e combate à reprodução dos preconceitos raciais do sistema de ensino brasileiro, nos conduz a indagações a cerca do que mudou com relação às marcas das desigualdades e discriminações que operam nos sistemas de ensino. Marcas que ainda povoam as diversas pesquisas no campo das relações raciais em educação demonstrando as sutilezas das manifestações racistas no cotidiano escolar, através do poder da linguagem na reprodução das discriminações, bem como na orientação eurocêntrica em detrimento de outras histórias que tanto contribuíram para a formação da cultura brasileira.

A palavra implementar é um verbo transitivo que, segundo dicionário conota ação de pôr em prática, em execução ou assegurar a realização de alguma coisa, ou seja, de levar algum plano à prática por meio de alguma providência

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concreta. E partindo desses conceitos precisamos considerar que para o diálogo em torno da implementação da Lei nº 10.639/03 será necessário assegurar que sua realização seja efetivada por meio da compreensão do seu contexto social e de todas as contradições em que a mesma será submetida. Nesse sentido, faz parte de um conjunto de políticas de combate ao racismo, no interior de uma sociedade que, embora tenha reconhecido, em nível do Estado nacional, a existência das discriminações raciais, possui em sua natureza histórica, econômica e social a prática da omissão e/ou negação do objeto que se pretende combater.

Dentro das complexas e peculiares interações que se articulam no universo de uma sociedade multicultural e pluriétnica como a brasileira, para compreensão da lei não podemos negligenciar os fatores históricos que permeiam o processo de identificação dos diversos grupos, sob os efeitos hierárquicos das relações assimétricas herdadas do período colonial, bem como, o imaginário social que se forma influenciado pelas distorções criadas sobre a diversidade biológica e cultural da humanidade, e que atuam nas representações sociais que temos sobre os grupos que convivem em disputa cultural, estética, de valores, e acima de tudo, posição socioeconômica. Convívio este que, ainda atuam sob as bases ideológicas racistas que incutem no inconsciente dos indivíduos, um determinado modelo humano a seguir e outro a se rejeitar.

Entendemos que para que sejamos introduzidos ao tema das relações raciais será essencial que tenhamos como base analítica o cenário histórico que permeia o Pensamento Social Brasileiro, atravessado pelas questões relacionadas à raça que, desde as últimas décadas do século XIX ocupa espaço de destaque no debate social no Brasil. E partindo da análise de Iolanda e Sacramento (2010), que classificaram como fases do Pensamento Racial Brasileiro, é possível observar que, na contemporaneidade ainda tendamos a dialogar socialmente influenciados pelos princípios instaurados na segunda fase do Pensamento Racial. Onde, embora a raça tenha deixado de ser considerado um fator exclusivo para o destino da nação, foi o momento em que se consolidou a ideia de existência da democracia racial, onde até hoje se convive com a crença otimista da interação dos diferentes grupos raciais no Brasil. Ou seja, ainda é possível identificar discursos que se valem das crenças originadas no passado brasileiro, ainda que nos períodos

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posteriores esses discursos tenham sido superados pelo questionamento sobre democracia racial, a comprovação da autonomia da raça em relação à classe social e a existência de formas de discriminação racial.

Constatamos na atualidade que, mesmo com o reconhecimento do Estado brasileiro sobre a existência do racismo e a necessidade da promoção de reparação em consonância com a valorização junto aos grupos excluídos por meio das Políticas de Ações Afirmativas, que a ausência desse debate pautado na história, pelas vozes da sociedade civil, representada pelas instituições de ensino, mídias, ONGs, espaços culturais, etc., vem fragmentando e prejudicando a tardia compreensão no que diz respeito às desiguais relações que se desenvolvem no interior de uma sociedade multirracial. Assim, constituindo uma carência social onde a superação demandaria da mobilização de toda sociedade, para um tema que é mais que emergencial.

Embora possamos afirmar que houve mudanças significativas na educação brasileira nas últimas décadas, seria equivocado supor que o exemplo positivo de implementação da lei do estudo de caso realizado para essa proposta de pesquisa, em uma instituição privada/ filantrópica no bairro do Engenho Novo do município do Rio de Janeiro, representa a maioria das instituições de ensino privado. Pois em análise as diversas pesquisas produzidas sobre a lei nas escolas, nos levam a pressupor que se tratar de uma exceção. Entretanto, observamos através dessa proposta que é possível desenvolver um trabalho pautado na lei com base na (re) educação das relações etnicorraciais, desde que a escola possua uma gestão de ensino preparada e fundamentada para a análise e compreensão da complexidade das relações raciais brasileiras, e a partir do acesso as produções que ajudem a refletir sobre as demandas contemporâneas no que diz respeito ao racismo no contexto educacional. Nesse sentido, será possível a compreensão da relevância e necessidade de se investir na formação continuada e adequada ao seu corpo técnico pedagógico e docente, bem como, dará condições para que todos possam participar coletivamente da construção da Proposta Pedagógica.

Compreendemos através do estudo de caso que, ainda que a maioria dos aspectos materiais escolhidos para análise nessa proposta de trabalho estejam presentes no espaço escolar, tal como livros didáticos e paradidáticos que atendam

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e valorizem as especificidades para aprendizagem da relações etnicorraciais, mapas do continente africano, e até mesmo a reformulação do Projeto Pedagógico adequando seu currículo a temática, não teremos a garantia de uma implementação que satisfaça as demandas preconizadas pelas DCN ERER que, partem de uma realidade social denunciada pelo Movimento Negro. Entendemos que para a implementação se fazer concreta e efetiva demandará principalmente da disposição e priorização da escola para o investimento dos seus recursos humanos que atuam diretamente nos processos educacionais. Portanto, compreendemos que, em um território escolar onde a gestão não é participativa ou democrática, e o corpo docente não é considerado o elemento essencial para empreender as mudanças necessárias, permaneceremos diante de um universo educacional comprometido, em seu papel de fornecer uma educação de qualidade para todos, conforme as legislações que pretendem a democratização da educação dentro de uma sociedade multirracial e pluriétnica.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho que inicia a partir da tomada de consciência dessas realidades foi desenvolvido com o propósito de subsidiar o acompanhamento da implementação da lei n.º 10.639/03 no interior das instituições de ensino, buscando refletir sobre mais um instrumento estratégico que venha cobrar e garantir o compromisso da sociedade brasileira, com o direito de educação de qualidade para todos e a garantia de políticas afirmativas para a parcela da sociedade atingida pela histórica postura permissiva do Estado brasileiro diante da discriminação e do racismo.

Acreditamos que o instrumento desenvolvido que, a princípio foi inspirado no trabalho do inspetor para consulta sobre a implementação da lei com base no PNI DCN ERER, poderá ser utilizado como um instrumento guia para todo e qualquer profissional da educação, comprometido com o desenvolvimento

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de uma cultura de auto-avaliação, a partir dos referenciais selecionados para essa pesquisa, ou mesmo para os membros da sociedade que mobilizados com a institucionalização das políticas de ações afirmativas, busquem um diálogo com as instituições de ensino com base nos marcos legais.

Entendendo a escola atual como um grande aparelho ideológico privado da hegemonia burguesa dominante e capitalista que, exploram e recriam as diferenças continuamente, acreditamos que será necessário um grande movimento social para que as vozes das populações historicamente discriminadas e excluídas sejam representadas e ampliadas nesse espaço de difusão ideológica. No contexto histórico das relações sócio raciais que se desenvolveram no Brasil, e que ainda se perpetuam far-se-á necessário que todos os integrantes do universo educacional tenham a experiência de conhecer os fundamentos históricos que os possibilitem compreender e ressignificar os sentidos e valores incutidos em nossos imaginários construídos socialmente. Ou seja, é mister que todos os profissionais sejam submetidos a (re) educação das relações étnico-raciais, tornando possível que a escola, não mais se preste ao papel de reprodutora de uma sociedade racista e injusta, mas sim, que se torne lugar de produção de uma nova cultura voltada para a transformação social de uma sociedade que se pretende equânime.

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