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Corioretinopatia de Birdshot e neovascularização de retina

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Academic year: 2021

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SHORT REPORT

Corioretinopatia de Birdshot e neovascularização de retina

Birdshot Chorioretinopa thy and retina/ neovasculariza tion

Michel Eid Farah 111

Aldo Noguera Mendaro 121 Maria Helena A. Silva IJI

" ' Professor Adjunto e Orientador da Pós-Graduação do Departamento de Oftalmologia da UNJFESP/EPM. m Ex-Fellow do Setor de Retina e Vítreo do Departamen­

to de Oftalmologia da UNIFESP-EPM .

'" Ex-Estagiária do Setor de Uveítes do Departamento de Oftalmologia da UNIFESP-EPM.

Endereço 1>ara correspondência:Michel Eid Farah ­ A v. lbijaú, 3 3 1 - 4" andar - Moema - São Paulo - SP ­ CEP: 04524-020.

Instituição: UNJFESP/Escola Paulista de Medicina

ARQ . BRAS. OFTAL. 60(6), DEZEMBR0/ 1 997

RESUMO

Os autores apresentam um caso raro de neovascularização de retina em um paciente com hipertensão arterial sistêmica e corioretinopatia de Birdshot. Além do quadro da uveíte, pode-se observar hemorragias retinianas peri­ vasculares, obstruções venosas discretas, neovascularização de retina e he­ morragias vítreas leves transitórias. Essas alterações podem estar relaciona­ das a co-fatores como vasculite crônica e à presença de zonas de não perfusão capilar associadas a vasculopatia retiniana hipertensiva.

Palavras-chave: Corioretinopatia; Birdshot; Neovascularização

INTRODUÇÃO

A corioretinopatia de Birdshot se caracteriza por ser uma doença ocular de etiologia desconhecida porém com evidencias fisiopatogenéticas imuno­ moduladoras devido a alta incidência de positividade do antígeno de histo­ compatibilidade HLA-A29 1 • 2• O qua­ dro clínico pode ser atípico, mas geral­ mente é bilateral e crônico com perío­ dos de exacerbações e remissões, afe­ tando pessoas de meia idade e idosos, comumente mulheres brancas 3• 4•

Nas fases iniciais e durante a evo­ lução, os olhos afetados são indolores e raramente vermelhos com mínima ou nenhuma reação inflamatória de câmara anterior, mas podendo apre­ sentar precipitados ceráticos no en­ dotélio corneano e ângulo camerular. O segmento posterior mostra infla­ mação crônica, com células no ví­ treo, vasculite retiniana, incompe­ tência da microcirculação dos capila­ res perifoveais, extravasamento de lí­ quido com formação de edema macu­ lar cistóide e ocasionalmente edema de papi la, além das características múltiplas lesões amareladas

dissemi-nadas ao nível do epitélio pigmen­ tário da retina (EPR) . 3•5

A associação de alterações eletrofi­ siológicas é incomum, podendo ocor­ rer diminuição da amplitude da onda b no eletroretinograma (ERG), com um eletroocul ograma (EOG) normal e adaptação ao escuro diminuída, altera­ ção da função de cones e bastonetes moderada a severa, e a presença, em alguns pacientes, da alteração na per­ cepção de cores 6• 7•

Os portadores desta doença podem apresentar perda progressiva da visão central 3• 4 causada por 1 ) - envolvi­ mento macular de 3 formas distintas : a) edema cistóide, b) descolamento seroso e c) atrofia geográfica; ou 2) comprometimento do disco óptico em forma de: a) papilite e b) atrofia óptica. Nas fases crônicas e tardias os prin­ cipais padrões de evolução são caracte­ rizados por atrofia progressiva de co­ róide semelhante a degeneração tapeto retiniana, resultando em um quadro clínico funcional de distrofia pigmen­ tária. Neste estudo, relatamos um caso de corioretinopatia de Birdshot com uma complicação rara relacionada a neovascularização retiniana.

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Corioretinopatia de Birdshot e neovascularização de retina

RELATO DO CASO

Paciente de 59 anos do sexo mascu­ lino, cor branca, apresentou-se com

queixa de baixa de acuidade visual em ambos os olhos, sendo pior no olho di­ reito há 5 anos. Referia ser portador de hipertensão arterial sistêmica (HAS)

Fig . 1 · Retinografia demonstrando hemorragias retinianas associadas às m últiplas áreas de despigmentação ( Farah e col)

Fig.2 - Retinog rafia revelando distribuição e aspecto pouco definido e i rregular das lesões (Farah e col).

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cromca compensada sob tratamento e baixa miopia. Ao exame a acuidade vi­ sual com correção era de 20/80 no olho direito e 20/40 no olho esquerdo, não apresentando reação inflamatória na câmara anterior ou precipitados ceráti­ cos subendoteliais em nenhum dos olhos. Observou-se células vítreas 1 +/4+ em AO.

A oftalmoscopia revelava em am­ bos os olhos, papilas normais, tortuosi­ dade vascular e engurgitamento veno­ so aumentados, estreitamento arterial difuso nos quatro quadrantes, sendo possível notar esclerose vascular mo­ derada e cruzamentos arterio-venosos patológic o s . Estavam presentes he­ morragias retinianas (Fig. l ) peri-vas­ culares e uma área suspeita de neovas­ cularização retiniana na arcada tempo­ ral inferior. A retina e a coróide apre­ sentavam áreas múltiplas de despig­ mentação disseminadas no polo poste­ rior, região peripapilar e hemisfério in­ ferior, de cor amarelada e de forma irre­ gular, com bordas pouco definidas e sem hiperpigmentação marginal (Fig. 2). Nas máculas havia finos exsudatos duros e edema cistóide bilateral.

Durante um ano a evolução natural demonstrou aumento da tortuosidade e engurgitamento venoso, apesar do con­ trole clínico da HAS, podendo-se ob­ servar à fluoresceinografia pequenas áreas de obstruções venosas discretas e zonas de não perfusão capilar associa­ das a neovasos retinianos nas arcadas vasculares nasais do olho direito e tem­ porais do olho esquerdo . Havia história de turvamentos visuais transitórios as­ sociados a discretas hemorragias ví­ treas recidivantes em AO.

DISCUSSÃO

As características clínicas da corio­ retinopatia de Birdshot se baseiam na presença de múltiplas lesões e áreas de despigmentação da coróide e do EPR, associadas invariavelmente a células no vítreo e extravasamento vascular, quadro acompanhado geralmente de

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Corioretinopatia de Birdshot e neovascularização de retina

edema macular cistóide e menos fre­ quentemente por edema de papila. Há predomínio das áreas de despigmen­ tação no hemisfétio inferior onde as lesões podem se apresentar aglutinadas e/ou haver distribuição assimétrica 7 .

A fluoresceinografia nessa doença é útil para demonstrar alterações como vazamentos maculares e papilares e neovascularização de coróide ou de re­ tina, sendo esta observação usada como um dos critérios diagnósticos da doença 8. Angiografia com indocianina

verde pode ser útil no diagnóstico dife­ rencial com base na detecção de lesões hipofluorescentes em número maior que as alterações oftalmoscópi cas . Deve-se observar a distribuição vaso­ trópica e a relativa ausência de altera­ ções na zona peripapilar e central da mácula 9 .

A neovascularização sub-retiniana localizada na região peripapilar como complicação observada na evolução da corioretinopatia de Birdshot pode ser devida a inflamação do nervo óptico associada a lesão do EPR, afetando a membrana de Bruch 3 .

Alterações como dilatações veno­ sas, embainhamento nas artérias peri­ papilares e veias periféricas da retina, aumento da tortuosidade vascular e pe­ quenas hemorragias retinianas podem estar associadas a vasculite retiniana 4• 7 .

A R Q . B R A S . O F T A L . 60(6), DEZEMB R0/ 1 9 9 7

No entanto, turvações visuais transitó­ rias associadas a pequenas hemorragi­ as pré-retinianas ou vítreas ocasionais e zonas de não perfusão capilar, mes­ mo discretas, geralmente estão relacio­ nadas a neovascularização de retina e/ ou disco óptico.

A esclerose vascular associada a pequenas obstruções vasculares e a neovascularização retiniana, podem fazer parte do quadro clínico presente nas complicações das vasculites, pro­ cessos inflamatórios insidiosos ou da retinopatia hipertensiva crônica 9.

A neovascularização neste caso pode ser conseqüência da associação das obstruções vasculares causadas pela vasculite retiniana crônica não tratada e agravada pela coexistência de HAS . As áreas de não perfusão, apesar de serem de pequena extensão, podem em conjunto nesta situação produzir fator angiogênico suficiente para o de­ senvolvimento de neovascularização .

SUMMARY

The authors describe a unusual case of retina/ neovascularization in a patient with sistemic arterial

hipertension and Birdshot

Chorioretinopathy. In addition to the uveitis, there were perivascular retina/ hemorrhages, discrete venous

oclusions, retina/ neovascularization and transient vitreous hemorrhages. This findings may be related to co­ factors as chronic vasculitis and the presence of capillary nonperfusion

areas associated to a hipertensive retina/ vasculopathy.

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