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IV - APELACAO CIVEL

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Academic year: 2021

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IV - APELACAO CIVEL 2000.51.01.006559-1

RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL POUL ERIK

DYRLUND

APELANTE : FATOR BR FOMENTO MERCANTIL LTDA

ADVOGADO : RODRIGO TOSTES DE A. MASCARENHAS E OUTROS

APELADO : CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRACAO

DO R.J.- CRA/RJ

ADVOGADO : FRANCISCO LUIZ DO LAGO VIEGAS E OUTROS

ORIGEM : SEGUNDA VARA FEDERAL DO RIO DE

JANEIRO (200051010065591)

RELATÓRIO

Trata-se de apelação interposta por FATOR BR FOMENTO MERCANTIL LTDA contra sentença proferida nos autos da ação ordinária que ajuizou em face do CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – CRA/RJ, sendo a vexata quaestio sumariada no decisum em epígrafe:

“FATOR BR FOMENTO MERCANTIL LTDA. propõe a presente ação de conhecimento, com pedido de antecipação dos efeitos da tutela, pretendendo: seja declarada a inexistência de relação jurídica que a obrigue a inscrever-se nos registros do réu e, em conseqüência, a pagar a respectiva contribuição; que seja o réu condenado a abster-se de praticar quaisquer atos que visem sua intimação, autuação ou execução em virtude de multas, taxas ou quaisquer emolumentos relativos à inscrição de sociedades naquele Conselho.

Alega, em síntese, que embora inexista qualquer obrigação legal determinando seu registro, o réu tem insistido em enviar-lhe intimações e lavrar autos de infração por suposta infringência ao art. 15 da Lei nº 4.769/65, e arts. 12, § 2º e 48 do Regulamento

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aprovado pelo Decreto nº 61.934/67; que não tem como atividade básica emitir pareceres, relatórios, planos, projetos, laudos ou assessoria em geral; que não realiza trabalhos na área da Administração; que a circunstância de, eventualmente, como empresa de ‘factoring’, manter em seus quadros administradores não torna, por si só, obrigatório seu registro naquele Conselho, uma vez que nos termos da Lei nº 6.839/80, a atividade básica da empresa é que será relevante para tal registro”.

(fls. 200)

Deferiu-se antecipação de tutela, às fls. 86 e verso.

O douto magistrado a quo julgou improcedente o pedido, entendendo, em suma, que a atividade de factoring se insere na área da Administração, sendo, portanto, de rigor a inscrição da empresa junto ao Conselho Regional de Administração.

Em suas razões de apelação (fls. 207/222), a empresa pugna pela reforma do decisum, reiterando toda a argumentação suso referida.

Contra-razões às fls. 241/245. É o relatório.

POUL ERIK DYRLUND Relator

V O T O

Ao que se extrai do art. 1º da Lei nº 6.839/80, a atividade-fim prepondera na aferição da obrigatoriedade e na determinação do conselho fiscalizador competente:

“Art. 1º - O registro de empresas e a anotação dos profissionais legalmente habilitados, delas encarregados, serão obrigatórios nas entidades competentes para a fiscalização do exercício das diversas

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profissões, em razão da atividade básica ou em relação àquela pela qual prestam serviços a terceiros”.

Sob outro viés, disciplinando a atividade do administrador, prescrevem a Lei nº 4.769/65 e o Decreto nº 61.934/67:

Lei nº 4.769/65

Art 2º A atividade profissional de Técnico de Administração será exercida, como profissão liberal ou não, VETADO, mediante:

a) pareceres, relatórios, planos, projetos, arbitragens, laudos, assessoria em geral, chefia intermediária, direção superior;

b) pesquisas, estudos, análise, interpretação, planejamento, implantação, coordenação e contrôle dos trabalhos nos campos da administração VETADO, como administração e seleção de pessoal, organização e métodos, orçamentos, administração de material, administração financeira, relações públicas, administração mercadológica, administração de produção, relações industriais, bem como outros campos em que êsses se desdobrem ou aos quais sejam conexos”;

Decreto nº 61.934/67

“Art. 3º A atividade profissional do Técnico de Administração, como profissão, liberal ou não, compreende:

a) elaboração de pareceres, relatórios, planos, projetos, arbitragens e laudos, em que se exija a aplicação de conhecimentos inerentes as técnicas de organização;

b) pesquisas, estudos, análises, interpretação, planejamento, implantação, coordenação e contrôle dos trabalhos nos campos de administração geral, como administração e seleção de pessoal, organização, análise métodos e programas de trabalho, orçamento, administração de matéria e financeira, relações públicas, administração mercadológica, administração de produção, relações industriais bem como outros campos em que êstes se desdobrem ou com os quais sejam conexos;

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c) o exercício de funções e cargos de Técnicos de Administração do Serviço Público Federal, Estadual, Municipal, autárquico, Sociedades de Economia Mista, empresas estatais, paraestatais e privadas, em que fique expresso e declarado o título do cargo abrangido;

d) o exercício de funções de chefia ou direção, intermediaria ou superior assessoramento e consultoria em órgãos, ou seus compartimentos, de Administração Pública ou de entidades privadas, cujas atribuições envolvam principalmente, aplicação de conhecimentos inerentes as técnicas de administração;

c) o magistério em matéria técnicas do campo da administração e organização.

Parágrafo único. A aplicação do disposto nas alíneas c, d, e e não prejudicará a situação dos atuais ocupantes de cargos, funções e empregos, inclusive de direção, chefia, assessoramento e consultoria no Serviço Público e nas entidades privadas, enquanto os exercerem”.

De início, destaco que o simples fato de se cuidar de uma empresa de factoring não implica, por si só, na obrigatoriedade do registro perante o Conselho Regional de Administração, providência esta, que não prescinde da aferição, in concreto, da atividade básica desenvolvida pela impetrante.

A Lei nº 8.981/95, com a redação dada pela Lei nº 9.430/96, define factoring como sendo a prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços; atividades que, a princípio, não se coadunam com aquelas evidenciadas na Lei nº 4.769/65.

Como cediço, a empresa de factoring não pode ser considerada instituição financeira, porque não realiza operações de créditos retornáveis à cessionária, sendo, de outra ponta, da natureza do contrato mercantil, em epígrafe, a liberação do faturizado na negociação dos créditos; disto se inferindo que a empresa culmina por administrar recursos próprios, o que, a

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exemplo do que já decidiu a Segunda Seção desta Colenda Corte, em caso de holding (TRF-2ª Região, 2ª Seção, EIAC nº 163941/RJ, rel. Des. Fed. Arnaldo Lima, DJ 15.12.2003), não basta, isoladamente, para se impor registro junto ao Conselho Regional de Administração.

Corroborando tal entendimento, o seguinte precedente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região:

“ADMINISTRATIVO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO. EMPRESA DE FACTORING. ATIVIDADE BÁSICA.

- Se a embargante possui como objeto atividade não contida naquelas arroladas no art. 2º da Lei nº 4.769/65, que levam à obrigação de submeter-se à fiscalização do CRA/RS, correta a decisão monocrática ao considerar indevida a multa.

- As empresas de factoring, conforme a definição dada pela Lei nº 9.430/96, não estão sujeitas ao registro no CRA.

- Nos termos do art. 1º da Lei nº 6.839/80 o registro é obrigatório em razão da atividade básica da empresa ou em relação àquela pela qual preste serviços a terceiros.

- Com a reforma da sentença, são invertidos os ônus da sucumbência.

- Apelação provida”.

(TRF-4ª Região, AC nº 20022.72.04.000130-4/SC, rel. p/ acórdão Des. Fed. Silvia Goraieb, DJ 30.03.2005)

A partir do exame do contrato social da empresa, e das alterações coligidas aos autos, tem-se como objeto social da mesma:

CONTRATO DE CONSTITUIÇÃO

“Cláusula 3ª - A Sociedade tem por objeto a administração de bens próprios e a participação em outras sociedades, civis ou comerciais, como acionista ou quotista”.

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Objeto Inalterado

SEGUNDA ALTERAÇÃO

“Cláusula 3ª - A sociedade tem por objeto: a) A prestação de assessoria e consultoria a terceiros, nas áreas administrativas, financeiras, comerciais, tributárias, e de sistemas; b) A administração de contas a receber e a pagar; c) A compra total ou parcial de títulos de créditos, representativos de vendas ou de prestação de serviços prestados por terceiros; d) Efetuar todas as operações de ‘factoring’ no mercado nacional e internacional de importação e exportação”.

TERCEIRA ALTERAÇÃO

“Cláusula 3ª - A sociedade tem por objeto social:

a) A prestação contínua dos serviços inerentes às atividades de fomento mercantil, ou seja, acompanhamento do processo mercadológico ou de aquisição de matérias-prima/insumos ou de contas a receber e a pagar ou de avaliação de riscos ou de concessão de crédito ou de outros serviços que vierem a necessitar as empresas-clientes;

b) Conjuntamente com a aquisição ‘pro soluto’ dos créditos (direitos) das empresas-clientes resultantes de vendas de seus produtos, mercadorias ou de prestação de serviços, realizadas a prazo;

c) Realizar operações inter-FACTORING e;

d) Efetuar negócios de FACTORING no comércio internacional de importação e exportação”.

Destarte, cingindo-se a atividade da empresa à prática de fomento mercantil, afigura-se ilegítima a exigência do registro da mesma junto ao Conselho Regional de Administração (fls. 71), sendo, por conseguinte, descabida a cobrança da anuidade contra a qual se insurge in casu (fls. 43/45); o que deságua no provimento do recurso.

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Ante o exposto, dou provimento à apelação. Condeno o CRA/RJ a proceder ao cancelamento do registro da empresa-autora; bem assim, a restituir os valores que lhe foram pagos a título de anuidades e supostas infrações, conforme se apurar em liquidação, devidamente corrigidos e acrescidos de juros de mora de 6% ao ano, contados da citação.

Condeno o réu, ainda, a arcar com honorários advocatícios, que fixo em R$ 600,00 (seiscentos reais); bem como a restituir ao autor os valores expendidos com as custas processuais, de acordo com o parágrafo único do art. 4º, da Lei nº 9.289/96.

É como voto.

POUL ERIK DYRLUND Relator

E M E N T A

ADMINISTRATIVO. CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO – FACTORING.

1 – O simples fato de se cuidar de uma empresa de factoring não implica, por si só, na obrigatoriedade do registro perante o Conselho Regional de Administração, providência esta, que não prescinde da aferição, in concreto, da atividade básica desenvolvida pela impetrante.

2 - A Lei nº 8.981/95, com a redação dada pela Lei nº 9.430/96, define factoring como sendo a prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços; atividades que, a princípio, não se coadunam com aquelas evidenciadas na Lei nº 4.769/65.

3 - A empresa de factoring não pode ser considerada instituição financeira, porque não realiza operações de créditos retornáveis à cessionária, sendo, de outra ponta, da natureza do contrato mercantil, em epígrafe, a liberação do faturizado na negociação dos créditos; disto se inferindo que a empresa culmina por administrar recursos próprios, o que, a exemplo do que

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IV - APELACAO CIVEL 2000.51.01.006559-1

já decidiu a Segunda Seção desta Colenda Corte, em caso de holding (TRF-2ª Região, 2ª Seção, EIAC nº 163941/RJ, rel. Des. Fed. Arnaldo Lima, DJ 15.12.2003), não basta, isoladamente, para se impor registro junto ao Conselho Regional de Administração.

4 – Apelação a que se dá provimento. ACÓRDÃO

Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Membros da Oitava Especializada Turma do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, por unanimidade, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator, que fica fazendo parte do presente julgado.

Rio de Janeiro, 9 de agosto de 2005 (data do julgamento). POUL ERIK DYRLUND

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