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Ser mãe: as expectativas para o exercício da maternidade

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Academic year: 2021

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SER MÃE: AS EXPECTATIVAS PARA O EXERCÍCIO DA MATERNIDADEI BE MOTHER: THE EXPECTATIVES FOR THE EXERCISE THE OF MATERNITY

Francine Savi MondoII

Rosa Cristina Ferreira de SouzaIII

Resumo: Este artigo discute as perspectivas acerca da maternidade, considerando seu contexto

histórico, o papel da mulher na sociedade, a identidade socialmente construída sobre o papel materno e a subjetividade que permeia as experiências relacionadas ao tema. A pesquisa teve como objetivo identificar as expectativas relacionadas à maternidade e fatores ao seu entorno, como sentimentos pertinentes e a percepção sobre o papel de mãe. Para cumprir tal objetivo, foram entrevistadas 10 gestantes que estavam à espera do primeiro filho, gestando do sexto ao nono mês. Portanto, trata-se de uma pesquisa com caráter qualitativo, pois busca os significados atribuídos à maternidade pelas participantes. De acordo com os resultados, foi possível identificar que tanto a percepção acerca do papel de mãe quanto as expectativas de exercer o papel, estarão ligadas a diversos fatores, como por exemplo a experiência subjetiva de cada mulher no papel de filha, o contexto social ao qual esta mulher pertence, a influência das informações obtidas através do senso comum, os conhecimentos científicos e da literatura. Dentre as percepções obtidas, ser mãe foi associado à responsabilidade, doação e proteção/zelo, enquanto os sentimentos associados ao exercício deste papel foram apontados: o amor e a ansiedade. A maternidade foi considerada como uma relação de proteção, segurança, tal qual um porto-seguro. Foi possível identificar preocupação das gestantes com relação a quem o filho será na sociedade, e o fato de que, quem ele venha a ser está relacionado ao sucesso ou fracasso do papel de mãe.

Palavras-chave: Ser Mãe. Significado de Maternidade. Expectativa da maternidade.

Abstract: This article discusses the perspectives on motherhood, considering its historical

context, the role as women in society, the socially constructed identity on the maternal role and the subjectivity that permeates the experiences related to the theme. The research aimed to identify expectations related to motherhood and factors around it, such as pertinent feelings and the perception of the role as mother. To fulfill this objective, 10 pregnant women who were expecting their first child were interviewed, gestating from the sixth to the ninth month. Therefore, it is a qualitative research, as it seeks the meanings attributed to motherhood by the participants. According to the results, it was possible to identify that both the perception of the role as mother and the expectations of playing the role will be linked to several factors, such as the subjective experience of each woman in the role as daughter, the social context to which this woman belongs, the influence of information obtained through common sense, scientific knowledge and literature. Among the perceptions obtained, being a mother was associated with responsibility, donation and protection / zeal, while the feelings associated with the exercise of

I Artigo apresentado como trabalho de conclusão de curso de graduação em Psicologia da Universidade do Sul de

Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Psicólogo (a).

II Acadêmico (a) do curso de Psicologia. E-mail: smfran@hotmail.com

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this role were pointed out: love and anxiety. Motherhood was considered a relationship of protection, security, just like a safe haven. It was possible to identify the pregnant women 's concern about who the child will be in society, and the fact that who they become is related to success or failure in the role of mother.

Keywords: Being a Mother. Meaning of Maternity. Expectation of motherhood.

INTRODUÇÃO

A maternidade é definida como o exercício do papel de mãe pela mulher. "As práticas que envolvem a maternidade [...] estão pautadas em conceitos arraigados de que a mesma é um instinto inerente às mulheres, imbuídas do mito do amor materno, visto como natural". (FARINHA; SCORSOLINI-COMIN, 2018, p. 189). Portanto, o conceito de maternidade está atrelado à mulher e suas atribuições enquanto mãe.

As características atribuídas à maternidade vão se modificar de acordo com a região, tempo, contexto e sociedade. De acordo com Tourinho (2006, p. 1) “A construção social do ideal materno no ocidente advém da própria transformação dos conceitos e ideais de criança e família, transformação que se tem documentada desde início no século XVI e arrastou-se lentamente pelos séculos”. Portanto, há de se considerar que as perspectivas com relação à maternidade não são estáticas e sim mutáveis, e irão se modificar de acordo com alguns fatores, que poderão influenciar direta ou indiretamente na forma como as pessoas vão construir sua representação do papel materno ou seja, sua concepção acerca do mesmo.

Lemos e Kind (2017) destacam que a figura da mulher é culturalmente vinculada ao papel de mãe, ou seja, ao se falar de maternidade, é imprescindível falar também da mulher e seus outros papéis. Pereira (2016, p. 27) destaca que “a mulher, que até os anos 1950 transitava apenas no universo doméstico, agora acumula funções de provedora, de cuidadora dos filhos e de zeladora de sua aparência”. Portanto, dentre tantas mudanças sociais no que se trata da mulher e suas funções, com o passar dos anos ela deixou de ter apenas o lar como seu habitat natural e começou a desempenhar outros papéis, dentro de empresas, escolas e tantos outros lugares, que no passado eram reservados apenas aos homens.

Além das expectativas envoltas ao papel da mãe, consequentemente, ocorreram mudanças na visão da sociedade perante a mulher. De acordo com Moura e Araujo (2004) foi a partir do século XVIII e principalmente no século XIX, que se desenhou uma nova imagem da mulher e sua relação com a maternidade, na qual o bebê e a criança transformaram-se nos objetos privilegiados da atenção materna. E então, surgem como valores necessários para a maternidade, a devoção e a presença vigilante da mãe para com os filhos, elementos sem os

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quais os cuidados necessários à preservação da criança não poderiam mais se dar. Aumentaram então as responsabilidades maternas e ocorreu uma crescente valorização da mulher-mãe, vista agora como a “rainha do lar”, a qual seria dotada de poder e respeitabilidade.

No início do século XX, através dos meios de comunicação, começa a surgir um novo fator, que foi de grande influência para a mudança na percepção da sociedade acerca do papel materno e como este deveria ser exercido. De acordo com Tomaz (2015) os periódicos e os manuais foram ferramentas fundamentais na disseminação das ideias que iriam construir o imaginário da mãe moderna, o qual deixou de ser baseado apenas na sabedoria das avós, sogras, comadres, vizinhas, parteiras e curandeiras, e passou a ser dominado pela ciência, mais especificamente das pesquisas e teorias científicas.

Moura e Araujo (2004, p.45) destacam que “[...] as variações que as concepções e práticas relacionadas à maternagem apresentam são produzidas por uma série de agenciamentos sociais”. Portanto, considera-se que, um dos fatores que têm grande impacto sobre a percepção e idealização do papel materno pela mulher, são os conhecimentos e opiniões que tiveram sua origem no senso comum, principalmente os que são originados da percepção e história de vida dos mais idosos, que são considerados socialmente, como pessoas mais sábias, pelas suas experiências de vida.

Na atualidade, outros fatores também passaram a influenciar a forma como a mãe virá a cuidar do filho e perceber a maternidade. Além da opinião dos mais idosos e a opinião médica, acrescentam-se às pesquisas científicas, os dados obtidos nos meios eletrônicos – que nem sempre são confiáveis, mas que estão à sua disposição e alcance – e, também às informações adquiridas através de seus círculos sociais, dos quais compartilham experiência e conhecimentos acerca do desenvolvimento infantil, dentre outros temas que fazem parte da vida de uma criança e da mãe.

Considerando a forte influência do contexto social sobre a subjetivação de significados e significantes para o sujeito, no que tange a maternidade, Tourinho (2006) descreve que as normas sociais impostas são capazes de operar uma série de mecanismos psicológicos para que os ideais maternos sejam incorporados pelas mulheres, sendo que estes mecanismos, muitas vezes, serão os causadores de sentimentos que vão da culpa ao medo.

Considerando a subjetividade humana, as singularidades que permeiam o sentir e agir, é possível que nem toda mulher será tão influenciada socialmente, a ponto de ter medo ou culpa, do mesmo modo que nem toda mulher se sentirá feliz e realizada com a maternidade, ou seja, cada uma terá sua particularidade e de acordo com sua história, haverá fatores que serão

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contingentes para forma com que ela irá significar suas experiências e despertar seus desejos, medos e realizações.

Esta pesquisa busca conhecer as expectativas da mulher que será mãe pela primeira vez, com relação ao exercício da maternidade, afim de agregar informações sobre o tema da maternidade no campo da psicologia, visto que na busca por dados anteriores nas bases de dados BVS-Psi, Pepsic e Google Acadêmico.

Em sua maioria, as pesquisas trazem a maternidade no contexto de saúde pública (em alguns casos, o da violência obstetrícia) ou dos impactos dela na sociedade, sendo um dos exemplos, a forma como a maternagem modifica o contexto no qual a mãe está inserida, seja o fato de ela ser vivida na adolescência ou as influências no papel profissional da mulher. Portanto, pouco foi encontrado sobre a percepção da própria gestante sobre a maternidade, sendo o mais próximo desta pesquisa, o estudo desenvolvido por Piccinini et al. (2008) sobre a constituição da maternidade, que pesquisou sobre as sensações e significados atribuídos por primíparas à percepção de si mesma como gestante, como era o relacionamento com o parceiro e expectativas relacionadas ao parto e maternidade.

Este estudo tem o propósito de contribuir com a produção acerca do tema, agregando ao acervo de dados científicos sobre as expectativas das gestantes com relação à vivência da maternidade, considerando os possíveis influenciadores de sua esfera de sentido, referentes ao contexto da atual sociedade em que vivem.

Identificar os sentimentos e pensamentos das mães na atualidade, possibilitará refletir acerca dos valores que têm sido impostos no contexto social do século XXI, marcado pelos modelos que tem se intensificado através da influência de mídias sociais, das quais surgem padrões ideais e que podem trazer uma ambivalência de sentimentos para as gestantes. Também identificar fatores que estarão presentes em seu meio e capazes de influenciar seus pensamentos e expectativas acerca da vivência da maternidade, permitindo identificar qual o modelo atual de ideal materno pelas gestantes e refletir sobre os possíveis fatores que influenciaram as mesmas para elaboração do significado e sentido atribuídos à maternidade. Assim, buscou-se identificar as expectativas relacionadas ao exercício da maternidade para mulheres que serão mães pela primeira vez. Foi preciso identificar o sentido e o significado de maternidade para as mesmas e qual a compreensão destas sobre o papel de mãe, para que estas informações fossem vinculadas a quais atitudes e comportamentos que elas, como mães, consideram que devem ter. Por fim, associar estas informações aos sentimentos relacionados ao exercício da maternidade.

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A MULHER NA SOCIEDADE

A percepção que a sociedade tem sobre a mulher e seu papel social se distancia daquela do início das civilizações e, mesmo no século XXI difere de um lugar para outro. Dados históricos, apontam para inferiorização da mulher na sociedade. Patti (2004, p.22) descreve que “Em Atenas no século V a. C., através dos registros históricos vê-se uma sociedade onde a mulher é considerada inferior, marginalizada e perigosa”. O fato apontado pela autora, de que a mulher era vista como inferior ao homem, têm se datado desde os primórdios, quando a atividade principal era a caça, que era executada pelo homem, já que uma série de fatores classificava a mulher como menos apta para tal atividade.

Como raramente as mulheres participavam da caça – tendo que tratar dos filhos e da coleta individual – decretou-se que elas permaneceram “menores sociais e culturais”. Descritas como mais lentas, mais fracas, menos coordenadas ou sujeitas a mudanças de humor em razão de seu ciclo menstrual, objetos sexuais que perturbam o grupo, as mulheres, que não tinham os mesmos motivos para se ligarem entre si, teriam sido condenadas, naturalmente, a se submeter aos homens mais fortes, mais inteligentes, mais corajosos. (BADINTER, 1986, p.37)

Naquele período, cabia à mulher os cuidados referentes à alimentação e afazeres da casa, como agricultura, cuidar das crianças, atividades que não eram vistas com tanta importância quanto a caça. Ou seja, sempre houve um estigma acerca do que estava a mulher apta para realizar ou não. Tourinho (2006, p. 8) aponta que no século XIX “condenava-se o trabalho extra-doméstico como desperdício físico de energias femininas, da saúde e da capacidade de desempenho das funções maternais, além de elemento comprometedor da dignidade feminina”. Atualmente, ainda existem fragmentos históricos impostos pela cultura, de que a mulher é o sexo frágil que, se comparada ao homem, este será mais forte. Entretanto, mudanças vêm acontecendo na estruturação social promovendo quebras em alguns paradigmas.

Beltrame e Donelli (2012) destacam que a mulher vem ocupando espaços sociais, deixando de ser apenas responsável pelos afazeres do lar e pelos cuidados maternos. Seu ingresso no mercado de trabalho e uso de contraceptivos, podem ser considerados alguns dos fatores responsáveis pela desconstrução da visão da mulher apenas como mãe, pois ela começa a ser lembrada em outros ambientes, pelas novas funções e papéis. Isso pode ter acarretado em novidades na reorganização das famílias, que deixam de ter o padrão clássico e passam a se adequar conforme os planos e compromissos do casal, que não mais seguem um padrão social, no entanto, preservam algumas designações históricas, relacionadas aos papéis de gênero.

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Considerando historicamente a associação que se faz entre a mulher e seu instinto maternal, é preciso levar em conta um certo padrão social, de que se espera que ela tenha o desejo da maternidade, pois ainda existe este molde internalizado na sociedade. Lemos e Kind (2017, p. 841) destacam que “é como se a decisão de engravidar não precisasse ser pensada pela mulher, pois é tido como natural que isso aconteça e que ela cumpra sua missão biológica”, ou seja, a sociedade, deixa subentendido que cabe à mulher ter filhos, afim de cumprir seu papel biológico.

Para fins de organização, a sociedade acabou ao longo do tempo, criando padrões de comportamentos e valores estereotipados, considerados como verdades absolutas, criando representações sociais que serviram e servem até hoje de modelos a serem seguidos, ideais estes que foram internalizados e que ainda perpassam as gerações.

Se pensarmos em representações de papéis verificaremos que eles têm importantes funções estratégicas numa sociedade. Essas representações, de alguma forma, se caracterizam por ações repetidas de um modelo socialmente apreendido. O papel materno idealizado não foge a estes padrões: através das gerações, as mulheres se identificam com padrões de comportamento das mulheres de sua família e de sua comunidade modelados pelo discurso especializado. (TOURINHO, 2006, p.3)

Porém, considerando que todo ser humano tem a sua subjetividade, nem todas as pessoas se encaixam no padrão, seja ele de comportamento, ou de qualquer outro fator que esteja englobado na representação social daquele papel, e que faz parte da constituição do ser humano enquanto ser social.

Considerando a história da percepção social acerca da mulher, com relação à sua posição na sociedade da atualidade, Fabbro e Heloani (2010, p.184) apontam que:

A maternidade, não mais valorizada pela sociedade como antigamente, ainda é uma experiência importante e significativa para a mulher, ou seja, há um desejo em ser mãe assim como em ser pai. Por outro lado, a atividade profissional também proporciona uma identidade própria, socialmente supervalorizada. Contudo, o estereótipo da mulher moderna também impõe a obrigatoriedade de ser bem-sucedida, que aparece aliada à difícil tarefa de se mostrar forte, o que sujeita a mulher a agir conforme essas predicações.

Portanto, pressupõe-se, que o perfil social da mulher do século XXI, acaba por priorizar seu papel profissional e a desejar a maternidade, não como uma obrigação, mas pelo desejo de exercer este papel, de ter a experiência materna. Considerando todas as mudanças no contexto social quanto aos papeis exigidos de cada sexo, é possível afirmar que o papel da mulher na atualidade perante a sociedade, acaba por ser uma soma multifatorial de todas as conquistas ao

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longo dos anos. Hoje, ela finalmente passa a ter voz e desejos, seja de alcançar o sucesso na carreira profissional, de conquistar sua independência ou de exercer a maternidade.

MATERNIDADE

A maternidade é definida como o exercício do papel de mãe pela mulher. Na contemporaneidade, mesmo sem perceber, a família já vem preparando a menina para exercer o papel de mãe desde a infância, quando nas brincadeiras, instiga a mesma para brincar de casinha. Almeida (1985, apud TOURINHO, 2006, p.11) escreve que “com sua boneca, essa primeira amiga, (a menina) parece preparar-se de antemão para os cuidados da maternidade”. Portanto, na primeira infância, ao cuidar de boneca, de certa forma, agindo como um reflexo da própria mãe ou de quem cuida dela, mesmo que de forma indireta, existe uma inclinação social de imposição de que a menina se prepare para o papel que poderá exercer futuramente.

Até a maternidade chegar na concepção social que se tem sobre ela na atualidade, no século XXI, ela passou por diversas transformações. Moura e Araujo (2004) apontam que historicamente, o valor que é dado ao relacionamento mãe-criança nem sempre foi o mesmo, existem variações com relação às compreensões e práticas relacionadas à maternagem, e elas são fruto de uma série de agenciamentos sociais, tendo os discursos e práticas científicas um importante papel nessas compreensões.

Inicialmente, é preciso considerar as mudanças sociais acerca da infância, pois com as alterações na visão da sociedade sobre a criança, muda também a percepção sobre o papel da mãe na vida desta. Segundo Tourinho (2006) baseada nas análises feitas pelo antropólogo Àries, entre os séculos XII e XV não havia uma conscientização social, que diferenciasse a criança do adulto.

Não existia na idade média, entre os séculos XII e XV, o sentimento de infância como uma consciência da particularidade infantil capaz de distinguir a criança do adulto: logo que a criança era capaz de dispensar a ajuda da mãe ou da ama, depois de um desmame tardio que acontecia por volta dos sete anos de idade, ela ingressava na comunidade dos adultos: participava dos jogos e dos trabalhos e seus trajes também não a diferenciavam dos mais velhos, pois assim que deixava o cueiro, se vestia como os outros homens e mulheres, embora as roupas mostrassem a hierarquia social. (TOURINHO, 2006, p.3).

Durante este período, as crianças eram entregues a amas de leite ao nascer, e ficavam sob seus cuidados, até cerca dos 7 anos, quando retornavam às suas famílias de origem. Maldonado (2013) ressalta que eram tomados cuidados na escolha da ama, pois acreditavam que os valores eram adquiridos através da amamentação. As famílias não costumavam visitar

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as crianças neste período, portanto, não se tinha cuidado sobre como ele estava crescendo, se estava bem, ou se algo lhe faltava. Como consequência da falta de saneamento básico e poucos recursos, muitas crianças acabavam por falecer neste período, pelas condições precárias em que eram criadas e pela falta de assistência e conhecimento acerca dos cuidados necessários, principalmente os relacionados à higiene básica e alimentação.

O tratamento da criança e o sentido de infância começam a ser difundidos nos séculos XVI e XVII, quando passam a associar a criança a um ser que necessita de proteção e formação, e que cabe à família educar e proteger seus membros. Os pais começam a dar importância a informação de quantos filhos possuem, e as crianças passam a receber nomes próprios e saber sua idade. Segundo Tourinho (2006, p.4) “o cuidado dispensado aos pequenos passou a inspirar novos sentimentos e a nova atitude parental envolvia paparicos e focalização da criança como fonte de distração dos adultos”, portanto, pode-se considerar que é neste momento que nasce a maternidade para além do fato de gestar e amamentar, e as relações entre pais e filhos começam a se modular.

Moura e Araujo (2004, p. 46) apontam que “Após 1760 inúmeras publicações passaram a exaltar o “amor materno” como um valor, ao mesmo tempo natural e social, favorável à espécie e à sociedade, incentivando a mulher a assumir diretamente os cuidados com a prole”. Portanto, a mulher começa a exercer a maternagem e ser a responsável pela alimentação e educação dos filhos, inserindo nessa relação o afeto – que até então não era visto como algo importante, mas que a partir deste momento passa a ser visto como algo necessário para o desenvolvimento saudável da criança.

No século XIX, o filósofo J. J. Rousseau explana suas reflexões, sobre a importância da relação materno-infantil. Badinter (1985) aponta que as ponderações de Rousseau acerca dos papeis da mulher foram extremamente aceitas pela sociedade, principalmente no que tange ao papel materno, de que a maternidade deveria ser um exercício cumprido em tempo integral, e cabia a mulher adestrar os filhos, além de cuidá-los e educá-los com muito afeto, não podendo demonstrar raiva ou quaisquer sentimentos negativos, apenas zelo e amor. Portanto, se começa a perceber a influência dos pais na criação dos filhos, porém, idealiza-se essa relação levando a uma imagem de perfeição.

Ainda com relação a essas mudanças, Moura e Araujo (2004, p. 47) destacam que:

Nas classes favorecidas, a mulher passou a assumir, além da função nutrícia, a de educadora e, muitas vezes, a de professora. À medida, porém, que as responsabilidades aumentaram, cresceu também a valorização do devotamento e do sacrifício feminino em prol dos filhos e da família, que novamente surgiram no discurso médico e filosófico como inerentes à natureza da mulher. Assim, se por um

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lado as novas responsabilidades da mulher conferiam-lhe um novo status na família e na sociedade, afastar-se delas trazia enorme culpa, além de um novo sentimento de “anormalidade”, visto que contrariava a natureza, o que só podia ser explicado como desvio ou patologia.

Weber et al. (2006, p. 46) apontam que “os cuidados infantis vêm acompanhando o viver cotidiano das mulheres como algo inerente ao seu papel social” ou seja, os ideais dos últimos séculos, acabaram embutindo no papel da mulher que, dentre suas atribuições sociais, cabe a ela cuidar e zelar de seus filhos, principalmente durante a infância. Porém, com as mudanças no âmbito social, a mulher acabou adquirindo outros papéis e funções além da maternidade, tendo que contar com o apoio de terceiros para o cuidado de seus filhos, afim de dar conta de suas obrigações.

Outra influência, além da filosofia de Rousseau e dos conhecimentos médicos adquiridos, seriam as figuras feminina e materna da tradição cristã, associadas à maternidade. Kniebiehler e Fouquet (1980 apud MALDONADO, 2013) traz à tona essa reflexão, apontando Maria, mãe de Jesus, que engravidou sem ter relações sexuais sendo considerada uma pessoa pura, fraterna, amorosa, paciente, a qual deve servir de exemplo para as outras mães: exercer seu papel com dedicação total, sem espaços para medos ou culpas, apenas sentimentos bons e agradáveis. Assim, essa figura, mesmo que de forma indireta, têm grande influência sobre como as mulheres internalizam o que deve ser a boa mãe, e desejam ser enquanto mães, porém, esse anseio de ser a mãe perfeita, pode interferir nos sentimentos de insuficiência quando não alcançado esse padrão irreal e fantasioso da maternidade.

Outro ponto apontado por Maldonado (2013) é que a sociedade predispõe da visão que a mulher que não pode engravidar recebeu um castigo e a que engravidou recebeu uma benção. Esta percepção acaba por atingir a ambas, visto que considerando a subjetividade de cada sujeito, sua história, sua identidade, seus planos, seus significantes, o fato de engravidar não tem relação com má sorte ou boa sorte. É preciso considerar uma série de fatores biológicos e psíquicos envoltos na ação de engravidar, porém, é preciso considerar que o desejo maternal não está atrelado à possibilidade de o organismo gerar ou não um feto, e sim ao desejo de exercer a maternidade.

Desde a gestação já começam a surgir questionamentos, desejos e medos, que muitas vezes estão embutidos no ideal social, de que a pessoa deva cumprir a lista de quesitos para se tornar a mãe perfeita e não ser vítima de julgamentos ou sentir-se menos capaz por não suprir tais exigências impostas socialmente. Lemos e Kind (2017) descrevem que a construção da subjetivação materna é acompanhada do imperativo da locução verbal "ter que", que será sempre acompanhada de diferentes complementos: ter que amamentar, ter que brincar com os

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filhos, ter uma gama de papéis e executá-los perfeitamente bem, dedicando-se e dando o seu melhor em cada um deles, ter que ser ao mesmo tempo mulher, exercer o papel de mãe, ser profissional e dona de casa. Existe a necessidade de corresponder ao ideal de mãe perfeita, dedicada, heroína, santa, que a cultura ajudou a construir.

De acordo com os dados obtidos por Piccinini et al. (2008) em pesquisa acerca da gestação e constituição da maternidade, durante a gestação, a mulher começa a se reorganizar e reformular sua identidade, sendo que seus sentimentos e pensamentos começam a voltar-se para o bebê, ou seja, desde o momento gestacional a mulher já começa a se relacionar com o filho, e essa relação será a responsável por mudanças em seus comportamentos, atitudes e sentimentos diante das exigências externas.

Portanto, o exercício da maternidade no século XXI, vem acompanhado não só de expectativas de realização, mas também de medo e ansiedade, visto que o desejo de ser mãe muitas vezes é adiado ou questionado, em função da insegurança de não dar conta dos papéis já desempenhados pela mulher, somados às responsabilidades maternas, além do medo de não se sentir realizada neste papel, pois para cumprir seus compromissos, terá que contar com o apoio de terceiros para cuidar do(s) filho(s).

De acordo com Beltrame e Donelli (2012, p. 214):

As concepções a respeito da maternidade e da carreira fazem com que as mães criem estratégias nesses dois ambientes para conciliar os múltiplos papéis. Os estudos apontam que a crença da mãe como única capaz de cuidar do filho traz sentimentos de ansiedade e insatisfação na mulher. Já a supervalorização da carreira gera medo de provocar a falta excessiva ao bebê e uma terceirização demasiada dos cuidados com a criança.

Considerando os dados científicos atuais acerca da maternidade, tanto relacionado às expectativas quanto ao sofrimento e realização, é possível identificar que a filosofia de Rousseau foi tão intensa, que se internalizou um mito de amor materno, como algo inato, do qual vai discordar Badinter (1985) ao afirmar que o amor materno é construído e não determinação biológica. Ou seja, o desejo de maternidade não é algo que nasce com a mulher, mas que pode ou não nascer, de acordo com uma série de contingentes que irão determinar se ela quer ou não exercer este papel. Com relação à satisfação em desempenhar a maternidade, Correia (1998, p.369) destaca que:

[...] por um lado, permitiu a muitas mulheres viver a maternidade alegre e orgulhosamente, realizando-se numa atividade sentida como útil e gratificante. No entanto, por outro lado, desencadeou noutras mulheres um certo mal estar pois, por uma espécie de pressão ideológica sentiram-se obrigadas a ser mães sem que esse

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fosse um real desejo. Consequentemente, a sua vivência da maternidade caracteriza-se por uma certa culpabilidade e frustração não encontrando neste papel satisfação pessoal.

Assim sendo, apesar das modificações na sociedade, muitos paradigmas ainda estão internalizados culturalmente relacionados à maternidade e se fazem presentes no que tange a expectativa de exercer o papel de mãe. Desempenhar um papel, faz com que o sujeito o internalize como sua identidade, pois esta ação definirá quem ele é, como ele se apresenta, se sente e suas atribuições, ou seja, toda a representação social que permeia este papel.

IDENTIDADE

A identidade de um sujeito começa a ser definida desde o momento em que se descobre que ele está sendo gerado, ou seja, enquanto ele ainda está no ventre materno, durante a gestação. As pessoas com quem ele estará relacionado, já começam a desenvolver afeto pelo mesmo - sendo este sentimento positivo ou negativo -, e dão início a planejamentos e idealizações sobre da vida daquele ser, portanto, mesmo antes de nascer já existem expectativas acerca do bebê, as quais o colocam em um lugar social. As expectativas aumentam, conforme se vai tendo informações sobre o mesmo, como por exemplo, a descoberta do sexo biológico, fará com que o imaginem fazendo coisas que são atribuídas socialmente aquele gênero.

Portanto, a identidade do sujeito, vai se formando e moldando, conforme os contingentes que irão agenciar seus papéis, suas ações, o seu ser-ação no contexto social. Ciampa (1984) descreve a identidade, como algo além do nome, algo que vem a definir o sujeito, sendo caracterizado por seus personagens, ou papéis, que nada mais são, do que as atividades desempenhadas pela pessoa nos contextos aos quais ela pertence. Considerando a temática da maternidade, quando uma mulher exerce seu papel de mãe, este estará incluído em sua identidade, atividade que servirá para sua definição no contexto social.

Para Strey et al. (1998, p.161) a identidade é classificada como “imagem, representação e conceito de si; em geral, referem-se a conteúdos como conjunto de traços, de imagens, de sentimentos que o indivíduo reconhece como fazendo parte dele próprio”. Ainda segundo a autora, o conceito de identidade pode ser classificado como um conjunto de representações, que serão capazes de responder ao questionamento “quem és? ”, seja a resposta um nome, um pronome, um adjetivo, ou seja, tudo que for possível para que aquele sujeito seja denominado. A psicologia social utiliza do conceito de ‘apropriação’ para destacar a forma como a identidade é transformada e ativa, na relação que existe entre o indivíduo e o contexto

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sócio-histórico. Segundo Strey et al. (1998), o processo de construção do contexto sócio-histórico se dá através da externalização do psiquismo, que se interioriza posteriormente, transformado, e assim tendo um ciclo frequente, em um processo tido como contínuo de articulação entre o individual e o social. A identidade não tem prazo para se fechar, finalizar ou qualquer termo que determine que ela esteja pronta, pois estará em constante modificação, mesmo que a pessoa considere características como sendo sua essência, ela sempre estará se modificando.

Considerando que somos seres sociais, Ciampa (1987, p. 131) descreve que “interiorizamos aquilo que os outros nos atribuem de tal forma que se torna algo nosso”, ou seja, sem perceber acabamos sendo influenciados pelo meio em que estamos, fenômeno esse que ocorrerá desde a infância, pois é através do contexto que estamos inseridos que iremos aprender o que fazer, como fazer, as consequências das nossas ações e principalmente, interiorizar aquilo que dizem que somos e, carregamos isto como uma verdade absoluta que irá direcionar nossos comportamentos, sentimentos e pensamentos.

De acordo com Strey et al. (1998) para compreender o ser humano, além de entender sobre seu corpo e sua origem animal, é preciso também pesquisar como ele se constitui em um contexto sociocultural. O autor explica ainda que ao nascer o sujeito estará automaticamente dentro de um círculo social, e é dentro dele que ele absorverá regras, crenças e valores, que serão a base de seus comportamentos, seja de adesão ou de oposição ao que será aprendido.

Considerando a importância das representações sociais e do quanto os papéis formam a identidade de alguém, afirma-se que a representação social da mulher está intrinsecamente ligada ao papel materno, já que biologicamente, ela é quem tem a possibilidade de gestar um outro ser. Porém, foi no contexto cultural que se enraizou que seria função da mulher, cuidar, educar e ser a primeira pessoa a ser considerada responsável por aquele ser, sem considerar o fato que ela está inserida em círculo social, e que o mesmo estará também apto para auxiliá-la seja na criação, educação ou tantos outros cuidados que estão envolvidos no desenvolvimento infantil.

De acordo com Strey et al. (1998, p.163):

A identidade se configura como determinante, pois o indivíduo tem um papel ativo quer na construção deste contexto a partir de sua inserção, quer na sua apropriação [...] Sob essa perspectiva é possível compreender a identidade pessoal como e ao mesmo tempo identidade social. [...] O indivíduo se configura ao mesmo tempo como personagem e autor – personagem de uma história que ele mesmo constrói e que, por sua vez, o vai se constituindo como autor.

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Portanto, a partir do momento que a mulher assume a maternidade, ser mãe, fará parte da sua identidade, de quem ela é e o que faz. Assumir este papel, vai determinar como ela se sente e se enxerga, tanto de numa perspectiva subjetiva quanto coletiva. Por mais que ela tenha sua experiência única como mãe de determinada pessoa, ela também se encaixa em um grupo social, cujas atribuições lhe serão semelhantes, que é o fato de existirem outras mães.

Segundo Ciampa (1984, p. 64) “O conhecimento de si é dado pelo reconhecimento recíproco dos indivíduos identificados através de um determinado grupo social que existe objetivamente, com sua história, suas tradições, suas normas, seus interesses, etc.”. Ou seja, ao se conectar com outras pessoas pertencentes ao mesmo grupo social, a mãe se reconhece como tal, através de similaridades com esse público, que passaram pela mesma experiência e terão de lidar com situações parecidas.

Fabbro e Heloani (2010, p. 181) apontam que:

O lugar de mãe mostrou ser o lugar das inseguranças, incertezas e culpas, que influenciaram sua identidade pessoal e social de mãe [...] culpas e incertezas da necessidade de cumprir um papel social decorrente de um processo de socialização em que meninas e meninos interiorizam o mundo social como realidade objetiva, reproduzindo a dialética social. É no processo de interiorização que apreendemos um acontecimento objetivo como dotado de sentido, que se torna subjetivamente significado para mim, ou seja, ser mulher e ser mãe passam a ser tão fortemente interiorizados que nós nos sentimos obrigadas a seguir um tipo ideal de mãe que, quando não atingido da forma como a sociedade espera, nós mesmos nos culpamos.

A forma como a mulher irá internalizar e sentir a maternidade será fortemente influenciada pelo contexto no qual ela vive e por sua história, afinal, sua identidade é a soma de suas vivências, seus papéis, suas marcas, portanto, a sua percepção diante da maternidade, do exercício do papel de mãe, será resultado de uma série de fatores que a fizeram ser quem ela é. Segundo Ciampa (1984, p.66) “é na medida em que é pressuposta a identificação da criança como filho (e dos adultos em questão como pais) que os comportamentos vão ocorrer, caracterizando a relação paterno-filial”.

Muitas vezes, a representação social que se tem acerca de um papel, será a responsável pelas expectativas e exigências sociais sobre o mesmo. De acordo com Ciampa (1984)existem expectativas generalizadas de que a pessoa deve agir de acordo com o que é, ou seja, de acordo com sua identidade e, por conseguinte, será tratado como tal.

Portanto, como seres sociais, as mulheres carregam em sua identidade tanto o papel de mulher, quanto o papel de mãe, e com eles, todos os estigmas e expectativas que acompanham o mesmo. Isso influenciará diretamente na perspectiva que a mesma terá sobre a maternidade.

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MÉTODO

A proposta constitui-se como uma pesquisa de campo de abordagem qualitativa. Rauen (2015) apresenta que quando se trata de pesquisa com caráter qualitativo, considera-se o vínculo entre o sujeito e a realidade, no qual os dados não podem ser traduzidos em números ou estatísticas, mas avaliados a partir da interpretação e atribuição dos significados dados pelos participantes.

Considerando que existem poucos materiais acerca das expectativas em relação ao exercício da maternidade, a pesquisa visou investigar acerca do tema, contribuindo com conhecimentos sobre o mesmo. Assim, a pesquisa caracteriza-se como exploratória que, aponta Gil (1999, p. 43) “[...] são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato”, assim sendo, a pesquisa teve como intuito, buscar informações, se aproximando do problema de pesquisa e explorando sobre o assunto, permitindo pesquisas mais sistematizadas no futuro sobre o mesmo.

Participantes

Quanto às participantes da pesquisa, foram gestantes que estavam à espera do primeiro filho – que se encontravam entre o 5º e o 9º mês de gestação.

As participantes foram encontradas por acessibilidade, com relação a este tipo de amostra, Gil (1999, p.104) aponta que “o pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que estes possam, de alguma forma, representar o universo”.

As gestantes foram acessadas por meio de divulgação de um flyer em grupos de whatsapp de estudantes e profissionais de psicologia, e redes sociais das pesquisadoras, onde se solicitava encontrar mulheres que estivessem à espera do primeiro filho, e se encontrassem entre o quinto e o nono mês de gestação, que tivessem disponibilidade para entrevista online e aceitassem participar de uma pesquisa de conclusão de curso.

Participaram da pesquisa 10 mulheres que atendiam aos critérios de inclusão.

Instrumentos e procedimentos

A coleta de dados foi iniciada após autorização do Comitê de Ética em Pesquisa da Unisul, estando respaldada nos aspectos éticos conforme as resoluções 466/12 e 510/16 do

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Conselho Nacional de Saúde, sendo o parecer de aprovação protocolado pelo número 4.073.647.

O projeto de pesquisa inicial precisou passar por uma alteração, na forma como seria feita a coleta de dados (deixou de ser presencial e passou a ser online), durante o processo, foi enviado uma emenda ao CEP, via Plataforma Brasil, a qual também foi aprovada pelo Comitê de Ética.

Após aprovação, foi dado início a busca das participantes, através da divulgação de um flyer, em grupos em redes sociais de estudantes e profissionais de Psicologia, o qual indicava o público-alvo, e solicitava-se quem viesse a conhecer gestantes que se encaixassem no perfil, para que entrassem em contato, e assim foi feito.

No contato com as gestantes, era feito o convite inicial a pesquisa, apresentando o tema, os objetivos, o processo e confirmado com as participantes, que se tratava de seu primeiro filho e que se encontrava no tempo gestacional destacado (5º ao 9º mês). Após a confirmação e o aceite inicial, era encaminhado o documento com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e um áudio da pesquisadora fazendo uma breve explicação sobre o termo, após leitura do termo, as gestantes responderam se aceitavam participar ou não da pesquisa, algumas pararam de responder após esta etapa, e foram consideradas como desistentes, para as que aceitavam, era solicitado um dia/horário disponível para que fosse feita a entrevista. Solicitava-se que estivesSolicitava-sem sozinhas, em ambiente Solicitava-sem ruídos ou estímulos externos que tirasSolicitava-sem sua atenção – da mesma forma, a pesquisadora também se encontrava em um ambiente de sigilo e sem estressores externos. As entrevistas, tiveram duração entre cinco e 15 minutos.

Para coleta de dados foi utilizado o método de entrevista semiestruturada, que de acordo com Minayo (2009, p. 64) “[...] combina perguntas fechadas e abertas, em que o entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o tema em questão sem se prender a indagação formulada”.

Após a transcrição, o material passou pela análise de conteúdo, segundo Moraes (1999) este tipo de análise constitui uma metodologia de pesquisa que é usada para descrever e interpretar o conteúdo, de forma que conduz a descrições sistemáticas, sejam elas qualitativas ou quantitativas, auxiliando na reinterpretação das mensagens e atingindo uma compreensão de seus significados.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram entrevistadas 10 gestantes, que se encontravam do 6º ao 9º mês de gestação. Quanto à escolarização, oito possuem ensino superior completo, uma possui ensino médio completo e uma possui ensino médio incompleto. Todas as gestantes são casadas e exercem uma profissão: psicóloga, assistente administrativo, professora, publicitária, policial, fotógrafa, médica e engenheira. No momento da entrevista 8 das gestantes possuíam de 31 a 37 anos, uma gestante possui 20 anos e uma gestante de 28 anos. Com relação à religião, sete delas são católicas, uma espirita e duas frequentam mais de uma religião. Relacionado ao planejamento da gravidez, oito delas haviam planejado e duas engravidaram sem planejar.

Após transcrição das entrevistas, os resultados foram categorizados, a partir dos conteúdos das falas das participantes. Considerando o objetivo principal desta pesquisa, de identificar as expectativas relacionadas ao exercício da maternidade, foi possível observar que as expectativas têm relação com uma série de fatores, como o contexto no qual a mulher vive, o desejo de exercer o papel de mãe, a percepção deste papel e principalmente a história de vida da pessoa, que irá interferir diretamente na forma como ela deseja ser para este filho e exercer este papel. Entretanto, não foram observadas diferenças no que se refere à idade ou profissão das mães, portanto, as falas ilustradas não demarcam essa informação. Assim, as falas estão apenas indicadas por nomes fictícios.

Com relação ao sentido e significado atribuídos à maternidade, os aspectos que sobressaíram, foram: responsabilidade, doação e zelo/proteção. Em relação a responsabilidade, considera-se que uma criança é um ser que depende de alguém que lhe indique o caminho, que supra suas necessidades, até que ele próprio possa fazer isso, portanto, de forma geral, cabe aos provedores essas responsabilidades: educar, alimentar, estimular, guiar. Uma das gestantes, Tayná, aponta um exemplo, relatando que “lhe é (sic) dado um ser

cru, no qual cabe a você moldá-lo para o mundo”.

De acordo com Lemos e Kind (2017), essa dedicação da mãe contemporânea demonstra-se antagônica em relação às mães do passado, que entregavam os filhos aos cuidados das amas de leite e demonstravam indiferença em relação a eles. Portanto, percebe-se que a maternidade, no contexto atual, vem com uma face oposta ao passado, sendo o filho visto não só como alguém a quem cabe à mãe os cuidados inerentes à amamentação/alimentação e cuidados de higiene, mas como um ser por quem ela será inteiramente responsável, desde o suprimento das necessidades básicas, também a educação, afeto e valores.

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A categoria doação, está relacionada ao movimento de abdicar de sua liberdade e muitas vezes de suas vontades, em prol do filho. As participantes trazem o fato de que a partir do momento que se tornam mães, deixam de se colocar em primeiro lugar, dando a este ser a prioridade na sua vida. Um ponto interessante relacionado à categoria doação, identificado no discurso das participantes, é que, mesmo afirmando ser necessário abrir espaço na organização de sua vida para receber o filho (planos, na rotina), isso não significa deixar suas necessidades e sonhos de lado, mas adaptá-los, para que a partir daquele momento, eles possam ser alcançados em consonância com as necessidades do filho. Doação, está muito atrelada à forma como as mães das gestantes lidaram com as mesmas (na percepção delas). Cinthia ressalta: “Meus pais sempre fizeram de tudo para realizar meus desejos e do meu irmão, minha mãe sempre nos colocou em primeiro lugar, nos ajudaram a realizar nossos sonhos primeiro, para depois realizar os deles”.

A dedicação apresentada como uma das características da mãe contemporânea, parece se apoiar veementemente na ideologia Rousseana, a qual reforça um movimento de idealização e enaltecimento da figura da mãe. Ao se dedicar inteiramente aos filhos, as mães contemporâneas demonstram incorporar e fazer jus à imagem que foi construída desde o século XVIII, que idealiza a figura materna, como de “super mãe” ou “santa mãe”. (LEMOS; KIND, 2017).

Outro ponto encontrado no discurso delas, que também se encaixa na categoria de

doação seria o apontado por Taise: “diminuir a carga do trabalho e de outros compromissos,

em prol de passar mais tempo com ele”, portanto, abrir mão da energia depositada anteriormente no papel profissional, para participar de forma ativa e acompanhar o crescimento do filho. Com relação a estes pontos, Beltrame e Donelli (2012) descrevem que as concepções sociais relacionadas à maternidade e ao exercício profissional, acaba por fazer com que as mães que exercem uma profissão, acabem criando estratégias para conciliar ambos os papéis. Os estudos sobre esta relação, apontam que é natural que as mães tenham uma crença de que ela é a única capaz de cuidar do filho, e essa crença muitas vezes traz sentimentos de ansiedade e insatisfação para as mulheres. De acordo com as autoras, a supervalorização da carreira acaba por desencadear um medo de provocar a falta excessiva a criança, principalmente na fase em que ele é ainda é bebê, e uma terceirização demasiada dos cuidados com a criança pode vir a gerar frustração.

Portanto, percebeu-se que ao mesmo tempo em que há uma preocupação em participar ativamente da vida do filho e acompanhar seu crescimento, há também medo de não conseguir dar conta em um dos papeis. Todas as gestantes entrevistadas, possuem um papel profissional,

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e algumas vezes manifestaram, em suas falas, o desejo de alcançar o equilíbrio entre os dois papeis.

A terceira categoria relacionada ao significado de maternidade, que também apareceu de forma unânime, é proteção e zelo, que pode ser relacionada à confiança nesta relação mãe-filho, pautada nas categorias aceitação, sem medo de julgamento, sendo porto-seguro. Essas categorias representam a relação maternal, como um ambiente de segurança, que permite ao sujeito ser ele mesmo, sendo também para onde ele recorre para se sentir protegido. Percebe-se aqui, preocupação indireta com coisas externas (ambiente social) que podem vir a interferir em como o sujeito se sente, assim, independente do que a sociedade pensar ou dizer a seu respeito, haverá uma mãe para protegê-lo e lhe permitir um ambiente seguro, longe de julgamentos, pautado em aceitação.

Quanto a relação mãe-filho, Maldonado (2013) baseada nos apontamentos feitos por Badinter, ressalta que desde o século XX, foi delegado à mãe a responsabilidade de cuidar da saúde emocional dos filhos. Maldonado (2013) aponta também, a associação feita culturalmente da figura materna à imagem referencial cristã de Maria, mãe benevolente, humilde, bondosa, que seria sinônimo de proteção ao filho sofredor, mesmo que de forma indireta existe uma influência desta, de que está embutido na identidade materna, o senso de cuidado e proteção.

Quando se trata dos sentimentos relacionados à maternidade, destacam o amor, a

ansiedade. Inicialmente, o amor, que é o sentimento que socialmente mais está atrelado a

relação mãe-filho, uma das gestantes, Cristiane aponta que “é como se tivesse o coração batendo fora do peito, fosse uma extensão de mim mesma”.

Com relação à ansiedade, considerando ser este um sentimento normal, diante de algo novo, principalmente quando se trata de um papel ao qual está atrelado tanta responsabilidade, cada uma trouxe a ansiedade de uma forma diferente. Algumas demonstraram preocupação com o futuro próximo, de quando nascer o bebê, se saberá atender as necessidades do mesmo e outras apontaram uma ansiedade um pouco mais além, de preocupação com quem este filho será na sociedade, se será “uma pessoa de bem”, que vai respeitar os outros e se será empático. De certo modo, as duas se atravessam, porque como já dito anteriormente, elas têm uma preocupação com o ser ‘cru’ que estão recebendo, e que está sob suas mãos educar e suprir suas necessidades.

No que se refere às perspectivas das participantes em como vão exercer papel de mãe, muitos significados se assemelharam, destacando-se aspectos relacionados à educação, em grande parte relacionado à sua própria história de vida, de querer educar o filho, assim como seus pais a educaram. Percebeu-se medo de não impor limites o suficiente e resultar em ter que

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lidar com uma criança ‘mimada’ (adjetivo utilizado pelas próprias gestantes) ao se referir às crianças que fazem birra, não obedecem, não respeitam.

Durante as entrevistas, oito gestantes falaram que desejam educar e dar afeto ao filho, da mesma forma que receberam, como ressalta Fabrícia: “Eu e meu marido queremos educar ela da mesma forma que fomos educados, sabendo respeitar os demais, entendendo que mesmo que exista uma hierarquia na nossa relação, ela será pautada na parceria e confiança”.

Em contraponto, duas gestantes trouxeram o oposto, elas aprenderam com os pais o que não desejam ser para seu filho. Apesar de serem criadas de formas diferentes, ambas sentiram falta de afeto e pretendem criar os filhos numa relação onde seja possível encontrar o equilíbrio entre o educar, dar carinho e ser presente. Larissa aponta que sua educação foi rígida e tem medo de repetir o comportamento; Aline traz que seus pais focaram em demonstrar atenção através de bens materiais, fazendo com que lhe faltasse afeto.

Com relação à estas influências, Tourinho (2006) afirma que as representações, são caracterizadas por comportamentos repetidos de um modelo que foi aprendido socialmente. Segundo o autor, a idealização do papel materno não foge dos padrões: através das gerações, haverá identificação das mulheres com os padrões de comportamento das demais mulheres de sua família e/ou de sua comunidade. Ainda segundo Tourinho (2006, p. 17) “pra se ser uma mãe saudável é necessário conhecer-se, aceitar desejos e avaliar deforma prospectiva as atitudes de seus pais próprios pais, reconciliando-se com eles”.

Portanto, verifica-se a expressão da subjetividade de cada participante, e também que muitas de suas percepções e expectativas convergem considerando-se, assim, intersubjetividades no que se refere a expressão das expectativas sobre a maternidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com esta pesquisa foi possível concluir que as expectativas com relação à maternidade, são resultado de uma soma multifatorial de elementos que interferem em como as mulheres internalizaram o papel de mãe: a construção social acerca do ideal materno, os conhecimentos adquiridos através da leitura (seja de artigos científicos ou livros sobre o exercício da maternidade), os conhecimentos do senso comum - que é passado entre gerações -, e principalmente, a forma como se estabeleceu a relação entre ela e quem a criou. Ou seja, o contexto social no qual está inserida e as relações estabelecidas aí, propiciam sentimentos e comportamentos relacionados às expectativas e vivência da maternidade.

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Considerando os resultados obtidos, algumas categorias apontaram preocupação e reflexão acerca de quem o filho será no mundo, quem ele virá à ‘tornar-se’ como ser social, atribuindo para si (mãe) a responsabilidade sobre isso. Estes fatores são observados, quando elas atribuem como principal categoria relacionada à maternidade, a responsabilidade e trazem a educação como algo que não poderá faltar no seu exercício maternal. Os sentimentos de

ansiedade e medo aparecem ligados à essa preocupação. É possível relacionar estes dados à

perspectiva que as gestantes têm de serem competentes na educação dos filhos, de modo a serem aceitas socialmente e construírem uma identidade materna positiva.

Os estudos encontrados acerca do tema, em sua maioria, apresentam um contexto histórico da maternidade, ou fazem uma comparação do papel da mulher na sociedade em séculos anteriores e no atual. Considerando essas mudanças no papel da mulher e seus desejos e responsabilidades, as pesquisas atuais tem feito estudos associando a maternidade à profissão e/ou ao período vital em que ela ocorre (adolescência ou tardia). Também foram encontrados estudos recentes sobre a não-maternidade, os fatores associados à essa escolha, que até então não era uma opção escolhida com tanta frequência. Outras discussões refletem sobre a influência e implicação da mídia sobre a forma como as mulheres têm internalizado e vivenciado a maternidade. Pouco conteúdo se apresenta sobre o exercício da maternidade em si e toda complexidade que lhe permeia na vida da mulher neste período, sobre essa experiência e também há uma escassez de conteúdo sobre a presença do pai nesse âmbito de cuidado e criação.

A pesquisa possibilitou fazer conexões entre a perspectiva social do papel materno, como se deu sua construção, a forma como ela se caracteriza subjetivamente, ao mesmo tempo coletivamente, na identidade a qual as gestantes estão formando. Foi possível perceber, que mesmo diante da particularidade de cada história das participantes, existe um senso coletivo a respeito do papel de mãe, arraigado de amor, desejos e medos, os quais vão permear a experiência de cada uma.

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