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Tentativa de suicídio e a intervenção da psicologia

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA REGINA LÚCIA CASTIGLIONI GUIDONI

TENTATIVA DE SUICÍDIO E A INTERVENÇÃO DA PSICOLOGIA

Palhoça - SC 2009

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REGINA LÚCIA CASTIGLIONI GUIDONI

TENTATIVA DE SUICÍDIO E A INTERVENÇÃO DA PSICOLOGIA

Projeto de Pesquisa apresentado à Disciplina do Núcleo da Saúde, na modalidade de Trabalho de Conclusão de Curso II, e utilizado como requisito parcial para obtenção do Título de Psicólogo. Este Projeto de Pesquisa está vinculado à Disciplina de Estágio Curricular, que está sendo realizada dentro de um Posto de Saúde.

Orientadora: Profª. Zuleica Pretto, Msc.

Palhoça 2009

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – CRONOGRAMA ...33

TABELA 2 – PERFIL DAS ENTREVISTADAS ...34

TABELA 3 – VÍNCULO/ACOLHIMENTO ...39

TABELA 4 – ENCAMINHAMENTO ...41

TABELA 5 – PROCESSO TERAPÊUTICO ...44

TABELA 6 – PERCEPÇÃO DO RISCO ...47

TABELA 7 – INTERDISCIPLINARIDADE ...51

TABELA 8 – PREVENÇÃO AO RISCO ...53

TABELA 9 – REALIDADE ACADÊMICA ...59

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SIGLAS

SUS - Sistema Único de Saúde UBS - Unidade Básica de Saúde OMS - Organização Mundial de Saúde MS - Ministério da saúde.

PHAS - Política de Humanização da Assistência a Saúde. CVV - Centro de Valorização da Vida

ONU - Organização das Nações Unidas ABS - Atenção Básica de Saúde.

PSF - Programa da Saúde da Família CAPS - Centro de Atenção Psicossocial.

UNISUL - Universidade d sul de Santa Catarina. MELANCIA - Entrevistada 1

UVA - Entrevistada 2 PERA - Entrevistada 3

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...10 1.1 TEMA ...10 1.2 PROBLEMÁTICA ...10 1.3 OBJETIVOS ...14 1.3.1 OBJETIVO GERAL ...14 1.3.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS ...14 1.4 JUSTIFICATIVA ...14 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...19

2.1 DEFININDO A TENTATIVA DE SUICÍDIO ...19

2.2 TENTATIVA DE SUICIDIO E DINÂMICAS DE COMPREENSÃO ...20

2.3 INTERVENÇÃO DA PSICOLOGIA E A UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE ...23

3. MÉTODO ...28

3.1 CARACTERIZAÇAO DA PESQUISA ...28

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA DA PESQUISA ...28

3.3 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS ...29

3.4 DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS ...29

3.5 PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DE DADOS ...32

4. CRONOGRAMA ...33

5. ANÁLISE DE DADOS ...34

5.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS ...34

5.2 SÍNTESE DAS ENTREVISTAS ...35

5.2.1 SÍNTESE DA ENTREVISTA DE MELANCIA ...35

5.2.2 SÍNTESE DA ENTREVISTA DE UVA ...35

5.2.3 SÍNTESE DA ENTREVISTA DE PÊRA ...36

5.2.4 SÍNTESE DA ENTREVISTA DE JABUTICBA ...37

5.3 CATEGORIZAÇÃO DAS PROFISSIONAIS ...38

5.3.1 – PERGUNTA 1 – Você já atendeu casos de tentativa de suicídio? Como foi seu procedimento na ocasião? ...38

5.3.2 – PERGUNTA 2 – Como você percebe o risco de tentativa de suicídio, em um paciente em atendimento? ...46

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5.3.3 – PERGUNTA 3 – Existe alguma rotina interdisciplinar nas UBS em prol da prevenção ao risco de tentativas de suicídio? Se a resposta for afirmativa, como é

essa campanha? ...51

5.3.4 – PERGUNTA 4 – Caso não exista nenhuma rotina preventiva ao riso de tentativa de suicídio, como você percebe a melhor maneira de prevenir esse tipo de risco? ...52

5.3.5 – PERGUNTA 5 – Como você percebe que esta temática poderia ser trabalhada nas disciplinas do Curso de Psicologia? ...58

5.3.6 – PERGUNTA 6 – Gostaria de tecer algum comentário de como se deve atender um paciente com risco de tentativa de suicídio? ...61

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...63

REFERENCIAS ...66

APÊNDICE ...69

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AGRADECIMENTOS

A Professora Zuleica Pretto pela sua capacidade de orientar e mediar condições favoráveis para a construção de um conhecimento, sem impor verdades prontas. Obrigada pelo seu carinho e por ser paciente, justa e humana.

Ao Psicólogo Neomar que vem há um ano se dedicando ao acompanhamento desse estudo, onde esteve bastante presente, incentivando e compartilhando com dicas preciosas por acreditar no valor desse estudo. Muito obrigada.

A Professora Maria do Rosário Stotz é com um profundo carinho que esperei esse momento para lhe dizer - Você foi muito importante para mim – ajudou-me nos momentos de indecisões. Minha gratidão sempre.

A Psicóloga Luiza Gutz por ter aceitado o convite em participar da Banca. Obrigada pela colaboração, atenção e carinho.

A Professora Ana Lopes, cujos generosos esforços no conhecimento permitiram me chegar até aqui.

A Professora Ana Maria Luz agradeço pelo seu carinho e compreensão profunda do ser.

Ao Professor Paulo Sandrin, obrigada pelo seu apoio e a todos os professores e funcionários da UNISUL, muito grata.

Minha permanente gratidão às psicólogas da UBS pelas entrevistas, a Prefeitura de Palhoça que disponibilizou locais para realização dessas entrevistas. Aos profissionais da área de saúde da UBS do Bairro Bela Vista, pelas partilhas no período de estágio.

Em especial ao colega Lusinardo pela sua parceria na elaboração dos trabalhos acadêmicos. Obrigada pelo seu carinho e suas palavras de conforto, e também pelas caronas, que muitas vezes, eu me atrasava, e me esperava pacientemente.

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Aos meus colegas Rafael e Eliana pela troca de experiência, pela transformação de idéias em ação, o que possibilitou juntos um crescimento.

Aos colegas Geraldo, Valdir, Ranuzia, Rosália, Rita e Jucimara que durante o curso partilhamos conhecimentos e amizades,

Aos meus pais, amor sem medidas, Izaltina e Waldir, que hoje estão com 90 anos de idade, deram-me a liberdade de escolhas. Aos meus 9 irmãos pela cumplicidade. Em especial à Izaldir pela sua forma carinhosa de ser, e Dra. Fátima pela nossa parceria de em compartilhar assuntos pessoais e profissionais. A minha cunhada Inês, pelo seu doce carinho. A minha tia Maria José Castiglioni, poetiza, mulher sábia, companheira valorosa de minha caminhada. Agradeço por muito me ensinar e amar.

Ao meu querido e amado esposo Antonio, que se dispôs com amor e com carinho, o patrocínio de livros e fotocópias de artigos que foram importantes para essa pesquisa. Aos meus filhos Carlos, Brunella e Lucas, tesouros que Deus me confiou, agradeço pelo socorro nas instruções do computador.

Obrigada por terem me acompanhado nesta Jornada.

Em memória de minha inesquecível avó Pierina, pelo seu jeito genuíno de ser, pelo seu exemplo de que a cada dia celebrava o grande presente – a vida. Ainda que morreu aos 100 anos de idade, o meu amor e minha profunda saudade.

Aos meus amigos, principalmente Eloísa, Fábio, liberta, Kátia, Ana, Sid, Vera, Ox, Jane e Max pela compreensão, que pelo acúmulo de atividades acadêmicas, muitas vezes, não pude estar presente para compartilhar a nossa amizade.

Meus agradecimentos a todos os outros, aqui e ali que tornaram esta pesquisa possível.

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“A questão não é saber se somos pró ou contra o suicídio,

mas, o que significa ele na psiquê.”

James Hillman

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GUIDONI, Regina Lúcia Castiglioni. Tentativa de Suicídio e a Intervenção da Psicologia. Trabalho de Conclusão de Curso – TCC (Curso de Psicologia – Graduação). Universidade do Sul de Santa Catarina, Palhoça, 2009.

RESUMO

Esta pesquisa refere-se a intervenção da Psicologia nos atendimentos de caso de tentativa de suicídio, para de evitar novas tentativas, assim como o risco de suicídio. O objetivo geral desse estudo é caracterizar a intervenção do psicólogo frente a casos de tentativa de suicídio atendidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Município de Palhoça. Para tal, utilizou-se, dos objetivos específicos, os quais se resumiram em identificar entendimentos teóricos e procedimentos de intervenção de psicólogos, quais as facilidades e dificuldades encontradas e propostas de ações preventivas frente ao fenômeno “tentativa de suicídio”. Esta pesquisa é classificada como exploratória com característica qualitativa, que procurou identificar fundamentos teóricos para uma prática. Foi utilizada como instrumento de coleta de dados a entrevista semi-estruturada, e para a avaliação dos dados a análise de conteúdo. As análises realizadas permitiram concluir que as psicólogas entrevistadas realizam um trabalho numa perspectiva individual, familiar e psiquiátrica além de estarem cientes que necessitam melhorar os atendimentos para um trabalho com ações integradas entre profissionais da saúde e comunidade. Nesse sentido, foi identificada a necessidade em formar equipe da saúde especializada com a questão da interdisciplinaridade; o trabalho de grupo tanto com os profissionais como na própria comunidade. Sendo assim, verificou-se que as entrevistadas almejam potencializar a postura individual para um trabalho coletivo com treinamento e capacitação junto a todos os profissionais da saúde. Percebe-se que, na literatura estudada e nos relatos das psicólogas entrevistadas, que treinamento e capacitação profissional é fundamental para um trabalho de prevenção de novas tentativas ou o risco de suicídio.

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1. INTRODUÇÃO

O campo desta pesquisa está relacionado à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II (TCC-II), do Curso de Psicologia da UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina. A pesquisa é relacionada à disciplina do Núcleo Orientado em Psicologia e Saúde, concomitantemente com o Estágio Curricular realizado na Unidade Básica de Saúde (UBS), no Bairro Bela Vista, no Município de Palhoça/SC.

Este trabalho de pesquisa tem como tema central abordar a intervenção da Psicologia em Unidades Básicas de Saúde, nos atendimentos de casos de tentativas de suicídio. O que motivou a escolha pessoal desse tema foi a preocupação com a saúde mental dos sujeitos que tentam tirar suas próprias vidas e, ao mesmo tempo, por acreditar na prevenção deste tipo de comportamento. Através de estudos bibliográficos, constata-se que nos ambientes de atendimentos à saúde pública, em especial nas Unidades Básicas de Saúde, as ocorrências de tentativas de suicídios são freqüentes nas rotinas dos profissionais. Percebe-se, também, uma carência na literatura que venha descrever a intervenção do psicólogo neste tipo de problemática. É por meio da realização desta pesquisa, que se pretende identificar como ocorre o processo de intervenção da psicologia nos casos de tentativas de suicídio na direção da prevenção de novas tentativas.

1.1 TEMA

O tema desta pesquisa envolve a intervenção do psicólogo nos casos de histórico de tentativa de suicídio e prevenção de novas tentativas.

1.2 PROBLEMÁTICA

A questão do suicídio esteve presente durante o processo histórico da humanidade, desde as primeiras civilizações até a atualidade. De acordo com Alvarez (ALVAREZ apud PALHARES e BAHIS, 2003), o termo suicídio surgiu no século XVII, passando a ser utilizado a partir de 1734, no auge do iluminismo.

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Antes desse período, o suicídio era denominado assassinato, homicídio, destruição e morte voluntária, morte de si ou ato contra si. Segundo Palhares e Bahis (2003), desde as primeiras civilizações, há influências culturais sobre o suicídio. No decorrer da história, teve vários conceitos, funções e significados, como por exemplo, nas sociedades primitivas cometer suicídio era uma honra e ganho do paraíso.

Em 1846, Marx, no seu exílio em Bruxelas, publica o artigo sobre o suicídio, em que se baseia numa análise, a partir dos casos de suicídio relatados por Jacques Peuchet. Nesse estudo, refere que as causas não são únicas, como psicológicas ou sociais, e sim, correspondem aos males produzidos por uma sociedade. O ato ou a tentativa de suicídio se apresenta como sintoma dessa sociedade considerada doente. Marx (2006), ao mencionar sociedade doente, refere-se às injustiças sociais marcadas por opressão com baixos salários, desemprego, miséria e o caráter ético. Comenta que para evitar o ato ou tentativa de suicídio será necessária uma transformação radical do econômico e do social de uma sociedade marcada pelas desigualdades (MARX, 2006).

As pessoas agem entre si como estranhas, numa relação de hostilidade, lutas, e competições impiedosas, de guerra de todos contra todos, somente resta ao individuo ser vitima ou carrasco de si mesmo. Eis, portanto, o contexto social que explica o desespero e o suicídio (MARX, 2006, p. 16).

Percebe-se que o suicídio é um fenômeno na história da humanidade, tornando um problema de saúde mental que perpassa de geração a geração. Conforme Clark (2007), após a morte por suicídio de um ente querido, surgem nos familiares e amigos sentimentos de culpa, além do desespero e angústia mental. Para os familiares, pode ser uma tarefa longa e árdua o ajuste à vida, sem a pessoa que morreu. Sobre as causa, não se sabe exatamente o porquê do suicídio, há evidencias de fatores físicos, químicos além dos sociais e pessoais. Na maioria dos países, o suicídio é uma das principais causas de morte, a cada ano, quase um milhão de pessoas se matam em diferentes lugares do mundo, havendo aproximadamente 6 familiares e amigos próximos em luto intenso. Isso significa que a cada ano, 6 milhões de pessoas sofrem em decorrência da morte por

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suicídio. Conforme a autora a morte por suicídio é maior entre os homens, embora as tentativas de suicídio são mais freqüentes em mulheres. Ainda essa autora considera o suicídio uma das maiores tragédias da humanidade e que as medidas de prevenção, atualmente, das políticas públicas é um processo muito lento.

Cassorla (1991) relata que as pessoas que tentaram suicídio, muitas vezes são tratadas inadequadamente por equipes de saúde despreparadas. Para o autor, não é uma questão de desumanidade, é uma resposta assustada frente a um ato agressivo. Pelo fato dos profissionais de saúde serem capacitados para salvar vidas, sentem-se muitas vezes incoformados quando alguém tenta tirar sua própria vida. Para uma atuação adequada, o autor alerta que é necessária uma compreensão da tortura interna do paciente para evitar uma devolução de intervenção inadequada.

Diante da percepção e contextualização sobre o tema suicídio, dados do Ministério da Saúde informa que o Brasil é o primeiro país da América Latina a descortinar esse assunto. Isso vem sugerindo ações voltadas para prevenção e cuidados da saúde às pessoas próximas daqueles que cometeram suicídio. A OMS reconhece o suicídio como um problema de saúde pública desde a década de 90. No Brasil, somente a partir de dezembro de 2005 é que foi assumida esta questão como saúde publica, com a elaboração de políticas nacionais de prevenção ao suicídio. (BOTEGA, 2007)

Para se ter noção do fenômeno suicídio, segundo a reportagem: “Brasil Encara Suicídio como um problema de Saúde Publica” (Badauê online, 2006) o Brasil faz parte do grupo de países com maiores taxas de índice de suicídio no mundo, deixando familiares e amigos de quem o cometeu, precisando de atenção à sua saúde. Almeida (2006) descreve que uma das diretrizes das políticas nacionais é investir em cuidados integrados, terapia, promoção da saúde e prevenção de danos; e outra seria sensibilizar e mostrar à sociedade que o suicídio é um problema de saúde e que pode ser prevenido. Quanto aos cuidados de prevenção Tavares (2006), diz ser importante voltar-se para população jovem, pelo fato de dados de pesquisas revelarem aumento de taxas de morte nessa população.

Botega (2007) informa segundo dados da OMS (2003), que o número de tentativas de suicídio ocorrem com freqüência ocasionando grande impacto e

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sofrimento para o sujeito, família, amigos, profissionais da saúde e sociedade. O autor cita, que os principais objetivos a serem alcançados conforme diretrizes do Plano Nacional de Prevenção ao Suicídio de agosto de 2006 referem-se à promoção da saúde, prevenção de danos, execução de projetos. Relata também a importância de capacitar os profissionais da saúde quanto a prevenção do risco de suicídio, principalmente da Atenção Básica pelo maior acesso dos profissionais à comunidade.

Nas UBS, há vários problemas de saúde com demandas psicológicas, como também casos de tentativas de suicídio. O atendimento nas UBS se baseia nos princípios do SUS, Universalidade, Integralidade e Equidade. Conforme Oliveira e colaboradores (2004) nas UBS, a psicoterapia continua sendo a principal referência para o psicólogo. Os autores comentam da importância da psicoterapia nas UBS, desde que o profissional promova também ações coletivas, integradas para uma intervenção da psicologia que ultrapasse a reprodução do modelo clínico médico.

Faz-se necessário e importante problematizar sobre as tentativas de suicídio e a intervenção da psicologia no contexto das UBS. Para tal, esta Pesquisa pretende refletir e questionar sobre alguns pontos envolvidos no assunto. Primeiramente, em relação aos profissionais e o Ministério da Saúde, sendo que esse sugere ações voltadas para prevenção do suicídio, e os profissionais da saúde tomam conhecimento em rever e estudar o plano? O plano é prioridade como um seguimento frente a um assunto tão complexo que requer capacitação? Percebe-se a segunda questão, que há ocorrências de casos de tentativas de suicídio nos serviços públicos, incluindo nelas as UBS e, associada a isso, um reconhecido despreparo de equipes de saúde para lidar com essa problemática, seja por questões técnicas, condições de trabalho, preconceito, tabus ou estigma social. O que pode ser feito, então?

Ao considerar a tentativa de suicídio como um problema de saúde pública, já conhecida pela OMS desde 1990, que requer ações preventivas e de promoção da saúde, pergunta-se: como ocorrem as intervenções realizadas pelos psicólogos nos atendimentos de casos de tentativas de suicídio em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no Município de Palhoça?

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1.3 OBJETIVOS

1.3.1 OBJETIVO GERAL

Caracterizar a intervenção do psicólogo frente a casos de tentativas de suicídio, atendidos na UBS de Palhoça.

1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Identificar entendimentos teóricos e procedimentos de intervenção de

psicólogos, utilizados nos atendimentos de casos de tentativas de suicídio nas UBS de Palhoça;

 Identificar quais facilidades e dificuldades encontradas por psicólogos nos

atendimentos de tentativas de suicídio na UBS de Palhoça;

 Identificar procedimento do psicólogo em relação a ações preventivas frente

ao fenômeno do suicídio

1.4 JUSTIFICATIVA

O que motivou a escolha desse tema – tentativa de suicídio e a intervenção da psicologia foi à preocupação com a saúde mental das pessoas que tentam tirar suas próprias vidas e, ao mesmo tempo, por acreditar que esse comportamento pode ser evitado por meio de práticas psicológicas.

Segundo Cais e colaboradores (2006), o manual “Prevenção ao Suicídio”, dirigido aos profissionais da saúde mental, dá destaque para vários pontos sobre a questão do suicídio no Brasil e no mundo. Informa que o número de mortes por suicídio, em termos globais, para o ano de 2003 girou em torno de 900 mil pessoas. Que na faixa etária entre 15 e 35 anos, o suicídio está entre as três maiores causas de morte; nos últimos 45 anos, a mortalidade global por suicídio vem migrando em participação percentual do grupo dos mais idosos para

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o de indivíduos mais jovens (15 a 45 anos); em individuo entre 15 e 44 anos, o suicídio é a sexta causa de incapacitação; para cada suicídio há em média 5 ou 6 pessoas próximas ao falecido que sofrem conseqüências emocionais e sociais; 1,4% do ônus global ocasionado por doenças no ano de 2002 foi devido as tentativas de suicídio, e estima-se que chegará a 2,4% em 2020. O Manual Informa ainda que, no ano de 2004, o Rio Grande do Sul ocupou o primeiro lugar, com maiores taxas de suicídio do Brasil, seguido dos estados do Mato Grosso do Sul e de Santa Catarina, que figurou como terceiro colocado.

Conforme Fontenelle (2008), dados globais sobre o suicídio são monitorados anualmente pela OMS desde sua criação, em 1948. Em 1950, contava-se apenas com vinte e um países, acrescidos em 2007 para 101. O Brasil vem monitorando há décadas. Percebe-se que o assunto tem despertado uma atenção, mas que há necessidade de treinamento e capacitação dos profissionais da saúde em relação a prevenção do risco.

A gente vê iniciativas muito interessantes em vários cantos do mundo. Aqui, a informação existe e profissionais interessados em prevenção do suicídio no Brasil também existem. O que nós estamos realmente precisando é um aumento de pressão em cima das autoridades sanitárias para que o programa de prevenção seja retomado com seriedade (BOTEGA, apud FONTANELLE, 2008, p. 201).

Fontanelle (2008) cita que uma iniciativa, que merece reconhecimento no país, é o trabalho do Centro de Valorização da Vida (CVV), com 57 unidades, inaugurada na cidade de São Paulo em 1962. Um trabalho que é desenvolvido, por meio de ligações telefônicas na prevenção do suicídio. Estima-se que 2.376 pessoas no ano de 2007, mantiveram um voluntariado em atendimento àqueles que necessitaram de apoio emocional, sendo recebidas um total de 1.120.226 ligações.

Conforme Kaplan (1997), pesquisas realizadas por dois estudos norte-americanos não conseguiram demonstrar que os centros comunitários de prevenção ao suicídio tragam resultados efetivos sobre a diminuição das taxas de suicídio. Apenas servem de recursos para diminuir as aflições, que há um reconhecimento, mas no sentido de diminuir sofrimentos de uma crise aguda nos processos de tentativas de suicídio.

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Pesquisas no mundo têm demonstrado que 40% dos suicidas, semanas antes de tentarem tirar suas vidas procuram pelos serviços de saúde, sem especificar, claramente, o que estão sentindo, o que exige dos profissionais da saúde preparo adequado em identificar o risco desse ato. Para essa identificação, torna-se necessário que o profissional da saúde estabeleça uma relação empática de escuta e observação do comportamento. O tabu e a pouca discussão sobre o fenômeno suicídio dificulta avanços na intervenção em relação as práticas dos profissionais da saúde (OLIVEIRA, 2006).

Nordstrom (2006) relata que, muitas vezes, a vontade de morrer é por conseqüência de como as pessoas recebem a notícia de um diagnóstico e formas inadequadas de tratamentos nos casos dos transtornos mentais. Nesse sentido a OMS faz uma alerta para que as avaliações nestes casos sejam feitas com mais atenção para não aumentar sofrimentos e também como medida de prevenção ao risco de suicídio. O autor relata, ainda, que através de dados da ONU, 90% dos casos de suicídio estão associados a transtornos, sendo que a maioria das pessoas com problemas de saúde mental não faz tratamento adequado.

Estando atrelada a área da saúde, estudos indicam que as tentativas de suicídio expressam um sofrimento psíquico que requer cuidados adequados por parte dos profissionais da saúde. Sobre esses cuidados, em relação à psicologia foram encontrados na literatura vários conteúdos que se referem à importância de se realizar um tratamento, mas com redução de publicações sobre práticas psicológicas. No entanto, há de se destacar três artigos. Dois de autoria das psicólogas Macedo e Werlang (2007). Um de pesquisa e o outro de intervenção, cujos títulos são respectivamente: “Tentativa de suicídio: O Traumático Via Ato Dor” e “Trauma, Dor e Ato: O Olhar da Psicanálise Sobre Uma Tentativa de Suicídio”. E um terceiro artigo de Estellita-Lins et all (2006), sobre o “acompanhamento terapêutico e intervenção sobre a depressão e suicídio.”

O primeiro artigo se refere a uma pesquisa realizada com cinco sujeitos que tentaram suicídio, onde os dados foram analisados por meio do método de Analise interpretativa com base na Teoria Psicanalítica. As autoras concluíram, por meio deste estudo, que o trauma apresenta influência para o acometimento da tentativa de suicídio, bem como, evidenciaram a importância da utilização das

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técnicas de acolhimento e escuta nos atendimentos de casos de tentativa de suicídio.

O segundo artigo refere-se ao acompanhamento terapêutico de um caso, cuja pessoa cometeu tentativa de suicídio, e teve como intervenção a psicanálise. Essa intervenção abordou a compreensão existente entre trauma, dor psíquica, ato e a relação com a tentativa de suicídio do referido caso. Nesse sentido, as autoras consideraram a escuta analítica como ajuda para o desenvolvimento da potencialidade simbólica do caso, que precisou ser escutado e historizado, uma vez que a história de vida do sujeito desse caso foi permeada por vivências traumáticas. A conclusão desse processo terapêutico, segundo o artigo, apresenta no discurso do paciente (entrevistado), um real significado no atendimento. No entanto, o entrevistado não garante em termos de futuro que tentativas de suicídio estejam extintas. Mas ao mesmo tempo, esboça uma esperança no espaço terapêutico, que essa intervenção lhe fez bem, fez pensar o que estava acontecendo em sua vida.

O terceiro artigo aborda a atuação do acompanhamento terapêutico (AT) em casos de depressão e suicídio. O objetivo desse acompanhamento é contribuir com os cuidados na saúde mental no intuito de modificar uma vida paralisada. Esse estudo apresenta um protocolo de intervenção visando a prevenção e promoção junto ao sujeito que passa por um sofrimento psíquico e transtornos mentais. Esse protocolo envolve a psicoterapia, farmacoterapia, hospitalização, além das medidas psicopedagogicas.

Observa-se que foram apresentados dois artigos com conteúdos referentes à teoria psicanalítica em casos de tentativa de suicídio, e um artigo que se refere ao acompanhamento terapêutico (AT). Esses artigos pontuam a importância da utilização de uma sistemática organizada para um processo de promoção e prevenção da saúde frente ao sofrimento de querer se destruir. Percebe-se que a importância das contribuições desses autores. Mas percebe-se também que há necessidade de mais pesquisas sobre esse assunto, podendo ampliar conhecimentos por meio das várias abordagens da psicologia, tanto na Psicanálise como em vários outros tipos como: Gestalt-Terapia, Psicodrama, Existencial-Humanista, Existencialismo, Cognitiva Comportamental, Comportamentalismo, entre outras, que podem ser usadas também como

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intervenção nesses casos. Percebe-se uma escassez de publicações desse assunto, inclusive, nessas abordagens.

No conteúdo teórico desse trabalho consta que as tentativas de suicídio ocorrem com freqüência e representam um sério problema de saúde pública. Sendo assim, essa problemática requer compreensão técnica e medidas efetivas para evitar novas tentativas e o ato suicida. A partir dessa constatação, justifica-se a realização desta Pesquisa, que terá com relevância cientifica a produção do conhecimento, que poderá ser utilizado como referencial teórico e metodológico pelos psicólogos. Pois Sabe-se que há uma escassez de publicações de práticas psicológicas sobre esta problemática. Por outro lado, disponibilizará um conteúdo para equipes de saúde, no sentido de contribuir para abolir a negação, o preconceito e o tabu, nos atendimentos de casos de tentativa de suicídio.

Esta Pesquisa, além da relevância científica, terá também a relevância social, que se refere à sociedade de uma maneira geral, em obter esclarecimentos quanto ao enfrentamento dessa difícil situação. Igualmente, por ser o suicídio um assunto silenciado ao longo da história da humanidade, cercado de tabu e de estigma social. Esse esclarecimento proporcionará às pessoas uma reflexão sobre o suicidar-se e ao mesmo tempo poder identificar sinais de riscos e partir para busca de ajuda profissional.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 DEFININDO A TENTATIVA DE SUICIDIO

Macedo e Werlang (2007) nomeiam a tentativa de suicídio com a expressão “O Traumático Via Ato-Dor”, o que significa que vivências traumática no decorrer da vida dos sujeitos podem ser eventos desencadeantes para tentativa de suicídio. Portanto, tentativa de suicídio é um ato decorrente da dor excessiva tendo como única saída o falso alívio da morte.

“Tentativa de suicídio são atos deliberados de auto-agressão em que a

pessoa, manifesta uma intenção destrutiva e uma consciência vaga do risco de morte.” (KOVACS, 2002, p.171). Essa autora considera que no suicídio o sujeito é movido por uma hierarquia com idéias, planos, ameaças, tentativas e, finalmente, o ato suicida. Afirma que, em cada caso, há uma particularidade que deve ser estudada detalhadamente, sendo que as taxas de suicídios são mais altas entre indivíduos portadores de melancolia e solidão.

Resmini (2004) considera o suicídio a tentativa que teve êxito. Além da tentativa, considera também as idéias, os planos, as ameaças e os gestos, como implicações importantes na evolução do ato suicida. Nessa hierarquia de implicações, define que a tentativa de suicídio é um processo em que ocorre a ambivalência, ou seja, o sujeito não quer morrer, e nem viver, mas ambas as coisas ao mesmo tempo. O morrer está ligado a melhorar uma situação em que o sujeito não suporta. O autor acrescenta que a tentativa de suicídio é um comportamento, em que as ações provocadas no corpo pelas próprias pessoas são formas de comunicações que substituem as palavras.

A compreensão da tentativa de suicidio, para Cassorla (1991) é: a pessoa tenta fugir do sofrimento provocado por situações de dor no percurso de sua vida, e que isso não se refere ao querer morrer e sim por uma questão de não agüentar viver, ou seja, não suportar a dor e o sofrimento. Relaciona tentativa de suicídio como uma série de ocorrências, que vão se construindo e acumulando desde o inicio da formação da pessoa, com influências de fatores constitucionais, ambientais, biológicos, sociais, culturais, e psicológicos.

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2.2 TENTATIVA DE SUICÍDIO E DINÂMICA DE COMPREENSÃO

De acordo com Resmini (2004), os estudos científicos sobre o suicídio iniciaram no século XIX com Emile Durkheim com a obra intitulada “O Suicídio”, publicada em 1897. Após essa obra, seguiram-se as teorias de Freud, “Luto e Melancolia” em 1917 e “Além do Princípio do Prazer,” em 1920. Conforme Kaplan (1997) a teoria de Durkeim foi a primeira contribuição importante para os estudos sociológicos e explicação das elevadas estatísticas, assim como a teoria de Freud foi uma das primeiras para o entendimento psicológico sobre o suicídio.

Os sofrimentos analisados apenas em seus aspectos individuais e psicológicos não explicam as elevadas estatísticas de suicídio. A compreensão sociológica é aquela em que o indivíduo é regulado pela sociedade, e sendo essa, opressora, pode resultar nos sujeitos sentimentos de destruição, o qual leva os homens a tentarem ou cometerem suicídio (DURKHEIM, 1983).

Durkheim classificou o suicídio em três categorias, o egoísta, o altruísta e o anômico. O egoísta não se vincula a qualquer grupo social, isola-se e torna-se mais vulnerável ao suicídio; no altruísta a tendência ao suicídio deriva de uma excessiva integração em um grupo, como por exemplo, o soldado que se sacrifica e nome da batalha; o suicida anômico refere-se a uma instabilidade social súbita na vida do sujeito, alterada pela sociedade, tendo como solução o suicídio (DURKHEIM, apud KAPLAN, 1997).

Quanto às teorias, “Luto e Melancolia” e “Além do Principio do Prazer”, Freud (1969), em relação ao suicídio, aborda uma relação causal que ocorre com o sujeito. Descreve a questão de luto como a perda de um objeto real importante, auto-estima baixa, vazio e empobrecimento do mundo. Mas quando o luto for elaborado o “Eu” do sujeito se torna livre para investir a libido em outro objeto substitutivo. Na melancolia, existe a perda do ideal do objeto, com a diminuição significante de auto-estima, incapacidade de amar e o empobrecimento do ego, ou seja, o vazio do próprio “Eu” do sujeito. Nesse sentido, a libido se identifica com o objeto perdido, havendo uma satisfação sádica do sofrimento sob a forma de autopunição. É nesse momento que Freud considera sadismo, e o enigma da tentativa de suicídio.

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O estudo de Macedo e Werlang (2007) apresenta uma discussão sobre os traumas vividos pelos sujeitos, sendo que esses podem levar às tentativas de suicídio. A explicação se baseia pela busca do sujeito, por uma saída para se livrar de uma dor psíquica insuportável, tendo no suicídio a possibilidade única de enfrentamento dessa dor. Para o acompanhamento de casos de tentativas de suicídio e para se obter recursos técnicos preventivos, essas autoras referem a importância de se compreender os processos intrapsíquicos e intersubjetivos dos sujeitos em sofrimento. Referenciando-se a entendimentos de compreensão dessa problemática, a proposta desse trabalho é de caracterizar a intervenção do psicólogo nos atendimentos de casos de tentativa de suicídio.

Segundo Puente (2008), o suicídio é ainda visto como um tabu e um assunto polêmico, inclusive no âmbito universitário. O autor comenta ser importante, além de discutir as taxas estatísticas crescentes na atualidade, rever os cuidados necessários, frente àqueles que tentam tirar suas vidas. Ao mesmo tempo, refere-se também à necessidade de apoio aos familiares e amigos, que ficam chocados diante da tentativa ou da morte por suicídio. Tomando como base que o suicídio é uma questão de saúde e que causa danos psíquicos a terceiros, é de fundamental importância promover discussões para medida de prevenção e evitar, ainda, a visão como um tabu.

Resmini (2004) referencia o suicídio como um assunto cercado por mitos, tabus e preconceitos, fundamentados em regras sociais, as quais se baseiam ainda nos valores morais e religiosos, além dos preconceitos e julgamentos aos que atentam sobre sua própria vida. Todavia, esse autor adverte que em se tratando de suicídio ou tentativa, a melhor conduta é promover ações na prevenção e acrescenta como medida importante identificar fatores de risco, que podem contribuir para que ocorra o suicídio. Assim, define fator de risco como “qualquer característica ou acontecimento na vida de uma pessoa, ou de seu ambiente, que contribui para alterar negativamente suas reações comportamentais” (RESMINI, 2004, p. 45).

Ainda em Resmini (2004), percebe-se que áreas como a sociologia, a medicina e a psicologia têm se esforçado para a aplicação de um conceito para uma prática interdisciplinar no atendimento dos casos de tentativa de suicídio, porém esse empenho tem sido insatisfatório. A cada uma dessas áreas por

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desenvolverem sua própria explicação, passa a ter uma compreensão individual desse fenômeno, dificultando um referencial mais abrangente para intervenção. Conforme Cassorla (1991), a teoria mais divulgada para esse assunto é a pertencente à Psicanálise, entretanto, afirma que nenhuma teoria consegue explicar todos os casos de comportamento suicida, devido a múltiplos fatores envolvidos em cada situação.

Para Hillman (2009), o atendimento em casos de tentativas de suicídio é um dos grandes temas limites da psicologia e considera dentre outros, o mais desafiador para um psicólogo. O autor descreve que na maioria das vezes, o atendimento ocorre da seguinte forma:

A morte do cliente é sempre, para o analista, sua própria morte, seu próprio suicídio, seu próprio fracasso. Um analista que continuamente se defronte com pessoas suicidas é forçado a considerar sua própria morte e em que ele está falhando, porque as pessoas que vem para terapia o fazem confrontar-se seus próprios problemas. Esta atitude difere da do médico, que não encara as doenças e queixas trazidas a seu consultório como pertencendo, de algum modo, também a ele. Ao mesmo tempo, o relacionamento singular que envolve o analista com outro impede terceiros de terem igual participação no caso, de sorte que um analista carrega sozinho cada morte. (HILLMAN, 2009, p. 30).

Para Schneidman (1996) (apud FONTENELLE, 2008), a tentativa de suicídio é uma atuação em que o sujeito quer acabar com sua dor, uma enorme dor psicológica chamada dor psíquica, relacionada, muitas vezes, a solidão. Ainda em Schneidman (1996), o Manual de Diagnóstico Estatístico (DSM-IV), trata a tentativa de suicídio como se fosse um fígado ou um rim, o que se baseia num diagnóstico psiquiátrico. Esclarece que sua abordagem clínica não é estabelecer o foco principal em um diagnóstico, e sim, identificar a dor e tratar adequadamente, com certa importância ao diagnóstico e relevância na história de vida do sujeito.

Percebe-se que os autores Schneidman e Garcia apontam para novas perspectivas de compreensão, ou seja, afastar-se do padrão biomédico, que busca na farmacologia, a sua principal forma de intervir. ”Eu como psiquiatra, não acho que as drogas resolvem grandes problemas humanos, eu acho que é um arsenal terapêutico para tratamento de determinadas doenças, de apoio, nada mais do que isso”. (GARCIA apud FONTENELLE, 2008, p.64).

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Mello (2000) descreve que transtorno mental, pode ocasionar tentativas de suicídio, cita como exemplo, que pode ocorrer nas alucinações auditivas estabelecidas por comando das vozes. Refere-se, aos transtornos mentais, como um dos fatores preditivos para o suicídio. O autor comenta que, independente do caráter patológico ou não, é importante o tratamento. Sendo que a importância do tratamento está em estabelecer aproximação com a pessoa, rever historicamente, o que está acontecendo em sua vida, e analisar os significados frente ao morrer e o viver. A partir de então, o autor lembra aos profissionais da saúde, que, para o atendimento de casos de tentativas de suicídio, é indispensável, capacitar-se com visão numa abordagem qualitativa histórica, além da individual. Percebe-se que é importante, para uma avaliação eficaz, discutir formas de intervenção nos casos de tentativas de suicídio, da mesma forma que as pesquisas divulgam os elevados dados estatísticos na confirmação de que se trata de um problema de saúde pública.

2.3 INTERVENÇÂO DA PSICOLOGIA E A UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE

A humanidade em toda sua história vem construindo saberes em busca de respostas para lidar com seus sofrimentos, o que constitui práticas diferentes da intervenção da psicologia. Conforme Bock (1999), a psicologia como área da ciência vem se desenvolvendo desde 1875 com a contribuição dada pelo psicólogo Wilhelm Wundt, que criou o primeiro laboratório de experimentos em psicofisiologia na Alemanha. A partir desse marco que a psicologia começa a se fortalecer, quanto a seus métodos científicos e a idéia de homem capaz de se responsabilizar, pelo seu próprio desenvolvimento e por sua vida.

Na antiguidade, o conceito de saúde estava ligado à religião e ao trabalho, de forma que a saúde do corpo era estudada pelo fisiologista, e a mente pela teologia e filosofia. No século XVIII e XIX, a saúde pública, em busca da cientificidade, apropria-se desse espaço social, numa proposta medicamentosa no sentido de doença e cura. A história de vida da população era descartada no processo de adoecimento, onde o conceito de saúde é ausência de doença. Esse conceito, no decorrer da história é definido pela OMS, como completo bem estar

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físico, mental e social. Assim, a preocupação com a saúde passa a ser, não só pelo biológico, mas também pelo psíquico e social. (KAHHALE, 2003).

Percebe-se que, para o cuidado da saúde, no sentido da promoção humana, é importante a discussão do homem enquanto ser histórico. Kahhale (2003) relata que, a promoção de saúde é uma questão que começa a ser discutida desde a década de 70, como cuidados primários à saúde. Iniciam-se nesse período, ações da saúde mais amplas, envolvendo além dos aspectos médicos, os sociais e psicológicos, exigindo, um trabalho interdisciplinar. Entende-se que, nessa busca do atendimento à saúde de forma mais ampla é que ocorre a inserção do psicólogo na saúde publica.

Conforme (OLIVEIRA e colaboradores, 2004), a criação do SUS com seu conceito de saúde na integralidade, implicou uma proposta de reformulação das práticas profissionais. Sendo que a questão fundamental desse processo de mudança refere-se ao principio da integralidade na UBS. É uma nova visão ecológica, a sócio-cultural do processo saúde-doença, que segundo os autores, deveriam os profissionais da saúde transmitir esse conhecimento à população. Percebe-se que essa visão de saúde, para a psicologia é importante, e ao mesmo um desafio, pois envolve mudanças em ações diferenciadas para um novo modelo de intervenção, diferentemente do biomédico.

Ainda conforme (OLIVEIRA e colaboradores, 2004), as atividades psicológicas de maior ocorrência nas Unidades Básicas de Saúde se refere à psicoterapia de adulto, orientação a gestante, a hiper-tensos, entrevistas, testes, dinâmica de grupos e grupos operativos, sendo a Psicanálise, a teoria mais usada. Os autores relatam a inexistência de inovações teóricas nas UBS, que a psicologia precisa de pensar em novas formas de ações, para evitar a continuação de um fracasso, do cumprimento aos princípios do SUS.

O Projeto SUS foi criado em 1988, defendido pelos setores políticos e pelos movimentos da sociedade civil. Nasce para o acesso de toda a população ao direito do atendimento à saúde. Em 1990, teve seus princípios, universalidade, integralidade, resolutividade, intersetorialidade, humanização no atendimento, equidade, participação popular, estabelecido pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) com base no artigo da Constituição Federal de 1988. (KUJAWA, BOTH e BRUTSCHER, 2003). A criação do SUS e o que ele preconiza em relação

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a esses princípios, vai ao encontro das ações da psicologia, e com isso torna-se importante discutir aspectos de como acontece a intervenção do psicólogo no campo da saúde pública. Assim, a psicologia se insere nos três níveis de atenção a saúde proposto pelo SUS, a alta complexidade (Hospitais gerais), média complexidade (CAPS) e atenção básica (UBS).

Deslandes (1999) sobre tentativa de suicídio na emergência de um hospital, observou que os casos foram atendidos clinicamente e logo foram mandadas para casa, e que os pacientes demonstravam estados melancólicos e os profissionais em atendimentos pronunciavam as seguintes palavras “aquele tentou se matar”, “não tem juízo e vem dar trabalho”. Frente a isto, o autor refere-se ao suicídio estar associado ao mito e ao estigma social. Afirma quer esrefere-ses espaços são oportunidades “únicas” para reflexão das práticas dos profissionais da saúde, principalmente a intervenção da psicologia, no sentido do encaminhamento adequado nos casos de tentativa de suicídio.

Por outro lado, Deslandes (1999) relata que o setor de emergência é uma via complexa, além das variáveis referentes aos profissionais da saúde, como, baixos salários, demandas de violência e falta de apoio na capacitação. Adverte que, um dos pontos importantes para uma intervenção adequada, frente a tentativa de suicídio é investir na capacitação dos profissionais da saúde. Percebe-se que, por meio das inter-relações num setor de emergência do hospital, o autor traz que, o atendimento da saúde pública expressa enfrentamentos contraditórios socioeconômicos, em que se faz pensar na noção de saúde mental, que perpassa a população de uma maneira geral, no seu dia-a-dia, além dos conhecidos transtornos mentais mais graves.

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) surgem na década de 80 como serviço substitutivo do hospital psiquiátrico, cujo objetivo é o atendimento diário a saúde mental para acompanhamento, e inserção social da pessoa na sociedade. Com a finalidade de melhorar o serviço de prevenção ao suicídio no Brasil, no Manual, Prevenção ao Suicídio (CAIS e colaboradores, 2006) apresenta diversas diretrizes para orientar e facilitar o trabalho dos profissionais de saúde que lidam com essa problemática. Esse manual foi distribuído para os 918 CAPS das Unidades do Sistema Único de Saúde (SUS), no qual, informa como identificar a pessoa com risco ao suicídio, e sugere maneiras de lidar com essas pessoas.

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Sobre o Manual de Prevenção ao Suicídio, Delgado (2006), afirma ser um manual criado, exclusivamente, para os CAPS com objetivo de reduzir o número de tentativas de suicídio, danos associados a esse comportamento, e informações para combater justamente a dificuldade de abordar tal assunto.

A Organização da Atenção básica de Saúde. , fundada na Lei no 8080/90, caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde a nível individual e coletivo, tem como fundamento os princípios do SUS. São atendimentos referentes a singularidade do sujeito, inserido no contexto sócio-cultual que visa a integração de ações na promoção, proteção, recuperação. E uma das propostas de atuação que visa propiciar essa integração é o Programa da Saúde da Família (PSF), nas UBS, criado em 1990, composto por uma equipe de médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e agentes comunitários, pretende-se atender ao princípio da Integralidade na Atenção Básica. Desta forma, vem investindo na promoção da saúde das famílias e da comunidade, a qual se depara frequentemente com problemas na saúde mental. Compreende-se, então, que todo problema de saúde é sempre de saúde mental. (KUJAWA, BOTH e BRUTSCHER, 2003). Nas UBS há diversos problemas de saúde com sofrimentos psíquicos, que procuram pelos serviços de psicologia, inclusive casos de tentativa de suicídio.

O Plano Nacional direcionado a Atenção Primária, (UBS) Informa que no ano de 2000 estimou-se um milhão de pessoas que cometeram o suicídio no mundo, que a cada 40 segundos acontece uma morte e em 3 segundos uma tentativa. O Manual comenta que o suicídio é uma situação de grande impacto, mas acredita que pode ser prevenido. Nesse sentido o Manual fala da importância de capacitar Equipe da Atenção Primária da saúde e cita como medida de prevenção a própria Atenção Primária. Daí traz a pergunta, por que esse enfoque na Atenção Primária? Em resposta, elucida que, a Atenção Primária tem amplo e próximo contato com a comunidade; que os profissionais de saúde possibilita um vínculo entre comunidade e sistema de saúde; o profissional e Atenção Primária é o primeiro recurso de atenção à saúde e que há uma facilidade no vínculo e apoio a familiares, amigos e comunidade. Além de possibilitar uma atenção continuada. Devido esses requisitos a OMS relata que, a Atenção Primária é a porta de entrada aos serviços de saúde.

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Kahhale (2003), aborda a compreensão do homem como ser histórico, social e dialético. Afirma que toda intervenção deve considerar a historicidade do sujeito. Portanto a intervenção do psicólogo na UBS, não deve seguir um modelo tradicional e sim, dinamizar ações coletivas na recuperação, promoção e prevenção da saúde, bem como proporcionar uma transformação do homem por melhores condições de vida:

A prática profissional do psicólogo envolve um projeto de intervenção, onde se explicita a intencionalidade e a transformação almejada. Seu trabalho envolve um processo de recriar sentido, e refazer projetos de vida, o que permitirá apropriação da subjetividade individual e social, possibilitando o controle social da saúde. (KAHHALE, 2003, p. 188)

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3. MÉTODO

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

A presente pesquisa é caracterizada de acordo com sua natureza como qualitativa. Moreira (2002) aborda que o foco da pesquisa qualitativa é a interpretação, com ênfase na subjetividade, na flexibilidade e orientação para o processo e não para os resultados. Segundo Bosi e Mercado (2004), a pesquisa qualitativa é uma abordagem que baseia-se em narrativas, conteúdos e discursos. Segundo esses autores a pesquisa qualitativa nos serviços de saúde, tem muito a oferecer para análise das relações e vivências, trazendo as singularidades do adoecer, da produção dos cuidados e da busca da saúde.

Esse estudo quanto aos seus objetivos se caracteriza como uma pesquisa exploratória. Segundo Gil (2002, p.41), a pesquisa exploratória tem como objetivo “proporcionar maior familiaridade com o problema, com vista a torná-lo mais explicito ou a constituir hipóteses”. Esta pesquisa envolve um planejamento flexível que pode assumir tanto a pesquisa bibliográfica como o estudo de caso (GIL, 2002). Por sua vez, quanto ao procedimento técnico foi utilizada a pesquisa de levantamento. Segundo Gil (2004), a pesquisa do tipo levantamento caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA DA PESQUISA

A presente pesquisa teve como população alvo entrevistada, 4 (quatro) profissionais da Psicologia que exercem suas funções como Psicólogas nas Unidades Básicas de saúde (UBS) do Município de Palhoça/SC, independente de gênero, idade e tempo de formação. No entanto, o gênero predominante como população desta Pesquisa foi o feminino, porque no quadro funcional de profissionais da Psicologia, lotados nas UBS do Município de Palhoça/SC, é todo composto por mulheres. O local onde foram realizadas as entrevistas, optou-se por ser os respectivos ambientes de trabalho das entrevistadas.

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3.3 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS

A fim de que fosse possível essa pesquisa, com as psicólogas das UBS do Município de Palhoça/SC, houve um primeiro contato por telefone com a coordenadora dessas Unidades, a qual viabilizou com as demais participantes, a entrevista para a coleta dos dados. Desta forma, foi informado que havia nas UBS um número de seis psicólogas em atividades, sendo que destes profissionais, uma delas encontrava-se de licença gestação. No mês de agosto de 2009, foi mantido contato com essas seis psicólogas para se ter uma resposta da confirmação da participação destas na pesquisa.

Como instrumento de Coleta de Dados, foi utilizado a entrevista semi-estruturada. Segundo Moreira (2002), esse tipo de entrevista estabelece uma ordem nas perguntas, mas o entrevistado tem a liberdade de ampliar suas respostas, além de permitir outras questões, se necessário. May (2001), acrescenta que esse tipo de entrevista fornece uma estrutura maior de comparabilidade do que nas entrevistas focalizadas.

No inicio de cada entrevista foi lido pela pesquisadora, o termo de consentimento (ver em anexos) para que os participantes estivessem cientes de sua participação ou das possibilidades de desistência a qualquer momento, durante a entrevista, não os obrigando a responder perguntas que lhes causassem algum tipo de desconforto. Foi explicado também sobre o sigilo dos dados e seu uso para fins científicos. Após as dúvidas esclarecidas, solicitou-se a assinatura dos entrevistados, como concordância com o termo de consentimento, para que a entrevista fosse validada.

3.4 DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS

O procedimento da Coleta de Dados teve início no mês de julho de 2009, quando foi mantido o primeiro contato por telefone à coordenadora das Unidades Básicas de Saúde (UBS) sobre a possibilidade de realização das entrevistas com os profissionais da Psicologia. A resposta a esse contato foi que havia 5 (cinco) Psicólogas nas UBS, contando com a própria coordenadora, que poderiam ser entrevistadas, na condição delas concordarem. Frente a essa

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possibilidade, foi combinado com a coordenadora que retornaria o contato no mês de agosto de 2009, assim que iniciassem as aulas.

Chegado o mês de agosto, não foi possível viabilizar contato conforme havia combinado com a coordenadora da UBS por motivo da gripe suína. Nesse sentido os alunos que prestavam estágio nas UBS, estavam dispensados das atividades durante o mês de agosto, por ordem da Instituição de Ensino - UNISUL. Portanto, no mês de agosto a pesquisadora se organizou, planejou e realizou a Entrevista Piloto com uma estudante da décima fase do Curso de Psicologia da UFSC, a qual lhe trouxe experiência, segurança e mais clareza para o desenvolvimento das entrevistas.

Somente no dia 1º de setembro de 2009, por consentimento da UNISUL, é que se obteve o retorno das atividades de estágio das UBS. Assim, na primeira semana do mês de setembro, foi mantido contato por telefone e e-mails com a coordenadora, a qual autorizou e passou os endereços, telefones e e-mails das psicólogas que exercem suas atividades nas UBS. A partir de então, foi viabilizado o devido contato com as psicólogas, verificado a possibilidade e concordância das possíveis entrevistadas a participarem da pesquisa. Tendo em vista que, seriam 4 (quatro) Psicólogas, incluindo a coordenadora, e não 5 como havia sido informado no mês de junho. Uma das psicólogas não se encontrava mais em uma das UBS, tinha saído recentemente, pois havia passado num concurso em Curitiba. De posse da concordância de 4 psicólogas a serem entrevistadas, foram agendados os dias 11, 15, 16 e 21 do mês de setembro em seus locais de trabalhos, nos respectivos horários 18hs, 14hs, 14hs e 8 hs, sendo esses dias, escolhidos conforme a disponibilidade de cada uma. Percebia-se por parte das Psicólogas, receptividade e colaboração para com a pesquisa e com isso, um respeito ao trabalho que estava sendo apresentado.

Para o agendamento das 4 (quatro) entrevistas, 3 (três) delas o contato foi por telefone e por e-mail, sendo que para uma delas, o contato foi feito pessoalmente, não sendo possível o agendamento via telefone ou e-mail, apesar das tentativas serem feitas no período de 2 (duas) semanas numa freqüência de 3 (três) a 4 (quatro) telefonemas ao dia. Inicialmente, parecia ser isto uma dificuldade, mas foi resolvido de forma eficaz, uma vez que, foi decidido ir até o local e providenciar a possibilidade do agendamento de forma pessoal, conforme

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concordância e disponibilidade da Psicóloga. Quanto ao tempo todas as 4 (quatro) entrevistas, tiveram em média a duração de 1 (uma) hora e ocorreram dentro dos prazos estabelecidos.

O desenvolvimento do processo para realização das entrevistas teve uma rotina de início, meio e fim, sem maiores dificuldades, ou seja, não houve a incidência de quaisquer eventos emergentes que pudessem interferir, tanto em mudanças de agendamentos, como durante a realização das entrevistas. Para iniciar as entrevistas foi lido junto com cada entrevistada, os termos de compromisso da pesquisa e autorização para utilização de gravações das entrevistas. Para ter mais segurança e poder dedicar mais atenção à relação entre as entrevistadas, a pesquisadora contratou um técnico para organizar os instrumentos para as gravações. Assim, para todas as entrevistas, antes que fosse dado o início, as salas encontravam-se preparadas para as gravações. O ambiente para as entrevistas era adequado, composto de mesas, cadeiras, iluminação com luz natural e sem qualquer ruído, o qual viesse prejudicar a qualidade das gravações. As gravações se procederam eficientemente.

Procurou-se ouvir as entrevistas e transcrevê-las logo em seguida, ainda no mesmo dia, uma de cada vez, para melhor organização e reprodução das falas. Foi utilizado um tempo médio de 8 horas para cada transcrição. Após as transcrições foram definidas as seguintes categorias:

1 – Procedimentos; 2 – Percepção do risco 3 – Interdisciplinaridades 4 – Prevenção ao risco 5 – Realidade Acadêmica

6 – Conceito de tentativa de suicídio.

Para a categoria procedimento foram selecionadas unidades de conteúdos elementares, referentes às respostas da primeira pergunta para todas as entrevistadas, cujos pseudônimos adotados por: Entrevistada 1 – Melancia; Entrevistada 2 – Uva; Entrevistada 3 – Pêra; Entrevistada 4 - Jabuticaba

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3.5 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS

A avaliação dos dados foi feita por análise de conteúdo e categorização. A análise de conteúdo é muito usada na análise de dados da pesquisa qualitativa no campo da saúde. Segundo Gil (2002, p.89), a análise de conteúdo “é uma técnica que possibilita a descrição do conteúdo manifesto e latente das comunicações,” que desenvolve-se em três fases: a primeira se refere a escolha dos documentos, hipóteses e preparação do material para análise; a segunda envolve a exploração do material e a terceira o tratamento e a interpretação dos dados. Campos (2004) define análise de conteúdo como um conjunto de técnicas de pesquisa, cujo objetivo é a busca do sentido ou dos sentidos de um documento.

As categorias são tipos de procedimentos utilizados nas diversas análises em pesquisa qualitativa. São empregadas para classificar idéias que abrangem características comuns. Podem ser estabelecidas em qualquer fase da pesquisa. (MINAYO, 2004).

As entrevistas foram gravadas, transcritas e armazenadas no computador da pesquisadora, ficando assim, o acesso restrito somente a ela e sua orientadora. Também foram feitas anotações, para pontuarem tópicos que vieram a facilitar com mais clareza, o momento da transcrição e análise do conteúdo. Quanto ao local, as entrevistas foram realizadas conforme a disponibilidade de cada participante, e para facilitá-las, optou-se em realizar as entrevistas, nos próprios consultórios das respectivas UBS.

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4 CRONOGRAMA

A seguir, é apresentado o cronograma que norteou e organizou esta Pesquisa, quanto cumprimento das atividades e os períodos estabelecidos.

Atividades/Períodos Ago Set Out Nov Dez

1. Revisão Literária X X X 2. Coleta de dados X X 3. Análise de Dados X X 4. Revisão de Texto/Conteúdo X 5. Entrega do Trabalho (Relatório) X 6. Apresentação do Trabalho X

TABELA 1: Cronograma de atividades

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5. ANÁLISE DE DADOS

A seguir, são apresentados os dados por Categorias e Sub-Categorias, para, assim, explicitar melhor a Análise de Conteúdo.

5.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS

Para distinguir os Profissionais da Saúde utilizou-se os seguintes parâmetros: idade, tempo de serviço e gênero.

Os profissionais selecionados para a etapa de Coleta de Dados, são Psicólogas pertencentes à Rede Pública Municipal, lotadas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Município de Palhoça/SC. Como sujeitos desta pesquisa, estão atendendo pelos pseudônimos de: Melancia, Uva, Pêra e Jabuticaba, e respectivamente identificados por sua idade, o que localiza este profissional dentro de sua caminhada de vida; o tempo de serviço, expressando o tempo de experiência na profissão e o gênero, caracterizando a configuração mais comum, em uma equipe de saúde dentro de uma Unidade Básica. Para facilitar maior compreensão do leitor, Melancia, Uva, Pêra e Jabuticaba, referem-se respectivamente as entrevistadas 1, 2, 3 e 4.

Tabela 2 – Perfil das Entrevistadas Sujeitos da

Pesquisa

Idade Tempo de Serviço Gênero

Melancia 41 anos 16 anos Feminino

Uva 35 anos 11 anos Feminino

Pêra 29 anos 1 ano e meio Feminino

Jabuticaba 39 anos 17 anos Feminino

Fonte: autoria da própria Pesquisadora

A seguir, serão apresentados os dados coletados para esta pesquisa. A apresentação dos dados inicia com a síntese de cada entrevista realizada com as psicólogas, para maior precisão dos dados.

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5.2 SÍNTESE DAS ENTREVISTAS

A seguir, será apresentada a síntese das entrevistas de cada participante desta Pesquisa, para assim, propiciar uma melhor contextualização aos leitores deste Trabalho.

5.2.1 SÍNTESE DA ENTREVISTA COM A MELANCIA

A entrevistada Melancia pontuou que as demandas da Atenção Básica são grande, que além de ter atendido casos de tentativas de suicídio atendeu também a outros sofrimentos, como abuso sexual, relacionamento conjugal e crianças com dificuldade de aprendizagem. Revela serem histórias sofridas com características de depressão. As histórias de abuso sexual em mulheres, desencadeavam em tentativa de suicídio. Na época, pensou em recrutar grupos para trabalhar questões relacionadas ao suicídio e abuso sexual. Cita a importância de um trabalho individual, grupal e comunitário, destacando o vínculo, acolhimento como ponto fundamental desse processo. Pontua que a psiquiatria se preocupa mais com a dinâmica voltada pela via medicamentosa, Esclarece que sabe da importância da medicação, mas que um acolhimento vai além disso, que precisa a união de todos os profissionais da saúde para uma intervenção adequada. Que a postura dos profissionais da saúde é individualizada, quanto ao pensar e o agir na forma de tratamento. Afirma que a possibilidade de intervenção adequada é para o coletivo e no coletivo. Para isso sugere aos psicólogos, “sair da salinha do consultório para uma atenção à saúde ampliada”. Pontua que sua formação quanto ao tema suicídio, foi isenta de base teórica e exemplos práticos, sem condições de um aprendizado para intervenções possíveis. Segundo Melancia, a intervenção, há 15 anos atrás, era via medicamentosa, pela psiquiatria. Sugere que as Universidades trabalhem o tema suicídio para que os profissionais possam intervir de forma mais segura no processo de procedimento, percepção, tratamento e prevenção dessa problemática.

5.2.2 SÍNTESE DA ENTREVISTA COM A UVA

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história de tentativa de suicídio é identificando o diagnóstico, em caso do risco e necessidade de internação, mantém contato com a família para encaminhamento. Uva relata que o procedimento para tratamento envolve médico, família, medicação ou internação, dependendo do caso. Percebe o risco de suicídio quando há um plano por parte do paciente. Para essa percepção, observa o comportamento do paciente ou investiga-o por meio de perguntas sobre a história de vida. Relata que geralmente os pacientes apresentam depressão profunda ou então tem alucinações e delírios. Comenta que as famílias colaboram quanto aos cuidados do paciente. Uma das dificuldades relatadas é a locomoção para internação, que muitas vezes não se encontra disponível. A parceria com a psiquiatria é fundamental no caso de encaminhamento, considera isso uma forma de prevenção. Relata que sente falta de um trabalho interdisciplinar da equipe de saúde e que todos deveriam aprender conceito de humanização e acolhimento para uma recepção adequada a todos que chegam na UBS. Considera isso uma das formas de lidar com a prevenção ao risco de suícidio. Relata também que esse assunto deveria ser mais abordado na universidade com teoria e exemplos práticos. Disse que em sua prática durante a formação acadêmica foi insuficiente. Considera que quanto mais o aluno for preparado em relação ao conhecimento teórico e prático, maior é a oportunidade de desenvolver capacidades como comprometimento e curiosidade pela história humana (‘anamnese’) e assim, melhor será administrado o trabalho.

5.2.3 SÍNTESE DA ENTREVISTA COM A PÊRA

A entrevistada Pêra relata que tem atendido casos de tentativa de suicídio. Quanto ao procedimento, primeiro trabalha a pessoa individualmente, fala da importância do vínculo e também o contato com a família para se comprometer quanto aos cuidados de proteção e controle de remédios. Comenta que percebe o risco de suicídio, quando o paciente tem um plano ou quando diz que não tem vontade de viver. Relata que sente falta de um trabalho interdisciplinar, que a troca de experiência faz parte da construção de um trabalho mais seguro. Pontua que a comunicação é muito falha ainda, entre os profissionais, que cada um desenvolve

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ações de forma individual. Relata que para prevenção ao risco do suicídio, o trabalho de equipe é fundamental. Sugere a importância de ser administrado no curso de Psicologia disciplina com mais vivencias com exemplos de estudo de caso. Comenta ainda que é um assunto polêmico e que deveria ser dado uma atenção maior, que na sua formação acadêmica teve a oportunidade de assistir TCC. Pêra refere que encontra dificuldade no próprio atendimento individual em relação aos casos de tentativa de suicídio, mas que procura estabelecer vínculo, ser continente, acolhedora e atenciosa, que sempre busca outras alternativas. Sobre seus atendimentos, uma das formas de proceder, se o paciente permanecer atormentado por esse sofrimento, fornece o número do telefone de sua casa e o celular para que ele possa pedir auxilio, caso necessite. Observa que a maioria dos casos de tentativa de suicídio estão associados a depressão, transtorno bipolar e outro transtornos mentais. Para prevenção do risco, uma das coisas que Pêra considera ser necessário é um trabalho com a pessoa que está em sofrimento e a família nesse contexto. Sobre a tentativa de suicídio diz que “é uma questão de escolha, querer acabar com o sofrimento, mas que é uma escolha disfuncional, é uma atitude disfuncional, não é saudável tirar as vidas.”

5.2.4 SÍNTESE DA ENTREVISTA COM A JABUTICABA

A entrevistada Jabuticaba relata que tem atendido casos de tentativas de suicídio. Como procedimento inicial procura saber o motivo pelo qual a pessoa quer se matar. Comenta que estabelece um processo de reflexão quanto a outras possibilidades a favor do viver e que trabalha a partir da esperança pela vida e que costuma dizer para seus pacientes que tem jeito, que tem saída, que uma delas é a terapia. Quanto ao risco, avalia pelo fato do paciente dizer que não quer viver. Para prevenção do risco sugere a terapia. Quanto a interdisciplinaridade comenta que não vê em nenhuma das áreas da saúde. Refere-se que o próprio o município é uma via de prevenção, pelo fato de oportunizar às pessoas atendimentos, inclusive psicológico. Destaca que foi uma das primeiras a trabalhar na UBS, que há 14 anos atrás não era oferecido o trabalho da psicologia que atualmente a comunidade conta com esse recurso e disse que faz a diferença.

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