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CATEGORIZAÇÃO DAS PROFISSIONAIS

5. ANÁLISE DE DADOS

5.3 CATEGORIZAÇÃO DAS PROFISSIONAIS

A seguir, serão apresentadas as Categorias originadas das perguntas das Entrevistas. Na seqüência, apresenta-se a Análise de Conteúdo, envolvendo as respostas das Entrevistadas, as Conceituações dos Autores e as Articulações da Pesquisadora com relação a esses dados.

5.3.1 Você já atendeu caso de tentativa de suicídio? Como foi seu procedimento na ocasião?

Sim!

Quanto aos procedimentos as respostas das entrevistadas, Melancia, Uva, Pêra e Jabuticaba referem-se ao vínculo/acolhimento, encaminhamento, diagnóstico, família, medicamento, internação, trabalho individual, uma questão de atenção, motivo, esperança técnica e terapia. No entanto, foram organizadas para compor o quadro das Sub-Categorias as respostas Vínculo/Acolhimento, Encaminhamento e o Processo Terapêutico, as quais contemplam em si, os demais itens relatados e descritos.

Tabela 3 – VINCULO E ACOLHIMENTO

Melancia Uva Pêra Jabuticaba

“(...) o vínculo (...) acolhimento ampliado (...) para essa pessoa ir se colocando (...) e minimizando o sofrimento (...) com outras possibilidades (...) para que a tentativa de suicídio ficasse mais diminuída.” --- “(...) colocar essa proximidade (...) uma intervenção de trabalhar a família in lócus (...) para ampliar contato com essa pessoa e alguns encaminhamentos” “(...) o profissional (...) e sua capacidade empática, comprometimento, levar a sério, estudar, ter paciência, ter compaixão e curiosidade pela história humana.”

--- “Quando percebo o risco real, chamo a família, não posso deixar o paciente sair sozinho está

correndo o risco, é uma questão ética com meus princípios”

“(...) como ele é acolhido, isso é fundamental (...) é necessário dar atenção, acolher, escutar (...) não ter julgamento, mas perceber, isso no primeiro contato é fundamental para o vínculo.” --- “Eu trabalho individualmente com essa pessoa, as razões do que acontece, a família para que ela possa se comprometer com essa pessoa (...)com os cuidados da medicação”

“(...) é dando uma atenção especial, para que se sinta visto (...) acolhido e encorajado (...) seria uma saída humana naquele momento (...)”

--- “era mais medo da família, mas eu aproveitava o uso da família, e trabalhava numa direção de deixar bem sólida essa não possibilidade, sem tratar isso com o paciente (...)”

Fonte: autoria da própria Pesquisadora

Conforme Souza (2008), o acolhimento é importante no inicio de um atendimento, é instrumento útil para estabelecimento de vínculo, denominado como um processo de vinculação, por ser um movimento constante numa relação que envolve sentimentos de confiança. Para Resmini “O vínculo com o terapeuta representa o elo que o paciente estabelece com o futuro...” (RESMINI, 2004, p.112). Percebe-se que a entrevistada Melancia, Uva, Pêra e Jabuticaba, falam do vínculo e acolhimento como um procedimento que se estabelece entre terapeuta e paciente num clima de confiança para outras possibilidades e outros plano de vida. Isso confirma a idéia de Souza e Resmini as quais coloca o acolhimento e o vínculo presente na relação paciente-terapeuta como suporte importante para outras interações com a vida. Tendo em vista que a entrevistada Uva, usou palavras semelhantes como: empatia e comprometimento ao invés de vínculo e acolhimento.

Estellita-Lins et all (2006) acrescentam que, em beneficio do tratamento a relação terapêutica deve pautar em vínculos com o paciente e também aos

familiares. Percebe-se que as entrevistadas utilizam a colaboração da família como ajuda no procedimento quanto a proteção dos seus entes queridos em relação ao risco. Resmini (2004) relata que a ligação entre os membros da família tem sido apontada como fator protetor contra a tendência ao suicídio. Em concordância, Puente (2008) relata que além do atendimento individual com a colaboração dos familiares é fato que esses necessitam também de cuidados psicológicos por ficarem chocados e desesperados diante de tal fenômeno.

Os relatos das entrevistadas, conforme Tabela 3, Melancia, Uva, Pêra e Jabuticaba, mostram a relação do vínculo terapeuta – família – paciente, como colaboração dos familiares quanto ao encaminhamento da internação, proteção do paciente e cuidados com os remédios, o que se percebe a seguir nas falas de Melancia, Uva e Pêra. “(...) colocar essa proximidade (...) uma intervenção de trabalhar a família in lócus (...) para ampliar contato com essa pessoa e alguns encaminhamentos” (Melancia). “Quando percebo o risco real, chamo a família, não posso deixar o paciente sair sozinho está correndo o risco, é uma questão ética com meus princípios” (Uva). “Eu trabalho individualmente com essa pessoa, as razões do que acontece, a família para que ela possa se comprometer com essa pessoa (...) com os cuidados da medicação”. (Pêra).

Nesse sentido percebe-se que as fala da Melancia, Uva e da Pêra se refere a família como sujeitos aos cuidados de proteção e encaminhamento e com a medicação. Quanto aos sentimentos dos familiares, conforme retrata Puent (2008) a importância dos cuidados psicológicos dos familiares frente ao sofrimento da tentativa de suicídio, não foi apresentado a existência desse trabalho. Apenas a Jabuticaba refere-se trabalhar o medo do familiar, que diz o seguinte sobre seus atendimentos “era mais medo da família, mas eu aproveitava o uso da família, e trabalhava numa direção de deixar bem sólida essa não possibilidade, sem tratar isso com o paciente”, ou seja, percebe-se na fala da Jabuticaba que, quando o paciente se encontra em acompanhamento psicológico, em sua percepção, está fora do riso de suicídio, e por ventura a família do mesmo se apresenta mobilizada por medo do risco de morte, ela (Jabuticaba) intervém tranqüilizando-os dessa não possibilidade.

No dicionário de Psicologia, o termo procedimento refere-se a um conjunto de regras que são necessárias para aplicar rigorosamente uma

determinada situação (DORON e PAROT, 2002 p. 612). Para Resmini (2004), os procedimentos de um terapeuta frente a tentativa de suicídio ou em risco devem ser imediatos, organizados, firmes e decisivos em um menor tempo possível. Ao mesmo tempo, devem prevalecer cuidados para que não ocorra o reforço do comportamento destrutivo.

Tabela 4 – ENCAMINHAMENTO

Melancia Uva Pêra Jabuticaba

“(...) uma situação aguda foi feita visita domiciliar e encaminhamento para o CAPS (...) sentia que tinha um risco iminente (...)” “(...) de incluir a área da psiquiatria na atenção básica para poder minimizar esta questão da tentativa de suicídio.” “Primeiro faço um diagnóstico, geralmente encaminho para o psiquiatra, tomar medicação (...) dependendo do caso, vai direto para internação para vigilância 24 horas.” “(...) faço agendamento com o psiquiatra da rede, essa é a primeira intervenção, o primeiro passo.”

Fonte: autoria da própria Pesquisadora

Percebe-se por parte das entrevistadas que a busca por um modelo de Atenção Integral, na Unidade Básica de Saúde, continua fazendo parte das mudanças e um desafio no campo da saúde mental.

Melancia refere-se aos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os quais surgem na década de 80, como serviço substitutivo do Hospital Psiquiátrico para acompanhamento e inserção social da pessoa. Mas o que é o CAPS? São instituições que constituem a principal estratégia do processo de Reforma Psiquiatra. Destina-se ao acolhimento a pacientes com transtornos mentais, estimulação de sua autonomia, integração, atendimento médico e psicológico. Nesse sentido as pessoas que são tendidas nos CAPS apresentam intenso sofrimento psíquico que impossibilita seu projeto de vida. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004)

Melancia por meio de seu relato revela como se utilizou desse espaço CAPS em um de seus atendimentos, próximo de um final de semana. Disse que, houve necessidade de viabilizar o procedimento encaminhamento para o CAPS.

Sem que o paciente revelasse o sofrimento. A entrevistada percebeu que era uma situação aguda, de risco de suicídio iminente. Segundo Resmini (2004) risco iminente está presente claramente o desejo de morrer. Foi feita visita domiciliar, e acabou levando o paciente, primeiramente para conhecer o CAPS, em seguida foi encaminhado para o programa com o consentimento do mesmo. Conta a entrevistada Melancia, que ficou constatado que realmente era um risco naquele final de semana. Conta ainda que durante esse processo de realização para esse encaminhamento, foi ampliando a aproximação com o paciente, onde foi emergindo e sentindo que tinha um sofrimento. Frente a isso, conclui Melancia por meio de suas palavras, “a cada momento minha grande questão, é ter um vínculo maior, fazer um acolhimento mais amplo, ter uma base de relação maior. E isso é refletido na modificação do outro”. Risco iminente para Resmini (2004), é quando o paciente demonstra claramente por meio de comportamentos, ameaças, ideação e desejo de morrer, que o fator tempo é de grande importância e o primeiro a ser considerado.

Percebe-se a necessidade do vínculo e acolhimento tanto num processo terapêutico como numa situação de encaminhamento a outros profissionais. Quanto ao encaminhamento as entrevistadas Melancia, Uva e Pêra relataram na tabela 4, como acontece nas UBS.

Segundo Resmini (2004), áreas como a sociologia, a medicina e a psicologia tem se esforçado pra aplicação de um conceito para uma prática interdisciplinar no atendimento dos casos de tentativa de suicídio. No entanto, esse empenho tem sido insatisfatório em decorrência de cada uma dessas áreas desenvolverem sua própria compreensão.

Conforme Fontenelle (2008) a falta de médicos especializados nos sistemas públicos de saúde no Brasil é um dos principais empecilhos. Em relação ao suicídio é um processo que está se engatinhando com um número reduzido de profissionais que se dedicam ao estudo deste fenômeno.

De acordo com o que preconiza os princípios do SUS, percebe-se que nas UBS a primeira questão levantada por Resmini (2004) é pertinente. Ao se referir a integração, os profissionais da saúde apresentam-se em um quadro insatisfatório para as demandas apresentadas. Nas palavras de Fontenelle (2008), percebe-se que não só o número de médicos especializados é precário, mas o

quadro de profissionais da saúde, de um modo geral, não está preparado para atender questões como o suicídio.

Resmini (2004) sobre o diagnóstico, refere-se que a conduta suicida pode ser conseqüência de um transtorno de humor, no entanto existem contradições quanto a importância desse diagnóstico. Muitos que cometeram suicídio ou tentaram estavam no curso de um transtorno de humor, embora a maioria dos que sofrem desse transtorno nunca tentaram suicídio. Desta forma o diagnóstico é condição ou não para desencadear a tentativa de suicídio.

Ainda em relação ao diagnóstico Nordstron (2006) relata que, muitos vezes, a vontade de morrer é por conseqüência de como as pessoas recebem a notícia de um diagnóstico. A OMS faz um alerta aos profissionais da saúde, que tenham mais atenção no processo de avaliação, como medida de prevenção e não aumentar sofrimento.

Percebe-se que Uva refere-se em seus atendimentos a questão do diagnóstico, a qual avalia que a maioria dos casos de tentativa de suicídio estão associados a depressão grave, com presença de delírios e alucinações. Para Resmini (2004), a conduta suicida pode estar associada a um transtorno de humor, no entanto, isso não pode ser generalizado, porque nem todas as pessoas que passaram por um transtorno de humor, pensaram, tentaram ou até mesmo, cometeram suicídio.

Quanto ao encaminhamento, Resmini (2004) relata que, ás vezes, após uma avaliação inicial, é necessário encaminhar o paciente com risco de suicídio para outro profissional. As entrevistadas Uva e Pêra relatam que, quando necessário, encaminha o paciente com risco de suicídio, para um médico psiquiatra.

Ainda Resmini (2004) quanto a internação, refere ser um processo que traz vantagens ou não. A vantagem está relacionada a um acolhimento ao paciente com maior proteção para não se auto-ferir e uso adequado da medicação. No entanto, a hospitalização pode servir de reforço negativo no sentido de acentuar atitudes de rejeição e cronicidade. A entrevistada Uva se utiliza ao que Resmini (2004) denomina de processo vantajoso, pois quando percebe um risco real no paciente, a mesma chama a família, e encaminha para internação para vigilância 24 horas, ou seja maior proteção do próprio paciente.

Tabela 5 – PROCESSO TERAPÊUTICO

Melancia Uva Pêra Jabuticaba

(...) a percepção do profissional de psicologia nessas situações deve intensificar o contato, buscando uma vinculação maior, um suporte com bases largas de vínculo, objetivando a alteração do fechamento de possibilidades para a vida.” (...) O profissional tem que desenvolver sua capacidade empática (...) conhecer, ter particularidades técnicas (...) fazer terapia é também algo essencial (...) e não acreditar somente no processo terapêutico, contar sempre com apoio de outros profissionais e da família.”

(...).se ela coloca , Ah! Não quero viver, mas também não tem coragem... , pensa nos filhos, é uma questão de atenção (...).faço intervenção (...)

“atendi uma sra...colocava que não queria mais fazer parte desse mundo, que as pessoas na

sociedade são muito ruins-apresentava auto-estima baixa” “Primeiro saber o motivo (...) resgatar o motivo (...) de ter tentado se matar (...) E quando tu acrescentas uma esperança técnica (...) aí começa um trabalho não baseado no suicídio (...) digo que tem saída (...) claro, uma delas é a terapia (...)” “Mostrar muita atenção e interesse pela vida, de uma forma especial, ta mostrando saída começando pela terapia (...) sempre encorajando, que se sinta visto, acolhido e encorajado. Eu vejo isso que seria uma saída humana que precisa naquele momento (...)”

Fonte: autoria da própria Pesquisadora

Conforme Kaplan (1997) e Resmini (2004), a teoria de Freud foi uma das primeiras a ser usada para atendimento psicológico, onde descreveu através do trabalho “Luto e Melancolia [1917]”, a perda do ideal de ser. Esta perda do ideal de ser é um dos motivos percebidos na tentativa de suicídio, conforme pontua Jabuticaba, na sua intervenção, vai ao encontro da re-significação de seu ideal de ser: “(...) Mostrar muita atenção e interesse pela vida” (...) “seria uma saída humana que precisa naquele momento(...)” .

Conforme Marx, “as pessoas agem entre si como estranhas, numa relação de hostilidade, lutas e competições impiedosas... somente resta ao individuo ser vitima ou carrasco de si mesmo. Eis, portanto, o contexto social que explica o motivo de um desespero e o suicídio.” (MARX , 2006, p. 16). A entrevistada Pêra ao se referir a um de seus atendimentos, em que a

Sra.(paciente) diz: “não quero mais fazer parte desse mundo”, nas palavras de Marx somente resta ao individuo a ser vítima e carrasco de si mesmo. “as pessoas na sociedade são muito ruins.” Para Marx as pessoas agem entre si como estranhas numa relação de lutas e competições impiedosas.

Percebe-se que a sra atendida por Pêra, em sua forma de expressar contempla ao que Marx denominou o contexto social que explica o motivo de um desespero e o suicídio. Assim como em Durkheim que a questão da tentativa ou do suicídio não pode entendida apenas em seus aspectos individuais e psicológico, a compreensão é sociológica em que o individuo é regulado pela sociedade, sendo essa opressora, pode resultar no individuo sentimento de destruição.

Para lidar com o comportamento suicida no processo de intervenção, Macedo e Werlang (2007) comentam ser importante à compreensão da dinâmica intrapsíquica e intersubjetiva do paciente. Percebe-se esta compreensão na descrição dos relatos das entrevistadas, quando estas pontuam: “(...) intensificar o contato, buscando uma vinculação maior (...) – [Melancia]; “(...) desenvolver sua capacidade empática (...)” – [Uva]; “(...) é uma questão de atenção (...).faço intervenção (...)” – [Pêra]; “(...) sempre encorajando, que se sinta visto, acolhido e encorajado (...)” – [Jabuticaba].

Para Hillman (2009) atendimento de caso de tentativa de suicídio é uma das situações mais complexas para um psicólogo em relação a outros tipos de sofrimento ou violência. Compara diferenças entre o médico e o psicólogo, o Médico pela sua formação, dispõe de remédios como recurso, enquanto que do psicólogo é exigido um comprometimento de sua personalidade. Percebe-se que o esforço das entrevistadas, está em utilizar seus próprios recursos humanos, fazendo uso do principal instrumento da Psicologia: o uso da palavra.

Jabuticaba destaca a importância do processo terapêutico nos atendimentos nos casos de tentativa de suicídio, e informa que tem tido resultados rápidos. O autor Hillman (2009) se refere, a exigência da personalidade do próprio psicólogo, como pontua Jabuticaba, a qual descreve que se utiliza de seus recursos humanos.

Percebe-se na entrevistada Jabuticaba, quanto ao motivo da tentativa de suicídio: “(...) Primeiro saber o motivo (...) resgatar o motivo (...) de ter tentado

se matar (...)”, Resmini (2004) se refere a questão motivo, coloca a idéia da razão para viver, dada por não suportar magoar outras pessoas: “(...) Não quero viver, mas também não tem coragem..., pensa nos filhos (...)” – [Pêra], apesar do próprio estado de sofrimento do paciente (aquele que pensa em tirar sua vida). Resmini (2004) acrescenta, a maioria dos pacientes responderia ter todos os motivos para tirar sua própria vida, entretanto, pela sobreposição do altruísmo sobre egoísmo, o que traduz o motivo para viver, encontra uma proteção para evitar se autodestruir. O relato de Pêra, permite identificar esta relação considerada por Resmini (2004). A paciente em vias de buscar a própria morte para aplacar sua dor psíquica, enfrenta-a na condição de que é útil ao outro, reconhecendo em si mesma seu valor como fator de proteção contra a autodestruição.

Resmini (2004) fala da relação entre desesperança, desespero e suicídio. Que o sentimento de desesperança evolui para um desespero que influenciam no potencial suicida de uma pessoa. A entrevistada Jabuticaba fala em esperança técnica, conforme o que se refere Resmini, em relação a desespero e suicídio, pois Jabuticaba sinaliza que desesperança pode constituir um fator de risco no comportamento suicida de uma pessoa. Hillman (2009) relata que a esperança é a própria vontade de viver, assim como o desamparo é a atmosfera do suicídio. Gutz (2007), em sua pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso, pontua que a desesperança é um indicador, que pode ser potencializado, tanto para a ideação de morte, como também, para ideação suicida.

5.3.2 Como você percebe o risco de tentativa de suicídio, em um paciente em atendimento?

Quanto a essa pergunta, as respostas das entrevistadas referem-se aos

seguintes conteúdos Tristeza, necessidade afetiva, vida comprometida, depressão grave, pensamento, abuso sexual, delírios, alucinações, psicótico, bipolar,

esquizofrenia, abuso sexual, não tem vontade de viver, não vê outra saída, tentativa anterior, o concreto, o plano, estratégia criada, medo da família. Para explicar melhor esses dados coletados criou-se duas sub- categorias sobre a Percepção do Risco: Sofrimento Psíquico e Tentativa Anterior ou Plano Definido. Categoria – Percepção do Risco

Tabela 6 – PERCEPÇÃO DO RISCO

Melancia Uva Pêra Jabuticaba

SOFRIMENTO PSÍQUICO --- TENTATIVA ANTERIOR OU PLANO DEFINIDO “(...) Uma tristeza onde o paciente descreve um fechamento de possibilidade s na vida, algumas vezes diz claramente que não tem mais jeito, não tem saída (...)” “(...) O sofrimento que coloca a pessoa em condição de risco (...)” --- (...) pacientes com tentativas anteriores de suicídio, carregam as marcas no corpo ainda, identificando a eminência de um novo risco de atentar contra a vida (...) “(...) percebo no olhar, olhar opaco (...) quase não fala (...) se houve tentativa anterior (...) se não fala é uma hipótese (...) mas a postura do corpo (...) o corpo fala (...)” “(...) se ele diz que a família quer matá-lo que todos estão contra ele, fica isolado, ou estar em surto, ou ainda anda com uma faca, não precisa dizer que quer se matar (...)” “(...) se você não me atender agora, vou me matar (...) atendi (...) ela tinha uma faca na bolsa (...)” “(...) através do diagnóstico mesmo, geralmente é uma depressão profunda ou alucinações visuais e auditivas, delírios (...)” --- (...) se está muito próximo do concreto, que eu percebo, que para executar falta pouco, o risco é muito grande (...) busco informações, se já tentou (...) se planejou (...). “(...) não quer viver (...) eu observo que são pessoas que tem uma vida comprometida (...) que tem uma necessidade afetiva (...)” “(...)Já houve casos que não estão ligados aos transtornos, mas a maioria estão ligados, associados, realmente a depressão, o transtorno bipolar ou outros transtornos mentais (...)” --- “(...)foi ao psiquiatra, deu a receita pra 3 meses...tomou 20, 30, 40, comprimidos, fez uso de muitas medicações.” “Quando tem um plano definido, posso afirmar. Quando diz que não tem vontade de viver, tem que dar atenção. Não digo que a pessoa que não tem um plano, não vai tentar (...)” (...) “é a única saída” (...) só pensa em suicídio (...) --- “(...) só pensa em suicídio... o suicídio como única saída...vem porque tentou e não conseguiu... a tentativa foi inválida (...)”

Segundo Resmini (2004) a maioria dos casos de tentativa e suicídio são antes sinalizados e às vezes negados pelo próprio paciente, familiares e até mesmo os profissionais da saúde. Nesse sentido, este autor, sugere um modelo didático para mensurar o risco que vai desde o mínimo, moderado e iminente. O mínimo não há demonstração clínica em relação ao ato; o moderado o paciente apresenta desanimo prolongado e o iminente o paciente demonstra ameaças e ideação por meio de comportamentos.

5.3.2.1 – SOFRIMENTO PSIQUICO

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