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Uma nova maneira de pensar sobre o gerenciamento de riscos de incêndios em espaços urbanos históricos

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ENEGEP 2006 ABEPRO

Uma nova maneira de pensar sobre o gerenciamento de riscos de

incêndios em espaços urbanos históricos

Andreza Procoro (FAVIP) andrezaprocoro@yahoo.com.br Dayse Duarte (UFPE) duarte@ufpe.br

Resumo

A ocorrência de incêndios em cidades históricas traz consigo uma série de conseqüências negativas e perdas associadas que podem representar um impacto emocional e econômico significativo para a comunidade atingida, levando a questionamentos sobre a proteção do patrimônio histórico – cultural contra incêndios, a vulnerabilidade destas áreas ao risco e a necessidade de gerenciá-los.

Considerando que a atual abordagem de conservação de áreas históricas tem como um de seus pilares a prevenção dos riscos, o artigo apresenta uma nova maneira de pensar sobre o gerenciamento de riscos de incêndios que se expande além dos limites da edificação e passa a avaliar o desempenho do espaço urbano histórico na ocorrência de um incêndio.

A metodologia proposta para o gerenciamento de riscos de incêndios implícitos em espaços urbanos históricos permite entender o problema sob o ponto de vista dos atores envolvidos, examinar os detalhes, desenvolver e avaliar alternativas e reconhecer as conseqüências das decisões a serem tomadas no que se refere à proteção do patrimônio histórico - cultural contra incêndios.

Palavras-chave: Gerenciamento de Riscos; Percepção do Risco; Segurança Contra Incêndio em Cidades Históricas.

1. Introdução

Em todo o mundo a preocupação com a preservação do patrimônio histórico é evidente devido ao seu valor e importância como referenciais de um povo. Segundo Bion (2003) a importância da preocupação preservacionista dos conjuntos arquitetônicos históricos reside no fato de que os mesmos comportam registros importantes de épocas passadas com as quais a sociedade se identifica mantendo-se desta forma, a memória social.

Em todo o mundo, os conjuntos arquitetônicos históricos que passaram por processos de Revitalização tiveram suas edificações adaptadas para comportar novos usos, necessários para promover uma maior dinâmica social e econômica destas áreas. Com os novos usos, materiais de acabamentos, sistemas construtivos e equipamentos associados ao desenvolvimento das atividades, introduziram-se riscos de incêndio que anteriormente não existiam nas edificações surgindo então a necessidade de gerenciá-los (MILTIDIERI & IOSHIMOTO, 1998). Para Aiello e Astrua (2002) um dos principais fatores a serem considerados no processo de reutilização de uma edificação histórica para novo uso é a melhoria das condições de segurança contra incêndio, devido à sua influência na segurança dos usuários.

Desta forma, observa-se que o não gerenciamento de riscos de incêndios pode comprometer os conjuntos arquitetônicos históricos e pôr em risco a vida humana e os negócios ali desenvolvidos. Como exemplo, basta recordar os incêndios em espaços urbanos antigos como o do Chiado (Portugal-1988), Lima (Peru-2001) e Ouro Preto (Brasil-2003) nos quais os danos materiais e culturais foram incalculáveis, além da perda humana que só no incêndio em

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Lima contabilizou duzentos e oitenta e nove mortos, sendo caracterizado como a maior tragédia da história recente do Peru.

Neste quadro se insere a preocupação com a segurança contra incêndio em Espaços Urbanos Históricos do Brasil alvos de processos de Revitalização ou Requalificação como é o caso do Bairro do Recife (PE), Pelourinho (BA), São Luis (MA), Ouro Preto (MG) dentre outros. O objetivo destes processos é a preservação do patrimônio arquitetônico e ambiental destas áreas históricas, reintegrando-as à dinâmica social e econômica das cidades, em condições adequadas de utilização e apropriação social, sendo estes processos de intervenções, específicos para cada área, respeitando e adaptando-se às características locais e às exigências ditadas, sobretudo, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. A segurança contra incêndios em áreas históricas não é tratada, muitas vezes, de forma adequada pelos códigos de segurança contra incêndios tradicionais, conhecidos como Códigos Prescritivos. Este tipo de código é caracterizado por ser baseado em falhas e experiências do passado onde são estabelecidas prescrições generalistas a que todos os edifícios com determinados tipos de ocupação devem cumprir para assegurar a segurança contra incêndio das edificações. Pode-se observar que os projetos resultantes deste tipo de código, muitas vezes não garantem a segurança devida aos ocupantes e a edificação no momento de um incêndio, pois a mínima segurança exigida pelos códigos prescritivos para um determinado tipo de ocupação, pode exceder a segurança que seria necessária em algumas edificações ou, em muitos casos, ser menor do que a mínima segurança necessária para outras (MEACHAM, 1997).

Segundo Ono (2004) a ausência no Brasil de uma legislação / regulamentação de segurança contra incêndio de âmbito nacional para edificações e a falta de órgãos fiscalizadores que garantam uma segurança mínima tanto em edifícios novos como em existentes, agrava o panorama nacional no que se refere à segurança contra incêndio.

Diferentemente dos Códigos Prescritivos, e de sua postura “reativa”, surgem os chamados Códigos Baseados no Desempenho que são códigos dinâmicos, pois se baseiam no desempenho de todos os agentes envolvidos no sistema, a saber: dinâmica do incêndio, a edificação e o comportamento das pessoas. Neste tipo de código os objetivos desejados são claramente definidos e apresentados, ficando a critério dos projetistas a liberdade para escolher a solução que irá satisfazer os objetivos especificados, propiciando uma maior flexibilidade no projeto, contanto que a segurança possa ser alcançada (BUCHANAN, 1999). A implementação dos Códigos Baseados no Desempenho na Europa, EUA, Japão, entre outros, levou os projetistas a modificar o modo como eles abordavam a segurança contra incêndios até então (ótica prescritiva), trazendo maiores responsabilidades visto que estes devem comprovar a eficácia de seu projeto na satisfação dos objetivos propostos.

Nesta visão de desempenho Fitzgerald (2003) desenvolveu uma Metodologia Baseada no Desempenho para o Gerenciamento de Riscos de Incêndios em Edificações, metodologia esta, onde é possível entender o problema que envolve a segurança contra incêndios da edificação, avaliar seu desempenho ao fogo além de desenvolver um programa de gerenciamento de riscos para que a melhor decisão seja tomada de forma mais rápida, fácil e econômica. Desta forma, é apresentada no presente trabalho, uma adaptação das etapas da metodologia proposta por Fitzgerald (2003) tendo como foco não mais a segurança e desempenho da edificação, trabalhada até então de forma isolada, passando-se assim a uma nova abordagem, mais ampla e que envolve a segurança e o desempenho do espaço urbano histórico na ocorrência de um incêndio a fim de que a melhor decisão possa ser tomada.

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2. Metodologia para o gerenciamento de riscos de incêndios em espaços urbanos históricos

Os espaços urbanos históricos são áreas de muitos riscos e o de incêndio é, certamente, um dos mais graves. Essa gravidade possui dois grandes fatores: o próprio incêndio, que é um fenômeno de grande poder destrutivo, e o tecido urbano destas áreas históricas formado por um aglomerado de edificações em ruas estreitas e sinuosas propícias a incêndios severos. Garmatter (2000) afirma que é possível justificar, em parte, a incidência de incêndios em edificações históricas em razão de algumas características específicas que potencializam ainda mais o princípio de um incêndio e que quase sempre impedem a sua extinção antes do comprometimento estrutural da edificação, a saber: características construtivas; implantação; conservação da edificação; ocupação; instalações e uso de GLP e legislação.

Torna-se evidente, portanto, a necessidade de uma nova abordagem e tratamentos específicos no que se refere ao gerenciamento de riscos de incêndio em espaços urbanos históricos. Como ferramenta, o gerenciamento de riscos tem sido amplamente utilizado por inúmeros segmentos como condição essencial para a sobrevivência dos negócios. O grande desafio torna-se a apropriação de uma ferramenta que gerencie o risco, mas que seja versátil para atender às mudanças impostas por novas tecnologias.

O gerenciamento de riscos é uma ciência que permite ao homem conviver de maneira mais segura com os riscos a que estão expostos, tendo como função proteger os seres humanos, seus recursos materiais e o meio ambiente (MELO, 2002).

Segundo Fitzgerald (2003) o gerenciamento de riscos pode ser definido como a tomada de decisão levando em consideração as incertezas. Uma das etapas do gerenciamento é entender o que é o risco e outra é entender o que fazer com o risco.

Para Duarte (2004), o gerenciamento de riscos inicia-se no entendimento do problema, ou seja, inicialmente é imprescindível que os seguintes questionamentos sejam respondidos: 1) O que pode dar errado? 2) Como pode dar errado? 3) Qual é o problema? 4) Quão grave ele é? 5) Como se sabe? e 6) Quais as alternativas para solucioná-los?.

Incêndios e explosões constituem dois fatores de risco que devem ser avaliados e gerenciados visto que nestas situações a população e o meio ambiente devem ser protegidos. A gestão dos riscos envolve, portanto, duas atividades complementares: a prevenção e a intervenção em caso de acidentes ou situações críticas (ASPEF, 2004).

Neste sentido, entende-se que a metodologia proposta por Fitzgerald (2003), para o gerenciamento de riscos de incêndios em edificações baseado no desempenho, atende a este objetivo por ser bastante dinâmica e permitir entender o problema envolvendo a segurança contra incêndios de uma edificação a fim de que as decisões possam ser tomadas de forma rápida e segura. Segundo esta metodologia o processo de gerenciamento de riscos de incêndios é descrito através de nove etapas, a saber: entendimento do problema, identificação das características da edificação, avaliação de desempenho, caracterização do risco, desenvolvimento de um programa de gerenciamento, avaliação da prevenção do estabelecimento da chama, planejamento para a emergência, estruturação e análise da decisão, tomada de decisão. De acordo com esta metodologia o desenvolvimento de um programa de gerenciamento de incertezas só é possível a partir do entendimento do problema e de uma avaliação quantitativa dos cenários identificados.

Assim, tomando-se como base a metodologia desenvolvida por Fitzgerald (2003), adaptou-se suas etapas, tendo como foco não mais a edificação, analisada de forma isolada até então, e

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sim o espaço urbano histórico. Esta metodologia visa o desenvolvimento de uma nova maneira de pensar sobre o gerenciamento dos riscos de incêndios, que se expande além dos limites da edificação e passa a avaliar o desempenho de um espaço urbano histórico na ocorrência de um incêndio permitindo assim, entender o problema, examinar os detalhes, desenvolver e avaliar alternativas e reconhecer as conseqüências das decisões a serem tomadas (PROCORO, 2003).

A metodologia proposta é composta por sete etapas e as informações geradas em uma etapa serão úteis para a etapa seguinte fazendo com que o próprio processo gere conhecimento (vide figura 1).

Figura 1- Etapas da Metodologia para o Gerenciamento de Riscos de Incêndios em Espaços Urbanos Históricos (PROCORO, 2003)

a) 1ª Etapa: Entendimento do problema.

Gerenciamento de Riscos de Incêndio em Espaços Urbanos Históricos Fornece o conhecimento sobre a dinâmica do incêndio. Criação de possíveis cenários. Descreve como o espaço urbano funciona.

Identifica o que está em risco e o que é aceitável Identifica as responsabilidades pelo espaço urbano. Descreve as operações funcionais do espaço urbano. Fornece subsídios para o planejamento da prevenção.

Características das edificações e espaço urbano relevantes para caracterização dos impactos.

Conta uma história sobre os impactos específicos resultantes de incêndios e fornece subsídios para o planejamento da prevenção.

Avaliação das defesas do espaço urbano, associadas a prevenção na edificação e propagação do incêndio através do espaço urbano. A prevenção na própria edificação abrange a prevenção da ignição e prevenção do crescimento da chama.

Elaboração de alternativas a partir do conhecimento adquirido nas etapas anteriores devendo levar em consideração aspectos técnicos, financeiros,sociais e legais. 2-Identificação das Características do Espaço Urbano 5-Planejamento da Prevenção do Estabelecimento da Chama 1-Entendimento do Problema 3-Avaliação de Desempenho 4-Caracterização dos Impactos 6-Estruturação da Análise de Decisão 7-Decisão

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Fornecerá subsídios para as etapas de avaliação do desempenho e caracterização dos impactos. Nesta etapa deve-se identificar o que está em risco e o que é aceitável, no que se refere a um incêndio no espaço urbano histórico, além dos impactos decorrentes de um evento desta natureza. As fontes de dados nesta etapa podem ser: os usuários da área analisada, o Poder Público e o corpo técnico envolvidos.

Reconhece-se mundialmente que a participação pública em todas as etapas do processo da conservação e resgate de sítios patrimoniais é absolutamente imperativa para se permitir que as comunidades e outros interessados possam expressar os valores e o significado de cada sítio para si e para seus antepassados, passando a fazer parte do processo de tomada de decisões sobre o futuro de seu meio ambiente (ARAOOZ, 2002). Desta forma, a participação da população ao expressar a sua percepção aos riscos existentes na área analisada, constituiu-se de elemento primordial que funciona como fonte de dados para a caracterização dos riscos na primeira etapa desta metodologia proposta.

As operações funcionais do espaço urbano referem-se ao entendimento de seu funcionamento, com relação aos fluxos existentes e os tipos de ocupação encontrados no espaço urbano. Nesta etapa, devem-se identificar ainda, os responsáveis pelo espaço urbano estudado (Setor Público e Privado).

Com relação ao entendimento do problema que envolve a segurança contra incêndios em espaços urbanos históricos, pode-se, em linhas gerais, estabelecer uma relação entre o comportamento do incêndio em ambiente fechado e o comportamento do incêndio sob o ponto de vista do espaço urbano, conforme apresentado na figura 2.

Figura 2- Relação entre o comportamento de um incêndio num ambiente fechado e no espaço urbano (PROCORO, 2003).

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Os incêndios podem ser entendidos através de etapas distintas, apesar do tempo e magnitude destas etapas variarem consideravelmente. As etapas típicas de um incêndio sem que haja intervenção no sentido extingui-lo são mostradas na figura 2 que, apesar de ser puramente esquemática mostra que os incêndios podem ser divididos em três estágios:

− Etapa de crescimento: esta etapa compreende a ignição, o estabelecimento da chama e o período que antecede o flashover, definido como o envolvimento completo do ambiente pelas chamas e fumaça;

Etapa de desenvolvimento: inicia-se após o flashover indo até o momento em que todo o combustível presente no ambiente é consumido pelo fogo;

− Etapa de decaimento: identificada como o período em que a temperatura foi reduzida a aproximadamente 80% do seu valor máximo.

Tratando-se do comportamento do incêndio no espaço urbano, pode-se estabelecer uma relação de que a “ignição” corresponde a um incêndio na edificação de origem, ou seja, uma edificação completamente incendiada. O “estabelecimento da chama” corresponde ao momento em que ocorre a propagação das chamas para outras edificações e o “flashover”, do ponto de vista do espaço urbano, é o momento em que uma ou mais quadras são completamente envolvidas em chamas. Compreende-se assim, que a segurança da área urbana é função da segurança de cada prédio, daí decorre a importância da segurança contra incêndios da edificação como meio de garantir a integridade de todo o espaço urbano, das pessoas e dos negócios ali desenvolvidos.

b) 2ª Etapa: identificação das características do espaço urbano

Apresenta as características do espaço urbano que são relevantes para a avaliação de desempenho e caracterização dos impactos. Nesta fase são identificados os condicionantes do espaço urbano que podem contribuir para a severidade de um incêndio. São eles: condições de manutenção, ocupação, implantação, legislação, rede de hidrantes, rede elétrica e características construtivas. Quanto às responsabilidades, devem-se detalhar as responsabilidades dos setores público e privado identificados na 1ª etapa. As responsabilidades do setor público no que se refere à segurança contra incêndios estão relacionadas a:

− Controle das vias de acesso e obstáculos da arquitetura: deve-se garantir a não obstrução das vias de acesso em área históricas, sobretudo, pelo comércio informal, visto que na ocorrência de um incêndio este fator pode constituir-se num obstáculo à extinção do incêndio pelo corpo de bombeiros. Os obstáculos da arquitetura podem ser representados por mobiliários urbanos que mal posicionados podem também interferir na ação do corpo de bombeiros;

− Manutenção da rede de hidrantes: para que esteja sempre em perfeitas condições para utilização pelo corpo de bombeiros, assim como a provisão de água pela companhia de abastecimento, mesmo em épocas de racionamento;

− Ao corpo de bombeiros deve ser dada a provisão de equipamentos adequados para combate.

Assim, esta etapa fornece informações relativas às características do espaço urbano que podem interferir em seu desempenho durante um incêndio e seus respectivos sistemas de prevenção e combate.

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Esta etapa fornece conhecimento sobre o incêndio através da elaboração de possíveis cenários e análise de suas conseqüências. Para a elaboração dos cenários, devem ser realizados mapeamentos das áreas de risco no espaço urbano em estudo e a identificação das quadras que apresentam ocupações de maior risco. Deve-se prover um detalhamento sobre os riscos específicos destas edificações selecionadas.

Na análise das conseqüências são enfocados os danos estruturais esperados, provocados pelo calor, assim como, os impactos gerais no espaço urbano.

d) 4ª Etapa: caracterização dos impactos

Esta etapa identifica os impactos específicos resultantes do incêndio em um espaço urbano histórico. Os impactos são caracterizados pelos riscos que provocam às pessoas, aos negócios, paralisações das atividades e ao meio ambiente.

Pessoas: como a localização do incêndio colocaria em risco a segurança dos ocupantes das

edificações e do espaço urbano?

Negócios: qual seria o risco à continuidade operacional nos negócios adjacentes à origem do incêndio?

Paralisações do espaço urbano: dado que ocorra um incêndio, que tipo de paralisação

ocorreria, em função da localização do incêndio e do tipo de ocupação existente nas áreas adjacentes?

Meio ambiente: preocupação com a emissão de poluentes durante o incêndio.

e) 5ª Etapa: planejamento da prevenção do estabelecimento da chama

Nesta etapa, são analisadas as defesas do espaço urbano associadas à prevenção do incêndio na edificação e à propagação do incêndio através do espaço urbano além da preparação para a emergência.

A prevenção do estabelecimento da chama na edificação pode se dar de duas formas: através da prevenção da ignição e pela prevenção do estabelecimento da chama. Quanto à prevenção do estabelecimento da chama no espaço urbano, deve ser buscado o confinamento do incêndio na edificação de origem, através da garantia da integridade das barreiras entre edificações geminadas, a separação entre edificações, definição de parâmetros de ocupação, a fim de evitar que ocupações que façam uso de substâncias perigosas (explosivas ou altamente combustíveis) sejam instaladas em áreas históricas.

A preparação para a emergência envolve três fases: antes, durante e depois da emergência. Antes da emergência, deve ser assegurada a prevenção do estabelecimento da chama assim como a elaboração de planos de contingência e planejamento para a emergência, visando à tomada de decisão mais rapidamente, dada à ocorrência de uma emergência envolvendo incêndios. As atividades realizadas durante a emergência são relacionadas à atuação dos serviços de emergência e de proteção pública (defesa civil, corpo de bombeiros, polícia militar, entre outros). As ações a serem tomadas depois da emergência serão específicas em virtude de cada cenário analisado.

f) 6ª Etapa: estruturação da análise da decisão

Ocorre a elaboração de alternativas a partir do conhecimento adquirido nas etapas anteriores devendo levar em consideração aspectos técnicos, financeiros, sociais e legais. Nesta etapa se as alternativas identificadas forem suficientes para a tomada de decisão, passa-se para a

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próxima etapa. Porém, se as alternativas ainda forem insuficientes, reinicia-se o processo a partir da Etapa 1- entendimento do problema.

g) 7ª Etapa: decisão

Nesta etapa ocorre a tomada de decisão com base no conhecimento adquirido nas etapas precedentes.

Cada etapa da metodologia proposta exige um estudo detalhado da área objeto de estudo. Atualmente, a metodologia está sendo posta em prática em estudo de caso realizado no Centro Histórico do Recife-PE, dada a sua importância histórica, cultural e econômica para a cidade do Recife. As etapas de entendimento do problema e identificação das características do espaço urbano já foram concluídas e os resultados são de fundamental importância, visto que, fornecem o conhecimento sobre o problema da segurança contra incêndios na área estudada. Será dado início à etapa de avaliação de desempenho do espaço urbano, etapa esta que exige um maior detalhamento e tratamento quantitativo dos dados, além da proposição de indicadores para avaliar o desempenho do espaço urbano, tais como qualidade e quantidade de acessos, fluxo das equipes de combate, nº de hidrantes, problemas detectados, dentre outros e planejamento da prevenção do estabelecimento da chama, como forma de validar a metodologia numa visão de segurança contra incêndios baseada no desempenho, visto que esta é uma tendência mundial.

Ações conscientes, direcionadas para o acesso aos riscos de incêndios em espaços urbanos históricos, são importantes e visam não apenas preservá-los, mas também, permitir a manutenção e expansão de diversas atividades vinculadas à economia e a cultura, agregando novos valores que contribuam para o desenvolvimento destas áreas históricas de forma responsável, garantindo a sua permanência para gerações futuras.

Espera-se que esta metodologia proposta venha a contribuir, de alguma forma, para o desenvolvimento de uma nova maneira de pensar sobre a segurança contra incêndios em espaços urbanos históricos, dada a importância histórica, social, cultural e econômica destas áreas que representam um pouco da riqueza e memória cultural do país.

Referências

AIELLO, M. & ASTRUA, F.(2002) - Fire Safety Measures in Historic Buildings for University Use. Fire Technology. Vol. 38, p. 345-362.

ARAOOZ, G. (2002) – Prevenção do Patrimônio Histórico-Cultural na América do Sul. Desafios e soluções. Organizado por World Monuments Fund. São Paulo.

ASPEF. (2004) - Seminário Franco-Brasileiro de Gestão de Riscos Naturais, Industriais e Ecológicos. Instituto de Engenharia. São Paulo.

BION, C. M. (2003) - Passado e Presente x Patrimônio Cultural. Revista Humanae. Vol.4.

BUCHANAN, A. H. (1999) - Implementation of Performance-based Fire Codes. Fire Safety Journal. Vol.32, p.377-388.

DUARTE, D. (2004) - Notas de Aula de Engenharia de Incêndios. Universidade Federal de Pernambuco, Recife. FITZGERALD, R. (2003) - Building Fire Performance Analysis – A Way of Thinking. Center for Fire Safety Studies. Worcester Polytechnic. Vol. 3.

GARMATTER, C. N. (2000)- Incêndios em Edificações de Interesse de Preservação: Necessidade de Uma Nova Abordagem. IEP/UFPR.

MEACHAM, B.J. (1997) - Introduction to performance-based fire safety. NFPA.

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Excelência em Gestão, Niterói, Novembro.

MILTIDIERI M. L. & IOSHIMOTO, E. (1998) - Proposta de Classificação de Materiais e Componentes Construtivos Frente ao Fogo - Reação ao Fogo. Boletim Técnico da USP, São Paulo, EPUSP.

ONO, R. (2004)- Proteção do Patrimônio Histórico- Cultural Contra Incêndio em Edificações de Interesse de Preservação. Palestra apresentada na Fundação Casa Rui Barbosa. Rio de Janeiro.

PROCORO, A. P. (2003) – Gerenciamento de Riscos de Incêndio em Espaços Urbanos Históricos: Uma Avaliação com Enfoque na Percepção do Usuário. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – CTG – UFPE, Recife.

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