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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
RESUMO
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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
➢ RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
• Responsabilidade civil ou extracontratual do Estado: obrigação de reparar danos causados a terceiros em decorrência de comportamentos comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes públicos.
• As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
• O Estado pode reconhecer a sua culpa independentemente de provocação do administrado, com base na autotutela, mas o administrado pode provocar a indenização tanto na via administrativa quanto judicial.
➢ RESPONSABILIDADE DECORRENTE DE ATOS LÍCITOS
• Pauta-se no princípio da isonomia e requer um efeito anormal para a vítima (particular) do ato produzido pelo Estado.
• Trata-se do princípio da repartição social dos encargos. Uma vez que os atos lícitos trazem utilidades à população, quando eles causarem danos a determinados particulares, o Estado dever reparar estes danos, uma vez que seria contrário ao princípio da isonomia a sociedade se beneficiar dos atos lícitos, e apenas parte da população sofrer os ônus.
➢ RESPONSABILIDADE DECORRENTE DE ATOS ILÍCITOS
• Pauta-se no Princípio da legalidade.
➢ TEORIA DAS RESPONSABILIDADES
• Evolução da Responsabilidade Civil do Estado
▪ Teoria da Irresponsabilidade (Absolutismo “o rei não erra”)
“The king can do no wrong” essa teoria prevaleceu até o final do século XIX. “
• Responsabilidade Subjetiva do Estado
▪ Surge do Estado Liberalismo (o Estado se torna responsável civilmente sempre que os agentes houvessem agido com DOLO ou CULPA).
▪ Teoria dos Atos de Império e dos Atos de Gestão:
o Atos de gestão: o estado respondia com base na teoria subjetiva.
o Atos de império: o estado não respondia, com base na irresponsabilidade.
▪ Teoria da Culpa Civil
o O Estado responde pelos atos de império ou de gestão, mas dependerá da identificação do agente público causador do dano, bem como da demonstração do elemento subjetivo do dolo ou culpa.
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▪ Teoria da Culpa Anônima / Teoria da Culpa Administrativa / Falta do Serviço
o O Estado pode responder civilmente independentemente da identificação do agente causador do dano
o Quando o serviço for realizado com falha ou deficiência, alguém agiu com dolo ou culpa.
▪ Teoria Subjetiva
o É vista como uma Teoria Subjetiva (preocupa-se com elemento subjetivo do dolo ou culpa).
o Para aplicar a Teoria da Culpa Anônima deve observar os seguintes requisitos:
➔ Deficiência ou insuficiência na prestação do serviço público;
➔ Falha, defeito ou vício na prestação do serviço público;
➔ Atraso, retardo ou demora na prestação do serviço público;
• Teoria da Responsabilidade Objetiva do Estado
▪ Dispensa a comprovação do elemento subjetivo do DOLO ou CULPA por parte do agente público.
▪ Teoria do Risco Administrativo (Art. 37, § 6º da CF/88
▪ Teoria do Risco Integral
o O Estado se torna um segurador universal. Assim, ele passa a ser responsável civilmente por todo e qualquer tipo de dano ocorrido em seu território (pouco importando se foi causado por um agente público ou não).
o Independe de correlação lógica e necessária entre a ação estatal e o dano ocorrido (nexo causal).
o Não admite a exclusão da responsabilidade do Estado! O Estado deverá ser responsabilizado mesmo que o dano ocorra por um fato de terceiro distante da Administração Pública.
o Decorre de um modelo de Estado Solidário que procura a todo custo diminuir os danos que seus cidadãos vierem a sofrer, independentemente de quem causou.
o Apesar das divergências entende-se que o Risco Integral é adotado no Brasil nos seguintes casos:
➔ Dano Nuclear (Ar. 21, XXIII, d, da CF);
➔ Dano ao Meio Ambiente (Art. 225, § 3º, da CF);
➔ Atentado Terrorista / Atos de Guerra contra aeronaves de matrícula brasileira operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo público, excluída as empresas de taxi aéreo particular. (Lei nº 10.744/2003).
• Responsabilidade do Estado por Ação
▪ Quando o Estado agir (atuação comissiva) como Administração Pública, a teoria a ser utilizada é da RESPONSABILIDADE OBJETIVA, com base no RISCO ADMINISTRATIVO. Assim, a responsabilidade independe de DOLO OU CULPA.
▪ A responsabilidade do Estado pode ser excluída ou reduzida
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▪ Caso fortuito (evento humano) e força maior (evento da natureza) o Deve observar que essa excludente de responsabilidade Estatal,
que é um evento humano ou de natureza alheio à vontade das partes e:
➔ Imprevisível;
➔ Inevitável; ou
➔ Previsível, porém, de consequências incalculáveis.
▪ Respondem de forma objetiva
o Todas as pessoas jurídicas de direito público: União, Estados, DF, Municípios, Autarquias e Fundações Públicas de Direito Público; e
o Pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos
o Atenção:
➔ O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal integram a estrutura da Administração Pública Indireta e possuem personalidade jurídica de direito privado, mas elas não são prestadoras de serviços públicos, ou seja, elas não respondem de forma objetiva, mas Empresa de Correios e Telégrafos que é prestadora de serviço público irá incidir a responsabilidade objetiva, pois essa é pessoa jurídica de direito privado e ainda é prestadora de serviço público.
➔ Desta forma, fique atento que uma concessionária, por exemplo, uma empresa que prestadora de transporte coletivo urbano, mesmo não integrando a estrutura do estado, mas por ser uma pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público irá responder de forma objetiva.
o Jurisprudência
➔ RESPONSABILIDADE – PJ de D. Privado prestadoras de serviços públicos.
➔ A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários e não usuários do serviço. STF/2009: RE 591874.
• Teoria da Causalidade Imediata
▪ Segundo essa teoria do dano direto e imediato, o Estado só responde civilmente se o dano decorrer diretamente e imediatamente de uma ação ou omissão Estatal, por exemplo, se um preso fugir foragido 4 meses após a fuga estupra uma mulher, o Estado não responderá.
▪ Todavia, se o estupro fosse após a fuga aí o Estado responderia, pois seria observada a teoria da causalidade imediata neste caso.
▪ Jurisprudência:
o RESPONSABILIDADE – arma de fogo da corporação
o 1 – O Estado responde objetivamente pelos danos causados por seus agentes, ainda que fora do horário do expediente. Nesse
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sentido: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO.
Responsabilidade civil do estado. C.F., art. 37 §6º.
o I – Agressão praticada por soldado com a utilização de arma de corporação militar: incidência da responsabilidade objetiva do estado, mesmo porque, não obstante fora do serviço, foi na condição de policial militar que o soldado foi corrigir as pessoas. O que deve ficar assentado é que o preceito inscrito no art. 37, § 6º, da CF, não exige que o agente público tenha agido no exercício de suas funções, MAS NA QUALIDADE DE AGENTE PÚBLICO. STF/ 2011: ARE 644395
▪ Responsabilidade do Estado por Omissão
o Quando o Estado deixa de agir, a teoria a ser utilizada é a da RESPONSABILIDADE SUBJETIVA, ou seja, o Estado responde se ficar demonstrado DOLO ou CULPA.
o Demonstra-se a culpa da Administração da seguinte forma:
➔ Deficiência ou insuficiência na prestação do serviço público;
➔ Falha, defeito ou vício na prestação do serviço público;
➔ Atraso, retardo ou demora na prestação do serviço público;
▪ Teoria do Risco Criado
o Teoria do risco criado é quando o Estado trás para si a responsabilidade de pessoas ou objetos, por exemplo, um preso custodiado num presidio ou um carro apreendido numa blitz.
o Nesses casos, mesmo que o dano decorra da omissão estatal, irá ser aplicado a responsabilidade objetiva, conforme a teoria do risco criado.
o Jurisprudência:
➔ RESPONSABILIDADE – suicídio de paciente em hospital
➔ A discussão relativa à responsabilidade extracontratual do Estado, referente ao suicídio do paciente internado em hospital público, no caso foi excluída pela culpa exclusiva da vítima, sem possibilidade de interferência do ente público. STF/2008: AI 463531
• Existe responsabilidade do Estado pelos Atos de Multidões ou Multitudinários?
▪ Os atos de multidões (ou multitudinários) que "em regra, os danos causados por atos de multidões não geram responsabilidade civil do Estado, tendo em vista a inexistência do nexo de causalidade, pois tais eventos são praticados por terceiros (...)".
▪ Não há ação ou omissão estatal causadora do dano, que
"excepcionalmente, o Estado será responsável quando comprovadas a ciência prévia da manifestação coletiva (previsibilidade) e a possibilidade de evitar a ocorrência de danos evitabilidade.
▪ Assim, por exemplo, se o Estado é notificado sobre encontro violento de torcidas organizadas de times rivais e não adota as providências
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necessárias para evitar o confronto, restarão caracterizadas a sua OMISSÃO específica e, por consequência, a sua responsabilidade".
▪ Responsabilidade do Agente
o A Administração deve impetrar Ação Regressiva contra o agente causador do dano nos casos de dolo ou culpa. O regresso poder ser na via judicial ou administrativa, mas não pode descontar sem a anuência do agente público causador do dano.
o Assim a responsabilidade do agente é subjetiva
o A ação regressiva é imprescritível (art. 37, §5º, da CF).
Entretanto, se for contra agente de pessoa jurídica de direito privado, o prazo prescricional é de 3 anos (art. 206, §3º, V, do CC)
o Atenção:
➔ As ações de indenização por danos morais decorrentes de atos de tortura ocorridos durante o Regime Militar de exceção são imprescritíveis. Não se aplica o prazo prescricional de 5 anos previsto no art. 1º do Decreto 20.910/1932. STJ. 2ª Turma. REsp 1.374.376-CE, Rel.
Min. Herman Benjamin, julgado em 25/6/2013 (Info 523).
▪ Reparação do Dano
o É o pagamento pecuniário para repor os danos materiais e recompensar pelos danos morais e/ou estéticos causados à vítima pela conduta danosa
o Espécies de danos:
➔ Danos materiais: danos emergentes (foi suprimido) ou lucro cessante (aquilo que deixou de ganhar, mas deve ser comprovado).
➔ Danos morais: sofrimento físico ou psíquico suportado pela vítima
➔ Danos estéticos: é a supressão de um membro ou de características físicas estéticas da vítima.
▪ Súmulas
o Súmula 37, do STJ. São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundo do mesmo fato.
o Súmula 387, do STJ. É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.