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TRAJETÓRIA DA IMPLANTAÇÃO DE AURICULOTERAPIA NA REDE MUNICIPAL DE SAÚDE DE CRUZ ALTA RIO GRANDE DO SUL

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TRAJETÓRIA DA IMPLANTAÇÃO DE AURICULOTERAPIA NA REDE MUNICIPAL DE SAÚDE DE CRUZ ALTA – RIO GRANDE DO SUL Trajectory of the implementation of auriculotherapy in the city health network of

Cruz Alta – Rio Grande do Sul

Trayectoria de la implementación de la auriculoterapia en la red municipal de salud de Cruz Alta – Rio Grande do Sul

Vera Lucia Freitag1 Kelly de Moura Oliveira Krause2

1 Docente do Curso de Enfermagem da Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ), Doutora em Enfermagem – UFRGS, Mestra em Ciências – UFPel, Especialista em Gestão Pública em Saúde - UFSM, Enfermeira – UFSM, Membra do CEVIDA - Grupo de Estudos no Cuidado à Saúde nas Etapas da Vida – UFRGS, Facilitadora e praticante de Bars Access, Reflexologia Podal, Reiki, Meditação e Radiestesista, Cruz Alta, RS, Brasil. E-mail:

verafreitag@hotmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5897-7012

2 Mestra em Saúde Coletiva pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), Docente do Curso de Enfermagem da Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ), Cruz Alta, RS, Brasil. E-mail: koliveira@unicruz.edu.br

RESUMEN

La inserción de Prácticas Integrativas y Complementarias (PICS) en el Sistema Unificado de Salud (SUS) constituye una acción de ampliación del acceso, calificación de servicios a través de nuevas estrategias de atención natural, con el principio de integralidad de la atención sanitaria. El objetivo de este artículo era describir la trayectoria de la implementación de la auriculoterapia en la red de salud municipal del municipio de Cruz Alta/Rio Grande do Sul. Se trata de un informe de experiencia que aborda la trayectoria de implementación de PICS en la atención sanitaria de los usuarios en el municipio de Cruz Alta/RS, al cuidado de la auriculoterapia. Dados los avances científicos y tecnológicos y el modelo biomédico muy presente en la actualidad, es necesario considerar la implementación de la Política de Prácticas Integrativas y Complementarias (PICS), especialmente en el Sistema Unificado de Salud (RS), aportando estrategias de atención que consideren la integralidad, subjetividad y singularidad de los usuarios, con miras a la promoción de la salud, protección y prevención.

Palabras clave: Prácticas Integrativas y Complementarias;

Salud Pública; Educación Continua.

ABSTRACT

The insertion of Integrative and Complementary Practices (ICP) in the Unified Health System (SUS) constitutes an action of expanding access, qualification of services through new strategies of natural care, with the principle of integrality of health care. The aim of this article was to describe the trajectory of the implementation of auriculotherapy in the municipal health network of the municipality of Cruz Alta/Rio Grande do Sul. This is an experience report that addresses the trajectory of implementation of ICP in the health care of users in the municipality of Cruz Alta/RS, in the care of auriculotherapy. Given the scientific and technological advances and the biomedical model very present nowadays, it is necessary to consider the implementation of the Policy of Integrative and Complementary Practices (ICP), especially in the Unified Health System (RS), providing care strategies that consider the integrality, subjectivity and uniqueness of users, with a view to health promotion, protection and prevention.

Key words: Integrative and Complementary Practices; Public Health; Continuing Education.

RESUMO

A inserção das Práticas Integrativas e Complementares (PICS) no Sistema Único de Saúde (SUS) configura uma ação de ampliação de acesso, qualificação dos serviços por meio das novas estratégias de cuidado natural, com o princípio da integralidade da atenção à saúde. O objetivo deste artigo foi descrever a trajetória da implantação de auriculoterapia na rede municipal de saúde do município de Cruz Alta/

Rio Grande do Sul. Trata-se de um relato de experiência que aborda a trajetória de implantação das PICS no cuidado a saúde dos usuários do município de Cruz Alta/RS, no atendimento de auriculoterapia.

Diante dos avanços científicos e tecnológicos e do modelo biomédico muito presente nos dias atuais, faz-se necessário considerar a implantação da Política das Práticas Integrativas e Complementares (PICS), especialmente no Sistema Único de Saúde (RS), propiciando estratégias de cuidado que considere a integralidade, a subjetividade e a singularidade dos usuários, com vistas a promoção, proteção e prevenção à saúde.

Palavras-chave: Práticas Integrativas e Complementares;

Saúde Pública; Educação permanente.

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1 INTRODUÇÃO

As práticas integrativas e complementares (PICS) têm sua origem milenar na cultura oriental, todavia, vem sendo (re)conhecidas e disseminadas na cultura ocidental e de maneira peculiar nas últimas décadas, fruto do movimento de mudança de um modelo focado no biocurativismo para uma visão integral do ser humano. Nos últimos 30 anos as PICS vem sendo cada vez mais reconhecidas pela sociedade contemporânea devido a resultados satisfatórios, visualizados pelas pesquisas científicas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda formalmente a utilização dos recursos da medicina tradicional e popular pelos sistemas nacionais de saúde. Um marco importante foi a Conferência de Alma-Ata, de 1978, visto o incentivo dos Estados membros a formular e implementar políticas públicas para a utilização racional e integrada de medicina tradicional e complementar. A OMS considera as terapias integrativas e complementares, como práticas, técnicas, saberes e crenças de saúde que congregam formas de cuidado e cura à base de plantas, animais e/ou minerais, terapias espirituais, técnicas manuais e exercícios utilizados individualmente ou de forma complementar para assegurar a qualidade de vida, promover saúde, prevenir doenças, diagnosticar e tratar patologias (BRASIL, 2019).

A inclusão de Práticas Integrativas e Complementares (PICS), no Sistema Único de Saúde – SUS é discutida internacionalmente, sendo que no Brasil criou-se a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) que orienta e dispõe sobre a (sua) inclusão no Sistema Único de Saúde.

Desde a Lei 8080/90, iniciou-se o processo de legitimação e institucionalização dessas abordagens de atenção à saúde. A instituição como Política Pública no Brasil ocorreu em 2006, com a criação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), criada com a finalidade de atender as diretrizes e indicações de várias Conferências Nacionais de Saúde e as recomendações da OMS, publicada na forma de Portaria Ministerial n. 971, em 03 de maio de 2006 (BRASIL, 2006).

As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) representam recursos terapêuticos diferenciados, que valorizam a escuta acolhedora, promovem o autocuidado e estimulam naturalmente mecanismos de prevenção de doenças e promoção da saúde. Fazem um contraponto à fragmentação do cuidado à saúde humana, pois observam a pessoa integralmente e em conjunto com o meio ambiente e a sociedade (BRASIL, 2018).

Recentemente, através das portarias n° 849/2017, a PNPIC foi ampliada em 14 novas PICS e também as Portarias nº 633 e 145, que atualizam o serviço especializado das PICS na tabela de serviços do Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES).

Posteriormente por meio da Portaria n° 702/2018, expandiu com mais práticas, foram mais 10 recursos terapêuticos que passaram a integrar as PICS do Ministério da Saúde. Atualmente somam-se 29 PICS aprovadas pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2018).

As PICS têm sido amplamente estudadas. Diversas pesquisas têm mostrado a segurança e efetividade das práticas para complementar os cuidados convencionais. Para impulsionar

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o desenvolvimento de estudos na área foi criado o Consórcio de Pesquisadores em Saúde Integrativa da América Latina. Dentre as PICs reconhecidas pelo Ministério da Saúde destaca-se a auriculoterapia, considerada uma técnica da Medicina Tradicional Chinesa que trata disfunções físicas, emocionais e mentais. Esta técnica é desenvolvida por meio de estímulos em pontos específicos da orelha, local onde há terminações nervosas correspondentes a determinados órgãos do corpo (BRASIL, 2018). Assim, acredita-se que o pavilhão auricular está relacionado com todas as partes do corpo humano.

No ano de 1950, o francês (Lyon) Paul Nogier, iniciou suas pesquisas através do Reflexo Vásculo Neural e Reflexo Aurículo-Cardíaco, com bases neurofisiológicas e reflexas de somatotopia com pavilhão auricular. Recebeu pacientes em seu consultório para o tratamento de dor ciática, e observou que os mesmos apresentavam um ponto cauterizado no pavilhão auricular, o qual era realizado por uma curandeira. O pesquisador e médico também observou que os pacientes apresentavam evolução e alívio da algia. Nesta premissa, Nogier passou a ver a aurícula como um homúnculo, bem parecido com o feto invertido, com a cabeça orientada para a parte auricular mais baixa do lóbulo, e os pés para a extremidade superior da orelha e o corpo entre ambas (LEIVAS et al., 2017).

Esta é uma técnica de estimulação de pontos vitais da orelha (geralmente por meio do uso de sementes vegetais esféricas aderidas à pele), as quais correspondem às diversas partes do corpo humano e os meridianos que convergem na orelha. A auticuloterapia associa-se muito à medicina tradicional chinesa, mas nas últimas décadas também acumularam-se conhecimentos científicos sobre a conexão dessa estimulação com outros locais e funções do organismo, com o objetivo de reestabelecer a saúde (BRASIL, 2019).

Os pontos da auriculoterapia promove uma homeostase psicossomática com resultados po-sitivos na utilização da técnica para o controle da ansiedade, tanto a moderada como a grave e com sintomas psicossomáticos e estresse (FREZZA, 2016; KUREBAYASHI, 2017).

Estudos nacionais e internacionais tem comprovado a eficácia desta PIC no cuidado a sa-úde, a exemplo do estudo realizado em Cuba com 53 adultos hipertensos, com o objetivo de demonstrar a efetividade da auriculoterapia no tratamento do paciente hipertenso. Os resulta- dos obtidos evidenciaram a efetividade do tratamento convencional em 96,3 % dos participan- tes e a satisfação em ser contemplado com o tratamento (CABALLERO; COLÁZ; RAMÒN et al.; 2014). Outros estudos obtiveram o alívio de dores crônicas (ZHAO et al., 2015), redu-ção do estresse (PRADO; KUREBAYASHI; SILVA, 2018), dentre outras. Assim, pode-se observar que os resultados com a utilização desta PIC são muito positivos, comprovando a eficácia e veracidade dos métodos. Diversas bases de dados trazem referências cientificas, com ampla produção, facilitando o acesso da informação cientifica e técnica sobre o tema, além de estimular o fortalecimento das pesquisas e colaboração de profissionais, gestores e pesquisadores.

Na Atenção Primária (AP), a auriculoterapia tem sido usada em atendimentos individuais e coletivos para diversos tipos de problemas de saúde, após avaliação clínica pela equipe de saúde da família. Pode ser utilizada como tratamento principal ou, mais comumente, em associação

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com outras terapêuticas, de modo a enriquecer as possibilidades de cuidado acionadas pelos profissionais.

Estudo realizado em uma Atenção Básica (AB) com o objetivo de demonstrar os benefí- cios adquiridos após um mínimo de 4 sessões a cada paciente em acompanhamento para taba- gismo. A auriculoterapia é realizada em pontos específicos referente as queixas mais frequen- tes, as quais são: ansiedade, tristeza e insônia. Os resultados apontaram a melhoria significativa de tais queixas (CAMARGO; SANTOS, 2013).

Sendo assim, percebe-se a necessidade de adequação às PICS na rede básica de cuida- do, visto o apoio do Ministério da Saúde e os resultados obtidos por meio de pesquisas ao longo dos anos. Os avanços científicos e tecnológicos não respondem a dimensão do ser hu-mano, há necessidade de adequar estratégias de cuidado que possam ir além da medica alopá-tica.

Desta maneira, o objetivo deste estudo foi descrever a trajetória da implantação de auriculoterapia na rede municipal de saúde do município de Cruz Alta/Rio Grande do Sul.

2 METODOLOGIA

Trata-se de um relato de experiência que aborda a trajetória de implantação das PICS no cuidado à saúde dos usuários do município de Cruz Alta/RS, em auriculoterapia (prática desenvolvida pela aplicação de estímulos na orelha em pontos para determinada patologia e ou sintoma, visto que o pavilhão auricular está relacionado com todas as partes do corpo humano).

O projeto de implantação das PICS teve como objetivo geral implementar PICs no município visando à promoção, prevenção e assistência à saúde, com base no princípio da integralidade e buscando a humanização de procedimentos e ações em todos os níveis de atenção. Os objetivos específicos foram apoiar a implementação de PICs contempladas na Política Nacional de Prati- cas Integrativas e Complementares na Rede nas redes de atenção; contribuir para a racionaliza- ção das ações de saúde, avaliando resultados da implementação desta política.

O município de Cruz Alta (RS) possui aproximadamente 62.821 habitantes conforme o último censo do IBGE (2010). Pertencente a 9ª Coordenadoria Regional de Saúde que compre- ende os municípios de Boa Vista do Cadeado, Boa Vista do Incra, Colorado, Cruz Alta, Forta- leza dos Valos, Ibirubá, Jacuizinho, Quinze de Novembro, Saldanha Marinho, Salto do Jacuí, Santa Barbara do Sul, Selbach e Tupanciretã.

A rede é composta por 20 Estratégias Saúde da Família (ESF); um Serviço de Atenção Especializada (SAE); um Centro da Mulher e da Criança; um Centro de Especialidades Médi- cas; uma Clínica de Fisioterapia; quatro Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); dois Centro de Assistência Social (CRAS); um Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e um Centro de Atendimento Especializado em Assistência Social (CREAS).

Neste estudo seguiu-se os preceitos éticos em pesquisa, visto tratar-se de um relato de experiência, o manuscrito não necessitou de apreciação em Comitê de Ética e Pesquisa. Salien- ta-se que foi atribuída autoria a todos os materiais consultados.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1 Sensibilização da Gestão

No ano de 2018 foi sugerido ao Gestor do Município, implantar a Política de Praticas Integrativas e Complementares fossem implantadas no município. Neste momento o aauriculo- terapia foi uma prática sugerida, visando o em estar da população, instituindo práticas que são sistemas e recursos terapêuticos que buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção de doenças e da recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade.

A inserção das PICS no SUS configura-se como uma ação de ampliação de acesso e qualificação dos serviços, sob a ótica da integralidade da atenção à saúde do usuário. Todavia, ao consolidar esta nova estratégia de cuidado como promotora e preventiva de saúde na APS, devem ser levadas em conta as diversas influências que interferem no decorrer deste processo:

sujeitos envolvidos, cultura local, gestores, políticas institucionais, organizacional, entre outras (SANTOS; TESSER, 2012).

A integralidade é uma das diretrizes básicas do SUS, instituído pela constituição de 1988. Compreende o atendimento integral ao ser humano, entendida também como conjun- to articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema. Além disso, é uma bandeira de luta que está relacionada à busca do profissional e do serviço em compreender o conjunto de necessidades de ações e serviços de saúde que um usuário apresenta, relacionado à organização dos serviços e práticas de saúde, apreender necessidades de saúde da população e definir políticas, que respondam os problemas de saúde específicos da população (SILVA;

MIRANDA; ANDRADE, 2017).

Nesta premissa, um projeto foi construído, quando foi apresentada uma análise dos prin- cipais medicamentos retirados na Farmácia Municipal, contextualizando as novas estratégias de cuidado que poderiam ser utilizadas, a exemplo das PICs, que aceleram as forças curativas do organismo e sem a utilização da medicina alopática.

Neste contexto, um estudo observou que a auriculoterapia acelera a eliminação dos efei- tos colaterais dos medicamentos, suprimindo as possíveis incompatibilidades que porventura possam ocorrer entre a Acupuntura e alguns fármacos como o caso da cortisona, calmantes, antidepressivos, drogas, entre ouras. Permite, também, o tratamento de pessoas em estado de intoxicação por drogas ou álcool, de pessoas idosas, caquéticas ou em período menstrual (SOU- ZA, 2007).

Assim, pode-se observar que faz-se necessário conhecer os benefícios da auriculotera- pia no cuidado a população, e assim, ter argumentos plausíveis no momento de dialogar com a gestão a fim de sensibilizá-la em relação a importância da visão multidimensional do cuidado, com estratégias que visem o bem-estar da população de forma integral.

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3.2 Apreciação do Conselho Municipal de Saúde

O projeto foi para apreciação do Conselho Municipal de Saúde, em novembro de 2018.

A proposta foi apresentada, esclarecendo as principais dúvidas e ou questionamentos. Teve boa aceitação pelo Conselho que aprovou a proposta.

Atualmente um dos modelos democráticos brasileiro são os Conselhos Gestores que am- pliam a participação da sociedade na decisão quanto à implantação de políticas públicas. Tais conselhos compõe novos leitores da realidade atual em saúde, e tem papel efetivo nas decisões.

Neste contexto, os Conselhos de Saúde destacam-se pela força de sua institucionalização e por suas atribuições deliberativas, garantidas pelas Leis Orgânicas. Assim, os conselhos promovem a participação social no SUS de segmentos como usuários, trabalhadores, gestores e prestadores de serviço, que estão vinculados ao mesmo (REZENDE; MOREIRA, 2016).

Os conselhos são espaços de democratização, que viabilizam a inclusão de demandas da sociedade. Os conselhos gestores muitas vezes enfrentam desafios significativos na intersecção direta com a gestão pública, entre os quais está a criação, a apropriação e o aperfeiçoamento de mecanismos para monitorar e avaliar a execução de suas deliberações, ou seja, o impacto de sua atuação na respectiva esfera de governo (KLEBA; ZAMPIROM; COMERLATTO, 2015).

Destaca-se neste contexto que a participação dos segmentos da sociedade é fundamen- tal para as escolhas em saúde que sejam benéficas a população, especialmente em relação as Políticas Públicas em Saúde. Estes, além da aprovação, tem a função de monitorar e avaliar o desenvolvimento das políticas, ora aprovadas.

3.3 Recrutamento da equipe

A próxima etapa da implantação foi o convite aos profissionais da rede de Saúde, onde foi conhecido que alguns já haviam realizado o curso de formação de auriculoterapia, oferecido pelo Ministério da Saúde ou por cursos de especialização.

O Ministério da Saúde, através da Coordenação Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (CNPICS)/DAB/SAS, em convênio com a Universidade Federal de Santa Catarina, oferece o curso formação em auriculoterapia para profissionais de saúde da Atenção Básica, com o objetivo de capacitar profissionais de nível superior da atenção básica por meio de ensino semi-presencial (BRASIL,2019).

O curso de auriculoterapia oferecido pelo MS foi dividido em 2 etapas: uma etapa a dis- tancia (EAD) com carga horaria de 75 horas, constituído de cinco módulos sequenciais, e uma etapa presencial, com carga horária de 5 horas, realizada após a finalização da EAD. Todavia, as dições do curso são realizadas em diferentes estados do país, com a etapa presencial ocorrendo em municípios-polo regionais (BRASIL, 2019).

Como pré-requisitos para inscrição, os candidatos deveriam ser profissionais de saúde de nível superior atuantes na atenção básica, lotados em equipes de Saúde de Família, unida-

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des básicas ou centros de saúde tradicionais, NASF (Núcleos de Apoio à Saúde da Família), equipes de atenção domiciliar, consultórios de rua, equipes de saúde fluvial e similares, mas foram aceitos também profissionais de CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) e serviços de reabilitação. Sendo totalmente gratuito para os profissionais (BRASIL, 2019).

Vários dos profissionais do município de Cruz Alta/RS, aderiram ao curso, sendo seis Enfermeiras, um Farmacêutico, três Fisioterapeutas, uma Psicóloga, uma Assistente Social e uma Odontóloga, que atuam em diversos setores da rede, conforme o quadro abaixo:

Quadro 1 - Oferta de Auriculoterapia novembro de 2018.

Período Formação Local

2018 Enfermeiro ESF

Farmacêutica ESF

Fisioterapeuta Clínica de Fisioterapia

Enfermeira CAPS Álcool e Drogas

2019 Enfermeira CAPS I

Enfermeira CAPS IJ

Psicóloga CAPS AD

Assistente Social ESF Centro

2 Fisioterapeutas Clínica de Fisioterapia

3 Enfermeiros Estratégias Saúde da Família

Dentista Estratégias Saúde da Família

Fonte: (KRAUSE; FREITAG, 2019).

3.4 Educação Permanente em Saúde

O Ministério da Saúde instituiu em 2004, por meio da Portaria 198/2004, a Política Na- cional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) como estratégia do SUS para a formação e o desenvolvimento de trabalhadores para o setor. Tal política define a Educação Permanente em Saúde (EPS) como uma estratégia para transformações dos serviços de saúde, compreendendo as dimensões sociais e educacionais, as quais tem repercussões nos modos de produzir, nos di- ferentes campos do saber e de produção de bens e serviços (BALBINO; BEZERRA; FREITAS et al.; 2010).

A EPS configura-se como um processo de atualizações, novos conhecimentos e aprendi- zagem permanente, processo de formação contínuo (SOUSA; BRANDÃO; PARENTE, 2015).

Neste contexto, o financiamento da EPS pode ser utilizado para ações envolvendo as PIC, com objetivo de qualificar e transformar o processo de trabalho.

A EPS apresenta-se como proposta de ação estratégica capaz de contribuir para a trans- formação dos processos formativos, das práticas pedagógicas, de atenção a saúde e para a organização dos serviços, em um trabalho conjunto entre o sistema de saúde, em suas várias esferas da gestão, e as instituições formadoras. Nesse contexto, a educação permanente por ser um modelo que inova, e busca transformar uma realidade, deve transcender o campo de saber

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formativo dos profissionais buscando uma maneira de ensino-aprendizagem amplo (SOUSA;

BRANDÃO; PARENTE, 2015).

Construir estratégias de cuidado como foco nas necessidades da população é educar em saúde, realidade vivida por todos os envolvidos. A EPS possibilita o enfrentamento dos problemas vivenciados/enfrentados no dia-a-dia do com foco na mudança, em um processo de ensino-aprendizagem em que as pessoas estejam abertas para ensinar e aprender.

4 CONCLUSÃO

A construção de um projeto é um processo lento. Há necessidade de interlocução com a rede, várias reuniões até chegar a um objetivo em comum. A fim de sensibilizar a gestão é necessário argumentos e embasamento plausíveis a serem apresentados, assim como ao Conselho Municipal de Saúde, importante órgão que tem poder de aprovação, monitoramento e avaliação das políticas implantadas no município.

Vivemos em uma era em que os avanços científicos e tecnológicos e do modelo biomédico ainda estão muito presentes, bem com foco na cura. Assim, faz-se necessário considerar a implantação da Política das Práticas Integrativas e Complementares (PICS), especialmente no Sistema Único de Saúde (RS), propiciando estratégias de cuidado que considere a integralidade, a subjetividade e a singularidade dos usuários, com vistas a promoção, proteção e prevenção à saúde.

A Auriculoterapia na perspectiva da PIC amplia as ferramentas de cuidado cotidiano ao usuário, de uma maneira simples e natural, ativando as forças curativas do organismo e com resultados satisfatórios, sem lançar mão a medicina alopática que fragmenta o cuidado e visa a cura física.

Neste contexto torna-se fundamental levar em conta o ser humano multidimensional, além do físico, um ser mental, espiritual e emocional e que deve ser cuidado de forma integral, levando em conta todo o contexto que o engloba. Acredita-se na potencialidade de formação de profissionais em Auriculoterapia, bem como em outras PICS, e assim enriquecer a rede de cuidado.

REFERÊNCIAS

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DIAS, M. S. A.; PINTO, V. P. T. Educação permanente com os auxiliares de enfermagem da Estratégia Saúde da Família em Sobral, Ceará. Trab. Educ. Saúde, Rio de Janeiro, v. 8 n. 2, p. 249-266, jul./out. 2010.

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BRASIL. Ministério da Saúde. Práticas Integrativas e Complementares (PICS): quais

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são e para que servem, 2019. Disponível em: https://saude.gov.br/saude-de-a-z/praticas- integrativas-e-complementares.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual de implantação de serviços de práticas integrativas e complementares no SUS/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica.

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CAMARGO, C. A.; SANTOS, C. A. Evidências da auriculoterapia no programa de tabagismo na Atenção Básica. ANAIS DO CBMFC, n. 12, p. 620, 2013.

KLEBA, M. E.; ZAMPIROM, K.; COMERLATTO, D. Processo decisório e impacto na gestão de políticas públicas: desafios de um Conselho Municipal de Saúde. Saúde e Sociedade, v. 24, p. 556-567, 2015.

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ZHAO, H. J. et al. Auricular therapy for chronic pain management in adults: A synthesis of evidence. ComplementTherClinPract; v. 21, n. 2, p. 68-78, 2015.

Recebido em: 30/07/2020 Aceito em: 04/08/2020 Publicado em: 09/2020

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