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Otimização de Usinas Hidrelétricas

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Academic year: 2022

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Otimização de Usinas Hidrelétricas

Ayron Afonso Rosini, João Scodeler Fanucci Ferreira, Paulo César Morais, Rubens Martins Domingues

ayronrosini12@gmail.com; joaoscodeler@gmail.com; pcmoraispc@gmail.com; rubens_mar_dom@hotmail.com;

Matheus Sêda Borsato Cunha

Coordenação de curso de Engenharia Elétrica

Resumo – Este trabalho visa o estudo de eficiência energética nas usinas hidrelétricas (UHE), a fim de evitar racionamentos, como a crise de abastecimento de energia enfrentada pelo Brasil, causando um racionamento de 20%. Uma possível solução proposta neste trabalho para melhoria da eficiência, é a implementação de sistemas de rotação variável e usinas solar fotovoltaica flutuante nas UHEs. Chegou-se à conclusão de que a utilização das duas tecnologias aliadas em uma mesma UHE, atendendo os pré- requisitos estabelecidos para rotação variável do tipo back-to-back, poderá alcançar um ganho na produção energética brasileira, diminuindo os efeitos causados por escassez hídrica.

Palavras-chaves: back-to-back, energia fotovoltaica, geração de energia, geração híbrida, pórticos flutuantes, usinas hidrelétricas.

1. Introdução

No início do século, o Brasil enfrentou uma crise de abastecimento de energia devido à falta de consistência em que o país dependia quase 100% das usinas hidrelétricas (UHEs) e a falta de regulamentação no setor elétrico que iniciava, resultando no desequilíbrio entre a procura e a demanda, criadas por atrasos na geração programada. Por este motivo foi instaurado um racionamento de 20% de energia elétrica no país o que perdurou até março de 2002 [1].

Desde então, para minimizar os efeitos de novas crises, houve alterações no setor de energia elétrica, como incentivo de outras fontes de energia, visando aumentar a segurança na matriz energética brasileira. A expansão da capacidade de geração concentrou-se no grande potencial hidrelétrico disponível na região amazônica [2]. Devido a problemas ambientais relacionados à bacia amazônica, e para garantir a segurança energética, principalmente nos períodos de seca, optou-se pela ampliação do parque de usinas térmicas em nível nacional. A operação das usinas termelétricas, quando associadas às energias renováveis, aumentam os problemas relacionados

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à ciclicidade das usinas, ou seja, as usinas sofrem por conta de ciclos onde a períodos de muita chuva e períodos de muita estiagem, deste modo a sua produção não pode ser operada de forma constante. A operação de tais usinas se torna mais flexível para acompanhar as flutuações de carga gerada pelas eólicas. Para isso, as usinas termelétricas precisam reduzir seus tempos de início e rampa, e apresentar geração mínima reduzida a qual possui seu custo elevado e uma baixa eficiência [3]. Contudo, o aumento da capacidade de geração quase sempre impacta negativamente o meio ambiente, contribuindo para alterações climáticas, devido à emissão direta ou indireta de gás carbônico (CO2) no planeta.

A energia solar e a hidráulica são fontes consolidadas para geração de energia elétrica em todo o mundo, porém de maneiras isoladas [4]. Em 2012, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) regulamentou as condições gerais para o acesso de micro e minigeração distribuída aos sistemas elétricos no país. A minigeração distribuída é caracterizada por uma central geradora de energia elétrica, com potência instalada superior a 75 kW até 3 MW para fontes hídricas ou igual a 5 MW para cogeração qualificada [5].

O uso de energia solar, utilizando módulos solares fotovoltaicos, os quais captam a irradiação solar e a transformam em energia elétrica, para produção de energia é usual para pequenas e grandes gerações. Instalá-las ao entorno da subestação irá cooperar para que, na falta de volume hídrico suficiente para produção de energia, seja acionado diretamente o envio da energia produzida pelos módulos instalados.

A operação de UHEs com rotação variável é um método estudado há tempos. Visto que a turbina é muito sensível, a variação do nível montante de água, a principal vantagem desta solução é a recuperação da eficiência da turbina hidráulica, quando operando em baixa queda [6]. A habilidade de trabalhar em baixas quedas mantendo a eficiência nominal é conseguida com uma redução da velocidade de operação, a qual varia de acordo com a turbina [7,8]. Porém isto acarreta uma redução da frequência da tensão gerada, tornando-se impossível a operação síncrona e conexão direta da máquina ao sistema, uma vez que o sistema interligado nacional (SIN) opera apenas na frequência de 60 Hz [7,8].

A Figura 1 apresenta de modo simplificado as principais topologias de conexão entre geração e transmissão que são: configuração convencional com rotação fixa, máquinas elétricas alimentadas duplamente (DFIG - Double Fed Induction Generator), máquinas síncronas conectadas em corrente contínua em alta tensão (HVDC - High Voltage Direct Current), e gerador síncrono conectado com conversor de frequência back-to-back [9].

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Figura 1 – Esboço de usinas reversíveis e configurações de equipamentos operando com rotação variável [9].

As principais soluções de conexão utilizadas na atualidade são: HVDC, transformador de frequência variável (VFT - Variable Fequency Transformer) e DFIG. O VFT foi objeto de estudo, mostrando grande potencial para a geração com rotação variável, sendo aplicada até o presente momento em linhas de transmissão, entretanto as tecnologias que se destacam no momento presente para a solução, são o HVDC e o DFIG.

Portanto, a utilização da energia gerada por uma usina solar fotovoltaica (USF) em barragens por meio de pórticos flutuantes como visto na Figura 2, juntamente com a técnica de rotação variável aplicada nas turbinas da UHE em questão, podem gerar um ganho expressivo de produtividade em períodos de estiagem. Dessa forma, os efeitos de emissão de CO2 no meio ambiente, motivo pelo qual acentua cada vez mais o efeito estufa, pode ser minimizado.

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Figura 2 – Modelo de cogeração em usina hidrelétrica.

2. Metodologia

O objetivo dessa pesquisa bibliográfica possui cunho metodológico e descritivo para que se possa analisar uma possibilidade de otimização de usinas hidrelétricas quanto a instalação de módulos fotovoltaicos para auxiliar na geração de energia elétrica.

Será realizado um estudo comparativo para que se possa explicar e comprovar a veracidade dos estudos teóricos apresentados no trabalho a seguir. O estudo se valerá de conceitos teóricos, métodos científicos apresentados em artigos dos quais foram usados para a realização deste trabalho, também serão apresentados conceitos empíricos adquiridos ao longo da vivência profissional do corpo de técnicos que compõem a autoria deste artigo, também serão apresentados e comparados artigos relacionados aos temas, usinas hidrelétricas, rotação variável de geradores e sistema fotovoltaico.

3. Referencial Teórico

As usinas hidrelétricas funcionam através de duas conversões de tipos diferentes de energia. Primeiramente, acontece a conversão de energia potencial em energia cinética, na qual a água entra em tubulações que são interligados às turbinas, fazendo-as girarem com determinada velocidade. As turbinas são interligadas a geradores, sendo assim, as unidades geradoras fazem a transformação da energia mecânica em energia elétrica, movimentando as pás da turbina com uma rotação que pode variar, dependendo do tipo da turbina [10]. A energia gerada varia de acordo com o porte da UHE e os tipos de gerados implementados. Chegando

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ao final do processo de produção da hidrelétrica, a tensão é elevada através de transformadores para serem enviadas por meio das linhas de transmissão, sendo direcionada para as companhias distribuidoras, a partir de onde será destinada ao consumidor final.

As hidrelétricas têm vários benefícios, uma delas é ser fonte de energia renovável, produzindo energia com um baixo custo, principalmente comparado com a energia nuclear [11].

Também são melhores do que outras formas de se obter energia, como as usinas que funcionam com carvão ou petróleo, por exemplo, consideradas prejudiciais ao meio ambiente. Mas as hidrelétricas também têm seu lado negativo, pois interferem na topografia da região, ocasionando mudanças no ecossistema onde a água é represada. Há também mudanças na temperatura do local, assim como o nível dos rios, que sofrem interferências profundas.

A UHE, como mostra a Figura 3, é responsável pela geração da maior parte de energia para nosso dia a dia, podendo ser aperfeiçoadas em conjunto com a geração fotovoltaica.

Figura 3 – Funcionamento de usina hidrelétrica.

Existem alguns parâmetros para avaliar o grau de funcionamento das UHE. Pode-se mencionar os fatores de capacidade e carga, os quais medem o grau de utilização das instalações geradoras e das instalações consumidoras. O sistema elétrico não opera com todas as usinas simultaneamente a plena carga para atender aos consumidores. Cabe ao Agente de Operação, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) no Brasil, decidir quanto cada usina deve gerar a cada instante. De qualquer forma, vale destacar, que nem sempre as usinas geradoras podem operar a plena carga. Por exemplo, alguma unidade pode apresentar defeito, outras podem parar

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para realizar manutenção periódica, ou simplesmente por falta de combustível renovável para a operação da UHE.

A falta de combustível ocorre com muito mais frequência do que se imagina, principalmente nas usinas renováveis, devido às variações das chuvas, vento e sol. O fator de capacidade, utilizado para geradores e o fator de carga, utilizado para consumidores são adimensionais, variando entre 0 e 1, e tem a mesma representatividade, podendo ser interpretados da seguinte maneira:

• O percentual de tempo, do período considerado, no qual a usina/carga operou com potência nominal ou máxima;

• A potência média gerada ou consumida, em percentual da potência total, no intervalo de tempo considerado.

3.1 Energia Fotovoltaica

A geração de energia elétrica a partir da energia solar fotovoltaica é considerada uma fonte de energia limpa, pois não é poluente, não influi no efeito estufa, ou seja, não agrava estes problemas de ordem mundial. O sistema de geração fotovoltaica consiste em três partes: módulo solar fotovoltaico, inversor de frequência solar e conexão à rede elétrica em corrente alternada (CA).

Os módulos solares fotovoltaicos são compostos por 36 a 72 células solares produzidas normalmente por silício, as quais podem ser, monocristalinas ou policristalinas. Uma célula solar é basicamente formada por um grande diodo, no qual é gerado um campo elétrico interno permanente conhecido como junção PN. Quando a radiação solar atinge o diodo, faz com que este libere a energia gerada no campo elétrico interno para as conexões, gerando assim a corrente contínua (CC) elétrica da célula [12]. A associação dos módulos deve ser realizada em série, o que se designa por fileira. É importante salientar que, para a associação dos módulos, devem ser utilizados dos mesmos tipos, a fim de minimizar as perdas de potência do sistema [13].

Os inversores de frequência solares são os principais equipamentos para o sistema de geração fotovoltaica. Pois fazem a conversão de CC vinda dos módulos solares fotovoltaicos em CA a ser conectada à rede. As redes do SIN, as englobam UHE e USF, são normatizadas da seguinte maneira: sistema de distribuição em média tensão (MT) de 1 kV até 69 kV, linhas de distribuição (LD) em alta tensão (AT) de 69 kV até 230 kV e linhas de transmissão (LT) acima

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de 230 kV [9]. O acoplamento dos inversores a essas classes de tensões é feito por meio de subestações e transformadores de acoplamento, quando necessários.

3.2 Rotação Variável

Atualmente, visando melhorar a eficiência energética e alcançar um maior aproveitamento hídrico, procuram-se novos métodos para instalação em usinas hidrelétricas, com auto índice de depleção. Com isso, se faz necessário o estudo e a utilização de novas técnicas, a fim de alcançarmos um melhor rendimento, como exemplo, a variação à velocidade em turbinas hidráulicas.

Tal técnica tem como princípio de funcionamento a utilização de dois conversores ligados por meio de um barramento CC, que tem como objetivo retificar e inverter (CA-CC- CA). A primeira parte se dá com o conversor conectado no gerador síncrono e tem a principal finalidade de desconectar a frequência da geração (diferente de 60Hz) da rede (CA-CC), enquanto o conversor conectado à rede tem como finalidade funcionar como inversor (CC-CA) [14].

O controle dos conversores ocorre de modo separado, pois o barramento CC tem de ter um nível de tensão elevado em relação ao barramento CA. Dessa forma, consegue-se um fluxo de potência tanto ativa quanto reativa [9]. Portanto essa é a tecnologia utilizada no back-to-back (B2B), na condição das estações conversoras estarem próximas conforme Figura 4.

Figura 4 – Modelo de utilização do sistema B2B.

Pode-se exemplificar também nos sistemas eólicos onde são utilizadas a rotação variável nos geradores ou aerogeradores. Podendo trabalhar com uma rotação pré-estabelecida evitando assim que sofra uma variação muito brusca de velocidade. Na utilização de um sistema de vazão de água, como bombas de transporte, podem ser acoplados a um gerador para fazer uso do sistema de rotação variável para o controle de sua vazão e utilização em situações de crise.

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4. Resultados e Discussão

4.1 Rotação Variável

O sistema de rotação variável pode ser empregado de diversas formas em diferentes sistemas de geração de energia.

Utilizando um gerador assíncrono conectado a uma turbina de geração de energia eólica, aplicando um conversor estático que possibilita o controle da energia, podendo variar a rotação do gerador, controlando o fator de potência e definindo parâmetros aceitáveis para a rede.

Na geração eólica a rotação do gerador se dá por variação de vento no local instalado, sendo assim, quando sua rotação varia, o conversor recebe o valor e o transforma no padrão determinado previamente dentro do sistema. O autor em [15] apresentou uma simulação, na qual empregou uma máquina assíncrona com rotor bobinado em anéis acoplados a um conversor duplo de potência em ligação B2B. Dessa forma, o rotor sofre uma variação elevando ou reduzindo sua rotação síncrona. Os resultados obtidos foram satisfatórios quanto a simulação do emprego dessa técnica aplicada ao parque eólico na rede da ENERSUL SA.

Meirelles [16] apresentou um estudo, tendo sua ênfase usando bombas funcionando como turbinas em um sistema de rotação variável visando melhorar o controle do sistema, visto que o fluxo de água é variável de acordo com a demanda de pressão na rede de abastecimento.

Ao início dos testes as bombas de transporte foram instaladas para o controle de fluxo de pressão, que também afeta a geração de energia pelas bombas. O controle aplicou uma redução na rotação, beneficiando o sistema mantendo constante a vazão de água gerada pelas bombas.

Dessa forma, é possível prevenir e controlar os geradores para um uso constante e sem desperdícios tanto de água quanto de energia gerada. Os estudos e testes realizados comprovaram que um transitório hidráulico, relacionado a abertura e fechamento das válvulas controladas pelo sistema de pressão na rede de água, pode afetar as bombas da mesma forma que ocorre nas UHE [16]. A Figura 5 ilustra o diagrama para o teste realizado.

O trabalho de [17] observou-se um modelo de geração eólica com aerogeradores usando rotação variável por meio de um conversor bidirecional usando o sistema de máquinas elétricas alimentadas duplamente. O DFIG foi aplicado para controlar a frequência gerada usando um elo CC entre os inversores VSI empregados no circuito. Dessa forma, o controle de geração de energia pode ser mantido, uma vez que o sistema de geração de energia eólico, depende do

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vento o qual nem sempre é constante. A modelagem deste sistema é feita partindo do princípio de que não se controla a fonte renovável geradora, diferente da geração hidrelétrica a qual pode ser controlada devido a instalação de comportas no curso do rio [17].

Figura 5 – Diagrama experimental exemplificando o processo.

Bragança [9] realizou experimentos em laboratório aplicando a rotação variável em um protótipo. Foi construído dentro do laboratório uma simulação de pequena central hidrelétrica (PCH) com turbina Francis, gerador síncrono, e conversor baseado na técnica HVDC utilizando a topologia de B2B. Para minimizar os efeitos do fluxo de potência gerado e controlar a rotação do gerador foi utilizado um Active Front End (AFE). Com a realização dos testes, foram medidas na saída do AFE as potências do gerador juntamente com o B2B, foi possível determinar o rendimento do sistema. Os ensaios foram feitos para rotação entre 315 rpm e 450 rpm, obtendo um rendimento médio próximo de 96%. Concluiu-se também, que o método tem grande benefício principalmente na presença de deplecionamento no reservatório. Na condição analisada, com aberturas do distribuidor entre 90% e 80%, foi possível constatar um ganho de potência entregue a rede um ganho líquido de 16% - 20%. Sistema B2B nestes estudos são indicados para usinas com grande variação de nível em reservatórios, usando também em Usinas Reversíveis apoiando e equilibrando com a utilização quanto a energia fotovoltaica, ou até mesmo geração eólica como apresentada em outros artigos neste trabalho.

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Tabela 1 – Comparativo de utilização do sistema de rotação variável.

Turbina Fonte de Geração Tipo de Variação

Lima - 2017

Bomba de Funcionamento tipo Turbina Hidráulica

Transdutor de pressão Tarnowski -

2006 - Eólica

DFIG - Aerogerador

Campos - 2004 - Eólica B2B

Bragança - 2018 Francis Hidraulica B2B

4.2 Energia Solar em Pórticos Flutuantes

As represas das usinas hidrelétricas é uma oportunidade do uso da tecnologia de pórticos flutuantes (floating), para a instalação de sistemas solares fotovoltaicos, utilizando a subestação existente bem como a rede que a atende, uma vez que esta é robusta. Silvério [18] demonstrou que a utilização coordenada entre a usina hidrelétrica e a usina solar flutuante é possível.

Entretanto, a potência de pico da USF não pode ser maior que a potência nominal da UHE, pois a hidrelétrica deve ser capaz de manter a confiabilidade nos horários de baixa produção da USF.

Em seu estudo de caso nas usinas hidrelétricas da bacia do rio São Francisco, chegou-se à conclusão de que as usinas híbridas tiveram ganhos significativos de geração em comparação com a série histórica dos períodos analisados conforme as Figura 6 e 7. Concluiu-se também que quanto maior for o acréscimo da energia fotovoltaica pior é o fator de carga (FC) médio da UHE registrados nos anos em questão. Essa análise, mostrou que embora as USFs gerem apenas enquanto há a presença de luz solar, elas são capazes de produzir mais energia do que a hidrelétrica. Essa situação ocorre nas usinas de Três Marias e Sobradinho, as quais apresentaram um baixo FC hidrelétrico em torno de 20%. Nesses casos, as USFs chegaram a representar 85%

da energia gerada naquelas usinas híbridas elevando o FC acima de 35% [18].

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Figura 6 – Gráfico dos resultados de energia anual USF e UHE [18].

Figura 7 – Gráfico dos resultados de fator de capacidade Hidro e Hidro/PV [18].

Os autores de [19] comprovaram que o estudo de instalação de USFs flutuantes na usina hidrelétrica de Sobradinho, gerou ganho na Performance Ratio (PR), parâmetro que faz a comparação entre a energia gerada real com a energia esperada de geração, em torno de 87%

devido a sua instalação próximo à superfície aquática, amenizando o aquecimento nos módulos solares. As simulações realizadas resultaram em uma geração estimada de 339.660 MWh/ano.

Concluiu-se ainda que as perdas por aquecimento nos módulos solares foram de 4,4%, o que mostra um impacto positivo em usinas flutuantes, uma vez que em instalações no solo essas perdas podem chegar a 10,8% [19].

Queimado R. Abaixo T. Marias Sobradinho Itaparica Xingó

FC Hidro 29% 17% 21% 19% 27% 33%

FC Hidro/PV 47% 34% 39% 36% 44% 50%

29%

17%

21% 19%

27%

33%

47%

34%

39% 36%

44%

50%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

FATOR DE CAPACIDADE (FC)

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Em [20], o autor apresentou um estudo de caso da usina hidrelétrica de Passo Real. A usina possui geração de energia sazonal, sendo maior no período de primavera e verão. Com as simulações, concluiu-se que, com a instalação de 5 USF flutuantes de 990 kW de pico (kWp) instaladas no lago desta UHE, seria capaz alcançar um acréscimo de 1,57 GWh/ano. A produção de energia seria aumentada em torno de 0,26% por USF instalada, ocupando uma área de aproximadamente 1,45 hectare o que representa 0,0063% da área total do lago [20].

No trabalho de [21], o autor realizou a temática de implementação de USFs com os dados de usinas hidrelétricas brasileiras, para medir o potencial de crescimento na matriz energética brasileira. Os dados da geração de energia no Brasil no ano de 2014 foram utilizados para o estudo. Segundo o Balanço Energético Nacional [22] houve uma oferta interna de energia elétrica de 624.254 GWh. Contudo, com as instalações de USF flutuantes nos lagos das usinas essa oferta poderia aumentar em torno de 70% anualmente, utilizando o máximo de áreas possíveis nas hidrelétricas brasileiras com reservatórios com áreas superiores a 0,01 km2.

A Tabela 2 expõe o comparativo dos trabalhos referentes ao acréscimo de geração de energia, utilizando a geração de energia híbrida entre UHE e USF, em várias localidades. Os demais itens estudados em cada trabalho não obtiveram congruência para a comparação entre eles.

Tabela 2 - Comparação acréscimo de energia Usinas

Acréscimo de energia gerada (MWh/ano) Queimado R.

Baixo T.

Marias Sobradinho Itaparica Xingó Passo Real

Potencial brasileiro Silvério -

2018 220,8 174 849,6 2142 3003,6 6357,6 - -

Medeiros e Ferreira -

2018

- - - 339.66

- -

- -

Cezar - 2019 - - - - - - 1570

Strangueto -

2016 - - - - - - -

Aumento de 70%

5. Conclusão

O objetivo principal do trabalho foi estudar e propor uma solução para melhorar a eficiência da geração hidrelétrica, utilizando o método de comparação bibliográfica. Na

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seção 1, foi apresentado um breve histórico a respeito da série histórica da crise hídrica no Brasil, onde se deu início ao uso de usinas termelétricas que são acionadas somente em momentos oportunos ou de crises. Também, foi exposto métodos para colaborar no processo da eficientização das UHEs.

Na seção 3, foi feito o referencial teórico dos principais temas que foram abordados no trabalho. O funcionamento das usinas hidrelétricas foi relatado resumidamente, bem como sua importância na matriz energética brasileira, além disso, exemplificou-se o tema relacionado a fatores de carga. A subseção 3.2, difundiu sobre o tema de rotação variável em usinas hidrelétricas, enfatizando a utilização do método B2B. Enquanto a subseção 3.1 divulgou o funcionamento da energia solar fotovoltaica, desde o funcionamento de um módulo solar até o método de conexão à rede, mostrando também as classes de tensões regulamentadas pela ANEEL.

Comparados todos os trabalhos conforme Tabela 1 e Tabela 2 na subseção 4, notou-se que o ganho quanto a implementação de tais iniciativas em uma usina hidrelétrica é elevado em tempos de escassez de recursos hídricos. A geração híbrida dos pórticos flutuantes auxilia na produção de eletricidade para ser distribuída ao consumidor brasileiro em todo território nacional. Dessa forma, a partir de um aporte inicial de investimento, o payback gerado irá resultar em uma diminuição significativa quanto a utilização de recursos não renováveis. A geração híbrida se mostra vantajosa principalmente pelo fato, de seu ápice de geração e injeção ser durante os períodos de baixa utilização do sistema, fazendo com que as UHEs diminuam a necessidade de verter água para a geração de energia.

A rotação variável auxilia também em períodos de estiagem bem como nos momentos de baixa utilização. Portanto, o aproveitamento de uma rotação reduzida não afeta em grande escala a produção necessária para que o sistema elétrico sofra com déficits e venha a sofrer interrupções não planejadas. Contudo, este método se mostra muito eficaz apenas em UHEs com alto índice de depleção.

Após a análise comparativa dos trabalhos na seção 4, chegou-se à conclusão de que a utilização das duas tecnologias aliadas em uma mesma UHE, atendendo os pré-requisitos estabelecidos para rotação variável, poderá trazer um ganho ainda maior na produção energética brasileira. Dessa forma, é proposto como trabalho futuro, um estudo de caso, no qual as duas tecnologias descritas sejam aplicadas em uma UHE a fim de comprovar o aumento de eficiência de geração de energia elétrica, realizando também os cálculos necessários para comprovação de tal eficiência.

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6. Referências Bibliográficas

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<http://www.repositorio.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10029173.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2021.

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[5] ANEEL, Resolução normativa nº 482 de 9 de setembro de 2010. Procedimentos de

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p_state=normal&p_p_mode=view&p_p_cacheability=cacheLevelPage&p_p_col_id=column- 2&p_p_col_pos=1&p_p_col_count=2&_participacaopublica_WAR_participacaopublicaportl et_ideDocumento=38561&_participacaopublica_WAR_participacaopublicaportlet_tipoFaseR euniao=fase&_participacaopublica_WAR_participacaopublicaportlet_jspPage=%2Fhtml%2F pp%2Fvisualizar.jsp>. Acesso em: 26 nov. 2021

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<https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos06/804_ARTIGO%20-

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[11] - CAUS, Tuane Regina; MICHELS, Ademar. Energia hidrelétrica: eficiência na geração.

2014. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-graduação em Eficiência Energética) - Universidade Federal de Santa Maria, [S. l.], 2014. Disponível em:

<https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/1380/Caus_Tuane_Regina.pdf?sequence=1>.

Acesso em: 27 nov. 2021.

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[13] - ANEEL, Regulação dos serviços de distribuição 27 de novembro de 2015. Disponível em: https://www.aneel.gov.br/regulacao-dos-servicos-de-distribuicao. Acesso em: 26 nov.

2021

[14] - E. Arrais, “Estratégia de Conversor para Interligação de Sistemas de Geração Eólica à Rede Elétrica.,” Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2014.

[15] – CAMPOS, Fabio Galizia Ribeiro de. Geração de energia a partir de fonte eólica com gerador assíncrono conectado a conversor estático duplo. 2004. Dissertação (Mestre em Engenharia) - Escola politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.

[16] – LIMA, GUSTAVO MEIRELLES. Geração de Energia e Controle de Pressão em Redes de Abastecimento de Água Utilizando Bombas Funcionando como Turbina. 2017. Tese (Doutor em Engenharia Civil na área de Recursos Hídricos, Energéticos e Ambientais) - Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, Campinas, 2017.

[17] – TARNOWSKI, Germán Claudio. Metodologia de regulação da potência ativa para operação de sistemas de geração eólica com aerogeradores de velocidade variável. 2006.

Dissertação (MESTRE EM ENGENHARIA ELÉTRICA) - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL, PORTO ALEGRE, 2006.

[18] - SILVÉRIO, Naidion Motta. Utilização de usinas solares flutuantes para operação coordenada com centrais hidrelétricas: estudo de caso das hidrelétricas da bacia do rio São Francisco. 2018. Dissertação (Mestre em Ciências em Engenharia de Energia) - Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2018.

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[19] MEDEIROS, Guilherme Augusto de Sousa; FERREIRA, Lincoln. Utilização de um sistema fotovoltaico flutuante para operação coordenada com usina hidrelétrica e sua viabilidade financeira: Estudo de caso da UHE Sobradinho. XIV SYMPOSIUM OF SPECIALISTS IN ELECTRIC OPERATIONAL AND EXPANSION PLANNING, Itajubá, p. 1- 12, 30 out. 2018. Disponível em: <https://thymosenergia.com.br/wp- content/uploads/2019/09/SEPOPE-SP09.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2021.

[20] - CEZAR, Pedro Henrique Dal Pizzol. Estudo de caso da utilização de energia fotovoltaica no reservatório de Passo Real. 2019. TRABALHO DE CONCLUSAO DE CURSO (Bacharel em Engenharia Elétrica) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, PORTO ALEGRE, 2019. Disponível em: <https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/206494>. Acesso em: 26 nov.

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[21] - STRANGUETO, Karina Maretti. Estimativa do Potencial Brasileiro de Produção de Energia Elétrica através de Sistemas Fotovoltaicos Flutuantes em Reservatórios de Hidroelétricas. 2016. Tese (Doutor/Doutora em Planejamento de Sistemas Energéticos) Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2016. Disponível em: <https://

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[22] - EPE - Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional 2015, Brasil, p. 1, 13 jul. 2015. Disponível em: <https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados- abertos/publicacoes/Balanco-Energetico-Nacional-2015>. Acesso em: 27 nov. 2021.

[23] - ABNT NBR 6023 – Informação e documentação – Referências – Elaboração. Publicada em 14.11.2018.

[24] – ABNT NBR 10520 – Informação e documentação – Apresentação – Elaboração.

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[25] – ABNT NBR 14724 – Informação e documentação – Trabalhos Acadêmicos – Elaboração. Publicada em 17.04.2011.

[25] - BORTONI, E. C. ; SOUZA, Zulcy de ; VIANA, A. N. C. ; VILLA-NOVA, H. ; REZEK, A. J. J. ; Pinto, L.L. ; Siniscalchi, R.T.; BRAGANÇA, R. A. ; BERNARDES, J. V. . The Benefits of Variable Speed Operation in Hydropower Plants Driven by Francis Turbines.

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Referências

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