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Modelo de organização do treinamento para competições de curta duração para jovens atletas de basquetebol

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RAFAEL JÚLIO DE FREITAS GUINA FACHINA

MODELO DE ORGANIZAÇÃO DO TREINAMENTO PARA

COMPETIÇÕES DE CURTA DURAÇÃO PARA JOVENS

ATLETAS DE BASQUETEBOL

CAMPINAS 2014

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FACHINA, Rafael Júlio de Freitas Guina. Modelo de organização do treinamento para competições de curta duração para jovens atletas de basquetebol. 2014. 114 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2014.

RESUMO

O objetivo deste estudo foi investigar a resposta sobre o desempenho associada a um programa de treinamento aplicando o método de treinamento descontínuo intervalado (TI) em um curto período de tempo sobre jovens atletas de elite de basquetebol. Doze jovens mulheres (14 ± 3 anos), que se preparavam para uma competição internacional, participaram de sessões de TI durante o período preparatório do macrociclo. Foram avaliadas a composição corporal, a velocidade, a agilidade e a resistência anaeróbia. A carga de treinamento foi quantificada pelo método PSE da sessão. A massa corporal total não apresentou alteração significante (68,2 ± 12,8 kg vs. 67,8 ± 12,4 kg, P=0,0633), enquanto que a massa corporal magra (51,6 ± 7,4 kg vs. 52,5 ± 7,4 kg, P=0,0055) e o percentual de gordura (24,0 ± 3,9 % vs. 22,0 ± 4,1 %, P<0,0001) apresentaram alteração significante. Nem o tempo (3,68 ± 0,15 s vs. 3,67 ± 0,13 s, P=0,1564), nem a potência (545,1 ± 77,5 W vs. 548,1 ± 67,5 W, P=0,6274) gerada no teste corrida 20 m apresentaram alteração significante, o mesmo acontecendo para o tempo (10,28 ± 0,47 s vs. 10,26 ± 0,46

s, P=0,3105) e a potência (100,4 ± 15,1 W vs. 100,2 ± 14,0 W, P=0,8238) encontrados no

teste T. O melhor tempo (6,31 ± 0,25 s vs. 6,31 ± 0,23 s, P=0,5143) e a potência máxima (243,4 ± 29,1 W vs. 241,2 ± 27,05 W, P=0,6165) do teste de resistência anaeróbia proposto por Castanha et al. (2007) também não apresentaram diferença significante. Porém, as demais variáveis deste teste, como o tempo médio (6,49 ± 0,27 s vs. 6,42 ± 0,24 s, P=0,0001), o pior tempo (6,66 ± 0,28 s vs. 6,50 ± 0,27 s, P<0.0001), o tempo total (64,88 ± 2,69 s vs. 64,19 ± 2,40 s, P=0,0001), o índice de fadiga (2,86 ± 0,81 % vs. 1,67 ± 0,43 %, P<0.0001) a potência média (225,7 ± 25,9 W vs. 230,4 ± 25,3 W, P=0,0012) e a potência mínima (206,8 ± 21,6 W vs 220,8 ± 23,4 W, P<0.0001), apresentaram diferença significante. A carga interna de treinamento também apresentou comportamento adequado, principalmente nos microciclos de choque e precompetitivo, apresentando baixos valores de monotonia. O uso do TI durante o período de intervenção com grande concentração de estímulos foi eficiente para melhorar a capacidade das atletas de resistir à fadiga. Além disso, os dados demonstram que, apesar do foco em melhorar a resistência das atletas, a velocidade e a agilidade não foram prejudicadas.

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FACHINA, Rafael Júlio de Freitas Guina. Training model for short-term competitions to young basketball players. 2014. 114 f. Dissertation (Master´s degree in Physical Education). School of Physical Education, State University of Campinas, Campinas, 2014.

ABSTRACT

The aim of this study was to investigate the physiological response associated with a training program applying the interval training method in a short period of time on young elite basketball players. Twelve young women (14 ± 3 years), who were preparing for an international competition, participated in interval training sessions during the preparatory period of the macrocycle. Body composition, speed, agility and anaerobic endurance were assessed. Training load was quantified by the session RPE method. Total body mass showed no significant differences (68.2 ± 12.8 kg vs. 67.8 ± 12.4 kg, P = 0.0633), whereas lean body mass (51, 6 ± 7.4 kg vs. 52.5 ± 7.4 kg, P = 0.0055) and fat percentage (24.0 ± 3.9% vs. 22.0 ± 4.1% , P <0.0001) showed significant differences. Time (3,68 ± 0,15 s vs. 3,67 ± 0,13 s, P=0,1564) and power (W 545.1 ± 77.5 vs. 548.1 ± 67 5 W, P = 0.6274) generated in 20 m running test, as well as time (10.28 ± 0.47 s vs. 10.26 ± 0.46 s, P = 0.3105 ) and power (100.4 ± 15.1 W vs. 100.2 ± 14.0 W, P = 0.8238) generated in T-test showed no significant differences. The best time (6.31 ± 0.25 s vs. 6.31 ± 0.23 s, P = 0.5143) and maximum power (243.4 ± 29.1 W vs. 241.2 ± 27.05 W, P = 0.6165) of the anaerobic endurance test proposed by Castagna et al. (2007) also showed no significant difference. However, the other variables of this test, as the average time (6.49 ± 0.27 s vs. 6.42 ± 0.24 s, P = 0.0001), the worst time (6.66 ± 0.28 s vs. 6.50 ± 0.27 s, P <0.0001), total time (64.88 ± 2.69 s vs. 64.19 ± 2.40 s, P = 0.0001), the fatigue index (2.86 ± 0.81% vs. 1.67 ± 0.43%, P <0.0001) the average power (225.7 ± 25.9 W vs. 230.4 ± 25.3 W, P = 0.0012) and minimum power (206.8 ± 21.6 W vs 220.8 ± 23.4 W, P <0.0001), showed significant differences. The internal training load also showed appropriate behavior, especially in microcycles 2 and 3 (intense and pre-competitive), with low values of monotony. The use of the interval training method during the intervention period with a high concentration of stimuli was effective to improve the ability of athletes to resist fatigue. Moreover, the data show that the speed and agility are not adversely affected.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 1 2 OBJETIVOS ... 5 2.1 Objetivo geral ... 5 2.2 Objetivo específico ... 5 3 JUSTIFICATIVA ... 5 4 REVISÃO DA LITERATURA ... 7 4.1 Caracterização do basquetebol ... 7

4.2 Capacidades físicas associadas à prática do basquetebol ... 9

4.2.1 Força ... 10

4.2.2 Velocidade ... 11

4.2.3 Resistência ... 13

4.3 Métodos de treinamento ... 15

4.3.1 Método de treinamento contínuo ... 15

4.3.2 Método de treinamento descontínuo ... 17

4.4 Estrutura e organização do treinamento desportivo ... 20

4.4.1 Componentes da periodização: os ciclos de treinamento ... 22

4.4.2 Periodização do treinamento desportivo ... 30

4.5 A carga de treinamento ... 33

4.5.1 Componentes da carga de treinamento ... 35

4.5.2 Orientação da carga de treinamento ... 38

4.5.3 Complexidade coordenativa e psicológica da carga ... 39

4.5.4 Controle da carga de treinamento ... 40

4.5.5 Métodos para o controle da carga de treinamento ... 41

5 MÉTODOS ... 47

5.1 Sujeitos ... 47

5.2 Delineamento experimental ... 47

5.3 Antropometria e Composição corporal ... 47

5.4 Componentes do treinamento ... 48

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5.6 Periodização e planificação do treinamento ... 49

5.7 Testes de desempenho motor ... 51

5.7.1 Corrida 20 metros ... 51

5.7.2 Teste T ... 52

5.7.3 Teste de resistência anaeróbia (sprints repetidos) ... 53

5.8 Controle da carga de treinamento ... 55

5.9 Caracterização da competição ... 56 6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ... 57 7 RESULTADOS ... 59 7.1 Antropometria ... 59 7.2 Corrida 20 m ... 59 7.3 Teste T ... 59

7.4 Teste de resistência anaeróbia ... 59

7.5 Distribuição do volume de treinamento durante os períodos preparatório e competitivo . 60 7.6 Carga interna de treinamento ... 61

8 DISCUSSÃO ... 67

8.1 Testes de desempenho motor ... 67

8.2 Controle da carga interna de treinamento ... 70

8.3 Distribuição do volume do macrociclo ... 71

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 73

CONCLUSÃO ... 75

REFERÊNCIAS ... 77

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais José Guina Fachina e Marilene de Freitas Fachina, ao meu irmão José Guina Fachina Júnior e às minhas irmãs Kátia Aparecida Guina Fachina e Marcela Aparecida Guina Fachina Assis, à minha amada filha Manoela Cardoso de Freitas Fachina e à mulher da minha vida Luciana Lucca Machado.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer, primeiramente, ao meu orientador, Prof° Dr. Paulo Cesar Montagner, por sua dedicação à tarefa de me orientar nesta longa jornada de aprendizado. Sem seus conhecimentos e maneira peculiar de observar o treinamento, meu aprendizado seria bem menos enriquecedor.

Agradeço ao Prof. Dr. João Paulo Borin por toda sua competência no assunto deste trabalho e pela maneira consistente com que sempre teceu seus comentários quanto aos caminhos a serem seguidos neste trabalho.

Agradeço à Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), à Faculdade de Educação Física (FEF) e seus funcionários, que sempre me atenderam com gentileza e competência.

Também um agradecimento especial ao Prof° Dr. Claudio Andre Barbosa de Lira, por sempre se manter disposto a interagir com o desenvolvimento deste trabalho e sanar minhas dúvidas metodológicas e estatísticas com grande maestria.

Ao Prof° Dr. Antônio Carlos Gomes, que me orientou profissionalmente durante quase que toda a minha carreira, deixo meu profundo agradecimento por todos os conselhos e esclarecimentos, sem os quais eu talvez não tivesse chegado até aqui.

Aos membros da comissão técnica e as atletas da Seleção Brasileira de Basquetebol sub 15 por todo o aprendizado e interação conquistada durante todo o período em que estivemos juntos.

Deixo meu agradecimento à Confederação Brasileira de Basketball na figura do Sr. Reginaldo Senna (vice-presidente e coordenador do Departamento de Ciências e Performance da instituição) e ao coordenador do Setor de Preparação Física, Prof° Diego Miceli Jeleilate.

Enfim, a todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente com a realização deste trabalho, meu muito obrigado!

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Periodização e planificação do processo de treinamento... 50

Figura 2 – Disposição das linhas e fotocélulas para o teste de velocidade Corrida 20 m... 52

Figura 3 – Disposição do local de partida/chegada e a sequência padrão para os deslocamentos (assinalada pelas letras A, B, C, D e E) para o teste T... 53

Figura 4 – Disposição das linhas e fotocélulas para o teste resistência anaeróbia... 55

Figura 5 – Distribuição do volume de treinamento nas quatro semanas do macrociclo... 61

Figura 6 – Comportamento da carga interna durante todo o processo de treinamento... 62

Figura 7 – Comportamento da carga interna de treinamento aferida pelo método PSE-s na semana 1... 63

Figura 8 – Comportamento da carga interna de treinamento aferida pelo método PSE-s na semana 2... 63

Figura 9 – Comportamento da carga interna de treinamento aferida pelo método PSE-s na semana 3... 64

Figura 10 – Comportamento da carga interna de treinamento aferida pelo método PSE-s na semana 4... 64

Figura 11 – Comportamento da carga semanal total aferida pelo método PSE-s durante o macrociclo... 65

Figura 12 – Comportamento da carga semanal média aferida pelo método

PSE-s durante o macrociclo... 65

Figura 13 – Comportamento da monotonia aferida pelo método PSE-s

durante o macrociclo... 66

Figura 14 – Comportamento do strain aferido pelo método PSE-s durante o

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Classificação da resistência em relação aos sistemas

energéticos... 13

Quadro 2 – Síntese das particularidades dos períodos de treinamento... 32

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Indicações para prescrição de treinamento intervalado de acordo com as diversas direções bioenergéticas do treinamento.. 18

Tabela 2 – Escala de intensidade para exercícios de força e/ou velocidade... 36

Tabela 3 – As cinco zonas de intensidade para desportos cíclicos... 37

Tabela 4 – Escala CR-10 de Borg... 44

Tabela 5 – Dados antropométricos e de composição corporal no início da investigação... 47

Tabela 6 – Resultados dos testes de desempenho motor realizados em momentos distintos do período de preparação... 60

Tabela 7 – Distribuição do volume entre os conteúdos de treinamento em diferentes momentos do macrociclo... 61

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A Aquecimento

AL Anaeróbio láctico

ATP Adenosina trifosfato

CK Creatina cinase

CP Creatina fosfato

Cr Creatina

CR-10 Escala categórica 10

FC Frequência cardíaca

FIBA Fédération Internationale de Basketball

IF Índice de fadiga

MCM Massa corporal magra

MCT Massa corporal total

Pmáx Potência máxima

Pméd Potência média

Pmín Potência mínima

PSE Percepção subjetiva de esforço

RM Repetições máximas

RSA Repeated sprint ability

TF Treinamento de força

TI Método de treinamento descontínuo intervalado

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Tm Melhor tempo

Tméd Tempo médio

TP Treinamento preventivo

Tp Pior tempo

TRIMP Training impulse

TT Técnico-tático

Ttot Tempo total

UA Unidade arbitrária

URSS União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

2 O V Consumo de oxigênio max 2 O

V Consumo máximo de oxigênio

pico O

V 2 Consumo pico de oxigênio

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1 INTRODUÇÃO

Os aspectos associados à competição desportiva implementados na rotina de jovens atletas é um tópico do treinamento desportivo que gera extensos debates (BENELI; MONTAGNER, 2011). Isto porque o esporte, sendo um fenômeno complexo, aberto e de múltiplas possibilidades, pode ser utilizado para diversos fins (PAES, 2002). Entretanto, a participação em competições faz parte dos diferentes programas esportivos destinados a crianças e adolescentes em todo o mundo. A forma, os objetivos e a periodicidade das mesmas, assim como a faixa etária adequada para o início regular e mais competitivo são aspectos que devem ser considerados e estudados pela Ciência do Esporte (ARENA; BÖHME, 2004).

Dentro do escopo de assuntos investigados pela Teoria do Treinamento Desportivo, as competições são designadas como sendo o elemento central que determina todo o sistema de organização metodológica e preparação do atleta (PLATONOV, 2001; FORTEZA, 2006). Dessa forma, como o processo de treinamento e a forma de disputa da competição são indissociáveis, o planejamento do treinamento desportivo deve manter-se o mais distante possível da improvisação e necessita agrupar os conhecimentos em um sistema estrutural e organizado que se aproxime ao máximo da ciência e da tecnologia (FORTEZA, 2006).

Entendendo o termo “processo” como sendo uma série de ações que buscam maximizar um resultado, o planejamento é definido como um processo para determinar para onde o treinamento deve seguir e estabelecer os requisitos para chegar a este ponto da forma mais eficiente possível (FORTEZA, 2006). Este processo, dentro da teoria do treinamento desportivo, responde pelo conceito de planificação, que é a organização de tudo o que acontece nas etapas de preparação dos atletas, inter-relacionando os momentos de preparação e competição (FORTEZA, 2001a).

Antes de iniciar as ações para a construção da planificação, deve-se buscar caracterizar a modalidade desportiva em questão. Assim como os demais esportes coletivos, o basquetebol requer uma quantidade substancial de habilidades tanto da perspectiva individual quanto coletiva. Fisiologicamente, as necessidades da prática do basquetebol incluem fontes aeróbias e anaeróbia de ressíntese de ATP (McINNES, et al.,

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1995; GORE, 2000). Estudos que realizaram análise do movimento por vídeo (do inglês time-motion analysis, onde são mensuradas as ações motoras, distâncias percorridas e velocidade dos atletas durante uma partida) mostraram que, durante os jogos de basquetebol, os jogadores realizam aproximadamente 105 ações de deslocamento de curta duração (2-6 segundos) e alta intensidade, com cada uma delas ocorrendo, em média, a cada 21 segundos do tempo real de jogo (McINNES, et al., 1995). Para a execução eficiente de toda a dinâmica de movimentos do basquetebol, é fundamental adotar meios e métodos de treinamento que otimizem força explosiva, força e potência de membros inferiores e superiores, agilidade, coordenação, velocidade de movimentos cíclicos e acíclicos, além da resistência (aeróbia, anaeróbia láctica e aláctica) (ERCULJ; DEZMAN; VUCKOVIC, 2003; ZWIERKO; LESIAKOWSKI, 2007).

Atualmente, a demanda competitiva da maioria dos esportes tem aumentado consideravelmente em relação às décadas passadas. Se em épocas anteriores os atletas dispunham de um longo tempo de preparação para então alcançarem sua melhor condição de rendimento durante a competição principal, atualmente, não somente cresceu o número de competições, mas estas também se dispersaram por toda a macroestrutura do treinamento, forçando novas adequações aos modelos de periodização do treinamento existentes (FORTEZA, 2001a).

A periodização foi estabelecida em meados dos anos de 1960 e foi inicialmente baseada na experiência dos esportes de alto desempenho competitivo da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e, também, nas pesquisas publicadas por seus proeminentes cientistas daquela época (ISSURIN, 2010). De forma global, a periodização do treinamento pode ser definida como a aproximação sistemática, sequencial e progressiva ao planejamento e organização do treinamento de todas as qualidades motoras dentro de uma estrutura cíclica para a obtenção do rendimento ótimo de um desportista ou uma equipe. Não deve ser interpretada como uma parte isolada do processo de treinamento, mas sim como uma fase deste, que busca responder a necessidade de unir todas as variáveis que envolvem um programa de preparação de atletas (GAMBETTA, 1991; GOMES; ALMEIDA; ALMEIDA, 2000; GRAHAM, 2002; GOMES, 2009).

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Estando de posse das informações que caracterizam a modalidade desportiva e da forma de disputa de sua competição alvo, a organização do treinamento caminha em direção à escolha dos métodos de treinamento que possam conduzir a preparação da equipe rumo aos objetivos traçados para esta competição. Os métodos de treinamento podem ser agrupados de acordo com as direções da carga: contínua ou descontínua. Os métodos contínuos se dividem em invariáveis e variáveis. Já os descontínuos, em intervalados e de repetições (FORTEZA, 2001b).

Porém, a planificação e periodização do treinamento não são uma estrutura rígida. Podem sofrer ajustes durante o processo caso sejam identificadas alterações no desempenho dos atletas que não sejam condizentes com o que fora previsto para um determinado momento do processo. Para identificar tais alterações, devem ser aplicados testes motores em momentos distintos dentro da periodização para observar as respostas dos atletas ao treinamento e diagnosticar a eficiência do que fora planificado até então e a manutenção ou alteração das diretrizes que estariam por vir (VIRU; VIRU, 2003; WEINEK, 2005).

Dessa forma, selecionar e integrar os métodos de treinamento, além de controlar o desempenho fisiológico e a carga de esforço durante um processo de treinamento, são condições primordiais para a monitoração de um programa de treinamento.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Verificar se o emprego do método descontínuo intervalado é eficiente para modificar positivamente as capacidades físicas determinantes para o basquetebol em um curto período de tempo.

2.2 Objetivo específico

Verificar o comportamento da carga interna de treinamento pelo método da Percepção Subjetiva do Esforço da Sessão durante os microciclos de treinamento.

Quantificar o volume total de treinamento durante todo o processo, identificando os períodos preparatório e competitivo, além de fracionar os componentes do treinamento.

Verificar o efeito do treinamento sobre as variáveis antropométricas.

3 JUSTIFICATIVA

Durante os últimos anos, diversos estudos investigaram a modalidade basquetebol identificando o perfil fisiológico dos atletas (OSTOJIC; MAZIC; DIKIC, 2006), desenvolvendo testes específicos ou proposto baterias de testes (CASTAGNA et al, 2007; WILMOT, CAMPILLO, 2004), analisando a resposta de diferentes modelos de treinamento (MOREIRA et al.,2004; MOREIRA; OKANO; SOUZA, 2005; BALCIUNAS et al., 2006; BENELI; RODRIGUES ; MONTAGNER , 2006), comparando meios de treinamento (BOGDANIS et al., 2007) e também identificando o padrão de movimento (ABDELKRIM; EL FAZAA; EL ATI , 2007) dos atletas durante uma partida de basquetebol. Estes estudos contribuíram para uma melhor caracterização da modalidade e deram suporte para aprimorar o processo de treinamento em tempos modernos. Entretanto, percebe-se em alguns destes estudos a observância de fenômenos isolados, com pouca ou nenhuma contextualização de seus achados com os demais componentes do processo de treinamento (WILMOT; CAMPILLO, 2004; OSTOJIC; MAZIC; DIKIC, 2006; CASTAGNA et al., 2007). Já em outros, onde esta contextualização se faz presente, os

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resultados são oriundos de um período de treinamento longo (MOREIRA et al.,2004; MOREIRA; OKANO; SOUZA, 2005; BENELLI et al. 2006; BOGDANIS et al., 2007).

Portanto, investigar a aplicação do método descontínuo intervalado de treinamento durante um curto período de preparação (típico de seleções nacionais e regionais de base do basquetebol brasileiro), além de observar como isso modificaria o comportamento da velocidade, agilidade e da resistência anaeróbia de jovens jogadoras de basquetebol, trás novas informações que poderão auxiliar no treinamento de equipes de basquetebol com pouco tempo de preparação e enriquecer o conteúdo da ciência do treinamento desportivo.

Tal temática é muito relevante, pois, assim como em outras modalidades coletivas, o calendário do basquetebol é caracterizado por possuir um grande número de jogos, competições relevantes com diferentes características quanto a duração (longa e curta), mas, frequentemente, há uma carência de um período adequado de preparação física.

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4 REVISÃO DA LITERATURA

4.1 Caracterização do basquetebol

O basquetebol se estabeleceu como um dos mais populares esportes do

mundo. É praticado competitivamente não apenas nos Estados Unidos, onde foi criado e desenvolvido, mas também em todos os outros continentes. A pouco mais de uma década, a modalidade sofreu alterações significativas em suas regras. Atualmente, durante uma temporada competitiva regular, atletas de elite – tanto no masculino quanto no feminino – são submetidos a uma árdua rotina de duas sessões de treinamento ao dia, um ou dois jogos por semana e participam de campeonatos durante praticamente todo o ano (LIDOR; BLUMENSTEIN; TENENBAUM, 2007). Esta agenda pesada de treinamento e jogos requer um planejamento cuidadoso tanto para os programas de treinamento de longa quanto para os de curta duração (ZIV; LIDOR, 2009).

Para jogos regulamentados pela FIBA (Fédération Internationale de Basketball), o tempo de jogo oficial é de 40 minutos, divididos em quatro períodos iguais de 10 minutos cada. O intervalo entre o 1º e 2º períodos é de dois minutos, com o mesmo intervalo sendo aplicado para o 3º e 4º períodos. Porém, entre o 2º e 3º períodos, há intervalo maior de 15 minutos. A duração total de uma partida é de 90 a 100 minutos, aproximadamente (SCANLAN; DASCOMBE; REABURN, 2011).

Como a maioria dos esportes coletivos, basquetebol combina estruturas de movimentos cíclica e acíclica. Esta estrutura consiste de movimentos com e sem a bola, com muitos destes movimentos apresentando um caráter muito explosivo (tais como os sprints curtos, paradas abruptas, rápidas mudança de direção, aceleração e saltos verticais). O mesmo é verdadeiro para os movimentos realizados apenas com os membros superiores, podendo se exemplificado pela condução de bola, as tentativas de retomada da bola do adversário e as diferentes formas de passe e arremesso (ABDELKRIM; EL FAZAA; EL ATI, 2007; ZWIERKO; LESIAKOWSKI, 2007). A execução eficiente de todos estes movimentos e, consequentemente, o desempenho de jogo, depende principalmente das seguintes habilidades funcionais: força explosiva, força e potência de membros superiores e

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inferiores, agilidade, coordenação, velocidade de movimentos cíclicos e acíclicos, resistência (aeróbia, anaeróbia láctica e alática) e precisão (ERCULJ; DEZMAN; VUCKOVIC, 2003; ZWIERKO; LESIAKOWSKI, 2007).

Dos dados oriundos de evidências fisiológicas e também pelo método de análise do movimento por vídeo sugerem que o basquetebol tem natureza altamente intermitente e de intensidade elevada, contando com a contribuição energética significante tanto do sistema energético anaeróbio quanto o aeróbio (McINNES et al., 1995; SCANLAN; DASCOMBE; REABURN, 2011). Embora o desempenho no basquetebol possa ser baseado na capacidade anaeróbia dos atletas, uma aptidão aeróbia elevada também se mostra importante para uma observação mais ampla deste desempenho (STONE; STEINGARD, 1993). Especificamente o consumo máximo de oxigênio (VO2max) é considerado como importante para otimizar a recuperação de esforços anaeróbios durante o jogo (TOMLIN; WENGER, 2001). Além disso, o foi sugerido que o condicionamento aeróbio seria importante para preparar os atletas para serem capazes de suportar o volume da carga de treinamento da modalidade (STONE; STEINGARD, 1993; ZAKHAROV; GOMES, 2003; FORTEZA; RAMIREZ, 2007). Alguns estudos demonstram que o

max 2 O

V de mulheres atletas de basquetebol variam de 44 a 54 mLO2.kg-1.min-1

(RODRIGUEZ-ALONSO et al., 2003; NARAZAKI et al., 2008).

Porém, para que a execução das ações determinantes do jogo de basquetebol seja obtida com qualidade durante toda a partida, deve-se atentar para o fato de que a capacidade de suportar a carga de jogo seria condição primária para estruturar o planejamento de preparação de uma equipe competitiva. Esta carga pode, em parte, ser caracterizada pelos achados de um recente estudo conduzido durante jogos de basquetebol utilizando atletas australianas adultas. Neste estudo, Scanlan et al. (2012) encontraram uma frequência cardíaca (FC) média de 162 ± 3 e 136 ± 6 b.min⁻¹ considerando o tempo de bola em jogo e o tempo total, respectivamente. A concentração de lactato sanguíneo foi de 3,7 ± 1,4 mmol.L-1 e uma distância percorrida de 5214±315 metros. Para suportar sucessivos esforços intensos dentro do tempo de jogo de basquetebol, tanto o sistema metabólico aeróbio quanto o anaeróbio são solicitados (CIUTI et al., 1996; BORIN et al., 1999). Quanto às variáveis anaeróbias do desempenho motor, Erculj et al. (2009) analisaram

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atletas mulheres de 27 países europeus, com idade entre 14 e 15 anos. Ao observarem o tempo para percorrerem a distância de 20 metros, os autores encontraram os valores de tempo de 3,53 ± 0,16, 3,57 ± 0,15 e 3,76 ± 0,18 segundos para armadoras, laterais e pivôs, respectivamente. Quanto ao salto vertical (contra movimento), encontrou valores da altura de salto de 27,66 ± 4,32, 27,76 ± 3,63 e 24,36 ± 3,39 centímetros para armadoras, laterais e pivôs, respectivamente.

A distribuição do conteúdo de treinamento é um assunto ainda pouco explorado no meio acadêmico. Em um experimento conduzido por 6 semanas durante o período pré-competitivo de atletas da seleção polonesa masculina sub 20, Litkowycz et al. (2008) registraram o comportamento dos atletas através de monitores de FC e encontraram uma distribuição da carga fisiológica de treinamento com 37% do conteúdo para o sistema láctico, 28% para o misto (aeróbio e anaeróbio), 27% para o aeróbio e apenas 8% para o aláctico.

4.2 Capacidades físicas associadas à prática do basquetebol

O organismo humano, ao interagir com o meio ambiente, responde internamente com diferentes alterações e adaptações. O organismo possui uma variedade de capacidades funcionais reveladas em diferentes condições de contato com o meio ambiente. Assim, estas capacidades podem ser definidas como um conjunto de propriedades do organismo que se apresentam no processo de sua interação com o meio ambiente (GOMES, 2009). Algumas dessas capacidades permitem a determinação e solicitação de tarefas motoras, sendo condições básicas de rendimento para a aprendizagem e execução de ações motoras desportivas (WEINECK, 2005). Dessa forma, se destacam cinco tipos de capacidades funcionais reunidas pelo termo conhecido como capacidades físicas. São elas: (i) força; (ii) resistência; (iii) velocidade; (iv) flexibilidade e (v) coordenação (ZAKHAROV; GOMES, 2003; WEINECK, 2005; GOMES, 2009).

De uma forma esquemática e simplificada, estas capacidades físicas podem ser classificadas em capacidades condicionais e capacidades coordenativas. As capacidades condicionais se baseiam, sobretudo, nos processos energéticos, enquanto que as coordenativas baseiam-se na precisão das percepções motoras (cinestésicas), que se

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apresentam em combinação com as percepções visuais e auditivas (WEINECK, 2005; GOMES, 2009). Entretanto, deve-se alertar que tal classificação se faz apenas com o intuito de simplificar o entendimento. Nenhuma capacidade física consiste exclusivamente de processos energéticos ou de percepções motoras. Na melhor das hipóteses, predomina um sobre o outro (WEINECK, 2005).

Portanto, desenvolver programas de treinamento baseados na demanda específica de cada modalidade esportiva é considerado o fator chave para o sucesso durante o jogo (TAYLOR, 2004). As capacidades físicas que servem de base para suportar a carga física de um jogo de basquetebol são: (i) força, (ii) velocidade e (iii) resistência.

4.2.1 Força

A força, no âmbito esportivo, é entendida como a capacidade do músculo de produzir tensão ao ativar-se. No esporte, chama-se de força útil aquela em que o atleta é capaz de aplicar ou manifestar à velocidade em que se realiza o gesto motor específico da modalidade. Um desportista não possui um nível único de força máxima, mas vários destes níveis em função da velocidade a que se meça a força máxima exercida (GONZÁLEZ- BADILLO; GOROSTIAGA, 2001).

O desempenho no esporte é o resultado de uma ativação coordenada de músculos esqueléticos específicos (KOMI, 2003). A maioria dos atletas espera que os ganhos de força e potência produzidos por um programa de treinamento de força (TF) resultem em um desempenho melhorado da atividade esportiva. O TF pode melhorar o desempenho motor (a capacidade de sprint em corrida, o arremesso de um objeto etc), que pode, por sua vez, melhorar o desempenho em diversas modalidades desportivas (FLECK; KRAEMER, 2006).

A ativação muscular pode apresentar-se de três formas distintas: ação muscular concêntrica, excêntrica e isométrica. A ação muscular concêntrica ocorre quando uma massa está sendo levantada e os músculos envolvidos estão encurtando. Já a ação muscular excêntrica ocorre quando uma massa está sendo baixada de maneira controlada pelos músculos envolvidos. Por fim, quando um músculo é ativado e desenvolve força, porém nenhum movimento visível ocorre na articulação, ocorre uma ação muscular isométrica

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(GONZÁLEZ-BADILLO; GOROSTIAGA, 2001; KOMI, 2003; FORTEZA, 2006; FLECK; KRAEMER, 2006).

A quantidade de transferência de um programa de TF para uma determinada atividade física depende da especificidade entre o programa de treinamento e a atividade. Por exemplo, exercícios multiarticulares (agachamento, por exemplo) podem ter maior capacidade de transferência para a habilidade no salto vertical do que exercícios monoarticulares isolados (extensão e flexão do joelho, por exemplo). Tanto os exercícios multi quanto os monoarticulares propostos aumentam a força dos grupos musculares do quadríceps e isquiotibiais. Entretanto, uma maior similaridade com os movimentos biomecânicos e dos padrões de recrutamento das fibras musculares entre um exercício multiarticular e a maioria das atividades esportivas resulta numa maior especificidade de transferência (FLECK; KRAEMER, 2006).

Quando se inicia um programa de TF, tem-se um aumento rápido da força em um tempo relativamente curto. Este aumento está associado a fatores neurais, que estão relacionados aos seguintes processos: aumento da função neural do músculo (frequência de disparo e recrutamento), aumento da sincronização das unidades motoras, incremento da ativação dos músculos agonistas e redução da ativação dos antagonistas, coordenação de todas as unidades motoras e dos músculos envolvidos no movimento e inibição dos mecanismos musculares protetores (órgãos tendinosos de Golgi) (GONZÁLEZ-BADILLO; GOROSTIAGA, 2001; WEINECK, 2005; FLECK; KRAEMER, 2006; FORTEZA, 2006; FORTEZA; RAMIREZ, 2007).

4.2.2 Velocidade

Dentre as formas que o conceito de velocidade pode ser observado, este trabalho o associa à velocidade de deslocamento. Segundo Tubino (1993), a velocidade de deslocamento é a capacidade máxima de um indivíduo deslocar-se de um ponto ao outro. A capacidade física velocidade manifesta-se quando o atleta realiza ações motoras no menor tempo possível durante um determinado percurso (ZAKHAROV; GOMES, 2003; GOMES, 2009).

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A melhoria da velocidade está intrinsicamente ligada à melhoria do componente força dos movimentos. Um volume adequado de exercícios com pesos provoca um efeito residual positivo durante certo tempo após o exercício ser concluído. Ele extrai um efeito estimulante sobre o aparelho locomotor, melhorando a coordenação e a rapidez de estimulação dos músculos associados ao gesto motor, contribuindo para a melhora dos níveis de velocidade (ZAKHAROV; GOMES, 2003).

A palavra sprint significa correr na velocidade máxima do indivíduo. Esta ação é influenciada por uma ampla gama de fatores, tais como: idade, gênero, estatura e experiência são alguns dos fatores de influência interna; enquanto que a superfície de contato e condições ambientais como altitude e velocidade do vento são alguns dos fatores de influência externa (WILLIAMS, 2009).

4.2.2.1 Relação força, velocidade e potência

A velocidade de execução está estreitamente relacionada com a força. Quanto maior a resistência, maior a relação entre ambas. Uma maior aplicação de força pode levar a uma melhoria da potência, o que traduz em uma velocidade mais alta de deslocamento ou de execução de um gesto esportivo (GONZÁLEZ-BADILLO; GOROSTIAGA, 2001).

A relação de força-velocidade define a força máxima de um músculo, a um dado comprimento, como uma função da velocidade de contração. A potência muscular é definida como um produto da força e velocidade (F . v). Portanto, para uma dada relação força-velocidade de um músculo, sua potência instantânea como uma função da velocidade de ação pode ser determinada através de toda uma gama de velocidades de encurtamento (KOMI, 2003).

Com poucas exceções, a geração de potência é fundamental para o desempenho em esportes competitivos. A potência (P) pode ser definida como o trabalho realizado (força [f] x distância [d]) dividido pela velocidade (v), gerando a fórmula: P = (f x d) / v. Dessa forma, fica evidente que tanto força quanto velocidade são componentes essenciais para a geração de potência (WHITE, 2006).

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4.2.3 Resistência

A resistência, como capacidade física, é caracterizada diante da possibilidade do desportista de realizar o trabalho muscular durante um tempo prolongado, mantendo o movimento proposto dentro de parâmetros adequados e com um mínimo de efetividade (ZAKHAROV; GOMES, 2003; FORTEZA; RAMIREZ, 2007).

A resistência depende de muitos fatores, tais como a velocidade, a força muscular, a capacidade técnica de execução eficiente de um movimento, a capacidade de utilizar os potenciais funcionais de forma econômica, o estado psicológico no momento de executar o trabalho, entre outros. Portanto, esta capacidade pode ser compreendida como o resultado de um processo de adaptação a uma atividade específica, desde a mais breve duração até a atividade prolongada, e realizada sistematicamente (FORTEZA; RAMIREZ, 2007).

A forma de desenvolvimento desta capacidade está condicionada às vias metabólicas de ressíntese da ATP (adenosina trifosfato) do organismo do desportista (QUADRO 1) e ao grau em que se ajusta às exigências de cada modalidade desportiva específica (PLATONOV, 2001).

Quadro 1 - Classificação da resistência em relação aos sistemas energéticos

Via metabólica de ressíntese

do ATP Tipo de Resistência

Aeróbia Aeróbia

Glicólise

Aeróbio – Anaeróbio Mista

Glicólise Anaeróbia Láctica Anaeróbia Láctica

Anaeróbio Aláctico Anaeróbia Aláctica

Fonte: Adaptado de Forteza; Ramirez (2007).

Dentre as diversas formas de classificar a resistência, uma delas tem grande importância dentro do processo de periodização e planificação do treinamento desportivo: resistência geral e resistência especial (PLATONOV, 2001).

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A resistência geral pode ser compreendida como a resistência aeróbia (ZAKHAROV; GOMES, 2003; FORTEZA; RAMIREZ, 2007). Ela representa a capacidade de executar (de forma prolongada e efetiva) um trabalho que influencie positivamente sobre o processo de formação de componentes específicos da modalidade esportiva, mediante aumento do grau de adaptação às cargas e ao fenômeno de transferência do nível de preparação dos tipos de atividade não específicas para as específicas (PLATONOV, 2001).

Nas modalidades desportivas de coordenação complexa (esportes coletivos, por exemplo), a resistência geral se manifesta de forma indireta (ZAKHAROV; GOMES, 2003). Quando desenvolvida em níveis adequados, proporciona uma recuperação mais rápida entre os esforços repetidos de alta intensidade numa mesma sessão de treinamento (BISHOP, SPENCER, 2004), entre as sessões de treinamento e permitindo que o indivíduo suporte o aumento gradual do volume de treinamento durante a temporada (ZAKHAROV; GOMES, 2003). Isto facilita o bom desempenho em diversas atividades de treinamento e competição, independente da especialização demandada pelo desporto (BOMPA, 2002).

Atletas de esporte coletivo que possuem um V 2O pico adequado para a modalidade apresentam um menor distúrbio metabólico proveniente do metabolismo anaeróbio exigido nas ações definidoras do jogo. Isto permite que estes atletas mantenham suas taxas de trabalho e potência em níveis melhores até o final da partida quando comparados àqueles atletas com baixo condicionamento aeróbio (STONE; KILDING, 2009).

Já a resistência especial é a capacidade para executar um trabalho de forma eficiente e superar a fadiga nas condições determinadas pelas exigências da atividade competitiva de cada modalidade esportiva. Quando os fatores que determinam a manifestação específica da resistência em uma ou outra modalidade são examinados a fundo, surge inevitavelmente a necessidade de apresentar a resistência especial, tomando em consideração as vias e mecanismos dos substratos energéticos, as manifestações psíquicas envolvidas, as unidades motoras e o regime de trabalho dos músculos, tudo associado com as capacidades técnicas e táticas dos atletas (PLATONOV, 2001).

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4.3 Métodos de treinamento

Seja qual for a magnitude de exercícios de treinamento que será aplicada ao atleta, deve-se utilizar algum tipo de estimulação orientada para alcançar determinados objetivos. É nessa hora que se apresenta uma das categorias pedagógicas fundamentais: os métodos de treinamento. Estes, quando planificados longitudinalmente, adquirem a categoria de “sistemas metodológicos” (FORTEZA, 2001a). Entende-se por métodos de treinamento as diferentes formas pelas quais o exercício pode ser prescrito e,

consequentemente, realizado (MONTEIRO, 2002). Compreendem os diversos

procedimentos tomados com o intuito de sistematizar os meios de treinamento e, dessa forma, maximizar os resultados objetivados (GOMES, 1999).

Neste contexto, é importante salientar que nenhum método é mais completo do que outro por excelência, pois cada um deles responde a direções específicas da carga de treinamento. Dessa forma, nenhum método substitui ao outro (FORTEZA, 2001b).

Na base da classificação geral dos métodos orientados para o treinamento das capacidades físicas estão alguns indícios externos dos exercícios. Assim, eles podem ser executados de forma contínua ou intervalada. Ambas as possibilidades podem se caracterizar pelos parâmetros constantes ou variáveis do exercício. Além disso, pode existir uma combinação de ambos durante a execução (método de exercício variável) (ZAKHAROV; GOMES, 2003; FORTEZA, 2001a, 2006; FORTEZA; RAMIREZ, 2007).

4.3.1 Método de treinamento contínuo

O método contínuo é fundamental para o treinamento de modalidades cíclicas de longa duração, tais como a corrida e o ciclismo, e para desenvolver a resistência cardiorrespiratória de base necessária em outras modalidades esportivas (MONTEIRO, 2002). Trata-se de exercícios de movimentação ininterrupta, em geral de longa duração, e que fundamentalmente visa o desenvolvimento cardiorrespiratório (TUBINO, 1993; WEINECK, 2005; FORTEZA, 2006), com a intensidade ficando entre 75-80% em relação à máxima carga de trabalho estabelecida (FORTEZA, 2001a, 2001b, 2006; FORTEZA; RAMIREZ, 2007).

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A vantagem deste método consiste em evocar adaptações fisiológicas naqueles sistemas orgânicos responsáveis pela captação (sistema respiratório), transporte (sistema cardiovascular) e utilização (sistema muscular) do oxigênio (FORTEZA, 2006; FORTEZA; RAMIREZ, 2007). Os métodos contínuos podem ser invariáveis ou variáveis (FORTEZA, 2001b).

4.3.1.1 Método de treinamento contínuo invariável

Como o próprio nome indica, as cargas são aplicadas sem variação. Utiliza-se, em geral, como ferramenta para o desenvolvimento da resistência aeróbia, tendo como base exercícios cíclicos e acíclicos (o primeiro com maior destaque). É caracterizado por sua execução prolongada e com intensidade moderada (75-85% em relação à máxima carga de trabalho estabelecida). São amplamente utilizados nas primeiras etapas do processo de preparação. Os efeitos alcançados pela sua utilização influenciam significativamente todas as etapas posteriores do processo de treinamento. Apesar de não constituir um método de preparação determinante para o rendimento ótimo durante a prática de modalidades esportivas com características intermitentes (devido a sua característica de longa duração e intensidade moderada), ele cria a base para o atleta destas modalidades se recuperar com maior eficiência de trabalhos que exijam esforços mais intensos e prolongados (FORTEZA, 2001a, 2001b).

4.3.1.2 Método de treinamento contínuo variável

Caracteriza-se pela variação da magnitude externa da carga, mediante o ritmo de execução dos exercícios. A variação da magnitude está entre 75-95% em relação à máxima carga de trabalho estabelecida. Ao se analisar a essência deste método, percebe-se que pode se assemelhar ao método descontínuo com intervalos ativos de recuperação. A ideia é buscar uma recuperação parcial do organismo nos momentos de menor intensidade após ter realizado um trabalho em intensidades maiores, tudo de maneira ininterrupta (FORTEZA, 2001a, 2001b).

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4.3.2 Método de treinamento descontínuo

São caracterizados pela alternância entre períodos de estímulo e recuperação, com intensidade e duração controladas, ao mesmo tempo em que exigem uma orientação das variáveis de treinamento nos objetivos propostos (TUBINO, 1993).

4.3.2.1 Método de treinamento descontínuo de repetição

Consistem na alteração sistemática entre o estímulo e a recuperação. Sua característica básica é o uso de alta intensidade (superior a 95% em relação à máxima carga de trabalho estabelecida) durante estímulos de duração muito curta. O tempo de recuperação tanto nas pausas entre as repetições (micropausas), quanto nas pausas entre as séries (macropausas), deve ser suficiente para restabelecer o sistema energético que foi priorizado na elaboração da atividade. Este método prioriza a via anaeróbia alática (ATP-CP) (FORTEZA, 2001b).

4.3.2.2 Método de treinamento descontínuo intervalado

Embora o método de exercício contínuo constitua o fundamento do treino de resistência aeróbia, o treino desta capacidade não deve se limitar a ele. Deve ser levado em conta o método intervalado constituído com base nos exercícios de regime misto (aeróbio/anaeróbio). O treinamento intervalado exige com que o atleta execute o exercício em uma intensidade muito maior àquela observada no treinamento de natureza contínua. Esta maior intensidade do treinamento intervalado potencializa as adaptações fisiológicas dos sistemas orgânicos relacionados ao VO2max e, consequentemente, o aprimoramento do desempenho de natureza aeróbia (FORTEZA, 2006, 2007). Atletas bem treinados não são capazes de manter a intensidade de 90-95 % do VO2max por mais de 20-30 minutos e que a intensidade de 100% do VO2maxé sustentada por 6-10 minutos. Dessa forma, o método de treinamento intervalado oferece possibilidades mais favoráveis à criação das influências de treino que visam o aumento das possibilidades do atleta de desempenhar

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Para Bompa (2005), o treinamento intervalado pode ser pensado mediante a duração do estímulo. Dessa forma, ele pode ser elaborado da seguinte maneira:

 TI de curta duração: estímulos de 15 segundos a 2 minutos, que teria a resistência anaeróbia láctica como prioridade;

 TI de média duração: estímulos entre 2 e 8 minutos, que desenvolveria tanto a resistência anaeróbia quanto a aeróbia (com predominância desta última a medida que o tempo aumenta);

 TI de longa duração: estímulos entre 8 a 15 minutos, com um efeito de treinamento incidindo prioritariamente na resistência aeróbia.

Os intervalos de estímulo e recuperação apresentam relação entre si, ficando estabelecida uma relação estímulo-recuperação que, em geral, é expressa da seguinte maneira: 1:1/2, 1:1, 1:2, 1:3 etc. Uma razão 1:1/2 implica que o tempo de recuperação é a metade do tempo destinado ao estímulo. Já quando esta razão se apresenta 1:1, entende-se que o tempo de recuperação e de estímulo são iguais e assim se segue a forma de interpretar a relação estímulo-recuperação (FORTEZA, 2006; FORTEZA; RAMIREZ, 2007).

Esta relação não deve ser vista apenas sob o ponto de vista matemático. É necessário considerar o momento de aplicação da recuperação, podendo ocorrer uma derivação maior ou menor da proporção estabelecida (FORTEZA, 2006; FORTEZA; RAMIREZ, 2007).

Tabela 1 – Indicações para prescrição de treinamento intervalado de acordo com as diversas direções bioenergéticas do treinamento

Via metabólica de ressíntese do

ATP

Tempo de

estímulo Série Repetições

Total de repetições Relação estímulo/recuperação ATP-CP 10 – 25 s 5 10 50 1:3 – 1:2 Glicolítica 30 s – 3 min 5 5 25 1:2 – 1:1 Aeróbia 3 – 5 min 1 3 3 1:1/2 – 1:1

Legenda: ATP – adenosina trifosfato. Fonte: Adaptado de Forteza (2006).

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O treinamento intervalado orientado para a evolução da via metabólica glicolítica (treinamento intervalado glicolítico) mostrou-se eficiente em induzir rápidas alterações na capacidade de realizar exercícios intensos e no metabolismo energético do músculo esquelético. A eficiência notável deste tipo de treinamento é provavelmente um resultado do estresse simultâneo e elevado tanto do sistema energético aeróbio quanto anaeróbio (GIBALA; MCGEE, 2008). Em um curto período de tempo, o treinamento intervalado com intensidades elevadas mostrou promover adaptações neurais e aumento dos níveis de Cr (creatina) e CK (creatina cinase), com melhora simultânea na capacidade oxidativa muscular, conteúdo intramuscular de glicogênio, bem como melhora da capacidade de tamponamento muscular, os quais são fatores que beneficiariam a manutenção de exercícios de alta intensidade (GIBALA et al., 2006; BURGOMASTER et al., 2008; GIBALA; McGEE, 2008; KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2012) .

Estímulos de alta intensidade e curta duração (com breves períodos de recuperação entre eles) são comuns em esportes coletivos como futebol e basquetebol. Como seria de se esperar, a percentagem de ATP necessária varia de acordo com a duração do sprint e do período de recuperação entre os sprints sucessivos. Durante dois sprints de 30 segundos realizados num cicloergômetro e separados por quatro minutos de recuperação, há aproximadamente uma redução de 41% do primeiro para o segundo sprint da quantidade de ATP gerada anaerobiamente (BOGDANIS et al., 1996). A diminuição da quantidade de ATP gerado anaerobiamente é parcialmente compensada por um aumento de 15% no consumo de oxigênio durante o segundo sprint, resultando em uma redução aproximada de 18% da potência durante o segundo sprint. Isto indica que a maior porcentagem da necessidade de ATP foi gerada aerobiamente no segundo sprint comparada com o primeiro. Portanto, a interação entre as fontes metabólicas de ATP se modificam a medida que se realizam mais sprints (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2012).

Um porém quanto ao treinamento intervalado glicolítico está exatamente no grande estresse que este impõe ao metabolismo anaeróbico glicolítico. A utilização exagerada e desregrada do método (juntamente com as demais cargas associadas ao treinamento e à competição) pode impactar negativa e sem muita demora junto ao organismo do atleta (WEINEK, 2005).

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Balabinis et al. (2003) demonstraram que o treinamento intervalado aeróbio tradicional foi eficiente em aumentar o V 2O pico (variável fisiológica que reflete o

max 2 O

V em situações onde não se pode garantir que o VO2max tenha sido atingido – KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2012) em jogadores de basquetebol universitário que treinaram simultaneamente tanto a força muscular, quanto o condicionamento aeróbio. Neste estudo, os sujeitos foram divididos em um grupo de treinamento aeróbio e outro de treinamento concorrente (força e aeróbio). O grupo treinamento aeróbio melhorou o

pico O

V 2 em 7 %, ao passo que o grupo de treinamento concorrente apresentou um aumento de 13 %.

4.4 Estrutura e organização do treinamento desportivo

Um programa de treinamento deve ser planejado de acordo com o princípio da individualidade biológica, a fim de atender as necessidades de cada atleta. A variação interindividual na resposta ao exercício e taxa de adaptação são parcialmente ocasionadas por diferenças genéticas. A predominância relativa de unidades motoras de contração rápida ou lenta nos músculos e fatores endócrinos determinam em grande medida o nível de adaptação. O nível de competitividade do atleta também pode afetar a individualização dos programas de treinamento, particularmente em relação ao volume total, que pode se estender de 8 a mais de 30 horas por semana (WHITE, 2006).

Os preceitos do planejamento defendidos por Mestre Sancho (1997) apud Forteza (2006) apresentam as seguintes diretrizes:

1. O planejamento não é intuitivo e não pode ficar ao acaso. Pelo contrário, deve seguir um processo;

2. Os fins e os objetivos devem estar em concordância com os problemas e consequentes necessidades, devendo ser estabelecidos e determinados com clareza. De outra forma, corre-se o risco de se planejar um processo que caminhará para algo diferente do que é realmente necessário e correndo o risco de não saber o porquê;

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3. As metas, os objetivos e, em última análise, os fins devem ser alcançáveis e realistas (o que não exclui certa dose de ousadia e risco); 4. O planejamento é um processo sequencial e, logicamente, ordenado.

Não se desenvolve simultaneamente ou de qualquer forma;

5. O planejamento está imerso em seu meio ambiente, não podendo desprender-se e nem ser trabalhado à margem deste;

6. Todo planejamento pressupõe uma mudança efetiva com respeito à situação existente em que se inicia o projeto;

7. O planejamento é confeccionado para ser executado. Não se pode

falar verdadeiramente de planejamento em um trabalho

exclusivamente teórico, sem intenção de ser colocado em prática posteriormente. Portanto, deve haver emprego de grandes esforços para efetivá-lo.

Considera-se que o planejamento do treinamento desportivo é a organização de tudo o que ocorre nas etapas de preparação do atleta. Por sua vez, é o sistema que inter-relaciona os momentos de preparação e competição. Dessa forma, fica implícito o problema atual do planejamento para o desempenho competitivo (FORTEZA, 2006).

Outra questão a ser elucidada é a de que estruturar e planejar são termos inseparáveis no processo de preparação desportiva. Entretanto, os dois são diferentes. A estrutura é a organização do período de tempo de treinamento como, por exemplo, as competições. A estrutura do treinamento tem caráter temporal, pois considera um início e um fim dos processos de preparação e competição, que estarão determinados fundamentalmente por:

1. Calendário competitivo, que considera o número de competições, a frequência, o caráter e a dispersão ou concentração das competições em dado período de tempo;

2. A organização e a prescrição da carga considera se elas serão diluídas ou concentradas, de acordo com a concepção que se adote em relação ao caráter da carga, isto é, a proporcionalidade entre cargas gerais e especiais;

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3. As direções do treinamento, objeto de preparação que considera as dimensões determinantes do desempenho e as direções condicionantes do desempenho.

4.4.1 Componentes da periodização: os ciclos de treinamento

Desde o período da arte do Treinamento Desportivo, precisamente nos relatos do sistema de preparação desportiva da Grécia antiga, já eram aplicadas as chamadas “tetras”, que eram ciclos de treinos sucessivos realizados em 4 dias. Nas últimas décadas, os ciclos de treinamento recebem grande interesse de investigação científica, pois são entendidos como fatores fundamentais para o sucesso desportivo (TUBINO, 1993).

O volume e a intensidade de treinamento variam de forma inversa durante os ciclos de treinamento; aumentos no volume de treinamento são acompanhados por diminuição da intensidade e vice-versa. No entanto, o perfil de cada ciclo depende do nível de competitividade e sobre as demandas específicas de uma determinada modalidade esportiva. Quanto à diferenciação por gênero, não há nenhuma evidência de que periodização deva ser diferente para os competidores masculinos e femininos (TUBINO, 1993; WHITE, 2006).

4.4.1.1 Microciclo

A origem do termo microciclo vem dos idiomas grego e latim. Micros, do grego, significa pequeno, e cyclus, do latim, refere-se à frequência de um fenômeno que se sucede regularmente (BOMPA, 2002).

Os microciclos ocupam uma extensão temporal menor dentro da macroestrutura de treinamento (WEINECK, 2005). Eles são, provavelmente, a ferramenta mais importante e funcional do planejamento do treinamento, porque suas estruturas e conteúdo determinam a qualidade do processo (BOMPA, 2002). Na prática, utilizam-se os microciclos curtos e longos, cuja razão de ser é a alternância entre esforço e recuperação, de maneira a evitar que o atleta fique permanentemente em estado de cansaço crônico (psicofísico) (ZAKHAROV; GOMES, 2003). Eles se ajustam com maior precisão às circunstâncias do momento – estado atual de treinamento, disposição para o esforço, condições climáticas

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(WEINECK, 2005). Representam o elemento da estrutura de preparação do atleta que inclui uma série de sessões de treino ou de competições, visando à solução de tarefas do mesociclo referido (etapa) de preparação (ZAKHAROV; GOMES, 2003).

Sendo elemento da estrutura geral de preparação, o microciclo resolve as tarefas programadas nesta dentro do correspondente período de tempo. A sua duração pode variar de 3 a 14 dias. Na prática do desporto, tem-se utilizado mais frequentemente os microciclos de 7 dias, porque fica mais fácil coordenar a programação pelo regime semanal, pois fica mais ajustado ao cotidiano do desportista e de fatores periféricos como a agenda do ginásio (PLATONOV, 2001; ZAKHAROV; GOMES, 2003; WEINECK, 2005).

Nem todas as sessões de treinamento dentro de um único microciclo possuem as mesmas características, alternando-se de acordo com os objetivos, volume, intensidade e métodos, alguns dos quais podem dominar a fase de treinamento (BOMPA, 2002).

De acordo com Zakharov e Gomes (2003), a estrutura e o conteúdo do microciclo apresentam características diferentes, que estão condicionadas por uma série de fatores. Podem-se destacar alguns indícios gerais que lhes são próprios em diferentes modalidades desportivas e, com base nisso, classificá-los. Convém destacar, como principal indício de classificação, a tarefa que se resolve em determinado microciclo, assim como a composição de meios e métodos de treinamento, a grandeza e a orientação predominante da carga que constituem seu conteúdo. Os microciclo podem ser:

 Ordinário;  Choque;  Estabilizador;  Recuperativo;  Controle;  Precompetitivo;  Competitivo.

O microciclo ordinário caracteriza-se por uma soma de cargas mais moderadas (cerca de 60-80 % em relação à máxima carga de trabalho estabelecida). Representa a base da forma estrutural do processo de treinamento de diferentes níveis de rendimento. O

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conteúdo específico constitui de 2 a 6 sessões de treino com cargas constantes (ZAKHAROV; GOMES, 2003).

Já o microciclo de choque caracteriza-se pela soma de cargas máximas ou próximas destas (80-100 % em relação à máxima carga de trabalho estabelecida). A carga deste microciclo constitui o fator de maior influência quanto a estimular o processo ativo de adaptações orgânicas. O conteúdo perfaz de 2 a 5 cargas de choque na semana (ZAKHAROV; GOMES, 2003).

O grande número de cargas próximas da máxima em um mesmo microciclo é a causa de parte da recuperação incompleta ou fadiga apresentadas em algumas sessões de treinamento. Dessa forma, a aplicação de um microciclo com esta orientação deve ser acompanhada de um controle rigoroso do estado do atleta para evitar demasiada sobrecarga sobre os sistemas funcionais orgânicos. Apresenta-se coerente, portanto, alternar as cargas de choque com cargas de menor impacto (ZAKHAROV; GOMES, 2003).

Na sequência do microciclo ordinário e de choque vem, geralmente, o microciclo estabilizador, cujo objetivo é assegurar a estabilidade do estado orgânico do atleta alcançado no microciclo anterior. Sessões de treinamento com cargas entre 40-60 % em relação à máxima carga de trabalho estabelecida mostram-se adequadas à ideia do microciclo. Esse tipo de microciclo asseguram condições mais favoráveis para os processos de recuperação do organismo do atleta (ZAKHAROV; GOMES, 2003).

O microciclo recuperativo, como o próprio nome diz, visa recuperar o estado orgânico do atleta. De uma forma geral, esta recuperação vem através da redução das cargas de treinamento (utilizando cerca de 10-20 % em relação à máxima carga de trabalho estabelecida). A estrutura e o conteúdo do microciclo são subordinados à tarefa de assegurar a recuperação mais completa e eficaz. Isso explicaria a presença de um grande número de sessões de treinamento com cargas de baixa magnitude (ZAKHAROV; GOMES, 2003).

Estas cargas impostas aos atletas de alto rendimento necessitam ser verificadas quanto ao seu efeito sobre o organismo destes indivíduos. Para tanto, estipulou-se o microciclo de controle. É normalmente empregado ao final das etapas de treinamento e visa verificar o nível de preparação do atleta e avaliar a eficiência do trabalho realizado até

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então. Combina-se as ações de treinamento com os testes para verificação das condições fisiológicas, assim como implementar competições controle. Isto permite verificar mais precisamente o estado geral do atleta (físico, psíquico, clínico, técnico e tático). Com os dados levantados, faz-se os ajustes pertinentes para as etapas posteriores (ZAKHAROV; GOMES, 2003).

Já o microciclo precompetitivo é estruturado conforme o desenho da competição principal. O objetivo deste microciclo é assegurar o estado de ótima prontidão para o dia das competições, graças a mobilização de todas as capacidades potenciais do atleta e que foram acumuladas no processo de preparação precedente, além da adaptação às condições específicas da competição. De forma geral, este microciclo dura de 5 a 10 dias. Seu conteúdo é determinado pelo estado individual do atleta, pelo trabalho de treino precedente e pelas condições da competição que está por vir. Não é permitida a utilização de cargas máximas. Isso não quer dizer que não se possa ações de alta intensidade. Porém, estas devem vir seguidas de estratégias de recuperação completa (ZAKHAROV; GOMES, 2003).

Por fim, vem o microciclo que justifica a existência de todos os demais: o microciclo competitivo. Este visa assegurar que o estado de preparação conquistado durante todo o período de preparação se manifeste no decorrer das competições. A estrutura e a duração do microciclo são determinadas em conformidade com o regulamento das competições e com a especificidade da modalidade desportiva (ZAKHAROV; GOMES, 2003).

4.4.1.2 Mesociclos

Os mesociclos de treinamento representam a combinação de alguns microciclos e também é o elemento da estrutura de preparação do atleta orientado para solução das tarefas de determinado macrociclo (FORTEZA, 2006; GOMES, 2009). O mesociclo trata da estrutura de carga que varia de 3 a 6 semanas (GOMES, 2009) ou 3 a 6 microciclos (FORTEZA, 2006). A ordem e a combinação dos microciclos e sua variabilidade dependem da formação geral do processo de treinamento e das tarefas de uma ou outra sessão de treinamento (FORTEZA, 2006).

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A estruturação dos mesociclos pode ser influenciada pelos seguintes fatores (ZAKHAROV; GOMES, 2003; FORTEZA, 2006; GOMES, 2009):

 A principal tarefa a ser resolvida pelo mesociclo;  O regime de atividade do atleta;

 O momento do referido mesociclo na estrutura do macrociclo;

 O conteúdo e a qualidade das sessões de treinamento, além da magnitude da carga;

 As particularidades de reação em cada atleta perante as cargas de treinamento;

 A composição dos meios e métodos de treinamento aplicados no mesociclo;

 Os tipos de microciclo que compõe o conteúdo predominante do mesociclo estabelecido;

Forteza e Ramirez (2007) citam que as condições que desempenhariam papel fundamental na formação da estrutura dos mesociclos seriam:

 A necessidade do mesociclo surge, principalmente, devido à sua capacidade de dirigir, de forma racional, os efeitos acumulativos do treinamento na série de microciclos, garantindo elevados ritmos de desenvolvimento do nível de treinamento e prevendo as alternâncias nos processos de adaptação originadas no organismo do atleta sob as influências das cargas de treinamento acumuladas. As trocas adaptativas tem lugar no organismo de forma heterogênea e, em uma ou outra medida, atrasam-se em relação à distância das cargas de treinamento;

 O caráter e a duração dos mesociclos influem nas oscilações biorrítmicas (cerca de um mês) da atividade vital do organismo do atleta;

 O lugar do mesociclo no sistema geral de construção do treinamento

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do mesociclo, a magnitude dos intervalos entre eles e as condições de restabelecimento.

Ao ponderar sobre estes questionamentos, pode-se dar aos mesociclos as seguintes variações citadas por Zakharov e Gomes (2003).

 Mesociclo inicial;  Mesociclo básico;  Mesociclo recuperativo;  Mesociclo de controle;  Mesociclo precompetitivo;  Mesociclo competitivo.

O mesociclo inicial geralmente é o primeiro dentro do período preparatório do macrociclo. A sua tarefa consiste em assegurar a passagem paulatina do organismo do atleta da baixa aptidão inicial para parâmetros de desempenho superiores, preparando para a carga planejada para os mesociclos posteriores (ZAKHAROV; GOMES, 2003).

Já o mesociclo básico é onde se realiza o principal trabalho de treinamento quanto ao aperfeiçoamento de diversos aspectos da preparação do atleta. Pela composição dos meios de treinamento, este mesociclo se divide em desenvolvimento e estabilizador (ZAKHAROV; GOMES, 2003).

O mesociclo básico de desenvolvimento é a forma principal de organização das influências de treinamento que visam a obtenção do efeito acumulativo de treino, que está na base da elevação do nível de treinamento do atleta. Tal ciclo caracteriza-se pela grandeza considerável de cargas (geralmente próxima da máxima para um dado nível de preparação) (ZAKHAROV; GOMES, 2003).

O segundo tipo de mesociclo básico é o estabilizador. Este tem por objetivo consolidar as mudanças obtidas anteriormente, que são asseguradas pela redução insignificante ou pela estabilização das cargas alcançadas anteriormente (ZAKHAROV; GOMES, 2003).

Um terceiro mesociclo seria o recuperativo, que se aplica no período transitório de preparação, quando tem importância predominante as tarefas de recuperação

Referências

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