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Hemoterapia na saúde pública do Estado de Goiás

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Academic year: 2022

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS (UFG)

INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA (IPTSP) PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

ANA PAULA ALMEIDA CRUZ GUIMARÃES MORAIS

Hemoterapia na saúde pública do Estado de Goiás

1999 - 2018

GOIÂNIA 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA

TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO (TECA) PARA DISPONIBILIZAR VERSÕES ELETRÔNICAS DE TESES

E DISSERTAÇÕES NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG

Na qualidade de tular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás (UFG) a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD/UFG), regulamentada pela Resolução CEPEC nº 832/2007, sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei 9.610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou download, a tulo de divulgação da produção cien fica brasileira, a par r desta data.

O conteúdo das Teses e Dissertações disponibilizado na BDTD/UFG é de responsabilidade exclusiva do autor. Ao encaminhar o produto final, o autor(a) e o(a) orientador(a) firmam o compromisso de que o trabalho não contém nenhuma violação de quaisquer direitos autorais ou outro direito de terceiros.

1. Iden ficação do material bibliográfico [ X ] Dissertação [ ] Tese

2. Nome completo do autor

Ana Paula Almeida Cruz Guimarães Morais 3. Título do trabalho

HEMOTERAPIA NA SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DE GOIÁS 1999-2018

4. Informações de acesso ao documento (este campo deve ser preenchido pelo orientador) Concorda com a liberação total do documento [ X ] SIM [ ] NÃO¹

[1] Neste caso o documento será embargado por até um ano a par r da data de defesa. Após esse período, a possível disponibilização ocorrerá apenas mediante:

a) consulta ao(à) autor(a) e ao(à) orientador(a);

b) novo Termo de Ciência e de Autorização (TECA) assinado e inserido no arquivo da tese ou dissertação.

O documento não será disponibilizado durante o período de embargo.

Casos de embargo:

- Solicitação de registro de patente;

- Submissão de ar go em revista cien fica;

- Publicação como capítulo de livro;

- Publicação da dissertação/tese em livro.

Obs. Este termo deverá ser assinado no SEI pelo orientador e pelo autor.

Documento assinado eletronicamente por Ricardo Antônio Gonçalves Teixeira, Professor do

Magistério Superior, em 10/06/2021, às 16:36, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por ANA PAULA ALMEIDA CRUZ GUIMARÃES MORAIS, Discente, em 11/06/2021, às 10:31, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º,

§ 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

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A auten cidade deste documento pode ser conferida no site h ps://sei.ufg.br/sei/controlador_externo.php?

acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0, informando o código verificador 2119202 e o código CRC 66FEBB38.

Referência: Processo nº 23070.016655/2021-12 SEI nº 2119202

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Hemoterapia na saúde pública do Estado de Goiás

1999 - 2018

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (UFG) como requisito para obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva.

Área de concentração: Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde.

Linha de Pesquisa: Processos Gerenciais nos Serviços de Saúde.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Antônio Gonçalves Teixeira

GOIÂNIA 2021

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CDU 614 Morais , Ana Paula Almeida Cruz Guimarães

HEMOTERAPIA NA SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DE GOIÁS 1999 - 2018 [manuscrito] / Ana Paula Almeida Cruz Guimarães Morais . - 2021.

cxvi, 116 f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Antônio Gonçalves Teixeira . Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Goiás, Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP), Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva (Profissional), Goiânia, 2021.

Bibliografia. Anexos. Apêndice.

Inclui siglas, abreviaturas, gráfico, tabelas, lista de figuras, lista de tabelas.

1. Política de Saúde . 2. Regionalização . 3. Serviço de Hemoterapia . I. Teixeira , Ricardo Antônio Gonçalves , orient. II. Título.

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INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ATA DE DEFESA DE DISSERTAÇÃO

Ata nº 016/21 da sessão de Defesa de Dissertação de Ana Paula Almeida Cruz Guimarães Morais, que confere o título de Mestra em Saúde Coletiva no Programa de Pós Graduação Mestrado Profissional, na área de concentração em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde.

Aos dezesseis dias do mês de abril de dois mil e vinte um, a partir das 14:00, por meio de plataforma virtual - Google Meet: https://meet.google.com/dip-jidt-kuy, realizou-se a sessão pública de Defesa de Dissertação intitulada “HEMOTERAPIA NA SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DE GOIÁS 1999-2018”. Os trabalhos foram instalados pelo Orientador, Professor Doutor Ricardo Antônio Gonçalves Teixeira (PPGSC/IPTSP/UFG) com a participação dos demais membros da Banca Examinadora: Professor Doutor Carlos Cardoso Silva (FAC. EDUCAÇÃO/UFG), membro titular externo e Professora Doutora Edsaura Maria Pereira (PPGSC/IPTSP/UFG), membro titular interno. Durante a arguição os membros da banca não fizeram sugestão de alteração do título do trabalho. A Banca Examinadora reuniu-se em sessão secreta a fim de concluir o julgamento da Dissertação, tendo sido a candidata aprovada pelos seus membros.

Proclamados os resultados pelo Professor Doutor Ricardo Antônio Gonçalves Teixeira, Presidente da Banca Examinadora, foram encerrados os trabalhos e, para constar, eu Neuracy Moreira Andrade lavrei a presente ata que é assinada pelos Membros da Banca Examinadora, aos dezesseis dias do mês de abril de dois mil e vinte um.

TÍTULO SUGERIDO PELA BANCA

Documento assinado eletronicamente por Ricardo Antônio Gonçalves Teixeira, Professor do Magistério Superior, em 02/08/2021, às 09:14, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Carlos Cardoso Silva, Professor do Magistério Superior, em 02/08/2021, às 09:20, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Edsaura Maria Pereira,

Professora do Magistério Superior, em 03/08/2021, às 07:20, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

A autenticidade deste documento pode ser conferida no site https://sei.ufg.br/sei/controlador_externo.php?

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Ata de Defesa de Dissertação 016/20 (2248556) SEI 23070.016655/2021-12 / pg. 1

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Ata de Defesa de Dissertação 016/20 (2248556) SEI 23070.016655/2021-12 / pg. 2

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A DEUS, responsável por tudo em minha vida, por ter permitido participar deste projeto e por tudo que coloca em meu caminho, MUITO OBRIGADA.

Ao Professor e orientador, Dr. Ricardo Antônio Gonçalves Teixeira, pelo apoio nos momentos de desânimo, paciência, sabedoria e interesse em meu crescimento, ensinando e corrigindo a minha caminhada neste processo de aprendizado. Pela amizade e confiança demonstrada, meus sinceros agradecimentos.

À minha filha, grande incentivadora desse projeto, por contribuir com sugestões que enriqueceram este estudo, e que sempre me disse coisas pertinentes, aliviando os momentos árduos de realização deste trabalho. Minha inspiração sempre.

À minha mãe, que sempre me estendeu as mãos, em todos os momentos, demonstrando um amor imenso e incondicional.

Ao meu esposo, pela compreensão e carinho neste período de introspecção e dedicação total ao estudo.

A todos os docentes do Mestrado, pelos sábios ensinamentos que tanto me enriqueceram.

Aos colegas do Mestrado Profissional em Saúde Coletiva, pela companhia e troca de experiências.

À Secretaria de Estado da Saúde de Goiás que me deu a oportunidade de realização deste mestrado.

Aos colegas do HEMOGO entrevistados, por participarem da presente pesquisa, compartilhando suas experiências profissionais, questionamentos e angústias presentes em seus cotidianos.

Enfim, agradeço imensamente a todos que passaram em minha vida nesse período e contribuíram, não apenas no meu processo de aprendizagem intelectual, mas também aprendizagem pessoal que, com certeza, me tornou uma pessoa melhor.

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2021.

RESUMO

Esta dissertação é um estudo sobre a implantação da Hemorrede Pública em Goiás que iniciou-se em 1988, com a finalidade de fornecer sangue, componentes e hemoderivados com qualidade e quantidade suficiente à população. Processos de regionalização, expansão e reestruturação estiveram no âmago dessa implantação, contribuindo para a consolidação dos serviços hemoterápicos no estado. O resgate da história dessa rede de serviços, objeto deste estudo, possibilitou a identificação de marcos políticos e institucionais que impactaram na assistência e contribuíram para o aumento da cobertura hemoterápica no estado. Permitiu, ainda, avaliar a aplicabilidade do Plano Diretor de Regionalização do Sangue. Para tanto, a metodologia aplicada nesta pesquisa foi um estudo de caso com abordagem qualitativa. Os dados obtidos foram coletados por meio de pesquisa documental e aplicação de questionários que versavam sobre os marcos da implantação e expansão da hemorrede pública de Goiás, respondidos por ex-servidores do Hemocentro Coordenador Estadual de Goiás Prof. Nion Albernaz. Para a análise dos dados, empreendeu-se o método de análise de conteúdo de Bardin (2011). Desta análise, emergiram categorias a priori fundadas nos pilares da assistência hemoterápica pública do estado. Os resultados desta pesquisa revelaram a complexidade do serviço, avanços, conquistas e, também, as dificuldades e os entraves que foram críticos na construção e funcionalidade das unidades hemoterápicas públicas no estado. Além disso, a análise da implantação do Plano Diretor de Regionalização do Sangue permitiu concluir que a hemorrede pública de Goiás não possuía capacidade instalada para atender a demanda por hemocomponentes em todos os leitos do Sistema Único de Saúde, devido à inexistência de uma Política Estadual de Sangue. Reflexões finais apontam que o comprometimento ético dos profissionais foi considerado essencial para a qualidade na execução das atividades técnicas hemoterápicas e, também, para a qualidade dos produtos finais dispensados à população goiana.

Palavras-chave: Política de Saúde, Regionalização, Serviço de Hemoterapia.

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2020.

ABSTRACT

This dissertation is a study on the creation of the Public Network of Blood Centers in Goiás began in 1988, with the purpose of supplying blood, components and blood products with sufficient quality and quantity to the population. Regionalization, expansion and restructuring processes have been at the heart of this implementation, contributing to the consolidation of hemotherapy services in the state. The recovery of this service network history, the object of this study, made it possible to identify political and institutional milestones that impacted assistance and contributed to the increase in hemotherapeutic stage coverage. It has also made it possible to evaluate the applicability of the blood Regionalization Plan. To this end, the methodology applied in this research was a case study with a qualitative approach. The data were collected by means of documentary research and the application of questionnaires about the milestones in the implementation and expansion of the public blood network in Goiás, answered by former employees of the Goiás State Coordinating Blood Center Prof.

Nion Albernaz. For the data analysis, we employed the content analysis method of Bardin (2011). From this analysis, a priori categories emerged, based on the state pillars of public hemotherapy assistance. The results of this research revealed the complexity of the service, advances, conquests, and also the difficulties and obstacles that were critical in the construction and functionality of the state public hemotherapeutic. In addition, the analysis of the implementation of the Blood Regionalization Master Plan concluded that the public blood network of Goiás did not have the installed capacity to meet the demand for blood products in all the hospital beds of the Unified Health System due to the inexistence of a State Blood Policy. Final reflections indicate that the ethical commitment of the professionals was considered essential for the quality of the execution of the hemotherapeutic technical activities, and also for the quality of the final products dispensed to the population of Goiás.

Key-Words: Health Policy, Regionalization, Hemotherapy Service.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Seringa de Jubé ... 26

Figura 2- Aparelho de Agote e Adaptação de Eugênio de Sousa ... 28

Figura 3- Organograma do HEMOGO ... 37

Figura 4- Hemorrede de Goiás - Serviços Públicos... 40

Figura 5- Unidades Hemoterápicas no Estado de Goiás. ... 53

Figura 6- Perfil da Cobertura Hemoterápica SUS no Brasil. ... 55

Figura 7- Perfil da Cobertura Hemoterápica SUS em Goiás ... 55

Figura 8- Meta da Cobertura Hemoterápica SUS em Goiás ... 56

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Número de campanhas de doação de sangue – 2011/ 2017 ... 49

Gráfico 2- Número de coletas realizadas – 2011 / 2017 ... 49

Gráfico 3 - Quantitativo de hemocomponentes produzidos ... 50

Gráfico 4- Número de questionários ... 65

Gráfico 5- Tipo de Vínculo ... 66

Gráfico 6- Tempo de serviço ... 67

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Classificação dos Serviços de Hemoterapia por natureza ... 34 Quadro 2 - Classificação dos Serviços de Hemoterapia por complexidade ... 35 Quadro 3- Síntese dos serviços existentes e proposta de implantação para 2003 .... 53 Quadro 4- Serviços de Hemoterapia Privados e Filantrópicos do Estado de Goiás. 70 Quadro 5- Unidades hemoterápicas implantadas - Período 2001/2017 ... 71 Quadro 6- Serviços existentes e necessidade de unidades públicas de hemoterapia conforme descrito no Plano Diretor de Regionalização do Sangue em Goiás (2003)

...82

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Consultas farmacêuticas anuais dos portadores de coagulopatias ... 46 Tabela 2- Atendimento anual da equipe multidisciplinar do HEMOGO - 2011/ 2017. 46 Tabela 3- Número de exames de sorologia e imunohematologia realizados pelo

Departamento de Análises Clínicas – 2011/2017 ... 47 Tabela 4- Quantitativo de capacitações e servidores capacitados no HEMOGO entre 2011-2017 ... 48

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AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.

AEQ – Avaliação Externa da Qualidade AT – Agência Transfusional.

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

CCIH – Comissão de Controle de Infecção Hospitalar.

CEP – Comitê de Ética de Pesquisa.

CI – Comunicação Interna.

CIB – Comissão Intergestora Bipartite.

CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde.

CNH – Comissão Nacional de Hemoterapia.

COSAH - Coordenação de Sangue e Hemoderivados.

DAM – Departamento de Atenção Multidisciplinar.

HBV – Vírus da Hepatite B.

HC – Hemocentro Coordenador.

HCV – Vírus da Hepatite C.

HDT – Hospital de Doenças Tropicais.

HEMOCE – Hemocentro de Ceará.

HEMOGO – Hemocentro Coordenador Estadual de Goiás Prof. Nion Albernaz.

HEMOMINAS – Hemocentro de Minas Gerais.

HEMOPA – Hemocentro do Pará.

HEMOPE – Hemocentro de Pernambuco.

HEMORREDE – Rede de serviços hemoterápicos.

HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana.

HR – Hemocentro Regional.

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HUAPA – Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia.

HUGO – Hospital de Urgências de Goiânia.

HUGOL – Hospital de Urgência Governador Otávio Lage.

IDTECH – Instituto de Desenvolvimento Tecnológico e Humano.

IHG – Instituto de Hemoterapia de Goiás.

IHTC – Centro Internacional de Treinamento em Hemofilia.

MS – Ministério da Saúde.

NAT – Teste de Ácido Nucléico.

OMS – Organização Mundial da Saúde.

OS – Organização Social.

PDR – Plano Diretor de Regionalização.

PDRS – Plano Diretor de Regionalização do Sangue.

PES – Plano Estadual de Saúde.

PEQH – Programa Estadual de Qualificação da Hemorrede.

PLANASHE – Plano Nacional de Sangue e Hemoderivados.

PNDVS – Programa Nacional de Doação Voluntária de Sangue.

PNIUH – Programa Nacional de Inspeção em Unidades Hemoterápicas.

PNS – Política Nacional do Sangue.

PRÓ-SANGUE – Programa Nacional de Sangue e Hemoderivados.

PRT – Portaria.

PQGG – Programa de Qualidade do Governo de Goiás.

RDC – Resolução da Diretoria Colegiada.

REDOME – Rede de Doadores de Medula Óssea.

SBHH – Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia.

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SMS – Secretaria Municipal de Saúde.

SUS – Sistema Único de Saúde.

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

UCT– Unidade de Coleta e Transfusão.

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RESUMO/ PALAVRAS-CHAVE ABSTRACT/ KEYWORDS LISTA DE FIGURAS LISTA DE GRÁFICOS LISTA DE QUADROS LISTA DE TABELAS

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS APRESENTAÇÃO

1 INTRODUÇÃO ... 19

2 OBJETIVOS ... 24

3 CONTEXTO HISTÓRICO ... 25

3.1 Hemoterapia no Mundo ... 25

3.2 Hemoterapia no Brasil ... 27

3.2.1 Política Nacional do Sangue ... 32

3.2.2 Rede Nacional de Serviços de Hematologia e Hemoterapia ... 34

3.3 Hemoterapia Pública em Goiás... 36

4 DESENHO DA REGIONALIZAÇÃO HEMOTERÁPICA NO ESTADO DE GOIÁS .... 51

5 CAMINHOS METODOLÓGICOS ... 58

5.1 Tipo e Método da pesquisa ... 58

5.2 Local de estudo ... 59

5.3 Período da pesquisa ... 59

5.4 Sujeitos da pesquisa ... 59

5.5 Coleta de dados ... 60

5.6 Tratamento e análise dos dados... 62

5.7 Considerações éticas ... 63

6 ANÁLISE DO INVESTIGADO ... 65

6.1 Implantação e expansão da Hemorrede... 68

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6.4 Comprometimento profissional ... 85

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 88

8 REFERÊNCIAS ... 91

APÊNDICES... 99

ANEXOS ... 107

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Católica de Goiás ocorreu em 1993. No mesmo ano, fui aprovada em um concurso público promovido pela Secretaria de Estado da Saúde. Foi assim que ingressei no quadro de funcionários do Sistema Único de Saúde (SUS), exercendo minhas atividades no Hemocentro de Goiás, hoje, Hemocentro Coordenador Estadual de Goiás Prof. Nion Albernaz (HEMOGO).

Nessa instituição atuei em diversos setores, participando do processo de acolhimento ao doador, produção de hemocomponentes, realização de exames, preceptoria e outros procedimentos, contribuindo dia a dia, para alcançar a qualidade no atendimento prestado.

Ao longo dos anos, refleti diariamente sobre a importância das atividades realizadas, o serviço ofertado à população e a complexidade e importância da assistência hemoterápica para a saúde de Goiás. Tive a oportunidade de conhecer vários Centros de Hemoterapia em todo o país e sempre admirei o modelo de assistência presente em muitos deles. Ansiava por ver, também, em Goiás a mesma evolução técnico gerencial evidenciada nas instituições visitadas.

Sentia necessidade de divulgar o nome do hemocentro e de mostrar à população e aos órgãos competentes que no nosso estado também existia uma instituição com capacidade de fornecer a assistência nos moldes dos grandes hemocentros brasileiros. No nosso caso, faltava investimentos, o reconhecimento do importante trabalho executado e o comprometimento por parte dos gestores. Para essa divulgação, antes de tudo, precisava conhecer mais sobre essa instituição, seria importante o resgate da história de implantação e das políticas que embasaram a construção da hemorrede, a fim de sinalizar possíveis adequações para a melhoria dos processos de trabalho dessa rede de serviços. No entanto, por diversas vezes, afundava-me em trabalhos técnicos exaustivos e a execução desse projeto se perdia.

No ano de 2018, ingressei no Mestrado Profissional em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Goiás com vistas de melhor qualificação profissional. Esse curso de pós-graduação enriqueceu e ampliou meus conhecimentos, pude perceber que a convivência com professores qualificados e colegas de diferentes categorias profissionais, portadores de amplas experiências na área da saúde, contribuíram para

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suscitou em mim o desejo de reacender um antigo projeto: contar a história da hemoterapia pública no estado de Goiás.

Diante disso, delimitei um período na história dessa instituição (1999-2018) para ser abordado neste estudo, visto que julguei os fatos ocorridos nesse espaço de tempo –

“Tempo Novo” - mais relevantes e decisivos para a atual configuração da hemoterapia no estado.

Dessa forma, este trabalho foi resultado de uma análise das políticas e ações implantadas no período de 1999 a 2018 nos processos de trabalho, bem como do histórico da criação da hemorrede pública no estado de Goiás, apontando os marcos institucionais importantes na implantação desse serviço.

A importância da assistência hemoterápica na promoção do bem estar da população e como grande pilar da saúde pública; a necessidade de apresentar a história da hemorrede pública em Goiás e as ações implantadas no processo de estruturação dessa rede de serviços e, por último, os anos de trabalho da pesquisadora frente a hemoterapia pública justificaram a escolha dessa temática.

Assim, esta pesquisa se tornou relevante ao apresentar a história da hemoterapia pública em Goiás, ao longo de 20 anos, destacando o papel do hemocentro na promoção da saúde coletiva e na oferta de sangue de qualidade à população goiana.

Além disso, a relevância desse estudo se fez presente ao analisar as políticas e ações que nortearam a assistência hemoterápica no período pesquisado e ao apontar as possíveis falhas que impactaram de forma negativa na principal função do hemocentro: fornecer sangue de qualidade e quantidade suficiente para atender a demanda solicitada. Por fim, este estudo se destacou ao apresentar as experiências profissionais de ex servidores do hemocentro e correlacioná-las com os marcos históricos da instituição.

Com isso, espera-se que este estudo possa contribuir para a construção de conhecimento sobre o tema e auxiliar a gestão no planejamento de ações frente a hemoterapia em Goiás, uma vez que a identificação das conquistas e fragilidades ao longo da história podem servir para qualificar a assistência e buscar caminhos mais assertivos na condução dos serviços hemoterápicos. As deficiências da gestão

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interesse para o desenvolvimento de novas pesquisas acerca de assuntos semelhantes.

Dessa maneira, este trabalho foi estruturado em capítulos. O capítulo 1, a introdução, trouxe um breve relato da importância da hemoterapia como ciência ligada à saúde coletiva, voltada para a promoção da saúde e bem-estar da sociedade. Apresentou o surgimento dos hemocentros como coordenadores da hemoterapia nos estados e a criação do hemocentro de Goiás e expôs, ainda, a pergunta de investigação da pesquisa.

No segundo capítulo, foram apresentados os objetivos - principal e específicos - contemplados no desenvolvimento da pesquisa e análise dos dados.

O referencial teórico, que fundamentou o estudo em questão, foi abordado no terceiro capítulo e trouxe, nas suas subdivisões, a contextualização histórica da Hemoterapia no Mundo, no Brasil, a criação da rede nacional de serviços de hemoterapia e hematologia e a implantação de uma política voltada para o sangue. Esse capítulo apresentou ainda o recorte da criação do sistema hemoterápico em Goiás, retratando os marcos evolutivos, bem como as fragilidades na implantação dessa rede de assistência no estado.

O quarto capítulo trouxe o desenho do processo de regionalização hemoterápica em Goiás. Foram abordadas as unidades existentes, as propostas de implantação de novos serviços e as metas e ações planejadas para o alcance da cobertura hemoterápica nas regiões e microrregiões do estado.

A metodologia, aplicada nesta pesquisa, foi contemplada no quinto capítulo. Por meio de uma abordagem qualitativa, empregou-se o método de Estudo de Caso para investigar as ações e programas que contribuíram para a expansão da hemorrede pública e da cobertura hemoterápica em todo o estado de Goiás, além de como estes impactaram na melhoria dos processos de trabalho.

O sexto capítulo registra a análise dos dados e os consequentes resultados desta pesquisa. Nesse capítulo, a história da Hemorrede Pública em Goiás estabelece um diálogo com a vivência laboral de ex-servidores que contribuíram para a implantação e consolidação dessa instituição.

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principais marcos da história da hemoterapia ao longo de 20 anos, explorados detalhadamente durante todo o estudo, e as lacunas presentes durante a coleta de dados. Por último, observou-se a necessidade do estabelecimento da Política Estadual do Sangue como lei para uma maior consolidação da assistência hemoterápica em Goiás.

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1 INTRODUÇÃO

A hemoterapia é uma ciência que acompanha a humanidade desde seus primórdios e utiliza o sangue e ou seus derivados no tratamento de diversos tipos de doenças ou situações clínicas em que há necessidade de reposição de sangue.

Para tanto, a utilização desses benéficos e primordiais produtos biológicos se torna possível devido aos seguintes fatores: 1) obtenção voluntária de sangue; 2) equipe técnica capacitada e multidisciplinar, composta por várias categorias profissionais da área da saúde; 3) desenvolvimento de ações de captação e triagem de doadores, coleta de sangue, produção e armazenamento de hemocomponentes, realização de exames laboratoriais, controle de qualidade, distribuição, prescrição e transfusão sanguínea; 4) cumprimento de protocolos e normas legais definidas pelo Ministério da Saúde - MS.

Diante disso, a atuação de uma equipe multiprofissional na assistência hemoterápica composta por médicos, biomédicos, bioquímicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e de laboratório, assistentes sociais, psicólogos e outros profissionais é de fundamental importância e garante a qualidade dos serviços prestados, uma vez que a união de conhecimentos e experiências contribui para a assistência integral, contemplando os aspectos clínicos, psicológicos e sociais do paciente e ampliando a visão sobre o processo saúde-doença.

Nesse sentido, a assistência hemoterápica estabelece um elo com a Saúde Coletiva, visto que esta é uma área voltada para a compreensão e interpretação dos determinantes sociais das doenças e da organização dos serviços de saúde, fundamentando-se na interdisciplinaridade como promotora de um amplo conhecimento da saúde e na multiprofissionalidade como forma de enfrentar a diversidade interna na execução das práticas sanitárias (FELIPE, 1989, p. 63;

NUNES, 1994; MATUMOTO; MISHIMA; PINTO ,2001).

Segundo Campos (1997) e Matusomoto, Mishima e Pinto (2001), a interdisciplinaridade e a multiprofissionalidade no trabalho em equipe no setor saúde se dá no comprometimento, competência, habilidade e experiência de cada profissional. O trabalho em equipe garante que conhecimentos e habilidades específicos de cada categoria profissional coexistam com a competência e

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responsabilidade que é comum a todos os trabalhadores de saúde e torna possível uma assistência de qualidade em saúde, mesmo diante da diversidade e complexidade dos indivíduos.

Além da interdisciplinaridade e multiprofissionalidade, o campo da Saúde Coletiva reflete uma compreensão holística de saúde, perpassando por três grandes pilares:

as Ciências Sociais e Humanas; a Epidemiologia; e a Política e o Planejamento (CAMPOS et.al, 2006).

Neste contexto, torna-se claro que a existência da ciência social e humana é primordial para uma clara compreensão das diversas fases da vida, do adoecimento e da morte, englobando os cuidados aos doentes e pacientes e também as relações interprofissionais. A epidemiologia se volta para o campo de investigação científica, estudos, pesquisas desenvolvidas, no sentido de identificar o agente infeccioso e as possíveis causas das doenças em grupos de pessoas. Por último, a política e o planejamento integram as ferramentas para organização das ações de promoção de saúde (PORTAL EDUCAÇÃO, 2010).

Sendo assim, a hemoterapia se interliga novamente à Saúde Coletiva, visto que está embasada na Ciência Social e Humana, despertando na sociedade a ação de doar sangue, sendo esta a única forma de obtenção de sangue para suprimento das necessidades transfusionais da população, com o propósito de salvar vidas e atuar como agente de promoção de saúde.

Ademais, o sentido social e humano dessa ciência, na década de 1980, teve o seu papel potencializado com o surgimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - AIDS, em que a credibilidade nos serviços hemoterápicos começou a ser questionada pela descoberta da possível transmissão do Vírus da Imunodeficiência Humana - HIV por transfusão de sangue, o que repercutiu na sociedade e desencadeou uma gradual politização da opinião pública em relação ao sangue. A partir do ocorrido, tornou-se necessária a intervenção do Estado nas políticas de saúde, o que levou a uma grande diversidade institucional e organizacional na área da hemoterapia, com melhoria da qualidade do sangue ofertado, colaborando, assim, com o bem-estar e promoção da saúde da população assistida (BONISOLO, 2016).

Na área da epidemiologia, a hemoterapia realiza amplos estudos, com desenvolvimento do setor de ensino e pesquisa, apresentando trabalhos científicos

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acerca das doenças infectocontagiosas diagnosticadas a partir de transfusões de sangue.

Por último, quanto ao planejamento das ações, o primeiro processo do ciclo do sangue é o incentivo e promoção à doação de sangue, um importante ato de solidariedade humana e de compromisso social, que envolve uma preocupação com a saúde do doador e do receptor. Nesse contexto, Bonisolo (2016) defende que a captação de doadores de sangue envolve um conjunto de ações educativas e delineadas, a fim de permitir o atendimento das necessidades transfusionais e assegurar um perfil adequado de doadores de sangue, garantindo a segurança transfusional e o cuidado com a saúde individual e coletiva.

Desse modo, o poder público é responsável pelo planejamento e execução de ações educativas voltadas à doação de sangue e cumpre o estabelecido na Política Nacional de Sangue, Componentes e Hemoderivados de acordo o inciso II Art. 14 da Lei n.

10.205, de 21 de março de 2001, que ressalta os princípios e diretrizes da política:

“Utilização exclusiva da doação voluntária, não remunerada, do sangue, cabendo ao poder público estimulá-la como ato relevante de solidariedade humana e compromisso social” (BRASIL, 2001 - LEI nº 10.205/2001).

Com a instituição do Programa Nacional do Sangue e Hemoderivados - PRÓ- SANGUE, em 1988, a hemoterapia no Brasil foi ordenada e se tornou uma questão de política pública, com a aprovação de leis e portarias para regulamentação dos serviços hemoterápicos e da doação de sangue. A partir desse momento, houve a criação de hemocentros nas principais capitais brasileiras, com a função de coordenação da assistência hemoterápica nos respectivos estados, representando um marco evolutivo na qualidade dos serviços em hemoterapia (ASSIS; NETO;

MAGALHÃES, 2012).

Nesse ínterim, visando a expansão da hemorrede nacional, em Goiás foi criado o Hemocentro Coordenador Estadual de Goiás Prof. Nion Albernaz – HEMOGO, órgão público com sede própria inaugurada em 1988, com o objetivo de atender às diretrizes do PRO-SANGUE e posteriormente do Plano Nacional de Sangue e Hemoderivados – PLANASHE (GOIÁS, 2018).

Após a sua fundação, o HEMOGO passou a desempenhar importante função dentro do Sistema Único de Saúde – SUS, responsável pela captação, coleta,

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processamento, armazenamento e distribuição do sangue dos doadores, assim como a cobertura hemoterápica dos hospitais com leitos públicos e privados conveniados.

Foi implantado também o atendimento multiprofissional para pacientes portadores de doenças hematológicas, desenvolvendo o acompanhamento aos portadores de hemoglobinopatias, hemofilias e outras coagulopatias cadastrados na instituição (GOIÁS, 1993).

Em 2003, com intuito de melhorar o acesso dos pacientes à assistência hemoterápica, foi elaborado o Plano Diretor de Regionalização do Sangue de Goiás – PDRS, que teve como objetivo a “promoção do processo de regionalização e fortalecimento de uma rede de serviços de Hemoterapia Pública em atendimento aos princípios de universalidade, integralidade e equidade aos serviços de saúde” (GOIÁS, 2003).

Nesse contexto de regionalização, a Hemorrede Estadual foi estrategicamente distribuída nas microrregionais de saúde, com a finalidade de atender à demanda de hemocomponentes em todo estado e oferecer uma cobertura eficiente, acesso imediato e disponibilizar sangue de qualidade à população (GOIÁS, 2017).

Dessa forma, Goiás se uniu a todos os serviços de hemoterapia do Brasil para enfrentar o grande desafio de manter um estoque de sangue com qualidade e quantidade suficiente para atender à solicitação apresentada. Para tanto, tornou-se essencial o desenvolvimento de técnicas modernas na execução dos procedimentos, definidas por normas do MS, em atendimento às boas práticas de produção e às diretrizes de segurança do paciente, com vistas à garantia da qualidade dos produtos finais obtidos e ofertados à comunidade (BRASIL, 2016).

A despeito da quantidade de sangue suficiente para atender à demanda, a Organização Mundial de Saúde – OMS preconizou que 3% da população de um país deveria ser doadora de sangue, a fim de garantir o estoque regulador nas unidades hemoterápicas (HOSN, 2009). De acordo com esse dado, o Brasil não atingiu a taxa de doações esperada nos últimos anos.

Segundo o 5º e o 6º Boletim de Produção Hemoterápica do Brasil, o percentual de doações entre 2015, 2016 e 2017 foi de 1,58%, 1,99% e 1,83% respectivamente.

Esses índices, abaixo do ideal, podem comprometer a assistência, reforçando assim a necessidade de um trabalho permanente e contínuo de captação de candidatos à doação e de melhoria nos procedimentos hemoterápicos, por meio de ações e

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políticas que visem o aumento desse índice e a excelência da assistência (BRASIL, 2018).

Diante o exposto, esse trabalho pretendeu responder à seguinte pergunta de investigação: Quais foram as políticas, ações e programas implantados no período de 1999 a 2018 na Hemorrede Pública do Estado de Goiás e como eles impactaram na expansão e garantia da assistência hemoterápica?

Para tanto, foram considerados como políticas, ações e programas as disposições, medidas e procedimentos que regulam as atividades governamentais, como também todas as ações realizadas para a melhoria do serviço de hemoterapia na hemorrede pública de Goiás.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Analisar as políticas, ações e programas implantados no período de 1999 a 2018, no cenário da hemoterapia pública do Estado de Goiás.

2.2 Objetivos Específicos

- Realizar um resgate histórico da hemoterapia pública em Goiás;

- Identificar e analisar os marcos políticos e institucionais;

- Analisar os impactos das políticas, ações e programas na assistência hemoterápica pública do Estado de Goiás.

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3 CONTEXTO HISTÓRICO

3.1 Hemoterapia no Mundo

Desde o início da humanidade, a utilização do sangue foi relevante na Medicina, utilizado para curar doenças e salvar vidas, embora muitas tentativas foram fracassadas e evoluíram para o óbito dos pacientes, pelo desconhecimento dos profissionais de saúde e falta de tecnologias empregadas no uso desse fluido biológico (FREITAS, 2011).

Na Grécia antiga, acreditava-se que o tratamento para diversas doenças ocorria a partir da retirada do chamado “sangue ruim”, e com isso vários estudiosos começaram a pensar em transfusão (PEREIMA et al., 2007).

No decorrer dos séculos, várias foram as descobertas e contribuições à área da hemoterapia e, por consequência, à sociedade, possibilitando maior sobrevida aos pacientes. O surgimento da hemoterapia foi marcado por dois períodos: o pré- científico ou empírico, que aconteceu até o ano de 1.900, e outro científico, após 1.900.

No período pré-científico destacou-se a descoberta da circulação sanguínea, por Andréa Cesalpini; a descrição da circulação sanguínea, por William Harvey; e as transfusões experimentais em animais e humanos realizadas por Richard Lower, Jean Baptiste Denis e James Blundell, resultando na primeira reação hemolítica pós- transfusional. A primeira transfusão com sangue humano é atribuída a James Blundell, em 1818, que, após realizar com sucesso experiências em animais, transfundiu sangue humano em mulheres com hemorragia pós-parto (BENETTI, 2004).

No início do período científico, em 1900, Karl Landsteiner constatou que o soro do sangue de uma pessoa coagulava ao ser misturado com o de outra, o que culminou com a descoberta do sistema de grupo sanguíneo ABO (OLIVEIRA; CORULÓN, 2001;

HOSN, 2009).

Após essa descoberta, a segunda maior conquista no processo de transfusão de sangue foi o desenvolvimento de soluções anticoagulantes e preservantes, em 1916, diante da necessidade de armazenar sangue para transfusão, garantindo a sua validade por um maior período de tempo e a conservação e manutenção do sangue armazenado para posterior utilização (PIMENTEL, 2006). Anos mais tarde,

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a descoberta de equipamentos de refrigeração associados ao uso dessas soluções anticoagulantes e conservantes, permitiu a organização dos centros de armazenamento de sangue (GIACOMINI, 2007).

Nos primeiros procedimentos transfusionais, em 1920, eram realizadas transfusões de forma rudimentar, ocorrendo a “doação braço a braço”: diretamente do braço do doador para o organismo do receptor, sem a realização de exames pré-transfusionais (SERINOLLI,1999; PEREIMA et.al., 2007). Utilizava para essa técnica a seringa de Jubé (Figura 1), instrumento que permitia a passagem do sangue do doador direto ao receptor, sendo de simples manuseio e de fácil esterilização e assim transfundia o sangue, escolhendo doadores clinicamente aptos, com boas condições de saúde (JUNQUEIRA et al., 2005).

Figura 1- Seringa de Jubé

Fonte: Rev. Bras. Hematol. Hemoter. vol.27 nº 3 São José do Rio Preto.Julho/Setembro. 2005

Dessa forma surgiu o primeiro serviço de transfusão de sangue em Londres, em 1921 e a criação do primeiro banco de sangue do mundo ocidental em 1937, nos Estados Unidos. A partir de 1960, a hemoterapia no mundo evoluiu e apresentou novas técnicas de conservação e fracionamento do sangue (SANTOS; MORAES;

COELHO, 1991).

Com o surgimento das máquinas fracionadoras de sangue, em 1967, tornou-se possível separar os hemocomponentes durante o processo de doação de sangue (aférese). A partir desse procedimento desenvolveu-se o uso específico de cada componente para um determinado fim terapêutico, não sendo mais usado o sangue total de forma generalizada (RODRIGUES, 2013).

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Nos anos de 1980 e 1990 vários foram os conhecimentos e avanços na área da oncohematologia, com realização de vários transplantes, dentre outros, o que ampliou o uso terapêutico do sangue e favoreceu a evolução da hemoterapia como ciência aplicada à promoção da saúde coletiva. (SANTOS, 2002).

Na década de 80, com o advento da AIDS surgiu a necessidade de transformar o sistema hemoterápico, com implantação de novos procedimentos e busca de qualidade da assistência prestada, a fim de mitigar possíveis riscos de contaminação por doenças infectocontagiosas, advindas de possíveis transfusões de sangue. Nesse período houve também a necessidade de garantir a segurança transfusional e desencadear mudanças nas políticas de sangue, voltadas principalmente para a proteção do doador e receptor. (PIMENTEL, 2006).

3.2 Hemoterapia no Brasil

Assim como no mundo, a hemoterapia no Brasil foi atingindo progressivamente um grau de excelência. Desde os seus primórdios, a hemoterapia se iniciou na fase “pré cientifica”, com realização de transfusões executadas por cirurgiões na tentativa de

“salvar vidas”, e passou por diversas mudanças, até se tornar uma atividade essencial e específica de médicos especialistas (SARAIVA, 2005; GATTI, 2016).

Na era pré-científica ainda, houve um relato acadêmico sobre a hemoterapia nacional com uma tese de doutorado na Faculdade de Medicina da Bahia, em dezembro de 1879, que descreveu e discutiu se a melhor transfusão seria a do animal para o homem ou entre os seres humanos, a qual causou muita polêmica entre os estudiosos da época (JUNQUEIRA et al., 2005; HOSN, 2009).

Já na fase científica, em 1915, também na Bahia, o professor de Clínica Médica, Garcez Fróes, fez a primeira transfusão de sangue, usando o Aparelho de Agote (Figura 2), transfundindo 129 ml de sangue de um doador em uma paciente operada de pólipo com sangramento uterino importante (JUNQUEIRA et al., 2005).

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Figura 2- Aparelho de Agote e Adaptação de Eugênio de Sousa.

Fonte: Rev. Bras. Hematol. Hemoter. vol.27 no.3, São José do Rio Preto, Julho/Setembro.

2005.

Na década de 40, surgiram vários serviços de transfusão no Brasil, como o primeiro Banco de Sangue no Instituto Fernandes Figueira no Rio de Janeiro e o Banco de Sangue da Santa Casa, em Porto Alegre, em 1942; o Banco de Sangue do Hospital das Clínicas e o Banco de Sangue da Santa Casa de Misericórdia, em 1943 e, no ano seguinte, em 1944, a inauguração do Banco de Sangue da Lapa no Rio de Janeiro.

Em 1945 foi aberto um banco de sangue privado em Botafogo-RJ, fundado por Miguel Meira Vasconcelos e, no mesmo ano, Pedro Clovis Junqueira abriu a Central Hemoterápica, posteriormente, em 1949, o Banco de Sangue de São Paulo (JUNQUEIRA et al., 2005).

Entre as décadas de 1940 e 1950, a hemoterapia estava restrita às unidades existentes em hospitais públicos e não havia, por parte do Governo, uma preocupação em organizar e fiscalizar estes serviços, no que diz respeito à sua qualidade. Não havia também qualquer regulamentação da atividade profissional. O que caracterizava a hemoterapia no Brasil nesta época era a comercialização do sangue e doações remuneradas. Em consequência, estes bancos de sangue funcionavam como bem entendiam e a qualidade do serviço dependia da postura ética do responsável pelo serviço (SANTOS,1991).

Assim sendo, em 1950, fundou-se a Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia – SBHH e promulgou-se a Lei nº 1.075, que estabeleceu a doação voluntária de sangue e foi considerada a primeira legislação relacionada à hemoterapia no Brasil (BRASIL,1950).

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Em 1964, após a promulgação do decreto nº 53.988, de 30 de junho de 1964, ficou definido o dia 25 de novembro como o “Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue”

(BRASIL, 1964). Nesse mesmo ano, o MS criou um grupo de trabalho para analisar e propor a legislação da hemoterapia no Brasil, que, em 1965, resultou na criação da Comissão Nacional de Hemoterapia - CNH, priorizando a doação voluntária de sangue, a legalização dos bancos de sangue públicos e privados, a exigência da realização de testes sorológicos e outros procedimentos (JUNQUEIRA et al., 2005).

Com o intuito de estabelecer as bases da Política Nacional para a atividade hemoterápica, foi criada a Lei Nº 4.701, em 28 de junho de 1965 (BRASIL, 1965). Esta lei objetivava também estimular a doação voluntária, adotar medidas protetivas aos doadores e receptores, além de definir a atividade hemoterápica como sendo uma junção de serviços realizados por instituições públicas e privadas, o que não ocorreu, pois o setor privado apresentava um crescimento alicerçado no mercantilismo do sangue (RANGEL, 2012).

Apesar da existência da lei estabelecendo as atividades hemoterápicas, os procedimentos na área de sangue ainda eram executados sem padrões técnicos e as ações de fiscalizações sanitárias, nesse período, eram reduzidas, o que caracterizava o descumprimento da legislação (SANTOS et al., 1992; SILVA Jr.; COSTA; BACCARA, 2015).

E diante disso, a pedido do Governo brasileiro, foi realizado um estudo, em 1969, por Pierre Cazal, consultor da OMS e Diretor do Centro de Transfusão Sanguínea de Montpellier França. O estudo apresentado foi denominado “Relatório Cazal” e teve como objetivo estudar e avaliar o sistema hemoterápico brasileiro, sendo este um marco histórico da implementação da Política Nacional do Sangue no Brasil (PIMENTEL, 2006).

O relatório Cazal sinalizou as condições inadequadas de funcionamento dos pequenos serviços de hemoterapia e sem a devida coordenação. Verificou a realização de doações remuneradas e a comercialização do sangue e hemoderivados.

Observou que o governo não fiscalizava devidamente as atividades hemoterápicas e nem tampouco estimulava a implantação da Política Nacional de Sangue. Notou também que havia falta de recursos técnicos e financeiros para a coleta do sangue (BASILIO, 2002).

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Diante do levantamento realizado, Cazal propunha que a Política do Sangue fosse gerenciada por um órgão central e permanente, assessorado por comissões interestaduais, formadas por especialistas de diversos estados do país e ainda defendeu que os bancos de sangue existentes não fossem extintos e que os serviços deveriam ser gerenciados por uma única unidade. Naquele momento o modelo proposto foi considerado inexequível pela CNH, devido a inexistência de estruturação da assistência médica na área da hemoterapia (BASÍLIO, 2002).

Uma nova investigação acerca da hemoterapia no Brasil foi realizada em 1976, pelo hemoterapeuta Francisco Antonácio, que reafirmou a falta de compromisso das autoridades de saúde com relação à hemoterapia, apontou a necessidade da criação de centros regionais de transfusão de sangue nas capitais brasileiras, a capacitação dos profissionais técnicos e a estruturação do programa de captação de doadores, baseado na filosofia educacional (JUNQUEIRA, 2005).

Nesse contexto, seguindo o modelo dos centros franceses de hemoterapia, em 1977 foi inaugurado o Hemocentro de Pernambuco – HEMOPE. Em 1978 surge a Fundação Centro Regional de Hemoterapia do Pará, que deu origem ao Hemocentro do Pará - HEMOPA. Em 1979, a SBHH organizou uma forte campanha e estimulou e sensibilizou diversos atores em todo o país, em defesa da doação voluntária não remunerada, efetivada em junho de 1980 (PIMENTEL, 2006; ASSIS; NETO;

MAGALHÃES, 2012).

A partir da década de 80, período histórico divisor de águas para a hemoterapia brasileira, a utilização do sangue de forma segura tornou-se pauta primordial em debates e várias propostas de intervenção foram apresentadas para extinguir a remuneração da doação, uma vez que a transmissão de doenças infectocontagiosas por transfusão sanguínea se intensificava, dentre elas a AIDS (BRASIL, 2015).

Nesse sentido, visando a ordenação do sistema hemoterápico, em 1980, surgiu o PRÓ-SANGUE, pela portaria interministerial nº 07/80, criando a rede nacional de hemocentros, nas principais cidades brasileiras. Esse programa objetivou alcançar maior cobertura hemoterápica com incentivos às doações voluntárias, estimulou a realização de pesquisas, padronizou técnicas, promoveu capacitação de recursos humanos (BRASIL, 1980).

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Para instauração de um maior rigor na fiscalização das atividades hemoterápicas, o governo federal criou, também, o PLANASHE, em 1988, com diretrizes em concordância aos objetivos do PRÓ-SANGUE e defendeu a participação das três esferas governamentais na expansão da assistência hemoterápica pública (CIOFFI, 2005).

A promulgação da Constituição Federal, em 1988, marcou de forma significativa avanços na saúde pública do país, com a criação do SUS, regulamentado pela Lei nº 8080/1990 e Lei nº 8.142/1990 e reforçou também a questão do sangue, no artigo 199, capítulo II, parágrafo 4º, proibindo toda e qualquer forma de comercialização de sangue e/ou de seus derivados (BRASIL, 1988).

Nesse período, outras medidas importantes foram adotadas para estabelecer a política do sangue, como a criação do Conselho Nacional de Hemoterapia para supervisionar a Política Nacional de Sangue; a elaboração da primeira norma técnica para ordenamento da hemoterapia no Brasil, por meio da Portaria nº 721, de 09 de agosto de 1989 (PIMENTEL, 2006); e a instituição do Programa Nacional de Inspeção em Unidades Hemoterápicas - PNIUH, regulamentado pela Portaria nº 127, de 08 de dezembro de 1995, com a finalidade de executar inspeções nos processos de trabalho das unidades hemoterápicas no país (BRASIL, 1995).

Um marco relevante na história da Hemoterapia Brasileira foi o lançamento da Meta Mobilizadora Nacional, em 1998, cujo objetivo era reestruturar o sistema hemoterápico, estabelecendo a qualidade do sangue como lema da campanha, tendo como slogan: “Sangue com garantia de qualidade em todo o seu processo até o ano 2003”. Essa meta contava com a participação do governo e da sociedade civil, e era estruturada em 12 projetos, visando a disponibilidade, segurança e qualidade de hemocomponentes no ato transfusional, e determinando as responsabilidades de cada esfera de governo na implementação da Política Nacional de Sangue - PNS em todo o país (BRASIL, 2000).

Dessa forma, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, criada em 1999, passou a ter responsabilidade pelo planejamento, coordenação e avaliação da execução das atividades do programa, bem como dos subprogramas e projetos da área técnica. No nível das unidades federativas, coube às Secretarias Estaduais de Saúde, por meio das Vigilâncias Sanitárias e dos Hemocentros Coordenadores, a implantação, a condução e a fiscalização do programa local (BRASIL, 2000).

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Dentre os projetos da Meta Mobilizadora, estava a implantação do Programa Nacional de Doação Voluntária de Sangue - PNDVS, que objetivava incentivar a doação voluntária e espontânea, sensibilizando a população para a necessidade de doar. Este programa visava a garantia da qualidade do sangue transfundido e quantidade suficiente para atender à demanda do país (BRASIL, 2015).

3.2.1 Política Nacional do Sangue

A partir de 1980, a Política do Sangue se iniciou no Brasil, sendo os hemocentros públicos responsáveis pela sua execução. No entanto, apenas com a Constituição de 1988 a hemoterapia recebeu tratamento diferenciado no ordenamento jurídico do SUS, e a questão do sangue e hemoderivados foi introduzido em vários debates na luta por uma política de saúde, fundamental para o funcionamento dos hemocentros e órgãos executivos da política do sangue (BRASIL, 2016).

Somente com a Lei 10.205, de 21 de março de 2001, conhecida como Lei do sangue ou Lei Betinho, em homenagem ao sociólogo Herbet de Souza, sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, regulamentou-se o parágrafo 4º do artigo 199 da Constituição Federal, referente à coleta, processamento, estocagem, distribuição e aplicação do sangue, seus componentes e derivados, e estabeleceu-se a Política Nacional de Sangue, garantindo o acesso de todos os brasileiros a sangue com qualidade e em quantidade suficiente (BRASIL, 2001).

Essa lei também ratificou, no seu artigo 1º, a proibição da comercialização do sangue e de seus derivados, defendida na Constituição:

Esta Lei dispõe sobre a captação, proteção ao doador e ao receptor, coleta, processamento, estocagem, distribuição e transfusão do sangue, de seus componentes e derivados, vedada a compra, venda ou qualquer outro tipo de comercialização do sangue, componentes e hemoderivados, em todo o território nacional, seja por pessoas físicas ou jurídicas, em caráter eventual ou permanente, que estejam em desacordo com o ordenamento institucional estabelecido nesta Lei (BRASIL, 2001, p.1).

Além disso, a lei do sangue estruturou a criação de uma rede de serviços hemoterápicos no país – Hemorrede e estabeleceu o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados - SINASAN, regulamentado pelo Decreto nº 3.390, de 30/10/2001. O SINASAN teve como principais atribuições implementar a Política Nacional de Sangue, Componentes e Hemoderivados; garantir autossuficiência do

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país em hemocomponentes e hemoderivados e harmonizar as ações do Poder Público, relacionadas à atenção hemoterápica e hematológica, em todos os níveis de governo (BRASIL, 2001).

A integração das três esferas governamentais para a expansão da hemoterapia foi de fundamental importância na operacionalização da assistência. Dessa forma, o Governo Federal formulou e regulamentou a PNS enquanto os estados foram responsáveis pela oficialização da política, fiscalização da lei e gestão dos estabelecimentos que executavam atividades do ciclo do sangue. Aos municípios, coube o planejamento do fornecimento de hemoderivados e fiscalização dos estabelecimentos locais, entre outras atribuições (CIOFFI, 2005; SCHLINDWEIN, 2016).

A Política Nacional do Sangue, implementada no contexto do SINASAN, teve como objetivos aumentar o índice de cobertura hemoterápica; desenvolver políticas e ações de promoção à saúde e garantir o acesso da população à atenção hemoterápica e hematológica com segurança e qualidade, conforme os princípios e diretrizes do SUS - universalidade, integralidade, igualdade, descentralização político-administrativa, hierarquização e participação social (BRASIL, 2001).

Ao longo da história, percebeu-se que as normatizações que legalizavam os procedimentos hemoterápicos no país deveriam ser rígidas, com o objetivo de reduzir os riscos da terapia transfusional e oferecer produtos de qualidade à população (TÁVORA, 2015).

Assim sendo, a partir da lei nº 10.205/2001, por necessidade de atualização e reorganizar os procedimentos da política pública hemoterápica, várias legislações foram publicadas, como as RDC - Resoluções da Diretoria Colegiada: RDC/ANVISA Nº 343, em 2003, a RDC/ANVISA Nº 153, em 2004, a RDC/ANVISA Nº 57, em 2010;

Portaria MS/GM Nº 1.353, em 2011; Portaria MS/GM Nº 2712, em 2013; Portaria MS/GM Nº 158, em 2016; dentre outras (ASSIS; NETO; MAGALHÃES, 2012).

Atualmente, a Portaria de Consolidação nº 5, anexo IV, artigo 2º é

(...) o regulamento técnico que objetiva regulamentar a atividade hemoterápica no País, de acordo com os princípios e diretrizes da Política Nacional de Sangue, Componentes e Derivados, no que se refere à captação, proteção ao doador e ao receptor, coleta, processamento, estocagem, distribuição e transfusão do sangue, de

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seus componentes e derivados, originados do sangue humano venoso e arterial, para diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças (BRASIL, 2017, p. 259).

3.2.2 Rede Nacional de Serviços de Hematologia e Hemoterapia

Apesar da expansão da Rede Nacional de Serviços de Hemoterapia, na década de 80, com a implantação dos hemocentros nas capitais brasileiras, a estruturação da rede se mostrou insuficiente para o atendimento da demanda. O Governo Federal, estados e municípios disponibilizaram investimentos para a criação dos serviços de hemoterapia de diferentes níveis de complexidade possibilitando assim, a configuração da Hemorrede Nacional (BONISOLO, 2016).

Dessa forma a implantação das unidades hemoterápicas era gerenciada e controlada pela Coordenação de Sangue e Hemoderivados – COSAH, parte integrante do SINASAN, que defendia a importância da criação do serviço hemoterápico nas regiões descobertas de assistência (BASÍLIO, 2002).

Entretanto, para a expansão da rede de serviço público de hemoterapia e hematologia, foram adotados, na época, alguns critérios baseados na Portaria nº 138/78 do MS, considerando alguns itens como: doenças infectocontagiosas transmitidas através do sangue; localização demográfica do Estado ou Município;

número de leitos hospitalares; capacidade física instalada de unidades de hemoterapia (BASÍLIO, 2002).

Sendo assim, baseados nos critérios acima descritos e de acordo com a RDC ANVISA N.º 151, de 21/08/2001, que avaliaram os parâmetros de coleta, produção e transfusão, os serviços de hemoterapia foram classificados conforme os Quadros 1 e 2:

Quadro 1- Classificação dos Serviços de Hemoterapia por natureza

Natureza do serviço Definição

Público Instituição da administração pública direta ou indireta, integrante do SUS.

Privado Entidade de natureza privada. Atua complementarmente ao SUS, sem ser ressarcida por este.

Privado contratado pelo SUS Entidade de natureza privada. Pode atuar complementar ao SUS.

Filantrópico Entidade de natureza privada, sem fins lucrativos, mantida parcial ou integralmente por meio de doações.

Fonte: RDC N.º 151 /2001 - Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária

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Quadro 2 - Classificação dos Serviços de Hemoterapia por complexidade

Complexidade do serviço Definição

Hemocentro Coordenador (HC)

Entidade de âmbito central, de natureza pública, localizada preferencialmente na capital, referência do Estado na área de Hemoterapia e/ou Hematologia com a finalidade de prestar assistência e apoio hemoterápico e/ou hematológico à rede de serviços de saúde.

Hemocentro Regional (HR)

Entidade de âmbito regional, de natureza pública, para atuação macrorregional na área hemoterápica e/ou hematológica. Poderá encaminhar a uma Central de Triagem Laboratorial de Doadores as amostras de sangue para realização dos exames.

Núcleo de Hemoterapia

Entidade de âmbito local ou regional, de natureza pública ou privada, para atuação microrregional na área de hemoterapia e/ou hematologia. Poderá encaminhar a uma Central de Triagem Laboratorial de Doadores as amostras de sangue para realização dos exames.

Unidade de Coleta e Transfusão (UCT)

Entidade de âmbito local, de natureza pública ou privada, que realiza coleta de sangue total e transfusão, localizada em hospitais ou pequenos municípios onde a demanda de serviços não justifique a instalação de uma estrutura mais complexa de hemoterapia.

Unidade de Coleta (UC)

Entidade de âmbito local, que realiza coleta de sangue total, podendo ser móvel ou fixa. Se for móvel, deverá ser pública e estar ligada a um Serviço de Hemoterapia. Se fixa, poderá ser pública ou privada.

Central de Triagem Laboratorial de doadores – CTLD

Entidade de âmbito local, regional ou estadual, pública ou privada, que tem como competência a realização dos exames de triagem das doenças infecciosas nas amostras de sangue dos doadores coletado na própria instituição ou em outras.

Agência Transfusional (AT)

Serviço com localização extra ou intra-hospitalar, com a função de armazenar, realizar testes de compatibilidade entre doador e receptor e transfundir os hemocomponentes liberados.

Fonte: RDC N.º 151- Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Essa classificação e normatização dos serviços hemoterápicos, a criação dos hemocentros, os altos investimentos no setor público do sangue somado à então existência de serviços privados e públicos para atender a mesma clientela, desencadeou o fortalecimento da hemoterapia (PIMENTEL, 2006). Em alguns estados, os serviços privados não sofreram grandes abalos e continuaram prevalecendo, mesmo com o crescimento do setor público.

Os dados apresentados no Caderno de Informação de Sangue e Hemoderivados do MS reforçaram tal afirmação, uma vez que as frequências e percentuais de coleta de sangue por tipo de prestador no Brasil, nos anos de 2015 e 2016, nesta ordem, apresentaram o seguinte cenário: coletas realizadas nos Serviços Públicos foi de 58,92% e 68,70% e nos Serviços Privados Contratados SUS a porcentagem de coleta foi de 33,43% e 31,30%, respectivamente. Considerando, ainda, a mesma fonte, a

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coleta no Serviço privado não Contratado perfez 7,65% no ano de 2015, enquanto que em 2016 todas as coletas foram exclusivamente no SUS (BRASIL, 2015; 2016).

Diante disso, assistiu-se a uma luta maniqueísta entre o setor público e o privado, e este último defendia que apenas as competências gerenciais determinavam o êxito e sucesso na conquista dos espaços para a prestação dos serviços (ASSIS;

MAGALHÃES; NETO, 2012).

Outro fator importante para o fortalecimento da rede de serviços em hemoterapia foi o desenvolvimento de técnicas mais modernas na execução dos procedimentos das etapas do ciclo do sangue para atender às boas práticas de produção e às diretrizes de segurança do paciente (BRASIL, 2017).

Desse modo, tornou-se primordial garantir a qualidade do sangue a ser transfundido, o cumprimento de leis, resoluções, regulamentos e normas em hemoterapia, para padronizar as atividades realizadas na área de controle de qualidade e definir a quantidade de sangue coletado de doadores. A criação de comissões nacionais de sangue, o aperfeiçoamento, de forma contínua, dos técnicos que atuavam nesta área, além da efetivação de políticas públicas voltadas à doação de sangue foram relevantes para facilitar a manutenção dos estoques (PEREIMA et al, 2007).

Nesse contexto, o trabalho coletivo, com a participação de cada esfera de Governo, tornou-se essencial na construção e operacionalização do processo de regionalização da hemoterapia. Essa organização de trabalho, com participação de técnicos e administrativos, permitiu uma assistência humanizada de prestação de serviços SUS aos doadores de sangue e pacientes (FUNDAÇÃO HEMOMINAS, 2016).

3.3 Hemoterapia Pública em Goiás

A assistência hemoterápica e hematológica no estado de Goiás se realiza pelo Hemocentro de Goiás, atual Hemocentro Coordenador Estadual de Goiás Prof. Nion Albernaz - HEMOGO, que, segundo a RDC n° 151/2001, constitui-se em uma entidade de âmbito central, de natureza pública, localizada na capital goiana, referência do estado na área de Hemoterapia e Hematologia, com a finalidade de prestar assistência e apoio hemoterápico e hematológico à rede de serviços de saúde.

O HEMOGO foi fundado em junho de 1988, no governo Henrique Santillo, e a partir do Decreto Estadual nº 3.800, de 09/06/1992, integrou a nova estrutura organizacional da Secretaria de Saúde e Meio Ambiente. Criado nos moldes do Pró-Sangue, o

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hemocentro exerce papel fundamental no contexto da saúde pública e visa proporcionar condições que assegurem a quantidade e qualidade do sangue, hemocomponentes e hemoderivados a serem transfundidos (GOIÁS, 1992).

O relatório interno de gestão 2001 pontuou que os serviços e produtos ofertados pelo HEMOGO foram assegurados pelo comprometimento da equipe multiprofissional que compõe o quadro de servidores e pela modernização do parque tecnológico e das metodologias utilizadas na realização dos testes sorológicos no sangue coletado, estabelecidas pela portaria 1376/93 do MS e portaria 121/95 da Vigilância Sanitária, legislações vigentes na época (HEMOCENTRO DE GOIÁS, 2001).

Ainda de acordo o relatório de gestão de 2001, o HEMOGO apresentou a estrutura organizacional, conforme ilustra a Figura 3 (HEMOCENTRO DE GOIÁS, 2001).

Figura 3- Organograma do HEMOGO.

Fonte: Relatório de gestão 2001 – HEMOGO (MIMEO)

As atividades executadas pelo Hemocentro de Goiás, baseadas no relatório de gestão – VI ciclo do PQGG – Programa de Qualidade do Governo de Goiás (sem data), são na área de hemoterapia: captação de doadores, coleta de sangue, processamento,

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