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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE GOIÁS

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Rua 68, nº 727, Centro, Goiânia–GO - CEP: 74055-100 - Fone / Fax: 3216-62.43 - www.tcm.go.gov.br

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE GOIÁS

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás, por meio do Procurador de Contas signatário, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo art. 94, inciso I, da Lei Estadual nº 15.958, de 18 de janeiro de 2007, vem à presença de V. Ex.ª, nos termos do art. 207 do Regimento Interno desta Corte, oferecer a presente REPRESENTAÇÃO pelos motivos de fato e de direito que a seguir expõe.

I – DA LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS

A legitimidade do Ministério Público de Contas para o oferecimento da presente Representação encontra seu fundamento legal na Lei Estadual nº 15.958/07. In litteris:

Art. 94. Compete aos Procuradores de Contas, em sua missão de guarda da lei e fiscal de sua execução, além de outras estabelecidas no Regimento Interno:

I - promover a defesa da ordem jurídica, requerendo perante o Tribunal de Contas dos Municípios, as medidas de interesse da Justiça, da Administração e do Erário;

Em complemento, dispõe o Regimento Interno da Corte:

Art. 208. Têm legitimidade para representar ao Tribunal de Contas dos Municípios:

(...)

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Rua 68, nº 727, Centro, Goiânia–GO - CEP: 74055-100 - Fone / Fax: 3216-62.43 - www.tcm.go.gov.br II - Membros do Ministério Público de Contas junto a este Tribunal;

II – DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS

Constitui objeto da presente representação a análise da legalidade de diversas aquisições de medicamentos realizadas pelo Fundo Municipal de Saúde do município de Aporé, sobre as quais pende suspeitas de sobrepreço e preterição de licitante vencedor de procedimento licitatório.

A competência desta Corte para a apreciação da questão encontra previsão na Lei Orgânica do TCMGO que, reproduzindo similares disposições da Constituição Federal, aduz:

Art. 1º- Ao Tribunal de Contas dos Municípios, órgão de controle externo, compete, nos termos da Constituição Estadual e na forma estabelecida nesta Lei:

II - exercer a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial das prefeituras e câmaras municipais e demais entidades instituídas e mantidas pelo Poder Público Municipal;

V - realizar, por iniciativa própria ou da Câmara Municipal, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo e Executivo municipais e demais entidades instituídas e mantidas pelo erário municipal;

IX – assinar prazo para que o Órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada a ilegalidade;

III – DOS FATOS E FUNDAMENTOS

O Ministério Público de Contas, no exercício de suas atividades rotineiras de guarda da ordem jurídica e fiscal de sua execução, tomou conhecimento da ocorrência de possíveis irregularidades em diversas aquisições de medicamentos realizadas pelo Poder Executivo do município de Aporé.

Segundo consta da documentação anexa, a Administração municipal de Aporé realizou, no exercício de 2018, o Pregão Presencial para Registro de Preços nº 008/2018, com o fim de selecionar fornecedores de diversos medicamentos. Verifica-se, entretanto, que embora a Ata de Registro de Preços tenha sido concluída e contratos hajam sido firmados com os licitantes vencedores, o Fundo Municipal de Saúde adquiriu, de fornecedor que não consta entre os vencedores do referido certame licitatório,

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diversos medicamentos incluídos na referida Ata de Registro de Preços, pagando pelos produtos valores significativamente mais elevados que os propostos pela empresa previamente selecionada.

Os expedientes que fundamentam esta Representação evidenciam, entre outras possíveis irregularidades, o seguinte panorama.

A empresa Manipullare Produtos Farmacêuticos Ltda. sagrou-se vencedora em diversos itens no Pregão Presencial nº 008/2018. A licitante em questão firmou com o município de Aporé o Contrato nº 106/2018, comprometendo-se a fornecer ao Fundo Municipal de Saúde determinada variedade de fármacos, dentre eles Pregabalina 75 mg (preço unitário R$ 53,80 – cinquenta e três reais e oitenta centavos); Risperidona 2 mg (preço unitário R$ 26,50 – vinte e seis reais e cinquenta centavos), e Cloridrato de Paroxetina 20 mg (preço unitário R$ 27,80 – vinte e sete reais e oitenta centavos)

Apesar de vigentes a Ata de Registro de Preços (cuja validade se estendia até o dia 19 de março de 2019) e o compromisso previamente firmado com a empresa Manipullare Produtos Farmacêuticos Ltda., o Fundo Municipal de Saúde adquiriu da fornecedora Letícia Silva Duarte Nunes, em duas oportunidades, o medicamento Pregabalina 75 mg, por valores unitários variando entre R$ 88,14 (oitenta e oito reais e catorze centavos) e R$ 95,24 (noventa e cinco reais e vinte e quatro centavos)1; por duas vezes o medicamento Risperidona 2 mg, pelo valor unitário de R$ 37,91 (trinta e sete reais e noventa e um centavos) e R$ 38,98 (trinta e oito reais e noventa e oito centavos)2, e por uma vez o medicamento Pondera 20 mg (Cloridrato de Paroxetina), pagando o valor unitário correspondente a R$ 142,46 (cento e quarenta e dois reais e quarenta e seis centavos)3. O mesmo ocorreu com os medicamentos Cloridrato de Clomipramina 75 mg (preço consignado na ata de registro: R$ 25,00 – preço da aquisição realizada R$

38,354) e Escitalopram 20mg (Oxalato de Escitalopram) (preço na ata de registro de preços: R$ 52,00 – preço da aquisição realizada: R$ 144,135)

1 Compras Diretas nº 379/2018, 263/2018 e 445/2018.

2 Compras Diretas nº 205/2018, 424/2018.

3 Compra Direta nº 624/2018.

4 Compra Direta nº 624/2018.

5 Compra Direta nº 420/2018.

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Para melhor exposição das discrepâncias encontradas, apresenta-se o quadro comparativo abaixo, que inclui outras aquisições potencialmente irregulares:

Medicamento Preço fixado na Ata de Registro de Preços (Pregão Presencial nº 008/2018)

Preço efetivamente pago pelo município à fornecedora Letícia Silva Duarte Nunes

Pregabalina 75mg R$ 53,80 R$ 88,14 a R$ 95,24

Risperidona 2mg 20 comp R$ 26,50 R$ 37,91 a R$ 38,98 Cloridrato de Paroxetina

20mg 30 comp (Pondera)

R$ 27,80 R$ 142,46

Cloridrato de Clomipramina 75 mg 20 comp

R$ 25,00 R$ 38,35

Oxalato de Escitalopram

20mg 30 comp

(Escitalopram)

R$ 52,00 R$ 144,13

Hemitartarato de Zolpidem 10 mg 20 comp (Zylinox)6

R$ 24,00 R$ 36,51

Ácido Valpróico 500mg 50 caps7

R$ 60,34 R$ 64,91

Diclofenaco Sódico e Fostafo de Codeína 50mg/50mg 20 comp (Codaten)8

R$ 32,00 R$ 78,67

Mesilato de Doxazosina 2mg + Finaterida 5mg 30 comp (Duomo HP)9

R$ 58,00 R$ 112,79

6 Compra Direta nº 420/2018

7 Compra Direta nº 304/2018

8 Compra Direta nº 264/2018

9 Compra Direta nº 480/2018

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Outras aquisições revelam o pagamento de valores inquietantes, embora não haja completa identidade entre o medicamento adquirido e o produto incluído na ata de registro de preços. Cita-se como exemplo a aquisição do medicamento Tramadol (Cloridrato de Tramadol) de 50 mg e 10 cápsulas pelo valor unitário de R$ 28,40 (vinte e oito reais e quarenta centavos)10, embora da ata de registro de preços conste o mesmo fármaco, com 50 mg em caixa com 30 cápsulas (vinte cápsulas a mais), pelo valor unitário de R$ 21,80 (vinte e um reais e oitenta centavos).

Situação semelhante ocorre com o medicamento Lamotrigina 50mg, 30 comp, adquirido pelo município pelo valor unitário de R$ 65,72 (sessenta e cinco reais e setenta e dois centavos)11, conquanto da Ata de Registro de Preços conste o mesmo medicamento, com dosagem superior (100mg), ao valor unitário de R$ 52,00 (cinquenta e dois reais). Outra aquisição, relativa ao medicamento Paracetamol + Fosfato de Codeína 500mg/30mg, caixa com 12 comprimidos, custou ao município R$ 19,94 (dezenove reais e noventa e quatro centavos), em que pese constar da Ata de Preços o mesmo medicamento, em caixa com 24 comprimidos, por R$ 20,00 (vinte reais).

Por fim, cita-se a compra do medicamento Atorvastatina 10mg, com 30 comprimidos, pelo valor unitário de R$ 64,15 (sessenta e quatro reais e quinze centavos)12, preço mais elevado que o consignado na ata de registro de preços para o mesmo fármaco, mas com o dobro de concentração (20mg), orçado em R$ 47,00 (quarenta e sete reais).

Necessário destacar, ainda, que alguns medicamentos foram adquiridos mediante pagamento de valores aparentemente distantes do preço de mercado, a exemplo do Pantoprazol 40mg, com 20 comprimidos, pelo qual o município chegou a pagar valores unitários entre R$ 109,21 (cento e nove reais e vinte e um centavos)13 e R$ 135,99 (cento e trinta e cinco reais e noventa e nove centavos)14.

10 Nota de Liquidação nº 1405, Compra Direta nº 264/2018, de 28/03/2018.

11 Compra Direita nº 381/2018.

12 Compra Direta nº 209/2018.

13 Compra Direta nº 186/2018.

14 Compra Direta nº 640/2018

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As diversas aquisições acima mencionadas despertam a atenção deste Ministério Público de Contas em razão de diferentes fatores. Em primeiro plano, a suposta preterição da empresa vencedora do Pregão Presencial nº 008/2018, em benefício de outra fornecedora, revela impropriedade formal significante e inaceitável contraste com o art. 50 da Lei nº 8.666/9315. A opção da Administração local viola, de igual sorte, os princípios da isonomia, da impessoalidade, da moralidade e da igualdade, todos estes expressamente consignados no art. 3º da Lei Geral de Licitações16 e de observância obrigatória pelos gestores públicos.

De outro lado, a opção pela compra de materiais por valor mais elevado do que aqueles consignados na Ata de Registro de Preços provoca dano ao erário e revelam caráter no mínimo desidioso da atual gestão municipal. O fato em questão exige ampla fiscalização, uma vez que os exemplos de compras aparentemente irregulares acima citados podem perfazer apenas pequena parcela das impropriedades potencialmente existentes, uma vez que, durante o exercício de 2018, o município de Aporé empenhou, em benefício da fornecedora Letícia Silva Duarte – ME, valor equivalente a R$

136.956,34 (cento e trinta e seis mil, novecentos e cinquenta e seis reais e trinta e quatro centavos), referentes a mais de 250 (duzentos e cinquenta) aquisições. Salienta-se, ainda, que a quase totalidade das compras foram realizadas mediante dispensa de licitação.

O cenário que se apresenta demanda desta Corte a imediata apuração das diversas transações estabelecidas, durante o ano de 2018, entre o município de Aporé e a fornecedora de medicamentos Letícia Silva Duarte, análise que requer acesso aos documentos relacionados ao processamento das despesas em questão, em especial às notas de liquidação e fiscais. Trata-se de documentos não disponibilizados no portal eletrônico do município ou nos sistemas desta Corte, razão que recomenda, a princípio, a coleta do material in loco, visando a integridade das informações.

15 Art. 50. A Administração não poderá celebrar o contrato com preterição da ordem de classificação das propostas ou com terceiros estranhos ao procedimento licitatório, sob pena de nulidade.

16 Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção

da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

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Uma vez obtida e analisada a documentação relativa às aquisições em debate, necessário que se garanta a ampla defesa e o contraditório aos gestores responsáveis, notificando-os para que apresentem, no prazo regimental, eventuais justificativas.

Diante do panorama acima exposto, requer esta Procuradoria de Contas ao Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás, a par do recebimento desta, a regular autuação e instrução de procedimento objetivando a apuração dos fatos relatados. Considerada a gravidade das irregularidades mencionadas, solicita-se que os trabalhos de fiscalização, incluídas eventuais diligências de campo - a exemplo de inspeções complexas - sejam determinados inaudita altera parte e com a maior brevidade possível, garantindo a celeridade na obtenção da documentação necessária e a integridade dos elementos que serão coligidos aos autos.

Termos em que Pede deferimento.

Ministério Público de Contas, 10 de maio de 2019.

JOSÉ GUSTAVO ATHAYDE Procurador de Contas

Rafael

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