CAPÍTULO VI – ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE N RD E ε O PARA
DETERMINADO α
6. Análise da Relação Entre N
Rde ε
opara Determinado α
6.1. Introdução
Um processo iterativo muito repetitivo na determinação das deformações correspondentes ao terno de solicitações N Sd , M Sxd e M Syd , é o da determinação da deformação ε o que corresponda a uma força normal resistente igual à força normal solicitante (N Rd = N Sd ) sendo dada a inclinação da linha neutra(α).
Essa pesquisa algumas vezes é feita no estado limite último, onde se impõe uma segunda deformação ( ε c,máx , ε x5 ou ε s,lim ) que caracterize o estado limite último.
Neste caso a curvatura é dada por:
máx o máx c
v r
ε ε
α
=
,−
1 com ε cmáx = ε cu2 (6.1)
5
1
5x v r
máxo x
−
= ε − ε
α
com ε x5 = ε c2 (6.2)
ou
máx s
mín s o
v d
r −
= −
,1 ε ε
α
com ε s,mín = ε su (6.3)
A figura 6.1 esclarece os termos utilizados nas expressões acima. A expressão que fornecer o menor valor determina a curvatura.
Figura 6.1 - Diagramas de deformações que definem a curvatura para dado ε
ono Estado Limite Último
ε
oε
oε
oε
x5= ε
c2x
5ε
c,máx= ε
cu2ε
s,mín,= ε
suv
máxd
sh
αε
c,máxε
c,máxPara o diagrama de deformações definido por ε o e por 1/r
α, resultam determinados os esforços internos resistentes N Rd , M Rxd e M Ryd conforme o capítulo 5. A seqüência do processo iterativo é seguir arbitrando valores para α e ε o e calculando os esforços internos resistentes até que se tenha N Rd = N Sd , M Rxd = M Sxd e M Ryd = M Syd .
Outras vezes as solicitações N Sd , M Sxd e M Syd não levam a seção ao estado limite último. Neste caso, não se tem definida uma segunda deformação para determinar a curvatura. O procedimento que está sendo adotado neste trabalho é, por tentativas encontrar o valor de uma variável “k curv ” que multiplicada pela curvatura do estado limite último forneça uma curvatura que corresponda ao momento resistente total igual ao momento solicitante total. Esses momentos são:
2 2
Syd Sxd
Sd
M M
M = + (6.4)
2 2
Ryd Rxd
Rd
M M
M = + (6.5)
É de se destacar do que foi exposto acima que para se determinar a “seção deformada” se tem três incógnitas fundamentais, todas obtidas por tentativas em processos iterativos. Essas três incógnitas fundamentais são:
a) inclinação da linha neutra, α;
b) deformação longitudinal no centro de esforços, ε o e c) curvatura, 1/rα.
Na seqüência deste capítulo é analisada a relação entre a deformação ε o e a força normal resistente, N Rd , para que se possa estabelecer um critério para criar o processo iterativo para, dado α, obter ε o correspondente à N Rd = N Sd . Ainda será considerado neste capítulo que a curvatura ou é a do estado limite último ou outro valor que neste capítulo será considerado conhecido.
Nos capítulos seguintes serão analisados: a) a relação entre a inclinação α da linha neutra e a inclinação θ do eixo de solicitação; b) critério para determinar a curvatura (1/r
α) que corresponda ao momento M Rd = M Sd .
6.2. No Estado Limite Último
Os esforços resistentes no Estado Limite Último serão calculados com base nas definições dos domínios de deformações da NBR 6118:2004. A figura 6.2 define esses domínios.
Figura 6.2 – Definição dos domínios de deformação da NBR 6118:2004.
Segundo a NBR 6118:2004:
ε c2 = 2,0 % o ε cu2 = 3,5 % o ε s,lim = -10% o
Na figura 6.2 se chamou “x 5 ” a ordenada do ponto de deformação ε c2 na passagem do domínio 4a para o domínio 5, fazendo referência ao domínio 5. Com ε cu2 = 3,5
% o , resulta x 5 = 3/7h.
Considere-se a seção transversal indicada na figura 6.2, com as quatro armaduras indicadas. As figuras 6.4, 6.5 e 6.6 mostram a variação da força normal reduzida (ν ), no estado limite último para aquelas quatro armaduras, em função da deformação ε o , para três inclinações da linha neutra (α =0°; 30° e 45°)
d’
d h
x
5ε
c2ε
cu2ε
ydε
s,lima
b A
B
C
Alongamentos Encurtamentos
1 2
3 4
5
4a
Figura 6.3 – Seção transversal retangular com quatro considerações de armadura para construção do diagrama “ν x ε
o”.
-1,500 -1,000 -0,500 0,000 0,500 1,000 1,500 2,000 2,500
-8,0 -7,5 -7,0 -6,5 -6,0 -5,5 -5,0 -4,5 -4,0 -3,5 -3,0 -2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Epson,0 (%o)
Força Normal Reduzida
r=1,09 r=1,70 r=2,77 r=4,35
Figura 6.4 – Diagrama “ν x ε
o” para a seção da figura 6.2 com α = 0 graus.
h
xh
yhx = 38 cm hy = 19 cm cobrimento = 3 cm
Armadura 1: 10 φ 10 mm ( ρ = 1,09%) Armadura 1: 10 φ 12.5 mm ( ρ = 1,70%) Armadura 1: 10 φ 16 mm ( ρ = 2,77%) Armadura 1: 10 φ 20 mm ( ρ = 4,35%)
Concreto C20 - Aço CA 50A
-1,500 -1,000 -0,500 0,000 0,500 1,000 1,500 2,000 2,500
-8,0 -7,5 -7,0 -6,5 -6,0 -5,5 -5,0 -4,5 -4,0 -3,5 -3,0 -2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Epson,0 (%o)
Força Normal Reduzida
r=1,09 r=1,70 r=2,77 r=4,35
Figura 6.5 – Diagrama “ν x ε
o” para a seção da figura 6.2 com α = 30 graus.
-1,500 -1,000 -0,500 0,000 0,500 1,000 1,500 2,000 2,500
-8,0 -7,5 -7,0 -6,5 -6,0 -5,5 -5,0 -4,5 -4,0 -3,5 -3,0 -2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Epson,0 (%o)
Força Normal Reduzida
r=1,09 r=1,70 r=2,77 r=4,35
Figura 6.6 – Diagrama “ν x ε
o” para a seção da figura 6.2 com α = 45 graus.
Da observação desses diagramas percebe-se quatro pontos singulares que são
destacados na figura 6.7, genérica. Esses pontos são os de transição entre os
domínios 1 e 2, 2 e 3, 3 e 4 e finalmente entre os domínios 4a e 5. A figura 6.8 salienta a transição entre os domínios 4a e 5.
A observação desses pontos singulares indica que um processo iterativo para encontrar o valor de ε o que corresponda a uma determinada força normal N Rd = N Sd , de modo que se tenha otimizada a velocidade de convergência do processo, pode ser
1) Calcular as forças N Rd para cada ponto de transição de domínio de deformação;
2) Verificar em que intervalo entre pontos singulares se encontra a solução;
3) Calcular a força normal para o ponto médio desse intervalo;
4) Criar o processo iterativo com interpolação através da equação da parábola do segundo grau no intervalo determinado.
-0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4
-8,0 -7,5 -7,0 -6,5 -6,0 -5,5 -5,0 -4,5 -4,0 -3,5 -3,0 -2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Epson,0 (%o)
Força Normal Reduzida
Figura 6.7: Diagrama “ν – e
o” de uma seção retangular, para α = 0. Limites entre os domínios de deformação.
Lim Dom. 4/5
Lim. Dom. 3/4
Lim Dom. 2/3
Lim Dom.1/2
0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1 1,2 1,3
1,4 1,6 1,8 2
Epson,0 (%o)
Força Normal Reduzida
Figura 6.8 – Diagrama “ν – e
o” com α = 0. Limite entre os domínios 4 e 5.
A seguir são ilustrados alguns diagramas “ν x e o ” para a seção em ”L” representada na figura 6.8.
Figura 6.9 – Exemplo de seção em “L” para construção de diagramas “ν - ε
o” Lim. dom. 4/5
40 cm
50 cm 15 cm
15 cm 14 φ 16 mm
Concreto: f
ck= 30 MPa γ
c= 1,4 Aço: f
yk= 500 MPa γ
s= 1,15
Armadura: As = 28 cm
2ρ = 2,49%
-0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4
-8,0 -7,5 -7,0 -6,5 -6,0 -5,5 -5,0 -4,5 -4,0 -3,5 -3,0 -2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Epson,0 (%o)
Força Normal Reduzida
Figura 6.10 – Diagrama “ν – e
o” para o Estado Limite Último, da seção em “L”, para α = -45°.
-0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4
-8,0 -7,5 -7,0 -6,5 -6,0 -5,5 -5,0 -4,5 -4,0 -3,5 -3,0 -2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Epson,0 (%o)
Força Normal Reduzida
Figura 6.11 – Diagrama “ν – e
o” para o Estado Limite Ultimo, da seção em
“L”, para α = 0°.
-0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4
-8,0 -7,5 -7,0 -6,5 -6,0 -5,5 -5,0 -4,5 -4,0 -3,5 -3,0 -2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Epson,0 (%o)
Força Normal Reduzida
Figura 6.12 – Diagrama “ν – e
o” para o Estado Limite Ultimo, da seção em
“L”, para α = +45°.
6.3. Para uma curvatura menor que a do Estado Limite Último
Em diversas situações se tem as seções de um pilar solicitadas por esforços que não as levam ao Estado Limite Último. Normalmente somente a seção mais solicitada é dimensionada naquele estado e as demais têm a mesma armadura embora os esforços solicitantes sejam menores. A figura 6.13 ilustra uma seção para a qual se mostra o diagrama de deformações no estado limite último com curvatura (1/r
α) ELU com ε c,máx = ε cu2 e com curvatura 1/r
α= K curv .(1/r) ELU com ε c,máx < ε cu2 . A figura 6.14 apresenta um gráfico “ ν - ε o ”, onde cada curva corresponde a uma curvatura dada por:
1/r
α= K curv .(1/r) ELU (6.6)
onde:
(1/r) ELU é a curvatura no Estado Limite Último para dado ε o
K curv é um fator que pode variar de zero a 1
1/r
αé a curvatura adotada para a seção.
Observa-se que a variação de N Rd com ε o permanece do mesmo tipo que no estado limite último, de modo que, o processo iterativo pode ser o mesmo.
Figura 6.13 – Diagramas de deformação para curvaturas (1/r
α)
ELUdo estado limite último com ε
c,máx= ε
cu2e 1/r
α= K
curv.(1/r)
ELUcom ε
c,máx< ε
cu2.
Seção Transversal:
-1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2
-8,0 -7,5 -7,0 -6,5 -6,0 -5,5 -5,0 -4,5 -4,0 -3,5 -3,0 -2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0