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Vista do Lógicas de Protesto e a Estrutura de Oportunidade de Mediação

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B a r t C a m m a e r t s *

*É professor adjunto e diretor do programa de pós- graduação no Departamento de Mídia e Comunicações da London School of Economics and Political Sciences (LSE).

Ex-diretor da Seção de Comunicação e Democracia da ECREA e vice-diretor da seção de Política de Comunicação e Tecnologia da IAMCR. Seus livros mais recentes são: Mediation and Protest Movements (com Alice Matoni e Patrick McCurdy, intellect, 2013), Media Agoras:

Democracy, Diversity and Communication (com Iñaki Garcia-Blanco e Sofie Van Bauwel, Cambridge Scholars Publisher, 2009), Internet- Mediated Participation beyond the Nation State (Manchester University Press, 2008) e Understanding Alternative Media (with Olga Bailey and Nico Carpentier, Open University Press, 2008).

Resumo

Nesse artigo articulamos a pesquisa e a teoria sobre movimentos sociais e mídia e estudos de comunicação. É apresentada uma base conceitual de trabalho, relacionando- -se tanto à teoria de movimentos sociais ao se referir ao enfoque de estrutura de oportunidade e às lógicas de ação contenciosa assim como aos estudos de mídia e comunicação através do conceito de mediação. Argumenta-se que a mediação é um conceito eficiente para abranger uma grande variedade de maneiras nas quais a mídia e os meios de comunicação são relevantes para os protestos e movimentos.

Palavras-chave: movimentos de protesto, mediação, estruturas de oportunidade, ativismo, estratégias de comunicação

AbstRAct

In this article the gap between research and theory on social movements and media and communication Studies is bridged. A conceptual framework is presented that relates both to social movement theory by referring to the political opportunity structure approach and logics of contentious action as well as to media and communication studies through the concept of mediation. It will be argued that mediation is a fruitful concept to encompass a wide variety of ways in which media and communication are relevant to protest and social movements.

Keywords: protest movements, mediation, opportunity structures, activism,

communication strategies 1. Uma versão sintética

desse artigo foi publicado no European Journal of Communication 27(2): 117-34.

Nossos mestres não ouviram a voz do povo por gerações e ela é muito, muito mais alta do que gostariam de se lembrar.

Moore e Lloyd (2005) em V de Vingança.

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INtRoDuÇÃo

D a mesma forma

que é útil aos pesquisadores de movimentos sociais tomar nota e incorporar teorias e debates sobre mídia e estudos de comunicação, também continua sendo útil e necessário, eu diria, prestar atenção na literatura sobre movimentos sociais e se engajar com ela na tentativa de compreender as atuais tendências na mediação de protestos e as práticas midiáticas e de comunicação dos ativistas, criando uma ponte com o que Downing batizou de divórcio persistente entre “pesquisa e teoria de estudos de mídia e pesquisa por sociólogos, cientistas políticos e historiadores” (2008:

41). O objetivo deste artigo é integrar conceitualmente os entendimentos das teorias dos movimentos sociais com aqueles da mídia e estudos de comunicação através da introdução do conceito de estrutura de oportunidade de mediação, que fortalece ativistas mas ao mesmo tempo os limita.

Mediação é um conceito útil, porém subutilizado, para capturar articula- ções divergentes entre mídia, comunicação, protesto e ativismo (ver Martín- Barbero, 1993; Silverstone, 2002). Ele nos permite conectar as diversas maneiras pelas quais a mídia e a comunicação são relevantes ao protesto e ao ativismo; os processos de enquadramento na grande mídia e pelas elites políticas, as autor- representações pelos ativistas, o uso, apropriação e adaptação de tecnologias de informação e comunicação (TICs) por ativistas e cidadãos para mobilizar e organizar ações diretas, assim como práticas de comunicação que constituem resistência mediada por si mesmas.

Apesar do processo de mediação ser dialético – equilibrando oportunida- des potenciais e limitações estruturais – ele também é assimétrico e desigual;

alguns atores são mais iguais do que outros (Silverstone, 2002: 762). Apesar disso, a mediação atribui um grau de agência àqueles, resistindo, assistindo ou usando –“criação de sentido é um processo aberto e contínuo” (Thumim, 2009: 619). Aqui a dupla articulação da mediação, como proposta por Silverstone (1994), é útil. Silverstone aponta que os processos de mediação se aplicam tanto à mídia como a um objeto material em referência à tecnologia e ao cotidiano quanto o simbólico, o discursivo com referência à guerra ideológica de posição de Gramsci (Livingstone, 2007). Essa articulação dupla de mediação nos permite considerar a mídia e a produção de conteúdo em conjunto com tecnologia, assim como estratégias de comunicação e práticas midiáticas de cidadãos e ativistas. Ao fazê-lo, processos de mediação desafiam e dificultam as distinções analíticas de público/privado e de produtor/usuário ao introduzir processos de automediação e coprodução.

Existe uma necessidade urgente de teorizar e abranger as diversas maneiras pelas quais a mídia e a comunicação estão permitindo e limitando ativistas e

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ativismo no ambiente atual de mídia ultrassaturada; como eles se tornam instru- mentais em termos de articular identidades coletivas, disseminando estruturas de movimento, e a mobilização assim como a coordenação de ação direta, mas também como se tornam constituintes de ação direta por conta própria. Nesse artigo, sustento que combinar teorias de mediação com teorias de movimentos sociais que avaliam as oportunidades e limitações estruturais para movimentos sociais, assim como as lógicas que elas atribuem às ações de processo, é uma maneira eficiente de progredir nesse sentido. Em primeiro lugar, o conceito da estrutura de oportunidade será levantado, seguido por uma análise dos diferentes repertórios e lógicas de ação contenciosa. Depois disso, a estrutura de oportuni- dade de mediação será relacionada às diferentes lógicas de protesto e descons- truída como sendo formada de uma estrutura de oportunidade de mídia, uma estrutura de oportunidade discursiva e uma estrutura de oportunidade em rede.

estRutuRAs De oPoRtuNIDADe

Na literatura sobre movimentos sociais, o conceito de estrutura de oportunidade política é bastante proeminente. Ele se refere a “dimensões do ambiente político que oferecerem incentivos às pessoas para tomar ação coletiva ao afetar suas expectativas de sucesso ou falha” (Tarrow, 1994: 85). Ele tenta explicar quais aspectos estruturais do mundo externo, além do controle de ativistas, afetam o desenvolvimento e o sucesso de movimentos sociais (Meyer e Minkoff, 2004).

Em termos simples, poderíamos falar aqui de impulso político. Ressonância na mídia normalmente aparece como um dos fatores periféricos que influenciam o grau de oportunidade política para um movimento social ter sucesso; práticas de comunicação tendem a ser completamente ausentes. Nesse sentido, Koopmans nota que um indivíduo “busca em vão por itens de indexação como ‘meios de comunicação’, ‘esfera pública’” (2004: 369), ou comunicação na literatura de movimentos de protesto e resistência contenciosa.

Isso não quer dizer, entretanto, que não existem estudiosos de movimen- tos sociais que lidam com o papel da mídia e estratégias de comunicação nos movimentos sociais. Gamson e Wolfsfeld (1993) oferecem algumas das primeiras compreensões nesse sentido. Eles concluem que movimentos sociais dependem da grande mídia para três finalidades inter-relacionadas; mobilizar suporte político, aumentar a legitimidade e validação de suas demandas e permitir que expandam a abrangência do conflito além das pessoas que compartilham opiniões. A extensão até a qual esses movimentos são capazes de atingir e transmitir suas mensagens pela grande mídia ou não, seu grau de influência cultural na esfera pública, que invoca questões de acesso à mídia, poderia ser descrito como a estrutura de oportunidade de mídia.

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A partir disso, a conceituação da estrutura de oportunidade discursiva, analiticamente semisseparada da estrutura de oportunidade política, vem ganhando força (Ferree, et al., 2002). O papel do discurso no protesto tem sido ignorado por muitos anos como um importante “meio de conflito social e luta simbólica” (Koopmans e Statham, 1999: 205). Movimentos de protesto são importantes produtores de novas ideias e agentes vitais na contestação de antigas formas de ver e/ou fazer coisas, assim como na construção de identidades coletivas (Melucci, 1996). Uma boa maneira de ilustrar a importância crescente do discurso no estudo dos movimentos sociais e protestos é a atenção cada vez maior nas estratégias de planejamento que são consideradas não apenas relevan- tes para o posicionamento ideológico, mas afetam o recrutamento, mobilização e o grau de prontidão para ação (Benford e Snow, 2000).

Além disso, apesar de não ser descrito dessa forma na literatura, também podemos discernir uma estrutura de oportunidade em rede sendo invocada desde o final da década de 1990. Vários estudos de pesquisadores de ciências políticas, assim como de mídia e comunicação, enfatizando o ambiente de rede interconectado pelo qual os movimentos sociais operam atualmente, apontam para o impacto das TICs na habilidade dos movimentos em organizar e mobi- lizar (transnacionalmente), recrutar, coordenar ações e disseminar contraes- truturas independentes da grande mídia (Keck e Sikkink, 1998; Diani, 2001;

Surman e Reilly, 2003; van de Donk, et al., 2004; Bennett, et al., 2008).

Figura 1: A Estrutura de Oportunidade de Mediação

Estrutura de Oportunidade

de Mídia Estrutura de

Oportunidade Discursiva

Estrutura de Oportunidade em Rede

Interna Externa

Instrumental Constituinte Desempenhar

Representar

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O que está sendo proposto aqui é adotar a estrutura de mediação de opor- tunidades como um conceito abrangente, semi-independente da estrutura de oportunidades políticas, e composto da estrutura de oportunidades de mídia, a estrutura de oportunidades discursiva e a estrutura de oportunidades em rede (Figura 1). Inevitavelmente, a relação entre essas três estruturas de oportuni- dades inter-relacionadas é circular – cada uma delas tem impacto nas outras de diferentes formas.

A estrutura de oportunidades de mediação nos permite distinguir, entre diferentes atores de mídia, distintas formas de organização, adotando formatos diversos e diferentes enquadramentos ideológicos. Além disso, a estrutura de oportunidades de mediação é inclusiva com as estratégias de comunicação de ativistas em seus esforços automediados e também traz o usuário ativo e a tecnologia como fonte deles e como catalisador da resistência no contexto.

Essa tríade de estruturas de oportunidades relacionadas à comunicação e a mídia fazendo parte da estrutura de oportunidades de mediação será melhor esmiuçada mais adiante, ao relacionar a representação da grande mídia auto- mediação e resistência através de tecnologia aos vários repertórios e lógicas de ação contenciosa. Primeiro, entretanto, esses vários repertórios e lógicas de ação contenciosa serão definidos.

RePeRtÓRIos e LÓGIcAs De AÇÃo coNteNcIosA

Estudiosos de movimentos sociais comumente apontam que mais oportuni- dades políticas ou legitimidade para certos tipos de protesto levam ativistas a buscar essas oportunidades, resultando em um crescimento desses tipos de protesto (Meyer e Minkoff, 2004). Da mesma forma, se argumenta aqui que ativistas avaliarão a estrutura de oportunidades de mediação em relação às táticas que empregam e, até certo ponto, escolhem a tática para qual a estrutura de oportunidade de mediação é favorável, ou pelo menos conscientemente escolhem contestar os limites que ela impõe. Em outras palavras, a estrutura de oportunidade de mediação também tem um impacto no repertório disponível e imaginável de ação contenciosa, podendo até ser tornar constituinte do protesto.

Repertórios de ação contenciosa são atuações de potencial político pro- mulgadas por membros de movimentos de protesto. Estes se referem tanto à imaginação criativa dos ativistas quanto às limitações possíveis em qualquer momento do tempo. Tilly (1986: 391-2) delimita dois períodos históricos com repertórios distintamente diferentes de ação contenciosa. O repertório de ação feudal – prevalente do meio do século XVII até a metade do século XIX, era caracterizado por ações de protesto de ordem paroquial, satirizando eventos de elite e muitas vezes dirigidos aos dignatários locais ao invés dos poderes mais

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altos que eles representavam. Depois disso, emergiu um repertório de ação contenciosa Modernista, que era mais nacional em seu escopo e ações diretas eram organizadas autonomamente pelos detentores de poder (Tilly, 1986: 395). O repertório Modernista introduziu novas táticas de protesto como greves, levan- tes, passeatas, boicotes, protestos passivos, marchas e manifestações em massa.

No que se refere aos repertórios, existe um debate corrente discutindo se a emergência e apropriação das TICs pelos ativistas anunciou um novo repertório de ação contenciosa. Por um lado, Tilly (2004) argumenta que o repertório atual não difere da modernista; manifestações de massa, ocupações, boicotes, abaixo- -assinados e insurreições permanecem como as atividades predominantes de protesto. Por outro lado, autores como Brett (2005), Chadwick (2007) assim como Van Laer e Van Aelst (2010) clamam que um novo repertório eletrônico, digital ou em rede emergiu. Independentemente de onde você se encontra, nesse debate, é inegável que as recentes mudanças num plano geral dos ambientes de mídia e comunicação expandiram os repertórios de ação dos ativistas e as oportunidades de resistência, como coloca Cottle:

A ecologia de mídia atual discutivelmente contém mais oportunidades políticas para vozes divergentes e visões de todo o mundo do que no passado e estes são comunicados globalmente através de complexas redes interconectando mídia de notícia alternativa e de massa e outros fluxos de comunicação (2008: 853 - 872).

Além de identificar expansões no nível de repertório disponível de ação contenciosa, primariamente introduzido pela estrutura de oportunidade em rede, permitindo novas formas e um maior escopo de resistência, Della Porta e Diani (2006: 170) também apontam para três lógicas distintas, porém não mutuamente exclusivas, que ativistas atribuem às suas ações de protesto quando decidem a partir do repertório disponível de ação:

• Lógica dos números: manifestações de massa, abaixo-assinados

• Lógica de dano: destruição de propriedade ou transtorno em larga escala

• Lógica de testemunho: exibição pública e não violenta de desobediên- cia civil

As manifestações de massa são modos de atuação social que, apesar de não serem seu objetivo principal, produzem um espetáculo de números – o “espaço público [é] onde a dissidência se torna visível” (Mitchell e Staeheli, 2005: 798).

A Marcha de 1963 em Washington (DC), as enormes manifestações antinu- cleares na Europa na década de 1980 e mais recentemente as manifestações antiguerra globais de 2003 organizadas simultaneamente em mais de 60 países com milhões de participantes pelo mundo afora, são exemplos icônicos disso.

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Manifestações de massa têm, entretanto, se tornado altamente rotineiras e forças policiais têm experiência de longa data em gerenciar, disciplinar ou conter eventos de protesto (Van Aelst e Walgrave, 2001; Mitchell e Staehelo, 2005). Como previsto por teorias de oportunidade política, o “modelo negociado de gerenciamento” (Della Porta e Reiter, 1998) referem-se a Estados adotando uma estratégia de acomodação em relação às manifestações de massa dentro de certos limites, que tem levado a um aumento no número de manifestações no Ocidente nas décadas recentes. Por exemplo, Washington (DC) é palco de cerca de mil manifestações por ano, enquanto Bruxelas conta com algo entre 500 e 600 manifestações anualmente (Smith, et al., 2001; Tormans, 2008).

Apesar de uma forte tradição pacifista não violenta em movimentos de protesto, violência política e a lógica do dano historicamente têm sido instru- mentais em muitos embates por mudanças sociais e culturais. A democracia em si, poderia ser argumentado, é o resultado de violência política contínua pelas classes subordinadas (Honderich, 1989). A razão para isso é que a violência política tem dois componentes inter-relacionados, seu uso factual e a ameaça de seu uso. Muitas vezes, a finalidade da violência política é fazer ameaças de violência crível, eventualmente forçando as elites a se comprometerem e a implementarem mudanças (Nieburg, 1962: 865).

Apesar de que uma clara distinção conceitual e moral seja feita entre vio- lência – direcionada à pessoas – e dano – direcionado à propriedade, legal- mente e certamente em sua representação mediada e percepção pública, essa distinção muitas vezes não é feita. Como resultado disso, o dano à propriedade é uniformemente representado e punido como violência. Keane chama isso de

“a convicção da burguesia moderna de que violência contra coisas de alguma forma é equivalente à violência contra pessoas” (2004: 34). Nesse artigo, será chamada a atenção para violência’ política inserida em uma lógica de dano à propriedade.

A lógica final do protesto é a de testemunhar injustiça, que se vincula mais com a tradição feudal de ação contenciosa focada na atuação, prendendo-se aos eventos programados pela elite ou criando seus próprios acontecimentos. A tática não violenta de desobediência civil – “conscientemente rebelar-se ao que consideram leis injustas”, buycotts1 de consumidor ou táticas de “provocação simbólica” são típicas para a lógica de testemunho (Della Porta e Diani, 2006:

175). Testemunhar é também relevante como lógica de protesto em termos de personalização da política, construindo identidades coletivas e desenvolvendo estruturas horizontais de baixo para cima – zonas semiautônomas para desen- volver estilos de vida e valores alternativos. A lógica é que o estrutural jamais mudará a não ser que o pessoal mude antes.

1. NT: um misto lúdico das palavras “compra” e

“boicote”. N.A: Exemplos disso são produtos de livre comércio ou product RED em relação à AIDS, ver:

<http://www.fairtrade.

org.uk/> e <http://

www.joinred.com/red/>

(acessado em: 23 aug. 2013)

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A seguir, ficará aparente que essas três lógicas diferentes de protesto – números, dano e testemunho – carregam oportunidades bastante distintas e que ativistas precisam ultrapassar diferentes restrições em termos de sua estrutura de oportunidade de mediação.

LÓGIcAs De PRotesto e A estRutuRA De oPoRtuNIDADe De meDIAÇÃo

De uma perspectiva de mediação, uma mídia ultrassaturada e um ambiente de comunicação oferecem amplas oportunidades para ativistas resistirem, exer- cerem sua agência, autorrepresentarem a si mesmos e desafiarem as restrições estruturais. Ao mesmo tempo, ativistas também devem levar em conta essas restrições estruturais inerentes à mediação, como viés negativo da grande mídia , uma opinião pública altamente volátil ou os limites impostos pela tecnologia. Em três níveis interligados de análise, as oportunidades e limitações em termos de mediação serão exploradas, cada qual apontando para diferentes lógicas de ação.

O primeiro nível de análise corresponde à estrutura de oportunidades de mídia e se relaciona à representação de protestos nos meios massivos, focando nas várias formas pelas quais ativistas tentam conquistar a atenção da mídia, primariamente produzindo espetáculo através da demonstração de números, através da imposição de dano ou através do testemunho de injustiça. O segundo nível reflete mais a estrutura de oportunidade discursiva e se foca em estratégias de automediação voltadas à produção de contranarrativas e a disseminação delas independentemente das organizações de grande mídia. O terceiro e último nível que será apontado coincide com a estrutura de oportunidades em rede e aponta práticas de resistência mediada através da tecnologia. Isso amarra o dis- cursivo de volta à ação enquanto as TICs cada vez mais sustentam movimentos, coordenam ações diretas e se tornam ferramentas de ação por conta própria.

Representações de mídia

A estratégia de acomodação em relação à manifestações massivas, como brevemente descrito acima, é principalmente feita para conter e neutralizar dissidências, levando à normalização das manifestações, e finalmente reduzindo

“a novidade e quebradeira do protesto” em geral (Oliver e Maney, 2000: 467).

O problema para ativistas, de uma perspectiva de mediação, é que “enquanto protestos se tornam menos não convencionais, eles também se tornam menos notáveis e dignos de noticiar” (Dalton, 1996: 71). Como resultado, protestos e manifestações tradicionais são vistos como maçantes e recebem menos e menos atenção da mídia, a não ser que seus números sejam realmente espetaculares – e, portanto, a frequente contestação de números de manifestantes entre polícia e

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organizadores. Tudo isso levou ativistas e manifestantes a serem mais inventivos para fazer suas ações diretas serem mais salientes e dignas de notícia, levando à ações mais espetaculares. Uma das maneiras mais fáceis de fazer uma ação direta espetacular é se apropriando da lógica do dano.

O tipo de tática usada por manifestantes seguindo a lógica do dano comu- mente se conforma à antiga tradição Anarquista de “propaganda pelo ato”

(Brousse, 1877). Tipicamente, ativistas tendem a cosmeticamente atacar proprie- dades simbólicas e oferecer espetáculo às margens da manifestação. Tilly (2002:

23) denota esse tipo de violência pública coletiva como “resistência dispersa”. Ao sobrepujar o medo da violência estatal, ativistas usam de práticas indiretas de resistência de pequeno porte com a finalidade de “infligir dano nas autoridades ou incitar represália violenta das autoridades”, desta forma legitimando suas próprias. Um bom exemplo disso é a tática do Black Bloc aplicada por ativistas militantes durante manifestações, cuidadosamente focando em certas marcas ou interesses e provocando reações violentas da polícia (Figura 2).

Fonte: Wikimedia Commons, foto: Ben Schumin

A violência política de uma perspectiva de mediação é um ato de expressão extremo – um grito por voz e visibilidade. Sua mediação é inerente à atuação da resistência sem a qual o ato político de dano teria apenas impacto mínimo.

É bem documentado que a maioria da mídia de massa, sem reduzi-la, tende

Figura 2: Manifestantes do Black Bloc no Parque Malcolm X, Washington (DC).

– 20 de janeiro de 2005.

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a privilegiar o quadro de elites políticas e econômicas que são suas donas e cujos valores, interesses e ideologias comumente se opõem às dos ativistas e manifestantes (Chomsky, 2002; McChesney, 2008). Se argumenta que a grande mídia sustenta valores capitalistas e liberais e irá tipicamente condenar a vio- lência política em uma democracia. Tal perspectiva pós-Althusseriana da mídia como sendo aparato ideológico dominado pelo Estado e interesses capitalistas e estruturalmente tendenciosa contra movimentos sociais e de protesto, sem maiores surpresas, também prevalece nos círculos de ativistas (McCurdy, 2010).

Essa crítica da mídia de massa tendenciosa também concorda com a evidência anterior de hostilidade pela mídia de massa em relação a movimentos sociais e de protesto, certamente quando eles se tornam violentos.

Halloran, et al. (1970) concluiu muitas décadas atrás que a mídia do Reino Unido emprega uma estrutura inferencial de viés contra protesto, primaria- mente focando nos incidentes de violência ao invés da grande maioria de mani- festações pacíficas, as causas que elas promovem ou as mensagens que elas tentam transmitir. Gitlin (1980) encontrou padrões similares nos EUA, assim como o Glasgow Media Group em relação à reportagem de ações industriais no Reino Unido na década de 1980. Eldridge argumenta que o que está sendo apresentado como reportagem isenta é, de fato, “uma coletânea de códigos e práticas que efetivamente dependem de um imperativo cultural para ouvir as causas de disputas de uma maneira ao invés da outra” (1995: 212). A mídia é, em outras palavras, “uma gravadora de eventos não isenta e não seletiva” (Oliver e Maney, 2000: 464).

Entretanto, enquanto muitos veículos da grande mídia se conformam à análise da tradição crítica em estudos de mídia, nem toda a mídia de massa é sempre atriz dócil a serviço dos interesses do Estado e/ou capitalismo, como sugerido pelos modelos de propaganda e dominação. A mídia não é de forma alguma uma atriz monolítica. Parte dela às vezes reporta de maneira favorável os movimentos sociais ou promovem causas progressistas; por exemplo, repre- sentações positivas do movimento dos direitos da mulher, defendendo uma instância antiguerra ou prestando apoio a protestos estudantis (Van Zoonen, 1992; Cottle, 2008; Cammaerts e Carpentier, 2009).

A grande mídia, em outras palavras, nem sempre é exclusivamente negativa em relação aos movimentos de protesto e ação direta. Além disso, focando na dramática quebra em 1999 do encontro da OMC em Seattle, DeLuca e Peeples até concluem que “longe de descreditar ou afogar a mensagem dos manifes- tantes da OMC, a violência simbólica gerou extensa cobertura da mídia e levou questões ao ar” (2002: 140). Conclusões similares foram feitas em relação aos protestos estudantis no Reino Unido, em 2010, que se tornaram violentos, mas

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levaram a um grande aumento na atenção da mídia e mais militantes estudantis ganharam voz do que os moderados (Cammaerts, 2013a).

Coalisões de protesto radical também estão cada vez mais cientes da neces- sidade de lidar e gerenciar com a mídia de alguma forma; alguns empregam porta-vozes, soltam comunicados, concedem entrevistas, oferecem acesso a jornalistas etc. Os sites de ativistas e seus perfis de redes sociais tem se tornado fontes primárias para a mídia de massa em busca de uma citação suculenta ou para descobrir mais sobre uma ação direta (Lester e Hutchins, 2009). Tudo isso levou ativistas radicais a prepararem coletivos para evitar a distorção de histó- rias, como documentado por McCurdy (2009) em relação aos protestos contra o G8 em 2005, em Gleneagles (Reino Unido). O papel desses coletivos tende a ser duplo, de um lado monitorar a representação deles pela mídia e produzir refutações imediatas, e, por outro, gerenciar o interesse dos jornalistas, servindo tanto como gatekeeper quanto como um abre-alas, um amortecedor entre a mídia e o movimento. Essa estratégia de adaptação parcial à lógica da mídia inevitavelmente cria tensões em redes radicais, entre aqueles que lutam pela completa abstenção de uma perspectiva autônoma e aqueles que argumentam pela adaptação à lógica da mídia na tentativa de aumentar a exposição positiva (Rucht, 2004; Hewson, 2005: 147-8; McCurdy, 2010).

A lógica de testemunhar também prevalece em muitas táticas atuais de ativistas voltados a receber atenção da mídia. Isso se dá através do sequestro de eventos de mídia organizados pela elite como encontros da OMC, G8 ou do Fórum Econômico Mundial, não apenas para contestar esses eventos, mas também desviar alguns dos holofotes dos meios de comunicação tradicionais no evento para a contestação contra o mesmo (Routledge, 2005). Além disso, ativistas e movimentos sociais também produzem e atuam no que podemos chamar de espetáculos de mídia faça você mesmo2. Esses podem ser voltados para receber atenção positiva da mídia (por exemplo, Greenpeace), ou para criar publicidade sem distinção de exposição positiva ou negativa. No caso do primeiro, DeLuca falou de “eventos táticos de imagem” (1999: 3), enquanto o segundo se refere a eventos de ruptura de dissidências ou artifícios políticos3 (Scalmer, 2002: 175).

Finalmente, podemos também nos referir à influência da obra de Debord e Wolman Mode d’emploi du détournement a esse respeito e à aplicação de sua tática de paródia em série na revolta estudantil de Paris em 1968, oferecendo inspiração criativa para a cultura punk do faça você mesmo da década de 1980, o ethos dos primeiros hackers, ativistas de outdoor na década de 1990 e as atuais técnicas de interferência cultural e político que tentam se infiltrar na esfera pública tradicional (Cammaerts, 2007).

2. NT: DIY media spectacles, no original.

3. NT: Political gimmick, no original.

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Automediação

Além de se engajar ou tentar hackear a mídia de massa, os movimentos sociais também investem recursos – humanos, tecnológicos assim como finan- ceiros – para ser a mídia ao invés de odiá-la, para parafrasear o famoso slogan da Indymedia. Muitos ativistas estão cientes de que “na cultura tecnoindustrial, a mídia se torna o local de Ser” (DeLuca e Peeples, 2002: 132). A internet e as TICs oferecem extensas oportunidades de mediação para informar indepen- dentemente, para debater internamente, conectar diretamente com aqueles interessados na sua causa de maneira economicamente eficiente, potencialmente através do contínuo do espaço-tempo (Cammaerts, 2005). Além disso, estações de comunicação de rádio, que normalmente são pontos nodais em redes de movimentos sociais, também se tornam atores importantes em combater o enquadramento de massa das mensagens do movimento e ações de protesto, facilitando o processo de automediação e, portanto, dando lugar a um terceiro tipo de mídia, relativamente independente do mercado e Estado e parte da sociedade civil (Bailey et al., 2008).

Outra faceta importante do processo de automediação se relaciona à produção de artefatos de protesto, que se tornam mais fáceis e economica- mente eficientes devido à onipresença de dispositivos de foto e vídeo digitais (Baringhorst, 2008: 82-3). Isso levou manifestantes a fotografar e filmar o que estão vendo e presenciando, subsequentemente postando tudo em plataformas de rede social, algumas vezes até em tempo real e, portanto, produzindo um arquivo em constante crescimento de imagens e autorrepresentações de eventos de protesto. A natureza material e permanente desses artefatos de protesto per- mite que símbolos e discursos sejam inseridos neles para serem culturalmente transmitidos no longo prazo, alimentando o embate e contribuindo para a cons- trução da memória coletiva de protesto. Com isso, eles efetivamente se tornam

“comunidades epistêmicas” (Lipschutz, 2005), transferindo o conhecimento e potencialmente influenciando outros movimentos através do que é chamado

“transbordamento de movimento”4 (Meyer e Whittir, 1994). O transbordamento de movimento pode ocorrer no nível de ideias, táticas e símbolos. A Primavera Árabe, mas também as conexões que podem ser discernidas pelo movimento Indignados na Espanha e o movimento Occupy em Nova York e Londres são exemplos recentes de transbordamentos de ideias e táticas. A apropriação da máscara de Guy Fawkes do filme cult V de Vingança pelo coletivo de hackers Anonymous, pelo fundador do WikiLeaks, Julian Assange, pelos manifestantes do Occupy, assim como manifestantes na Turquia e no Brasil, ou o batismo do movimento de protesto brasileiro V de Vinagre, são todos exemplos de símbolos de transbordamento.

4. Movement spillover, no original

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A percepção negativa do público ocidental em relação à violência (políti- ca) combinada com o enquadramento negativo na mídia de massa da lógica de dano como tática de protesto ilegítima não previne a violência política de acontecer, como o Black Bloc ou os recentes protestos estudantis na Europa mostram (Cammaerts, 2013a). Está claro que a falta de suporte público para tais táticas é uma limitação estrutural que normalmente resulta em conflitos entre movimentos de protesto no que se refere à lógica de dano (DeLuca e Peeples, 2002; Sullivan, 2005). Aqueles que agem a partir da lógica de dano servem, de acordo com alguns, para desmerecer a legitimidade do movimento ao atender de bom grado ao enquadramento de turba violenta que a mídia está ansiosa para expor em demasia (Donson et al., 2004). Também alimenta uma estratégia comum da mídia liberal em distinguir entre os bons manifestantes, que são cívicos, pacíficos e legítimos e, os maus manifestantes, que são anticívicos, promovem quebradeiras, são violentos e ilegítimos.

De uma perspectiva automediada, aqueles que estão promovendo a vio- lência insurrecional iriam, entretanto, argumentar que a ação genuína direta inevitavelmente provoca intervenção pesada da polícia, mostrando a verdadeira face violenta da democracia liberal e que algumas formas limitadas e direciona- das de dano à propriedade são de fato formas legítimas de resistência em uma democracia (K., 2001; Jazz, 2001). Dessa forma, ativistas radicais comumente repetirão a tese de Galtung (1969) sobre violência estrutural, como o post do blog de um ativista norte-americano ilustra:

As pessoas parecem prender-se no dano causado por alguns poucos manifestantes.

E o dano feito pela polícia, pelos militares e países do G20 que oprimiram todas essas pessoas pelo mundo afora? A violência real e atividade criminosa perpetrada por esses países cujos líderes precisam se encontrar por trás de uma fortaleza de polícia para se proteger da raiva das pessoas a quem continuam a roubar e oprimir. (txwordpounder, 2010)

Atos simbólicos de violência cosmética, como quebrar janelas de bancos, redes de fast food, redes de varejo que não pagam impostos ou, como foi o caso no Reino Unido, ocupando forçosamente e vandalizando o quartel-general do Partido Conservador em dezembro de 2010, concordam até certo ponto também com a lógica de testemunho; uma atuação pública simbólica contra a percepção de injustiça envolta em discursos de desobediência civil, mas não tão ameaçadoras estruturalmente. Alguns anos atrás, um ativista radical cunhou esse tipo de resis- tência com quebra-quebra como “arte da classe trabalhadora” (Jazz, 2001: 96). O que isso também indica é que a maioria da violência ou táticas de dano executadas por ativistas atualmente são de natureza altamente simbólica e performática.

(14)

Mais evidência dessa natureza performática são oferecidas de dentro do movimento de justiça social, no qual o status dos radicais, o distinto código de vestuário e a tendência de alguns ativistas radicais de se mover por uma multidão em bloco são apropriados por outros grupos sem violência e, portan- to, internamente subvertendo a atuação pública do Black Bloc. Um excelente exemplo disso é o Clandestine Insurgent Rebel Clown Army (CIRCA, ou Exército Clandestino Rebelde Insurgente de Palhaços), fundado em 2003 para receber George W. Bush Jr. no Reino Unido, mas existem outros também como os Pink Fairies ou o movimento Tute Bianchi/WOMBLES5 (Sullivan, 2005). Ao se vestir como palhaços de uniforme militar, ou fadas com macacões brancos, eles não apenas levam o aspecto performático do protesto ao extremo, mas também criticam a natureza performática dos encontros da elite e o dos desdobramentos da ação policial que os acompanha (ver Routledge, 2005 e a Figura 3).

Figura 3: Manifestante contra G8 em Rostock (2007) pergunta à polícia:

“Onde está seu coração?”

Fonte: Wikimedia Commons, foto: Salvatore Barbera

Ao fazê-lo, grupos como CIRCA também planejam “trazer o pessoal de volta ao centro da ação política radical” (Kolonel Klepto e Major Up Evil, 2005: 247). Eles empregam uma estratégia chamada frivolidade tática, que de acordo com a Rhythms of Resistance, uma banda de samba responsável por oferecer uma atmosfera de festa à muitas manifestações, pode ser vista como provocação simbólica de que “existe em uma lacuna entre total conformismo e confrontação violenta”6.

5. White Overalls Movement Building Libertarian Effective Struggles (Movimento de Macacões Brancos Construindo Embates Libertários Efetivos, em tradução livre)

6. Ver: <http://www.

rhythmsofresistance.

co.uk/?lid=116>. Acesso em: 23 ago. 2013.

(15)

A mediação da frivolidade tática e testemunho normalmente dependem mais da automediação através do movimento de mídia, em estilos de vida alternativos e na construção de identidades coletivas do que na exposição na mídia de massa, que tende a se focar mais nos espetaculares atos simbólicos de violência e aqueles que agem na lógica de dano.

Resistência através de tecnologia

Como apontado anteriormente, diversos estudos concluíram que a internet como infraestrutura de informação e comunicação produziu um ímpeto em termos de facilitar a organização e mobilização para protestos, especialmente em nível transnacional. Uma ênfase exagerada na internet como plataforma, entretanto, tende a obscurecer a importância e o uso aumentado de tecnologias móveis e men- sagens de texto para facilitar, organizar e coordernar protesto (Hermanns, 2008).

Nos últimos anos, sites de redes sociais baseados no mercado como Facebook, Twitter e YouTube emergiram como ferramentas poderosas para ativistas e movimentos para distribuir contra-narrativas e facilitar a mobilização de massas; um exemplo potente do poder de moldar a sociedade da tecnologia (Kavada, 2010). Durante os protestos estudantis britânicos de 2010, plataformas comerciais como Facebook, Twitter e Google Maps foram usados extensivamente pelos manifestantes para mobilizar e rastrear os movimentos da polícia e para evitar ‘kettling’ ou contenção (Gardham, 2010 e Figura 4).

Figura 4: Mapa de Protesto ao Vivo no Google Maps – 09 dez. 2010

Fonte: Google Maps

(16)

A onipresença de câmeras portáteis nas mãos de manifestantes também permite a assim chamada tática de sousveillance – a vigilância dos vigilantes ou vigilância de baixo para cima por cidadãos/ativistas sobre o Estado ou figu- ras públicas. A Sousveillance é o resultado do que Mathiesen (1997) chama da sociedade observadora sinóptica, os muitos observando os poucos. A filmagem e fotografia do comportamento policial durante as manifestações são principal- mente empregados como contratática para expor a violência policial, como foi no caso do encalço dos protestos contra o G-20, em Londres em 2009, quando emergiram cenas de brutalidade policial desnecessária e que levaram à morte de Ian Tomlinson (Lewis, 2009). O YouTube é usado extensivamente pelos manifestantes para postarem suas próprias narrativas visuais de contestação7. As práticas de comunicação dos ativistas não são, entretanto, meramen- te limitadas pelo uso da mídia e comunicação como armas discursivas, nem tampouco pode o uso das TICs por ativistas ser reduzido a meros facilitadores de protesto no mundo offline. As TICs também tornaram-se instrumentos de ação direta por conta própria, com táticas de hacktivismo ou até mesmo como os movimentos de Software Livre e Código Aberto demonstram (Jordan e Taylor, 2004; Söderberg, 2007). O coletivo de hackers Anonymous é um exem- plo muito recente disso. Através de Ataques de Negação de Serviço (DDoS), tiveram como alvos a Igreja da Cientologia, mas também atores corporativos e de Estado em protestos contra a repressão na WikiLeaks (BBC, 2010). Como resultado, o Twitter fechou a conta do Anonymous chamada #Anon_Operation8. Dessa forma, o caso WikiLeaks/Anonymous também expõe sérias limitações estruturais à dependência exagerada de movimentos de protesto (radical) em plataformas na internet ou os serviços móveis de mercado. Essas plataformas não são seguras e as companhias que as operam podem, por quaisquer razões, fechar suas contas, apagar conteúdo, apreender fundos e/ou violar a privacidade de seus usuários (Cammaerts, 2013b).

Apesar de algumas dessas práticas de resistência mediadas pelas TICs claramente pertencerem à lógica de dano, outras podem estar situadas no nível de lógica de testemunho. No que se refere a última, algumas práticas de mobili- zação mediadas pela internet permitem formas de participação e engajamento mais passivas, que são criticadas por alguns como click ou slacktivism (comu- mente chamado de sofativismo no Brasil; Morozov, 2009). A Avaaz.org ou a Change.org são organizações que potencialmente permitem a mobilização de milhões de cidadãos globais ao redor de uma variedade de causas. Da mesma forma, a opção curtir do Facebook é cada vez mais usada por movimentos sociais para angariar suporte, construir identidades coletivas e se conectar diretamente com potenciais simpatizantes (Kavada, 2010).

7. Para exemplos dos protestos estudantis britânicos de 2010, ver:

<http://www.youtube.

com/watch?v=OUH- zSQgayXY> ou <http://

www.youtube.com/wat- ch?v=MCFRGXQoqqY>.

Acesso em: 23 ago. 2013.

8. <http://twitter.com/#!/

Anon_Operation>.

Suspenso em 8 dez. 2010.

(17)

Essas formas de participação mediadas pela internet através de organi- zações como Avaaz.org ou o botão curtir do Facebook poderiam ser vistas como insignificantes ou fáceis demais por oferecer suporte a algo sem um verdadeiro engajamento ativo, como Morozov lamenta. Entretanto, em ter- mos de mediação, o clickativismo é altamente relevante e parece ressoar com muitos cidadãos que normalmente falham em usar o tempo de suas vidas cotidianas para o ativismo ativo. Por essa perspectiva, tais formas de resistência mediada pela internet que testemunham a injustiça contribuem à construção de identidades coletivas e consciência global e permitem par- ticipação assíncrona.

coNcLusÃo

A estrutura de oportunidades de mediação para movimentos de protesto e ativismo não pode ser separada das estruturas mais amplas de oportuni- dades política e econômica – elas estão claramente mescladas uma à outra.

Entretanto, argumento que existe certamente um caso a ser defendido no que se refere à natureza distinta da estrutura de oportunidades de mediação não apenas como facilitadora ou instrumental, mas também como constitutiva de ação direta. Ela ao mesmo tempo permite e encerra oportunidades para resistência; e ativistas cada vez mais levam isso em conta quando observam seu repertório de ação contenciosa. Na Tabela 1 é mostrada uma visão geral das oportunidades e limitações identificadas na análise acima.

No que se refere à grande mídia, a estrutura de oportunidades de mediação é em grande parte determinada pelo grau de abertura ou hostilidade em relação ao movimento de protesto. A grande mídia tende a focar predominantemente na violência e no espetacular ao invés da mensagem ou a causa que está sendo transmitida; assim são as rotinas jornalísticas (DeLuca e Peeples, 2002; Donson, et al. 2004). Ativistas e movimentos, entretanto, não permanecem passivos a esse impedimento estrutural, mas ativamente desenvolvem estratégias de agência, se baseando em seu conhecimento leigo de como a mídia opera e de como pode ser apropriada como tecnologia; eles “contradistorcem” (McCurdy, 2010). Alguns ativistas levam isso ainda mais longe e tentam invadir ou permear a esfera da grande mídia. As limitações estruturais aqui são múltiplas e variadas; elas incluem a falta de interesse da mídia porque a normalização do protesto e um foco exclusivo demais em ação violenta direta resultam em perda do suporte do público. Internamente, existe o risco de conflitos do uso de violência e o grau de acomodação à lógica da mídia.

(18)

Tabela 1: A Estrutura de Oportunidade de Mediação e Lógicas de Protesto

Números Dano testemunho

representação da mídia

Oportunidades:

yO espetáculo dos números yGerenciamento da mídia

Oportunidades:

yatrai atenção da mídia

yUma demonstração de gravidade

Oportunidades:

yProduzir espetáculos de mídia

yInvadir estruturas de mídia

Limitações:

yNormalização

yFalta de interesse da mídia yresistência interna contra

a mídia

Limitações:

yCondenação liberal yPerda de suporte

público

Limitações:

yritualístico

yse tornar parte de um evento de elite yCooptação

automediação

Oportunidades:

yProduzir contranarrativas e contraenquadramentos yarquivamento de artefatos

de protesto

yPotencial de transbordar o movimento

Oportunidades:

yatos que falam ytornar a resistência

real e crível

Oportunidades:

yridicularizar as elites e espetáculos da elite yConstruir identidades

coletivas

yPromover estilos de vida alternativos Limitações:

yFalta de ressonância dos contraenquadramentos yFalar com esferículas

públicas

Limitações:

yConflitos internos yrisco de repressão

e intensificação

Limitações:

yIntrospectivo yPouco engajamento

direto com política formal

resistência através da tecnologia

Oportunidades:

yrecrutamento ymobilização

Oportunidades:

yHackear yCoordenação de

ação militante

Oportunidades:

ysousveillance yClicktivismo Limitações:

yDivisões digitais e de habilidades

ytransferência do online para offline

Limitações:

yDependência em plataformas digitais de mercado yrastros digitais

Limitações:

yContribuir para a panoptização da sociedade

yParticipação mínima yLaços fracos

O conhecimento leigo de como a mídia opera e a destreza em relação às (novas) mídias também servem para distribuir discursos em oposição através de canais independentes de comunicação, ativando processo de automediação.

Isso é mais aparente nos esforços de ativistas e manifestantes para autorrepre- sentar suas ações, para produzir contranarrativas às representações da norma, para contribuir para um arquivo global de artefatos de protesto e para construir identidades coletivas através de conexão do pessoal ao político. Processos de automediação tendem a ser mais introspectivos, oferecendo justificativa para certas ações e para celebrar a resistência. Aqui a principal limitação estrutural está situada no perigo de se comunicar com um público pequeno e marginali- zado sem prestar atenção em desenvolver canais de comunicação ascendentes para o sistema democrático formal e se comunicar além daqueles que já se alinham com os quadros de movimento (Gamson e Wolfsfeld, 1993: 116).

Entretanto, a estrutura de oportunidades em rede melhorou muito as chan- ces para ativistas se comunicarem além daqueles que pensam de forma parecida,

(19)

não apenas em termos de distribuir discursos alternativos, e assim contribuindo para a construção de identidades coletivas (globais), mas também facilitando protestos offline e construindo redes offline e conexões. As tecnologias móveis e a internet, incluindo plataformas comerciais de rede social, tornaram-se ferramentas potentes na mobilização e organização de protesto offline. Além disso, essa tática de sousveillance assim como estratégias de hacktivismo de quebra-quebra focados em atores de mercado, elites políticas e a mídia de massa representam formas de resistência mediadas pelas TICs que constituem em si mesmas uma forma de ação direta. Algumas dessas práticas mediadas também permitem aos públicos que não são politicamente ativos nem tão engajados em ações diretas offline a expressarem seu apoio ou doar dinheiro.

As limitações aqui evidentemente relatam as muitas divisões sobre o acesso à internet e sites de rede social, e divisões nas alfabetizações de mídia/digital;

essas não desapareceram repentinamente. Também existem desafios em termos de traduzir o engajamento e o entusiasmo online em ação offline. E mais, casos recentes como o do WikiLeaks e Anonymous demonstram que existem perigos inerentes em uma dependência exagerada de plataformas online comerciais, certamente para aqueles atores dentro de movimentos de protesto que adotam a lógica de dano ou pelo menos uma atitude de confronto em relação ao capita- lismo e o poder da elite. A resistência através da tecnologia também contribui potencialmente para a expansão da sociedade de vigilância na qual todos vigiam todos e isso pode também promover formas mínimas de participação política sem muita consequência política.

Não é possível revelar todas as sutilezas do modelo de estrutura de oportu- nidades de mediação no escopo de um artigo. Assim, isso também é um convite para construir esse conceito e aprofundá-lo. Não é, por exemplo, completamente claro o que uma mídia ultrassaturada e o ambiente de comunicação estão fazendo aos ativistas, para o entendimento do que é seu repertório para uma ação contenciosa, e também é inconclusivo quais são as consequências precisas de tudo isso para culturas cívicas democráticas e participatórias (Dahlgren, 2009). Além disso, um aspecto crucial da mediação é subdesenvolvido e precisa ser mais articulado, específicamente a relação entre a mediação de atuações de protesto e audiências/públicos. Precisamos urgentemente de uma compreensão mais detalhada de como o protesto e sua mediação é recebida e decodificada pelas populações fragmentadas das democracias ocidentais; aqueles em cujos nomes o protesto é muitas vezes encenado. Como Silverstone coloca, mediação é

“não apenas uma questão do que aparece na tela, mas na verdade constituído nas práticas daqueles que produzem os sons e imagens, as narrativas e espetáculos, assim como, crucialmente, aqueles que os recebem” (2006:42).

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Artigo recebido em 20 de setembro de 2013 e aprovado em 21 de outubro de 2013.

Referências

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