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Elemento servil. Discurso proferido na sessão de 17 de julho de 1884 pelo deputado Dr. Affonso Celso Junior

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DISCURSO

PROFERIDO

NA SESSÃO DE 17 DE JULHO DE 1884

PELO DEPUTADO

Ilr

+

Affünsü Celst;l Juniür

RIO DE JANEIRO .

(8)

/ 01\ \ \ I

I}.& ()4 \9-0

~

(9)

_ Creio, Sr. presidente, que vou usar da pa- lavra de perfeita conformidade com aspraxes regimentaes. Devia fallar um orador d3;.mi- noria. Mas a camara toda foi testemunha de que o nobre deputado inscripto desistiu doseu direito, pelo facto de não seachar presente o Sr. presidente doconselho.

O SR. ANDRADEFIGUEIRA: - Eu não podia discutir na ausencia do nobre presidente do conselho, mas não desisti da palavra.

O SR. AFFONSOCELSO JUNIOR: - Perdão, l88a theoria éque eu não posso comprohender.

V.Ex. não quer fallar e ao mesmo tempo de- clara não desistir da palavra. O Sr. presidente, eonferiu-m'a muito legitimamente.

(10)

o

SR. RUY BARBOSA:- Certamente; está decidido que o nobre deputado pelo Rio de Ja- neiro desistiu da palavra.

O SR. PORTELLA:- Não apoiado; nem elle, nem eu.

O SR. AFFONSOCELSOJUNIOR: - Comoquer que seja, acho-me na tribuna, e, oecupando-a ainda soba pressão dosacontecimentos deante- .hontem, começo por dirigir sinceras felicita-

ções ao honrado Sr. preaidente do conselho pelo esplendiJo triumpho alcançado.

VOZES:.- Oh! Oh!

O SR. AFFONSOCELSOJUNIOR:- Triumpho esplendido, sim, que faz antever outros maiores, pois o voto então prestado, como se explicou, traduz inteira adhesão 300 projecto dogoverno.

(Apowdos e não apoiados.)

O SR. SEVERINORIBEIRO-: --:Nem de outro modopodia ser entendido, do contrario o meu voto seria contra o governo.

VOZES:- Onde está a maioria? Tres votos?

OSR. AFFONSOCELSOJUNIOR: - Áquelles que pretendem amesquinhar otriumpho recor- dando o numero insignificante dos suffragios da maioria, lembrarei que aforma do governo que hoje rege a França foi approvada por maioria de um voto, que Thom~z Jefferson foi eleito presidente dos Estados-Unidos por

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ioria de um voto, que não ha muito uma si- hação manteve-se largo tempo na Belgica com aio ria de deus votos, que apropria lside 28 eleSetembro soffrsuvotações cuja maioria foi de umunico voto. (Hadi(ferentes apartes.)

Na sessão a que me referi, manifestei ao Sr.

presidente do conselho o meu applauso pela po- sição porS. Ex.assumi.ta perante u problema do elemento servil. Nessa manifestação dever- me-iam acompanhar os illustres membros da opposição, si quizessem mostrar-se coherentos com o modo de pensar dos homens mais emi- nentes doseu partido. Defacto, eis o que dizia

Basessão de 14 de Maio de 1870 o distincto chefe conservador, conselheiro de estado Jero- nymo José Teixeira Junior, tratando da eman- cipação ;-«O governo que entregasse a so- lução de uma questão de tanta rranscendencia aos azares da iniciativa particular, a, abando- Bando-a, tolera-se que ella fosse uma bandeira politica c assim se pudesse tornar um facho de insurreição, simularia o timoneiro imxperto que, obrigado a demandar um porto cujos ca- chopos não conhece, deixa lidiscrição das on- dasoacerto da derrota ••

Assim, o governo não quiz incorrer na pécha aqui eloquentemente apontada pela seu hon- rado adversario, cujos co-eeligionarios deviam,

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pois, confirmar osparabéns por mim apresen- tados ao Sr. presi::lente do conselho. Sem este concurso, entretanto, S. Ex, triumphou.

O SR. PAULA SOUZA:- Nós acreditamos que ogoverno não tem maioria.

OSR. AFFONSOCELSOJUNIOR:- Ouasvota- ções parlamentares significam alguma cousa ou não. No ultimo caso para que servem ellas 1 Noprimeiro, quem sérill.mente poderá con tes- tar a victoria do ministério na votação do dia 151...

MUITAS'VOZES:- Venha o projecto.

O SR. Ruv BARBOSA:- Havemos de trazel-o, mas não quando VV. EEx. determinarem. Que- rem garrote summario ; querem enforcar o projecto. (Apoiados e não apoiados.)

(Trocam-se repetidos apartes.) O SR. PRESIDENTEreclama attenção . O SR. AFFONSOCELSOJUNIOR:- Nãosei a que vem tanto rumor, quando torna-se impos- sivel abafar um facto notorio . Não me incem- modocom isso, antes regozijo-me,porque nesta agitação enxergo mais uma prova de quanto a.

idéa abolicionista vai calando no animo dos meus collegas. Peço, porém, attenção, porque te'llho a exhibir um importante documento de que não é artificial o movimento emancipador, como o denominastes desdenhosamente.

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o

8R, 8EVERINO RIBEIRO:- Não se affiija o Dobre deputado; é o espernear do enforcado,

O 8R, AFFONSOCELSOJUNIOR:- Ouvi-me, senhores, Como sabeis, é hoje na benemér-ita as- sociação-Centro daLavoura e do Commercio- que se concretisa aresistencia ao movimento, mostrando-se osseus membros o mais refracta- rios possivel. Com o intuito de propagar o uS'O donosso café no estrangeiro, tem effectuado aquella associação varias exposições em cidades europé2s, coroadas domais feliz resultado, Aos esforços e á intel ligencia nesse nobre empe- nho empregados, ainda uma vez folgo de tri- butar a cordial homenagem dos meus mais calo- rosos eneomios .

A ultima exposição realizada foi a de 8, Pe- tersburgo, de cujo exito brilhante tanto se occuparam ultimamente os jornaes. A propo- sito dessa exposição publicou o Centro na ca- pital russa um bello trabalho em que se ana- lysam os nossos recursos, as nossas circum- stancias, as nossas cousas. Pois bem! quereis saber a opinião alli emittida pelo Centro da Lavoura e do Commercio sobre o elemento servil?. Corista do seguinte trecho, traduzido litteralmonte do mencionado relatorio, e que peço licença para ler:

((Menos feliz do_que a 'Russia, não pôde o

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Brazil levar a etreito e terminar de um só golpe a gloriosa reforma que constituirá a honra eterna de Alexandre 11, pois no Brazil toda aprosperidade agrícola basêa-se no tra- balho dos escravos ...

UM SR. DEPUTADO:- E a querem abalar l...

O SR. ARISTlDES SPINOLA:- Abalada está por sua natureza.

OSR. Ruy BARBOBA:- Quem a abala mais são os adeptos da immobi-lidade.

O SR. PAULASOUZA:- Querem libertar com o movimento das ruas.

OSR. Rrrr BARBOSA:- E VV. EEx. querem abafar o projecto.

OSR. PAULA SOUZA:~OB nobres deputados é que querem abafal-o ,porque não o apresentam.

OSR.Ruv BARBOSA:- Não havemos de apres- sal-o um só dia, pelas exigencias dos nobres deputados.

O SR. SOARES:-V. Ex . não éa camara.

OSR. LOURENÇODEALBUQUERQUE:- Have- mos de obrigal-os a trazer o projecto.

(CrUZam-se vehementes apartes, que CIJ-

brem a'1)0.0 do orador.)

O SR.PREsIDENTE:-Attenção I Attenção I•••

(Paz soar aS campainhas.) .

O SR. JosÉ MARIANNO:- Eu já imagino o que será a discussão doprojecto.

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o

SR. AFFONSOCELSO JUNIOR:- Ouvi-me, senhores. Eu não pretendo abafar cou-a algu- ma, mas vós abafaes a minha palavra, fraquis- sima de si. Quando fui interrompido, nem fal- lava por mim. Era apenas oporta-voz do Centro da Lavoura e do Commercio, lendo o parecer por elle ernittido sobre a questão servil, em S. Petersburgo.

Deixai-me proseguir :

«Mas, aobra da libertação, que, sem perigo, não se poderia precipitar, opera-se hoje aos poucos, sem abato esem prejui:;o para as(on-

tes da prodocçao e da prosperidade nacio- nal ... »

U~tSR. DEPUTADO:- E' algum jornal

na

Russia 1

OSR. AFFONSOCELSO JUNIOR:- Ainda uma vez repito que éa opinião do Centro da La- voura e do Commercio solemnemente produ- zida noseu relatoi-io de S. Petersburgo.

O SR. RODRIGUESPEIXOTO:- Por quem está assignado 1

O SR. AFFONSOCELSO JUNIOR:- Pelos dele- gados do Centro. E'a mesma cousa.

OSR. RODRIGUESPEIXOTO:- Não éa mesma causa.

VOZEs:-Lêa, lea.

O SR. AFFONSOCELSOJUNIOR - «O trafico

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está abolido desde 1851. Uma lei de 28de Setembro de 187i declarou livre, todos os na~cituroB de escravos e applicou o producto de certos impostos á. manumissão dos nas- ci.dosantes da lei. E, desde essa época, os gra,ldes proprietari'os ruraes e o povo bra- zileil'o todo inteiro, secundando os gene- rosos esforços do governo imperial, auxiliam a obra da redempção. A 25 ele Março uZtimo, a provincia doCeara libertou todos os escravos que se achavam no seu territorio, e esse acontecimento fvi celebrado em toda a exte,~são elo Lmperio com publicas regozijos.

Ia sepode entrever odia; agcra proximo, em que oI mperio só contara homens livres

Insisto sobre a importancia deste documento, senhores. Quando menos, elle prova irrecusa- velmente que o movimento abolicionista não é artificial, pois aquelles proprios que mais o atacam nopaiz, vão revelar-se adeptos dclle na Europa. (Apoiados e não apoiados-) Não irá nisto uma revolta de consciencia 1Não avanço tanto, affírmando apenas attestar a vitalidade da idéa abolicionista, apregoada até pelos qúe a combatem. (O Sr. presiâerae do eonsetho entra no recinto e toma assento.)

A' vista disso, repito aonobre presidente do conselho as minhas phrases iniciaes :-:- apre-

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sento a S. Ex. osmeus sinceros parabéns pelo assignalado triumpho que alcançou na sessão deante-hontem. (Apoiados.)

O SR. ZAMA :- Mostra que está abraçado com a opinião nacional. (Apoiados e não apoia- dos.) Quando a opinião se condensa e vem até o recinto desta camara , não se póde deixar ele reconhecer que é a opinião do paiz . {Apoiados;

contestações eoutros apartes.)

O SR. AFFONSO CELSO JUNIOR:- Rezam os annaes parlamentares que, no dia em que vo- tou-se no senado a lei de28 de Setembro, cahiu sobre o recinto uma chuva de flores. Pois bem, Sr. presidente do conselho, desde ante-hontem sobre o vosso nome começaram igualmente a chover as flores da posteridade! (Apoiaâos ; muito bem. Trocam-se opartes.)

Quaes as objecções apresentadas ao program- ma dogabinete? São as objecções de todos os tempos. Para destruil-as completamente, uma por uma, nem se fazem mister novos argumen- tos. Basta recordar algumas paginas escriptas, ha cerca de 60 annos, pelo Montesquieu mo- derno, Alexis de Tocqueville.

NosEstados-Unidos ...

O SR. LOURENÇODE ALBUQUERQUE:- Pois seja logico :- peça a abolição total como lá.

O SR. AFFONS!) CELSOJUNIOR:- Si podemos

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com prudencia evitar os grandes males p:>r aquelle paiz experimentados, porque não ten- tal-o 1...

O SR. DANTAs(preside nte do conselho):- NosEstados-Unidos custou uma guerra civil.

(Cru::;am-se varies apartes.)

OSR. AFFONSOCELSO JUNIOR:- Pois osno- bres deputados vão até aameaçar-nos com iderrtico conflicto? Hão de consentir que eu não acredite em tão bellicosos annuncios, mero recurso de argumentação, sem duvida. Vejamos o que escreve Tocqueville. Começa elle afian- çando que a escravidão deve ser abatida, mais em interesse dosenhor que doescravo. Para o demonstrar faz um ligeiro historico do que a respeito sepassou nos Estados-Unidos. Os pri- meiros negros foram importados na Virginia em 1621. Decorrido um seculo, principiou-se a notar que asprovincias sem escravos progre- diam em riqueza, população e bem-estar muito mais do que aquellas que os tinham.

O SR. ARISTIDESSPINOLA:- Até em morali- dade.

O SR. RATISBONA:-Os homens mais em i:' nentes dos Estados-Unidos sahiram dessas ul- timas regiões.

O SR. AFFONSO CELSOJUNIOR:- E até em moralidade, lembra muito bem o meu distincto

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Nas primeiras, entretanto, os habi- tantes eram obrigados a cultivar o solopor si mesmos ou pagando; nas segundas,tinhám ope- rarias gratuitos: em umas, trabalho esalario;

em outras, economia elazeres. Apezar disso a vantagem permanecia á,primeiras, sendo que eram todas habitadas pela mesma raça.

O SR. LOURENÇODE ALBUQUERQUE:-Dérn- nosa immigração dos Estados-Unidos.

O Sa, AFFONSOCELSOJUNI03. :-Tomo nota do aparte do meu illustre amigo, ao qual opportu- narnente responderei. Continúa a passar o tempo. Do Atlantico vão-se os anglo-saxonios, impacientes, entranhando-se pelas campinas do Far- West. E sempre nas colonias o mesmo facto, tornando-se a escravidão, além de cruel para o escravo, funesta para osenhor. Mas, onde a verdade recebeu uma brilhante consa- gração, foiquando a immigração refluiu até ás margens do Ohio. Esse rio, cujo nome significa em língua indigena rio formoso, corta um dos mais bellos valles do mundo, deslisando entre margens igualmente ferteis, emulas na opu- Jencia eno primor. Em cada uma dellas fun- dou-se uma colonia, hoje um Estado :odamar- gem esquerda denominou-se Kentucky, con- servando oda direita onome dorio- Ohio.

Keotucky admittiu escravos, Ohio, não, re-

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primindo com severa penalidade quem os qui- zesse Internar. Oviajante, que descia o Ohio, em demanda do Míssissipi+o pai das aguas, dos indios-navegava, pois, entre a liberdade e a escravidão. Bastava relancear a vista em torno, para poder apl'eciar oseffeitos salutares ou nocivos de cada uma.

O que viam seus olhos ~ Sobre a margem es- querda apopulação disseminada; dequando em quando, bandos de escravos, andrajosos, percor- rem, lugubremente, os campos semi-desertos, trazendo o desconforto nasIrces, a bestialidade ou o desespero no olhar; a floresta primitiva re- apparece incessante; asociedade parece a10r- mecida; o homem é indolente e ocioso; só a natureza, em umcontraste pungente, apresenta a imagem da actividade e da vida. Não parece um quadro do nosso sertão ~ !...

Olhai agora a margem direita: um rumor confuso eleva-se, proclamando a presença da industria ; o fumo das fabricas ennovela nos ares; ricas vivendas adornam os campos. O homem érico, écontente : trabalha! ..• Dessa differença de aspecto passai a outras mais profundas: - fundado 12 annos mais tarde que o da Kentucky,.o que na América quer di- zer um seculo, o Estado do Ohio contava mais do que elIe, em 1830,250.000 habitantes. Nem

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)

se diligente eernpreheudedor : ogoverno tam- bem.

Foi o Estado do Ohio quem, ror si só, apezar de se tratar de um beneficio commum, estabe- leceu o grandioso canal entre o lago Erié e o , rio, pelo qual o valle do Mississipi se commu-

nica com o norte, podendo-se ir de Nova- York aNova-Orleans pelo interior dopaiz, n'um ca- nal de mais de 500 leguas.

Qual a explicação desse phenomeno ? E' facil achal-a ,

E' que no Kentucky o trabalho se con- fundia com a idéa de escravidão, no Ohio com a de bemestar, de progresso. Deum lado acha- se degradado, do outro honrado. De um lado não ha trabalhadores brancos, do outro não ha vadios.

Em um, O branco communica á terra asua intelligencia e a sua actividade, em outro ex- plora-se o sólo sem zelo, sem luz , sem discer- nimento.

No Ohio cada qual trata de extrahir da terra o máximo proveito, multiplicando-lhe a pro- ducção, pois limitado lhe éo terreno que pre- .'cisa cultivar. No Kentucky, a extensão das

propriedades faz com que osdonos desprezem os seus recursos.

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não pagam o trabalho, causando isto uma eco- nomia, mas, em compensação, esse trabalho é pouco productivo.

O dinheiro dado aum trabalhador livre ren- deria com usura, pois, pelo menos, acarretaria trabalho mais rapido.

O branco vende o seu auxilio que écompra- doquando util. O negro é mantido sempre. Em ambos oscasos paga-se em ultima analyse: - de um lado com umsalario certo, do outro com aii- mentes, roupas, cuidados. Oflue em geral faz preferir-se oprimeiro systema ao segundo é que o salario dado regularmente parece avultado.

Entretanto, afinal de contas o certo é que o escravo custa mais caro e produz menos.

Mas adifferença alludida vai mais longe:- attinge apropria alma e o caracter do senhor o

Sobre as duas margens do Ohio a raça é a mesma, dispondo de energia igual. Vêde, porém, a appl icação differente no procedimento de cada uma. Emquanto no Ohio o homem ama o trabalho, porque este lhe dá o bem estar eo conforto,e, encontrando-o na natureza, a ex- plora com ardor, com um amor ás riquezas que o impelIe a emprezas audaciosas, tornando-se marinheiro,manufactureiro, cultivador, indiffe- rentemente, supportando tudo com-heroismo;

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prezas, vivendo emociosa.abastança. A sua aetividade emprega-a em exercicios violentos, em aventuras, corrompendo-se, estragan- do-se, na agitação eno prazer. A capacidade iDtellectual vai-se-lhe enfraquecendo tambem com odesuso, fazendo com que os homens livres descubram recursos,despercebidos aos que pos- IDem escravos. Eis ahi, pois, a influencia da.

escravidão sobre a producçâo das riquezas.

Aecresce a formação de corpos aristocratiooe, organização da ociosidade hereditaria e honrosa, a influencia deleteria na familia, a intriga, apoliticagem, fructos legitimos e ine- vitaveis do regimen escravo.

Assim pois, exclama TocqueviUe, si o ehristianismo atacou a escravidão em nome do escravo, ataquemol-a nós em nome do senhor.

Os paizes em que ha escravos, conclue elle, são em geral menos povoados do que os culti- vadospor homens livres. Como se accommo- dará oeuropeu immigrante que abandonou a patria e o lar em procura de trabalho, em uma terra em que o trabalho constitue uma des- honra eum crime ?... Vem agora a pello res- ponder ao aparte, com que ha pouco me honrou o meu particular amigo, deputado por Alagôas, e, aproveitando o ensejo, ao nobre deputado

2

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Increpou-me este ultimo porme haver olvidad no discurso que aqui pronunciei sobre algum questões concernentes a confederação ame-,;

ricana,: de tratar da immigração européa. Nã proferi, écerto, uma unica palavra arespeito, pela simples razão de nada de novome occorrer, Encarecer as vantagens da colonização es- trangeira seria até fazer inj ustiça li illustra- ção da camara , Mandar li mesa projcctos j Sabe S.E:x.que dahi apenas poderia provir ephe- mera gloriola para o meu nome, o que pouco se me dá.A Sociedade Central de Immigração, por exemplo, de que S. Ex, é digno vice-preai- dente, composta de cavalheiros de elevado merecimento intellectual e moral, já muito tem escripto e trabalhado, com um zelo merecedor de elogios.

Diga-me, porém, S. Ex. em boa consciencia:

- acaso tem o numero de immigrantes augrnen- tado alguma cousa com isso ~ O que afasta o immigrante das nossas plag aseofaz procurar asda Republica Argentina émera e simples- mente o facto de subsistir entre nós a escra- -vidão ...

O SR. MOREIRA DE BARROS:- Si a razão fosso essa, a immigração deveria correr para o Ceara.

(25)

o

SR. AFFONSO CELSO JUNIOR... a escra- vidão com o seu cortejo defunestas consequen- mas, como o monopolio da terra pela grande propriedad3 e muitas outras.

O SR. LOURE~ÇO DE ALBUQUERQUE:- A causa éa febre amarolls ,

OSR. ZAMAdá um aparte.

OSn,AFFONSOCELSOJUNIOR:- A febre ama- rella grassou.com intensidale nunca vista entre nós, nos portos americanos que maior numero de immigrantes recebiam.

OSR.MOREIRADE BARRos:-Já se demonstrou que aimmigração para a Republica Argentina não era maior que para o Brazil.

O SR. AFFONSOCELSOJUNIOR:- Basta lêr as interessantes noticias que oJornal do Com- mercio tem publicado ultimamente para ficar-se convencido do contrario. Não, Sr. presidente, repito-o com convicção:- o immigrante eu- ropeu jamais se poderá acclimar ao lado do escravo. (Apoiadas e não apoiados i)

O nobre deputado por Santa Catharina, ca- pacitado que, com leis generosas, attrahiremos immigração, tem offerecido projectos sobre projectos sobre naturalisação eassumptos con- generes.

Não duvido do seu merito intrinseco, mas acho que não conseguem o seu fim. Seria ne-

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cessario que, antes de partir, se entregasse immigrante aprofundos estudos sobre os n eodigos ,

Esses poderão reter os indivíduos chegados, mas não os chamarão, emquanto ofacto da es-.

cravidão, habilmen te explorado, os desvia Ir'

assusta.

Boas leis, temol-as de sobra. Sobre natu- ra1isação, por exemplo, muita gente o ignora, mas é esta a vcrdade:-hoje oBrazil é um doe- paizes mais adiantados do mundo. Andam por ahi a clamar por grande natural isação, apre- goando acharmo-nos nesse ponto atrazadissi- mos, em virtude da lamentavel ignorancia em que laboramos no que diz respeito ás nossas cousas.

Actualmente, entre nós, a naturalisação se concede com amaior facilidade, podendo o es-' trangeiro aspirar a todososcargos elevados do paiz.

A carta não está sujeita ao menor imposto, podendo ser conferida pelos presidentes de provincia, median te requisitos simplissimos.

Dotodas as funcções accessiveis aos brazileiros só estão excluidos os estrangeiros dasdeRegente do Imperio (Acto Addiciol1al art. 27) edas de ministro de estadi(Constituição art. 136), po- dendo ser tudo mais, inclusive deputado, depois

(27)

•• seis annos de residencia, conforme- a lei de

~de Janeiro de1881_ Quereis saber, entretanto,

4}que se dá em outros paizes 'I

Nãofallernos di velha Europa onde predo- Bi.inam ainda as mais odiosas restricções.

Vejamos anova e livre America. Nos Esta- dos-Unidos jamais poderá o naturalizado ser presilente nem vice-presidente. Para ser de- putado faz-se-Ihe mister residencia de sete snnos, e para senador de nove (Co nst . ame- ricana, art. 1°). Na. Rsp-abtica A?'gentina Jlão polerá ser igualmente nem presidente nem vice-presidente, dependendo da condição de largo tempo opoder ser senador ou deputado (Const _ art .76), NoChile, identico preceito (Lei de 25 de M aia de 1833). Na Bolioia não poderá ser nem presidente, nem vice-presideute,

Ilem ministro, nem deputado, nem senador, nem prefeito, nem membro do supremo tribunal lie justiça, nem general em chefe, e mesmo afficia! doexercito" salvo em postos subaltsr- 1I0s, sem consentimento do cougreaso (Const , de15deFevereiro de 1878). NoEquador, nem presidente, nem vice-pcesidente, nem minis- tro, nem senador, nem conselheiro de estado, nem membro do supremo tribunal (Const . de 11de AgJsto de 1860). No Paraguay, idem (Canst , de 24 de Novembro de 1870).

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No Peru, idem (Const . de 13 de No'Oe bro de 1860). No Uruguay, nem president nem vice-presidente (Const. de 10 de. S tembro de 1829). Na Vene.:;uella, nem presi dente, nem senador (Const , de 20 de MarçtJ de 1864).

Só existe em toda a America uma unica naçio que equipara completamente oscidadãos nat aosnaturalizados :-a Colwmbia,

OSR. ANDRADEFIGUEIRA:-Eépor isso que fizeram essa lei, porque não ha concurrentes.

O SR. AFFONSOCELSOJUNIOR:- Não m6- consta que para lá reflúa a corrente immigra- toria. A causa que a desvia de nós já a indi- quei : - aescravidão. Nós somos um grande Kentucky. A Republica Argentina éo nosso Ohio.

Mas, Sr. presidente, pondo termo digressão, voltarei áparte principal

discurso: -o programma do gabinete sobre o elemento servil. Oque deseja presentemente a lavoura 1 O que deseja opartido conservador'

UMAVoz :- Paz e tranquillidade.

O SR. AFFONSOCELSOJUNIOR:- Tenho em mão, Sr. presidente, dous documentos igual- mente importantes e que, na minha opinião.

concretisam o modode pensar de ambos. São o parecer, no conselho de estado, do Sr. conse--

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lhciro Paulino de Souza e o transumpto das re- soluções tomadas pelo congresso da lavoura ao se separar. Eis o que se lia ha dias na ga- zetilha doJornai do Commercio :

«Os cIubs da Lavoura, por' seus represen- tantes, reunidos em assembléa convocada pelo Centro da Lavoura a Cornmerc io, affirmam a adopção das seguintes idéas :

Em relação ao elemento servil: - 1,o Que o systema da lei de 28de Setembro de 1871 sa- tisfaz as aspirações e a necessidade da eman- cipação do elemento servil. 2,o Que a locali- -<açãoprovincial do elemento servil, por lei get'al, com ecocepções estabeiecidas n a legis- lação de algumas assembleas provinciaes, e no ultimo projecto apresentado pelo governo (ministerio Lafayette) rimedida que parece conveniente. 3,o Que uma lei de trabalho obriçatorio para oslibertos e ingenuos, com .~e"ero correctivo de colonias agricolas pesü- tenciarias, riuma necessidade de O1'dem pu- blica.»

Eis agora asynthese do parecer do Sr. con- selheíro deestado Paulino de Souza, segundo o orgão official do seu partido:

«1.a Localisação dos escravos nas provin- cias em que estiverem residindo, regulada essa localisação por lei geral, visto excede?'

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a competencia das assembléas pro'llinciaes quaesquer limitações ou ampliações ao estado civil e á propriedade, banida toda a idéa de restricções á transmissão ou alienação da pro- priedade escrava,

2." Organização do novo registro de todos os escravos, pagando os senhores na occo- sião da matricula

1$

por individuo a benefi- cio do fundJ de emancipação, repettido tambem. o pensamento de uma contribuição nacional, por ser odiosa para. osnão proprie- tarios de escravos e onerosa para os que o forem.

3." Preferencia na libertação, pelo fundo de emancipação, aos escravos que tiverem de ser oerulidos judicialmente ou estiverem su- jeitos a inventario e partilha, não podendo.

ser admittida a emancipação dos escravos de 60 annos, porque seria atacar pela base a expe- riencia de uma propriedade legal.

4." Continuação do systema em vigor para o arbitramento dovalor doescravo, não sendo possível estabelecer o preço, ainda que maxi- mo, da propriedade servil, attenta a variabi- lidade do seu valor, sempre sujeito ás condi.

çõesde Iogar e de tempo,

5." Necessidade de umalei que torne obriga- torio o trabalho dos libertos. J)

(31)

Logo, nem o Centro da Lavoura e do Com- rcio, nem o chefe de. todo o partido con- _vador ...

OSR. SEVERINDRIBEIRO:- Não apoiado.

OSR.AFFONSOCELSOJONIOR:- Comexcepção deV. Ex,

OSa, SEVE3.INORIBEIRO: - Não apoiado;

elemui tos outros.

O Sa, AUONSO CELSOJUNIOR:- Na opinião

110orgão do partido nesta côrte, disse eu.- Logo, nem o Centro daLavoura e doCommercio, aem oSr. conselheiro Paulino, querelll ficar na bi de 28 de Setembro, entendendo ,8gr chegado Omomento de proseguir. Pede o primeiro, o·

Centro, localização provincial de escravos, o projecto do Sr. conselheiro Lafayette e uma lei de trabalho obrigatorio. Exige o segundo, localização, novo registro, preforencia na li- bertação elei sobre libertos. Nestas condições, eomo censurais acremente o partido liberal porque deseja ir ainda além, quando esse par- tidotomoupor legenda a palavra: caminhar ?!..

OSR. MARTINHOCONTAGEM:- Todos querem caminhar, mas não correr. (Trocam-se muitos apartes.)

OSR. AFFONSOCELSOJUNIOR:-A ultima ob- jecção, a.mais forte, a.unica que tenho ouvido contra o programms do Sr. presidente do con-

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Logo, nem o Centro da Lavoura e do Com- aercio, nem o chefe de todo o partido coa- I8l'vador ...

OSR. SEVEIlJNORIBEIíl.O:- Não apoiado.

OSR.AFFONSOCELSOJONIOR:- Comexcepção deV. Ex.

OSR. SEVE'UNORIBEIRO: - Não apoiado;

demuitos outros.

O SR. AFr'ONSOCELSOJUNIOR:- Na opinião doorgão do partido nesta côrte, disse eu.- Logo, nemo Centro da Lavoura e doCommercio, DemoSr. conselheiro Paulino, querem ficar na Isi de 28 de Setembro, entendendo ser chegado Omomento de proseguir. Pede o primeira, o' Centro, localização provincial de escravos, o projecto do Sr. conselheiro Lafayette e uma leide trabalho obrigatorio. Exige o segundo, localização, novo registro, preforencia na li- bertação elei sobre libertos. Nestas condições, como censurais acremente o partido liberal porque deseja ir ainda além, quando esse par- tido tomoupor legenda a palavra: caminhar ?!..

OSR. MARTINHOCONTAGElIf:- Todos querem caminhar, mas não correr. (Trocam-se muitos Gpartes.)

O SR. AFFO'NSOCELSOJUNIOR:-Aultima ob- jecção, a mais forte, a unica que tenho ouvido contra o programma de Sr. presidente do eon-

(33)

selho, é a deduzida da nossa situação ceira , Como,exclamais, no estado melin das nossas finanças quereis desorganizar nossas fontes de producção ? '. Compreh do o valor da objecção, a que procurarei pondero

Em primeiro logar, si o estado financeiro melindroso, não é, por fórma alguma, ass tador,

O SR. SOAREs:-Mas é muito grave, gra • simo,

O SR. CARNEIRODACUNHA:- Umdefieit 28.000:000$000.

OSR.AFFONSOCELSOJUNIOR:- Pondo dep te a linguagem hieroglyphica, de que mys i-iosamente fazem uso geralmente os que tra definanças, descreverei, em phrase chã e si pIes, anossa situação, comestas palavras: D yemos cerca de 900.000: 000$, temos defiei annuaes de cerca de 28 .000.000$ que, segundo Sr. conselheiro Lafayette, podem descer 23.000:000$. Eis núa e crua a situação.

O SR. ANDRADEFIGUEIRA:- Não, falta mui cousa.

O SR. AFFONSOCELSOJUNIOR:- Divida e ficit, não sei o que mais possa haver.

O SR.ANDRADEFIGUEIRA:- Não: falta o pel-moeda inconvertivel.

(34)

o

SR. AFFONSO CELSOJUNIOR:- Isso já é uma oonsequencia da divida edodeficit ,

OSR. ANDRADE FIGUEIRA:- V. Ex. calcula adivida em 900.000: 000$, mas, ao cambio actual de20, subirá a 1,300.000:000$000.

O SR. AFFONSO CELSO JUNIOR:- Perdão, aquelle algarismo dos900.000: 000$ foi-me for- necido por um dosultimos discursos de V. Ex.

mesmo, pois quero argumentar com os seus proprios dados. Eu calculo em menos.

Para solver asdifficuldades, propõe-se : Augmento ecriação de impos-

tos...•.

Economias..•...•... : ...

Oonversao da renda ...•

6.000:000$000 6.000:000$000 3.500:000$000

15.500:000$000 Assim, ainda na melhor hypothese, conse- guido tudo quanto se propõe, obter-se-iam ape- nas recursos novalor de menos de 16.000:000$, faltando cerca de 13.000:000$ para preencher o deficit, fóra a divida. Anossa situação é, pois, bastante grave, porém não assustadora, conti- nüo aaffírmar ,

Antes de tudo, convem lembrar que odéficit alludido deriva exclusivamente do orçamento extl'aordinario, proveniente deobras extraordi- Darias que em toda parte se pagam com ope-

(35)

rações de credito. São as obras da ta Si são obras extraordinarias, claro está sua cessação não importará transtorno i diatamente vital para o paiz . Logo, desde vão continuando, é que os nossos rec comportam.

Para afiançar que o nosso estado finan assustalor,o nobre deputado pelo Rio de J tem aqui organizado uns curiosissimos b ços. São elles que autorisam até a estra ros, como o Sr. Hammond, a tentarem d ditar os nossos COJllpromissos no maior orgia publicidade do mundo, o Times. Vêde quão rigosas são as exagerações, mesmo da opp ção !.• "Nos taes balanços. S. Ex. põe em columna, no debito, todos os n03S08 encar alguns computados com exagero. Na outra Iumna, nohaeer,colloca apenas ali nossas r das, e, apontando para a enorme despro encontrada, solta plangentes ou furiosas i cações.

"Será aquillo um balanço, na"accepção

mercial e financeira da palavra 1..• Não, ssm duvida.

"S. Ex. se esquece. de uma parcela'

tap.tissima:- do capital,- considerando a os seus redditos. Si o nossopassi'l1:J deve ab ger todos os nossos encargos. os deficit

(36)

divida, o papel-moeda, devem forçosamente fi- gurar igualmente no nosso activo todos osme- llioramentos r ealisados, que são verJadeiros va- lores. Cumpre mencionar noactivo todas as es-

\radas de ferro, engenhos centraes, todas as obras publicas, em summa, bem como até o progresso immaterial por ellas effectuado no espírito da população, que tudoisso são valores eotiaaveis, segundo a Economia Poiitica . A prevalecer adoutrina do nobre deputado, só o dinheiro, na accepção material da palavra.tra- dnairia riqueza, Ocapitalista que empregasse sua fortuna empredios, porexemplo, pelo facto de não possuir moedas na sua burra, estaria pobre. (Apoiados e apartes i)

As estradis de ferro dão tleficits nas suas rendas, porém representam capital. Não con- fundamos cousas tão claras. Façamos o b\- lanço como elle deve ser feito, com um actioo e umpassivo exactamente calculados, esóentão acharemos a verdadeira situação dopaiz. Nessa eeeasião, verificaremos que não é t'[o desespe- rador o estado das nossas finanças, como in- fund:\damente se apregoa. (Apoiados e apar- tes-)

O SR.DANTAS (presidente do conselho):- Apoiado. V. Ex está fallando com exactidão e argumentando muito bem.

(37)

o

SR. AFFONSOCELSOJUNIO:C- Entre Sr. presidente, o mais curioso é que o m nobre deputado que annunciou desesperada, nossa situação, mda apresenta para melho S. Ex., por mais de uma vez, tem decla que não votará um unico imposto, emqua não forem approvadas as SUlS economias, e cumprido asua palavra.

Agravidade de semelhante opinião, afóra sua falta de base, está em qua S. Ex é ne acompanhado pelo seu partido, que vê, jus mente, na pessoa donobre deputado, a sua Ihor mentalidade financeira. Demais, ningus leva a barra ao nobre deputado em materia suppressão ,

Vejamos, pois, de perto os seus planos

d

reorganização economica do paiz - as e

nomias.

Organizei, Sr. presidente, um singelo c culo do todas as economias lembradas p nobre deputado pelo Riode Janeiro. Sommsí para conhecer o resultado que vou sujeitar apreciação da casa. S. Ex., no orçamento qll se discute, apenas apresentou emendas ao O

çamento do imperio e

ao

da fazenda.

Eis asdo orçamento do imperio,com a com tente especificação das economias acarreta si passassem:

(38)

Dotação do Duquede Saxe ... '. 75: 000$000 Alim3ntos do principe D. José.. 6:000 000 Alimentos do principe D. Luiz.. 6:000$000 Mestres dafamilia imperial.. . •.. 3: 200$000 Secretaria do senado... 600$000 Secretaria da camara... 1: 400$000 Conselho de Estado... 480$000 Escola Normal... ... •... 13:500:'000 Academia de Bellas Artes. ... . . . 1:600$000 Instituto dos Meninos Cegos... 6:700"000 Bibliotheca Nacional. . ... . . . 28:000$000 Instituto Historico.. .•... 9:000$000 Melhoramento do estado sanitario 272: 000$000 Total. ..•... " 423:480$000 Assim, Sr. presidente, no orçamento do im- perio 423:480$. o que não é somma para se des- prezar, mas muito menos para fazer face aum deficit de 28.000:000$000.

O SR. ANDRADEFIGUEIRA:- Não é só com isto, accrescentei que, além das economias, aram precisos impostos.

O SR. AFFoNso CELSO JUNIOR;- O nobre deputado votou hontem contra todosos impostos pedidos, declarando que continuava a proceder assim, emquanto não fossem approvadas as economias, no seu dizer suflicientes.

OSR.ANDRADEFIGUEIRA:- Sempre declarei

(39)

mas de iO,OOO:OOO$ de impostos.

O SR. AFFONSO CELSO JUNIOR:- Entio que não começou por votar os impostos pe • insistindo emque osnão votaria emquanto passassem as suas economias 1

O SR. ANDRADE FIGUEIRA: - Não ba economiasr-e-é preciso crearem-se impostos vosna importancia que acabei dedizer.

OSR. AFFO.NSO CELSO JUNIOR:- Não q prolongar um debate inutil , Meu intuito mostrar lievidencia não proceder o argume dos muitos que só vêem a salvação publica emendas deV, Ex, Continuemos com o cale interrompido. No orçamento da fazenda, o receu onobre deputado apenas duas ame suppressivas de despeza.

São assim redigidas:

«Na tabella C.

i.o Reduzam-se as verbas pedidas para prolongamento das estradas de ferro do R . aoS. Francisco eda Bahia ao Joazeiro, as comopara a construcção das do Rio Grande Sul, ás sommas restrictamente indispensav ao pagamento, durante o anno, dos eontrac celebrados pela administração, que os não novará oucelebrará outros.

2.0 Supprima-se o pedido vara o prolo

(40)

mento da estrada de ferro Do Pedro Il.- A.n- drade Figue irao»

Ora, approvada a segunda. a da suppressão total do prolongamento da Do Pedro lI,cujo me- rito não discuto, a economia realizada seria de 6.000: 000$000.

Quanto á outra emenda, não designa quan- tia certa, mas reducçâo deixada ao livre arbi- trio do ministro. Pois bem, no interesse da ar- gumentação, eu vou além, e supponho que o nobre deputado propoz e passou a suppressão total daquellas despezaa, Vejamos si o defi~it terminaria o

«Prolongamen- to da estrada de ferro do Recife ao S.

Francisco o• o' 2.5iO: 000$000 Idem idem da

Bahia.oo o.. o 2.319:672$000

4.829:672 OUII

Construcção da estrada de fer- ro de Porto Alegre á Uru-

guayana oo.oo 3.426: 428$973 3

(41)

Transporte .. 3.426: 428$973 Idem idem do

Rio Grande a

Bagé ....•.•• 1.223:774$725 Idem idem de

Bagé a Cace- quy ....••....

Idem idem de

Cacequy á

Uruguayana.. 9:660$000

---- 4.665:923$698

agora todas as parcellas, 6:060$000

Assim, som mando temos:

Economias no ministério do imperio .•.•••...•

Prolongamento da estrada de

ferro D. Pedro

n .

Estradas de ferro da Bahia e Pernambuco .•...•.•...

Estrada de ferro do Rio Gran-

de do Sul. ..••... .•.... 4.665:923$698 15.919:075$698 A' vista disto, Sr. presidente, mejparece que ainda ficaria muito do de (teit a supplantar, pois cerca de 16.000:000$ não são 28.000:030$! ! Resta ainda analysar a exequibilidade do pro- gramma do nobre deputado que deixo (10 cri- terio de cada um.

(42)

Concluindo, nesta parte, direi: mesmo que passassem todas as emendas do nobre deputado, não nos salvariamos ,

São essas as emendas ...

O SR. ANDRADEFIGUEIRA:- Não apoiado;

apresentei outras.

O SR. AFFONSOCELSOJUNIOR:- V. Ex. esta laborando em manifesto equivoco. No orça- mento que se discute não offereceu outras emendas, senão as que consignei.

O SR. ANDRADEFIGUEIRA:-Pois no orçamen- to que está em vigor este anno eu apresentei emendas importantissimas atodos os ministerios.

O SR. AFFONSOCELSOJUNIOR:-Não posso argumentar com o orçamento em vigor, mas apenas com o que se discute, pois aquelle já. é o passado. Refiro-me ao orçamento que come- çamos a confeccionar o anno transacto e que ainda não esta prompto. Mesmo, porém, acei- tando essas outras emendas e todas quantas V. Ex . tenha apresentado, desde que aqui tem assento, não chegaremos nem 11.20.000:000$.

Como, pois, querer saldar com ellas um deficit de 28.000: 000$000 ~ !...

Senhores, apezar de haver demonstrado que a nossa situação financeira éprecaria, continuo anão me assustar com ella e a pedir a eman- cipação dosescravos.

(43)

Não me assusto com a situação, princi~

mente porque a crise égeral, affectando todo universo. Ouvi o que escreve recentemente illustre economista Laveleye:

«Tanto mais estudo as crises, quanto vejo que são phenomenos muitissimo complexos, cujas causas são multiplas. Meus eminentes collsgas doInstituto, os Srs. Léon Say e Passy, fallaram da crise como si etla fosse parti- cular dFrança, porém, a da?"credito ao 2""

dizem osjornaes de todos os paizes, mesmo os da America, e attendendo para asquei:cas geraes do commM'cio e da agricultura, for .•

çoso é admittir que acrise ége~·al. "

Entrando na indagação das causas dessa crise geral, assignala Laveleye como principal a da baixa universal dos preços, proveniente do retrahimento monetario. Varies economistas têm calculado a baixa dos preços dos objectos:

Robert Giffen, Goschen, Gibbs, Rodgers, SOIt-.

beer ,

Afalta de cunhagem doouro tem sido total na Europa ultimamente. Segundo Burchard, eminente director da casa de moeda dos Esta- dos-Unidos, no anno passado, Rão se cunhou uma unica moeda na França e naInglaterra, o que Léon Say e Haupt confirmam.

São estes os calcules do Sr. Burchard,

ta-

(44)

seados em estatisticas assaz escrupulosas:-Em 1883, a cunhagem total no mundo foi de 104.393.042 dollars, assim dividida:

Estados-Unidos .••

Russia •••.••••..•.

Australia .••..•••.

36.147.182 25.846.319 17.948.652 79.942.153

24.450.889 104.393.042 Outras paizes •.•..

Ora, a França e a Inglaterra cunhavam an- tigamente. termo médio por anno, 500.000.000 a 600.000.000 de francos, cuja total suppressão não póde deixar de ter alguma influencia na circulação de todo o mundo. Além disso, a pro- ducção do ouro, que vai decrescendo nos Es- tados-Unidos como na Australia, desceu a 500.000.000 de francos ou talvez abaixo. As autoridades mais competentes avaliam o con- sumo industrial do ouro em 260.000.000 a 270.000.000 de francos annuaes. Oextremo oriente tira da Europa mais de 50.000.000, além do que póde obter directamente daAustra- lia. Ficam, pois, para manter a circulação mo- netaria de todos ospaizes daEuropa eda Ame- rica cerca de 18().000.00~ de francos, isto em plena expansão de actividade commercial e in-

(45)

exame destas opiniões, nas quaes, todavia,

m.

parece haver bastante fundamento. Si assim é, como nos queixarmos nós, na America do Sul, da insuffíciencia de meio circulante, quando ella se manifesta em todo o globo civilisado I .••

O SR. MAC-DoWELL:-A abundancia do ouro em França, o anno passado provocou uma crise.

OSR. AFFONSOCELSOJUNIOR: -Está equivo- cado V. Ex. O mal estar financeiro foi geral em toda a Europa o anno pass~do. Apezar do notavel accrescimo da producção manufactu- reira, na Bélgica queixam-se todos os indus- triaes. As minas de carvão e a metallurgia deram resultados nullos.

Haquem calcule em menos de 2

"/0

a média dos dividendos de 'todas as sociedades anonymas na Europa, durante o anno passado. Quanto aos Estados-Unidos, estão ahi os telegramJD811 e jornaes annunciando uma pavorosa crise nas suas mais importan tes praças. Foi tão sen- sivel a crise que para estudal-a convocou a so- oiedade dos economistas de Bruxellas um eon- gresso, em que tomaram parte as maiores sum- midades financeiras da Europa,

Attribuem outros as crises orçamentarias á ímmsnsa iniciativa deixada aos parlamentos em materia de creação da despesa. E. Ohevalísr,

(46)

estudando este ponto, faz judiciosas observações applicaveis litodos os paizes regidos pelo sys- tema parlamentar. Iniciado o debate sobre o orçamento, cada deputado deseja fazer uso da sua faculdade de iniciar medidas novas, apre- sentando emendas, quasi sempre para.augmen- tar despezas.

Muitas dellas passam por condescendencia, por concessões reciprocas,sem que ninguém co- gite de recursos para as attender. Quando se vota areceita, supprimir impostos étão agrada- vel, tãopopular, que nenhuma outra considera- çãoactúa mais noespírito do deputado que a de alliviar o contribuinte. Accrescendo por um lado, diminuindo por outro, éfácil deprever-se o resultado. Esses factos encontram confir- mação frisante em nossa camara, onde, por uma anomalia que não comprehendo, votam-se as dcspezas dos ministerios antes da receite.

geral do Iruperio , Osinconvenientes ahi estão patentes.

A'vista disto, pergunta o eseriptor citado, não conviria restringir a iniciativa parlamentar em materia orçamentaria ~..•

Aosque enxergam nisso um attentado contra a soberania da camara, representante do povo, responde com a opinião em contrario de Leon Say, Mathieu Bodet e de Gambetta, que, aoque

(47)

consta, queria incluir aquellas idéas no seu projecto de revisão constitucional.

Demais, paizes adiantados e liberrimos acei- tam essas restricções,

OSR. DANTAS (presidente do conselho) :-A Inglaterra.

OSR. AFFONsoCELSO JUNIOR:- NaInglater- ra, lembra muito bem o nobre ministro, a iniciativa das despezas e as propostas de cre- ditos são prerogativas da corôa,

Não se admitte fora do orçamento proposta de credito sem ser formulada pelo chanceller do thesouro. As praxes parlamentares pro- hibem mesmo a apresentação de quaesquer mo- ções que acarretem despesas. Dil-o Thomas Erskin May nas Praticas doRegimento [11-

qles , O boletim da Sociedade de Legislação comparado traz outros exemplos.

Na Prussia, a camara não póde usar, por meio de votação orçamentaria, do direito de reformar repartições publicas. Bem comona Suecia pertence á corôa a iniciativa das des- pezas, só podendo usar della os deputados nos primeiros 10 dias de sessão. Além disso, as propostas de credito, quer dogoverno, quer da camara, não podem ser tomadas em considera- ção sem prévio exame de uma grande commis- são de 24 membros.

(48)

Diante dessa crise geral, dessas causas su- periores, o que valerão os nossos pobres meios empyricos ? • . Nada mais poderemos con- seguir com elles do que equilibrar o orçamento ordinario, permanecendo odeficit do extraor- dinario, que, mesmo equilibrado em um exer- cicio, reappareceria no seguinte.

O que nos cumpre éreformar os nossos cos- tumes, é adoptar uma política financeira larga egenerosa, de meios heroicos, na phrase do Sr. conselheiro Lafayette, reorganizadora do Imperio, no dizer eloquente do Sr. Ferreira Vianna, cujo luminoso espirito costuma pairar acima das nossas pequeninas lutas parlamen- tares, como, segundo um poeta, paira o albatroz dos Andes acima dastempestades edos miasmas.

Nessa política vem em primeiro logar a ne- cessidade inadiavel deacabar com a escravidão.

Não nos aterrem as perturbações que dahi pos- sam provir. São communs a toda a sociedade occidental no actual momento. Lançai os olhos á Europa de cujos padecimentos sociaes nos afasta a attenção a muralha da China :do in- differentismo. A velha organização está minada de dynamite: armam-se os governos, os povos conspiram, rumores surdos abalam o sub-sólo das instituições !...

Examinai de mais perto. Na Inglaterra,-a

(49)

Irlanda, a questão agraria, o pauperismo; na França,-o decrescimento da população, oreap- parecimento dosdeficits avultados, após alguns annos de prosperidade; na Allemanha, o mi- litarismo, o socialismo, a desaggregação que explosirá talvez no dia em que se apagar o genio ferreo de Bismarck ; - na ltalia, na Austria, na Hespanha, na Bélgica, na Rol- Ianda, as mesmas condições turbadas, perigo- sissimas .. ' E nem fallemos da esphacelada Turquia, nem do papa, nem da Russia, onde uma reacção de odios seculares e desgraças inauditas já fez rolar do seu throno autocratico espedaçado sobre a neve o corpo daquelle que, entretanto, libertára 5.000.000 de servos !...

Senhores, ha coincidenoias mysteriosas nos destinos humanos! ...

Dir-se-ia que as grandes renovações obe- decem a leis chronologicas, aguardando o fim dosseculos. Ahi estão a descoberta daimprensa e ada America no fim do século 15°, a revo- lução ingleza nofim do170, a franceza no fim do180. Chegou a noasa vez.

O que nos trará o século 200 1.'. Será a re- volução slava o Messias do novo Evangelho ~!.•.

Não osei, senhores, mas oque vos aflirmo éque existe uma logica universal, uma pre- destinação neeessaria nosseres, nos factos, nas.

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cousas, sem a qual seria impossivel a concate- nação harrnonica doconjuncto ...

Pois bem! Deus, como eu chamo e acredito, a natureza, a força, a materia, a evolução, como denominais vós, os adeptos das escolas novas, outorgou á nossa patria essas duas es- plendidas premissas: uma natureza extraordí- naria, e um povoque, quando menos, tem sem- pre aalma aberta a tudo quanto ébelIo, e justo ebom.

A conclusão fatal será a gloria mais cedo ou mais tarde. Ha de raiar para nós brilhantissi- mo o sol no porvir: - empana-o por ora a mancha dá escravidão. Urge apagal-a .

Perdoai-ms, senhores, póde ser que em tudo quanto eu levo dito não vá senão uma chimera de mocidade, um erro de inexperiencia, uma , miragem, uma illusão ...

Póde ser, é provavel, é natural, ..

Mas, bemdita a cbimera que me leva a fal- lar-vos da grandeza da patria, quando só apre- goais oseu descredito e asua ruina ... Bemdita, mil vezes bemdita, aillusão que me faz acredi- tar na effícacia civilisadora da redempção dos captivos !... (Muito bem, muito bem! )

(Oorador recebe calorosas felicitações do Sr. presidente do conselho e de"muitos Sr s, deputados ,)

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(53)
(54)
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