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PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL

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Academic year: 2022

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PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL

DIREITO AMBIENTAL

PROFª. IVONEIDE ALENCAR

(2)

CONCEITO

Os princípios passaram de meras fontes

de integração a espécie de normas

jurídicas, dotados, portanto, de

conteúdo normativo.

(3)

Os princípios são normas jurídicas que

fundamentam o sistema jurídico, com

maior carga de abstração, generalidade e

indeterminação que as regras, não

regulando situações fáticas diretamente,

carecendo de intermediação para a

aplicação concreta.

(4)

Devem ser pesados com outros princípios

em cada caso concreto, à luz da

ponderação casual (Princípio da

Proporcionalidade). Ou seja, inexiste

princípio absoluto.

(5)

Em Direito Ambiental, não há

uniformidade doutrinária na identificação

dos seus princípios específicos, bem

como o conteúdo jurídico de muitos

deles.

(6)

Em Direito Ambiental, não há

uniformidade doutrinária na identificação

dos seus princípios específicos, bem

como o conteúdo jurídico de muitos

deles.

(7)

PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO

Ele se volta a atividades de vasto

conhecimento humano (risco certo,

conhecido ou concreto), em que já se

definiram a extensão e a natureza dos

danos ambientais, trabalhando com boa

margem de segurança.

(8)

O Princípio da Prevenção trabalha com a

certeza científica, sendo invocado

quando a atividade humana a ser

licenciada poderá trazer impactos

ambientais já conhecidos pelas ciências

ambientais em sua natureza e extensão,

não se confundindo com o Princípio da

Precaução, que será estudado a seguir.

(9)

PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO

A legislação brasileira recepcionou o princípio da precaução com a obrigação que dele consta:

não postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental, eis que constituiu obrigações aos Poderes Públicos de que, em qualquer atividade ou obra que possam representar algum risco para o meio ambiente,

(10)

sejam necessariamente submetidas a

procedimentos licenciatórios, nos quais,

em graus apropriados a cada tipo de

risco, são exigidos estudos e análises de

impacto, como condição prévia de que as

obras e atividades sejam iniciadas.

(11)

Quando houver ameaça de danos

sérios ou irreversíveis, a ausência de

absoluta certeza científica não deve ser

utilizada como razão para postergar

medidas eficazes e economicamente

viáveis para precaver a degradação

ambiental.

(12)

Se determinado empreendimento puder causar danos ambientais sérios ou irreversíveis, contudo inexiste certeza científica quanto aos efetivos danos e a sua extensão, mas há base científica razoável fundada em juízo de probabilidade não remoto da sua potencial ocorrência, o empreendedor deverá ser compelido a adotar medidas de precaução para elidir ou reduzir os riscos ambientais para a população.

(13)

Assim, a incerteza científica milita em favor do meio ambiente e da saúde (in dúbio pro natura ou salute).

A precaução caracteriza-se pela ação antecipada diante do risco desconhecido.

Enquanto a PREVENÇÃO trabalha com o risco certo, a PRECAUÇÃO vai além e se preocupa com o risco incerto.

PREVENÇÃO se dá em relação ao perigo concreto, ao passo que a PRECAUÇÃO envolve perigo abstrato ou potencial.

(14)

Com a finalidade de proteger o meio ambiente, os Estados devem aplicar amplamente o critério da precaução, conforme suas capacidades.

Quando houver perigo de dano grave ou irreversível, a falta de uma certeza absoluta não deverá ser utilizada para postergar-se a adoção de medidas eficazes para prevenir a degradação ambiental. A exigência de certeza absoluta é algo utópico no âmbito das ciências.

(15)

O princípio da precaução significa que, se há incerteza científica, devem ser adotadas medidas técnicas e legais para prevenir e evitar perigo de dano à saúde e/ou ao meio ambiente.

(16)

PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL OU ECODESENVOLVIMENTO Para se alcançar um desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental deve constituir parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada separadamente.

Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.

(17)

Este princípio decorre de uma ponderação que deverá ser feita casuisticamente entre o direito fundamental ao desenvolvimento econômico e o direito à preservação ambiental, à luz do Princípio da Proporcionalidade.

(18)

Frise-se que a livre iniciativa que fundamenta a Ordem Econômica não é absoluta, tendo limites em vários princípios constitucionais, em especial devendo observar a defesa do meio ambiente, conforme previsão expressa do artigo 170, VI, da Lei Maior,

(19)

inclusive devendo-se dar tratamento privilegiado aos agentes econômicos que consigam reduzir os impactos ambientais negativos em decorrência de seus empreendimentos.

(20)

PRINCÍPIO DO POLUIDOR (OU PREDADOR)-PAGADOR OU DA

RESPONSABILIDADE

Poluição decorre de uma conduta humana comissiva ou omissiva que altera negativamente as características do meio ambiente, tais como o lançamento de efluentes não tratados nos rios, o desmatamento e a morte de animais silvestres.

(21)

Por este princípio, deve o poluidor responder pelos custos sociais da degradação causada por sua atividade impactante (as chamadas externalidades negativas), devendo-se agregar esse valor no custo produtivo da atividade, para evitar que se privatizem os lucros e se socializem os prejuízos.

(22)

Este Princípio inspirou o § 1.º, do artigo 14, da Lei 6.938/1981, que prevê que “é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade”.

(23)

PRINCÍPIO DO USUÁRIO-PAGADOR

Segundo esse princípio as pessoas que

utilizam recursos naturais devem pagar pela

sua utilização, mesmo que não haja

poluição, a exemplo do uso racional da

água.

(24)

Saliente-se que é um dos objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente “a imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos”, nos moldes do inciso VII, do artigo 4.º, da Lei 6.938/1981.

(25)

PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO ENTRE OS POVOS

Fenômenos poluidores geralmente

ultrapassam as divisas territoriais de

uma nação e atingem o território de outra,

a exemplo da emissão de poluentes na

atmosfera que venham a causar o efeito

estufa e a inversão térmica.

(26)

Por esse motivo cresce a celebração de

tratados internacionais na esfera

ambiental, este princípio foi elevado pelo

poder constituinte originário ao status de

princípio fundamental que deverá nortear as

relações internacionais do Brasil, consoante

insculpido no artigo 4.º, IX, da Lei Maior.

(27)

PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL OU EQUIDADE

Por este Princípio, que inspirou a parte final do caput do artigo 225 da CRFB, as presentes gerações devem preservar o meio ambiente e adotar políticas ambientais para a presente e as futuras gerações, não podendo utilizar os recursos ambientais de maneira irracional de modo que prive seus descendentes do seu desfrute.

(28)

PRINCÍPIO DA NATUREZA PÚBLICA (OU OBRIGATORIEDADE) DA

PROTEÇÃO AMBIENTAL

Este princípio inspirou parcela do caput do artigo 225 da CRFB, pois é dever irrenunciável do Poder Público promover a proteção do meio ambiente, por ser bem difuso (de todos, ao mesmo tempo), indispensável à vida humana sadia e também da coletividade.

(29)

Deverá o Estado atuar como agente

normativo e regulador da Ordem

Econômica Ambiental, editando normas

jurídicas e fiscalizando de maneira eficaz o

seu cumprimento.

(30)

Por essa razão, entende-se que o exercício

do poder de polícia ambiental é

vinculado (em regra), inexistindo

conveniência e oportunidade na escolha do

melhor momento e maneira de sua

exteriorização.

(31)

PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA OU CIDADÃ OU

PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO

As pessoas têm o direito de participar ativamente das decisões políticas ambientais.

Exemplo da aplicação desta norma é a necessidade de realização de audiências públicas em licenciamentos ambientais mais complexos (EIA-RIMA), nas hipóteses previstas; na criação de unidades de conservação (consulta pública); na legitimação para propositura de ação popular ou mesmo no tradicional direito fundamental de petição ao Poder Público.

(32)

Essa participação popular no processo de formação da decisão política ambiental poderá também se dar por meio de associações ambientais (ONG’s).

Também já é comum a realização deste princípio por meio da intervenção das associações ambientais nos processos de controle abstrato de constitucionalidade no STF, na condição de amicus curiae.

(33)

PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA

PROPRIEDADE

Já se fala atualmente em função socioambiental da propriedade, uma vez que um dos requisitos para que a propriedade rural alcance a sua função social é o respeito à legislação ambiental (artigo 186, II, da CRFB), bem como a propriedade urbana, pois o plano diretor deverá necessariamente considerar a preservação ambiental, a exemplo da instituição de áreas verdes.

(34)

PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO

Ele mantém íntimo contato com o Princípio

da Participação Comunitária e da

Publicidade, que informa a atuação da

Administração Pública, notadamente no que

concerne aos órgãos e entidades

ambientais,

(35)

que ficam obrigados a permitir o

acesso público aos documentos,

expedientes e processos

administrativos que tratem de matéria

ambiental e a fornecer todas as

informações ambientais que estejam sob

sua guarda, em meio escrito, visual, sonoro

ou eletrônico.

(36)

PRINCÍPIO DO LIMITE OU CONTROLE

Cuida-se do dever estatal de editar e

efetivar normas jurídicas que instituam

padrões máximos de poluição, a fim de

mantê-la dentro de bons níveis para não

afetar o equilíbrio ambiental e a saúde

pública.

(37)

PRINCÍPIO DO PROTETOR- RECEBEDOR

Defende que as pessoas físicas ou

jurídicas responsáveis pela

preservação ambiental devem ser

agraciadas como benefícios de alguma

natureza, pois estão colaborando com toda

a coletividade para a consecução do direito

fundamental ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado.

(38)

Assim, haveria uma espécie de compensação pela prestação dos serviços ambientais em favor daqueles que atuam em defesa do meio ambiente, como verdadeira maneira de se promover a justiça ambiental,

a exemplo da criação de uma compensação financeira em favor do proprietário rural que mantém a reserva florestal legal em sua propriedade acima do limite mínimo fixado no artigo 12 do novo Código Florestal.

(39)

PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO RETROCESSO ECOLÓGICO

De acordo com este princípio, especialmente voltado ao Poder Legislativo, é defeso o recuo dos patamares legais de proteção ambiental, salvo temporariamente em situações calamitosas.

(40)

PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE COMUM, MAS DIFERENCIADA

Tem feição ambiental internacional, decorrendo do Princípio da Isonomia, pontificando que todas as nações são responsáveis pelo controle da poluição e a busca da sustentabilidade, mas os países mais poluidores deverão adotar as medidas mais drásticas, pois são os principais responsáveis pela degradação ambiental na Biosfera.

(41)

PRINCÍPIO DA GESTÃO AMBIENTAL DESCENTRALIZADA, DEMOCRÁTICA

E EFICENTE

Com o advento da Lei Complementar 140, de 08 de dezembro de 2011, que regula as competências ambientais comuns entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, foi previsto como objetivo fundamental de todas as esferas de governo proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, promovendo gestão descentralizada, democrática e eficiente.

(42)

A descentralização política decorre da repartição das competências protetivas ambientais entre todos os entes federativos, nos moldes do artigo 23, III, IV, VI e VII, da Constituição, que deverão cooperar para alcançar o tão sonhado desenvolvimento sustentável, em parceria como toda a coletividade, que é titular do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

(43)

Já a democracia na gestão ambiental é concretizada em várias passagens da legislação ambiental, sendo imprescindível inserir a população nos processos decisórios ambientais, a exemplo da promoção das consultas e audiências públicas.

(44)

E a eficiência na gestão ambiental é a exigência de resultados positivos pela Administração Pública dos três poderes, fruto de uma atuação moderna, extraindo-se mais com o menos, uma verdadeira ecoeficiência, a exemplo da adoção do modelo das licitações sustentáveis.

(45)

REFERÊNCIA

AMADO, Frederico. Direito Ambiental Esquematizado, 7ª ed. São Paulo. Método.

2016.

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