• Nenhum resultado encontrado

Rev. adm. empres. vol.41 número4

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Rev. adm. empres. vol.41 número4"

Copied!
1
0
0

Texto

(1)

Editorial

Revista de Administração de Empresas®

Volume 41 Número 4 Out./Dez. 2001

Esta edição marca um evento importante: a RAE está completando 40 anos de publicação ininterrupta. Em 1961, o professor Raimar Richards ocupou este mesmo espaço no qual escrevo para tratar do momento da administração de empresas no Brasil e da missão da RAE. Quatro décadas depois, a RAE segue sua trajetória de permanente renova-ção, voltada para o fomento e a disseminação do conhecimento em nosso campo.

Evolução do campo

De 1961 a 2001, o ensino e a pesquisa em administração, assim como a prática gerencial, evoluíram fortemente no Brasil. No front do en-sino, as escolas de administração cresceram e multiplicaram-se. É claro que quantidade e qualidade não caminharam no mesmo ritmo. Hoje, uma sala vazia e um retroprojetor parecem ser suficientes para criar um MBA! Irahim Warde, em matéria veiculada pelo Le Monde Diplomatique, toca na ferida da mercantilização do ensino: segundo o autor, ensinar administração tornou-se um grande negócio, e muitas instituições já oscilam entre uma lógica “imobiliária” – pautada pela ampliação das instalações físicas – e uma lógica “hoteleira” – focada na plena ocu-pação das salas de aula, independente da qualidade dos “hóspedes”. Com isso, os professores passam a ser entertainers e empreendedo-res. Como entertainers, divertem suas platéias com receitas para o sucesso. Como empreendedores, administram seu tempo com foco na maximização dos ganhos pessoais.

No Brasil, temos hoje um quadro multifacetado, no qual “ilhas de excelência” se misturam com escolas do tipo fast-food – com a produ-ção em massa de diplomas –, escolas pseudomodernas – com suas aulas-shows – e as guardiãs da desinformação – nas quais as emen-tas dos programas seguem firmes por anos a fio, ignorando qualquer possibilidade de renovação.

Por outro lado, no campo da pesquisa, nossa comunidade tam-bém experimenta notável crescimento. Acompanhando os eventos anuais do Enanpad – Encontro Nacional dos Programas de Pós-Gra-duação –, tem-se um bom retrato do desenvolvimento do campo. Ano a ano, aumentam o número de submissões e a qualidade dos melho-res trabalhos. Mas toda essa vitalidade vem junto com alguns efeitos colaterais. Muitas escolas, para atender às pressões institucionais, estão montando verdadeiras fábricas de papers. Assim, em meio à diversidade, sem dúvida salutar, prolifera a produção de irrelevâncias e, em certa medida, caminha-se a construir uma anacrônica torre de marfim, isolada e voltada para si mesma.

Não são, portanto, poucos os desafios de uma revista acadêmica como a RAE. Devemos enfrentar este contexto positivo de desenvol-vimento, porém marcado por paradoxos e ambigüidades. Ao fomentar a produção acadêmica, devemos encorajar a reflexão crítica. Ao dis-seminar a produção acadêmica, devemos abrir espaço para temas per-tinentes e provocativos.

Alimento para a mente e para a alma

Este número da RAE traz uma importante novidade. Inaugura-mos, com o assunto Gestão Latina, nosso espaço de fóruns temáticos.

Objetivo: criar um espaço de reflexão e discussão sobre nossas peculiaridades diante da indústria do management, hoje fortemen-te influenciada pelo pensamento e prática anglo-saxões. No primeiro artigo do fórum, o mexicano Jorge Miguel Carrillo apresenta uma reflexão sobre sistemas gerenciais e as especificidades dos países em desenvolvimento. O segundo trabalho, do francês Michel Fiol, traz uma interessante pesquisa sobre o comportamento de executi-vos latinos diante de processos decisórios. Finalizando o fórum, o norte-americano David Stephen reflete sobre os resultados de sua pesquisa sobre a adoção de sistemas de avaliação de desempenho no Brasil.

Completam a revista outros sete artigos.

No campo da estratégia empresarial, Marco A. Barros estuda o pro-cesso estratégico em empresas ponto-com. O valor de seu trabalho transcende o objeto e aponta tendências para a prática administrativa. Na área da mercadologia, André Torres Urdan trata da percepção do paciente sobre a qualidade de serviços médicos de consultório. O trabalho representa notável contribuição para os estudiosos da área de serviços de saúde.

Também na área mercadológica, Renato Marchetti e Paulo H. M. Prado apresentam um trabalho de grande interesse teórico, analisan-do diversos métoanalisan-dos de avaliação da satisfação analisan-do consumianalisan-dor e da qualidade percebida.

Ainda no campo mercadológico, porém a partir de uma aborda-gem distinta, Pedro Jaime Júnior ressalta a dimensão cultural e sim-bólica do consumo e propõe o uso do que denomina aporte antropoló-gico na gestão de marketing.

No domínio da economia, Lauro Eduardo Soutello Alves trata do tema da cidadania empresarial, visto sob a ótica da governança e da globalização.

No âmbito da gestão da informação, Antonio Carlos Gastaud Ma-çada e João Luiz Becker analisam as percepções dos executivos de bancos brasileiros e norte-americanos quanto aos impactos da Tecno-logia de Informação nas variáveis estratégicas organizacionais.

Em Pensata, Flávio C. Vasconcelos contrapõe a gestão do conhe-cimento, um tema do momento, à gestão da ignorância, com base no conceito de co-evolução. Cumpre, assim, a missão desse espaço ao tratar de um tema atual a partir de uma perspectiva provocativa.

Convite

Mais uma vez, cabe, neste Editorial, renovar o convite a pesquisa-dores de todas as instituições. Aos 40 anos, a RAE é um organismo vivo que depende essencialmente do aporte de idéias e contribuições da comunidade à qual serve. Contamos com suas colaborações em todas as seções!

Boa leitura!

Thomaz Wood Jr.

Referências

Documentos relacionados

▪ Um estudo da UNESCO, publicado em 2005, mostra que Austrália, Inglaterra e Japão, onde as armas são proibidas, estão entre os países do mundo onde MENOS se mata com arma de

Considerando a presença e o estado de alguns componentes (bico, ponta, manômetro, pingente, entre outros), todos os pulverizadores apresentavam alguma

Figura 47 - Tipografias utilizadas no aplicativo Fonte: Acervo da autora (2015). Contudo, o logotipo é formado basicamente por elementos estéticos resgatados da identidade

Resumo: O artigo apresenta uma crítica dos avanços e retrocessos das políticas educacionais ao longo dos últimos 40 anos, analisando a produção da exclusão educacional observada no

Quando? Ano letivo – fevereiro a dezembro. Onde? Nas escolas profissionais da CREDE Fonte: Elaboração própria autora. Considerando a polêmica em torno da observação direta

Preenchimento, por parte dos professores, do quadro com os índices de aproveitamento (conforme disponibilizado a seguir). Tabulação dos dados obtidos a partir do

Após extração do óleo da polpa, foram avaliados alguns dos principais parâmetros de qualidade utilizados para o azeite de oliva: índice de acidez e de peróxidos, além

Os filmes finos dos óxidos de níquel, cobalto e ferro, foram produzidos por deposição dos respectivos metais sobre a superfície de substratos transparentes no