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O PORTFÓLIO E A PROPOSTA DAS ATIVIDADES LÚDICAS PARA A APRENDIZAGEM DO EDUCANDO

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O PORTFÓLIO E A PROPOSTA DAS ATIVIDADES LÚDICAS PARA A APRENDIZAGEM DO EDUCANDO

Rosilene Silva de Mouraes Célia Regina Teixeira

Introdução

Apresentamos uma das etapas realizadas no Projeto de Intervenção que denominamos de “Portfólio: uma proposta avaliativa”, elaborado para o cumprimento do componente curricular Trabalho de Conclusão de Curso, do curso de Pedagogia da Universidade Federal da Paraíba, Campus IV, unidade de Mamanguape, e desenvolvido em uma turma do 2º ano do Ensino Fundamental, no período letivo de 2015, em uma Escola Municipal do município de Mamanguape, estado da Paraíba.

A avaliação da aprendizagem escolar vem sendo colocada como elemento essencial para a superação dos exames escolares e para a verificação praticada pelas instituições escolares ao longo do tempo. Acolher a avaliação com seu verdadeiro princípio, que é estar a serviço da aprendizagem, é fundamental para oferecer maior atenção às necessidades dos educandos.

O trabalho com o procedimento avaliativo denominado de portfólio é uma excelente oportunidade para o educando e para o educador perceberem o que o primeiro aprendeu e o que ainda não aprendeu, facilitando a prática docente. Diante disso, durante a construção do portfólio, analisando as atividades, as reflexões e as dificuldades do educando, propusemos atividades lúdicas para ajudar, principalmente, os educandos que apresentavam dificuldades de aprendizagem na leitura e escrita.

Descrição do projeto

O que vamos relatar aqui se trata de uma das etapas do projeto de intervenção na turma do 2º ano do Ensino Fundamental, com vinte e sete alunos, numa faixa etária de sete a oito anos, dentre eles havia três com necessidades educacionais especiais.

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algumas letras quando olhavam na sequência do alfabeto que estava colado na parede. Do total, quatro conheciam o alfabeto, mas apresentavam dificuldades na leitura, os demais demonstraram ter habilidades de leitura e escrita. As crianças provinham de famílias carentes, integradas no projeto social do Bolsa Família. A maioria deles era de classe desfavorecida economicamente e morava no bairro próximo à escola.

Diante da dificuldade de leitura e escrita apresentada por algumas crianças na intervenção, propusemos atividades lúdicas que dinamizassem mais as aulas e estimulassem o interesse e participação dos educandos. A proposta é, como defende Santos (2011, p. 25), “buscar nos jogos, brincadeiras e dinâmicas uma maneira diferente de tratar, didaticamente, os conteúdos de ensino, dando mais sentido e significado à prática escolar”.

Essa ideia partiu do princípio de que, nos últimos tempos, o lúdico vem sendo considerado muito importante para auxiliar no desenvolvimento do educando, que a brincadeira é um dos recursos pedagógicos mais eficientes e que facilita a compreensão do educando em relação à temática trabalhada, tornando o processo de aprendizagem mais prazeroso. Conforme Moura e Aquino (2009):

[...] a utilização de atividades lúdicas pode contribuir para uma melhoria nos resultados obtidos pelos alunos. Estas atividades seriam mediadoras de avanços e contribuiriam para tornar a sala de aula um ambiente alegre e favorável (MOURA; AQUINO, 2009, p. 2-3).

Desta maneira, trabalhar com atividades lúdicas com os educandos na intervenção com o portfólio veio com a perspectiva também de envolvê-los nas aulas, pois entendemos a ludicidade como facilitadora da aprendizagem, que oferece a possibilidade dos educandos explorarem sua curiosidade, criatividade e autonomia para traçar estratégias que supram suas dificuldades de aprendizagem.

Para começar o acompanhamento com os educandos da intervenção, que não estavam conseguindo adquirir as habilidades de leitura e escrita e os que não sabiam o

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alfabeto, decidimos trabalhar essas necessidades, uma vez que a educadora regente da turma não disponibilizava de tempo para auxiliar esses educandos individualmente. Assim, buscamos fazer um levantamento do conhecimento prévio das crianças quanto ao alfabeto. Vejamos a seguir algumas das propostas de atividades:

Figura 1: Atividade lúdica – Leitura

Fonte: Acervo pessoal da pesquisadora,

Escola Municipal de Mamanguape-PB, 24 de agosto de 2015.

Propusemos uma atividade de leitura e no final colocamos perguntas em bexigas para as crianças responderem, ou seja, trabalhar a leitura e interpretação de texto de maneira divertida, o que tiraria as crianças um pouco da rotina (quadro-caderno). O resultado foi bem proveitoso, visto que os educandos se interessaram pela história contada, responderam todas as perguntas e houve interesse de todos. Continuando com as atividades:

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Figura 2: Atividade lúdica – Bingo de Letras

Fonte: Acervo pessoal da pesquisadora,

Escola Municipal de Mamanguape-PB, 28 de setembro de 2015.

Nesse dia, para envolver e chamar mais a atenção das crianças, buscamos trabalhar com jogos educativos. O bingo de letras foi utilizado para se trabalhar com as crianças que não conhecem as letras, dessa forma não queriam parar de brincar e aprender. No outro dia, trabalhamos com o jogo “Bingo de Letras com figura” com as crianças que conheciam as letras e tinham dificuldade de leitura:

Figura 3: Atividade lúdica – Bingo de Letras com figuras

Fonte: Acervo pessoal da pesquisadora,

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O interesse do educando é um elemento fundamental para conseguirmos auxiliá-lo na busca da aprendizagem, principalmente porque a prática de copiar da lousa não estimulava mais as crianças. Assim, com atividades diferenciadas e com esse acompanhamento, conseguimos observar o desenvolvimento de algumas crianças que não conheciam nenhuma letra inicialmente e conseguiram aprender algumas letras fora da ordem alfabética, de crianças que não conseguiam ler inicialmente e conseguiram aprender a ler pequenas palavras, ou até mesmo fazer a leitura de suas atividades, bem como observamos crianças que precisavam ainda de acompanhamento na escola e em casa. Vejamos outra atividade:

Figura 4: Atividade lúdica - Produção Textual

Fonte: Acervo pessoal da pesquisadora,

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Realizamos com as crianças uma produção textual por meio de imagens. Foram desenhadas duas sequências de imagens, uma para as meninas e outra para os meninos. Inicialmente iríamos fazer todos juntos em uma única história, porém, um dos educandos deu a sugestão de fazer uma competição entre meninos e meninas. Com isso, consideramos sua sugestão de dividir a turma, menos a ideia da competição, uma vez que a intenção não era competir e sim que os educandos desenvolvessem sua criatividade e, consequentemente, sua aprendizagem. Depois que criaram suas histórias, a educadora regente da sala resolveu fazer um estudo do texto de cada história e as crianças escreveram no caderno.

A educadora regente da sala também entendeu que trabalhar de forma dinâmica conseguia atrair mais a atenção dos educandos e, portanto, facilitava sua aprendizagem. Ela percebeu e comentou que o modo como estava conduzindo as aulas (quadro-caderno) estava deixando os educandos estressados, inquietos e dispersos, que eles deveriam ter mais lazer, que ela deveria trazer algo diferente para as aulas. Ela estava realizando uma autoavaliação de sua prática pedagógica e de como as crianças estavam se comportando diante desta prática. Conforme Villas Boas (2004):

A avaliação por meio do portfólio exige do professor postura avaliativa diferente da tradicional: ele não ‘ensina’ para que os alunos ‘tirem boas notas’ e sejam aprovados. Ele coordena trabalho pedagógico por meio do qual os alunos aprendam e se desenvolvam como pessoas (VILLAS BOAS, 2004, p. 62).

Percebemos que um trabalho pedagógico voltado para a aprendizagem, como de fato deveria ser, requer a reflexão do educador frente a sua própria atuação, e o trabalho com o portfólio possibilita isso, por apresentar uma característica dinâmica, que o educador perceba as reações dos educandos, seus avanços e o que fazer para que possam melhorar. Depois dessa reflexão da educadora regente da sala, ela propôs para a turma uma produção de boneco de papelão e tecido:

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Figura 5: Atividade lúdica – Produção de brinquedos

Fonte: Acervo pessoal da pesquisadora,

Escola Municipal de Mamanguape-PB, 23 de outubro de 2015.

Em outro momento, propusemos a realização de uma “oficina de brinquedos recicláveis”. Pedimos que as crianças trouxessem de casa material de limpeza, recipientes vazios; tudo que pudessem trazer para confeccionarmos brinquedos reciclados. Duas aulas foram reservadas para essa atividade, em que no final seriam expostos os trabalhos pelos educandos para toda a escola, na hora do intervalo. É preciso enfatizar que, para confeccionar alguns dos brinquedos, utilizamos materiais cortantes e perigosos para as crianças, por isso tivemos que auxiliá-los a confeccionar, contando com a ajuda da criança apenas nas partes que não corriam nenhum risco de

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se machucarem. Os brinquedos que não necessitavam de materiais cortantes em sua produção foram confeccionados totalmente pelos alunos. Vejamos:

Figura 6: Atividade lúdica – Oficina de Brinquedos Recicláveis

Fonte: Acervo pessoal da pesquisadora

Escola Municipal de Mamanguape-PB, 05 de novembro de 2015.

Em suma, é visível que o processo de avaliação orienta as ações na sala de aula, faz coordenar os trabalhos para suprir as necessidades da turma, buscando promover situações que facilitem a aquisição de habilidades fundamentais para o desenvolvimento do educando. Segundo Fleming (1974) apud Teixeira (2013, p. 42), “a avaliação [...] é mais do que teste. Dá ênfase aos indivíduos, e não apenas a matéria. [...] Pode possibilitar ao educando conhecer-se melhor”.

Entendemos que a avaliação existe para assegurar que o educando consiga demonstrar vários domínios de aprendizagem. Assim sendo, nada mais apropriado que

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a participação ativa do educando no processo de decisão e definição dos objetivos e das alternativas de superação das dificuldades, como permite o procedimento de avaliação denominado de portfólio, em prol do progresso de todos os envolvidos no trabalho pedagógico.

Segundo relatos dos educandos, esses momentos dinâmicos foram uma rica experiência. Os mesmos sugeriram que a professora deveria realizar mais atividades lúdicas na sala de aula e, ao exercerem a autoavaliação, compreenderam suas dificuldades e qual o meio mais fácil para supri-las. Essas percepções foram possíveis através do processo de construção do portfólio.

Considerações Finais

O portfólio possibilitou conhecermos as necessidades educacionais dos educandos e, por isso mesmo, deveríamos propor atividades que as suprissem. Para isso, as atividades lúdicas realizadas foram uma aliada nesse processo, na medida em que os educandos se interessavam, conseguiam aprender e progredir na aprendizagem, na medida do possível. Isso mostra que a nossa intenção não se limitou a comprovar a teoria na prática, ou seja, se o uso do portfólio traz os benefícios apontados nos estudos teóricos, mas também a usufruir do conhecimento teórico e da realidade observada para contribuir com o desenvolvimento dos educandos envolvidos na intervenção. O projeto também contribuiu para a educadora regente da sala de aula refletir sobre as ações pedagógicas que vinha desenvolvendo e como proporcionar um espaço de participação dos educandos, fundamental para o desenvolvimento deles.

Apesar de ter sido uma experiência inicial com um procedimento de avaliação de cunho formativo como o portfólio, acreditamos que facilitou a exposição de ideias das crianças. Respeitamos as dificuldades e necessidades de cada uma, promovendo um espaço de aprendizagem e de livre-expressão. Partindo do princípio de que a sala de aula é um ambiente de formação e que o trabalho dinâmico que o portfólio

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mente que o portfólio tem o objetivo de incentivar as potencialidades de cada educando, o que contribui para a construção do conhecimento e traz benefícios significativos na vida dos mesmos; acreditamos que se efetivaram, na medida do possível, os nossos propósitos para este estudo.

Por um lado, a professora regente entendeu que trabalhar com a avaliação por meio do portfólio proporcionou o diagnóstico das habilidades e dificuldades da turma e, portanto, entendeu a importância de transformar a dinâmica educativa em consonância com o interesse dos educandos frente à aprendizagem. Por outro, os educandos conseguiram se autoavaliar, habilidade incentivada pelo uso do portfólio, e acharam as atividades lúdicas importantes para seu desenvolvimento.

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Referências Bibliográficas

MOURA, Marcelo; AQUINO, Líbia Serpa. A importância do lúdico na aprendizagem dos alunos nos Anos Iniciais. 2009. Disponível em: http://docplayer.com.br/7130005-A-importancia-do-ludico-na-aprendizagem-dos-alunos-nos-anos-iniciais-resumo.html. Acessado em 19.06.2016

SANTOS, Santa Marli Pires dos. O brincar na escola: metodologia lúdico-vivencial, coletânea de jogos, brinquedos e dinâmicas. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

TEIXEIRA, Célia Regina. Avaliação educacional: campo em (re)construção. João Pessoa: Editora da UFPB, 2013.

VILLAS BOAS, Benigna Maria de Freitas. Situando o portfólio. In: VILLAS BOAS, Benigna Maria de Freitas. Portfólio, avaliação e trabalho pedagógico. Campinas: Papirus, 2004.

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Rosilene Silva de Mouraes

Licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Monitora de Letramento no Programa do Ministério da Educação “Mais Educação”.

Célia Regina Teixeira

Doutora em Educação: Currículo (2006) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP. Professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Referências

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