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COMO É E COMO DEVERIA SER! UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR NO COMBATE AOS FOCOS DO MOSQUITO AEDES AEGYPTI

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Academic year: 2021

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COMO É E COMO DEVERIA SER!

UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR NO COMBATE AOS FOCOS DO MOSQUITO AEDES AEGYPTI

Fábio Damasceno* Márcia Valpassos Pedro**

Maria da Glória Moreira D’Escoffier ***

Resumo

Alunos do 7º ano do Ensino Fundamental do Colégio Pedro II, Campus Engenho Novo, foram desafiados a detectar potenciais criadouros do mosquito Aedes aegypti no próprio ambiente escolar, registrando-os através de fotografias realizadas em seus aparelhos celulares. De maneira interdisciplinar, durante as aulas de Informática Educativa, os alunos editaram as fotos, excluindo das mesmas o potencial foco de desenvolvimento do mosquito. Sendo assim, gerou-se ao final duas imagens: a do criadouro observado no ambiente escolar (“como é”) e outra, editada, sem o criadouro (“como deveria ser”). Em um segundo momento, com o intuito de integrar as ações desenvolvidas nos dois campi (fundamental I e II) no combate ao mosquito Aedes aegypti, foi criado o “jogo interativo dos erros”, disponibilizado em formato digital aos alunos do 3º ano. Neste jogo, os alunos deveriam identificar nas fotos os focos de desenvolvimento do mosquito a serem combatidos. Alunos do 7º ano atuaram como monitores desta dinâmica, discutindo com as turmas do 3º ano quais medidas poderiam ser aplicadas no combate aos criadouros em questão. Em contrapartida, alunos das turmas do 3º ano apresentaram seus trabalhos nas turmas do 7º ano durante as aulas de Ciências, possibilitando assim uma rica troca de experiências sobre o tema entre as turmas dos dois segmentos. Experiências como a relatada mostram-se extremamente frutíferas, uma vez que possibilitam o intercâmbio entre os segmentos de diferentes abordagens pedagógicas sobre um mesmo tema e a aprendizagem entre alunos de diferentes faixas etárias.

Palavras-chave: Informática Educativa. Interdisciplinaridade. Aedes aegypti.

Tecnologia.

Introdução

A principal ação preventiva contra doenças como dengue, zika e chikungunya é o combate aos focos de desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti. Esta abordagem deve ser realizada por todos, e por isso, nada melhor que uma prática educativa com os estudantes sobre o tema, uma vez que podem atuar como multiplicadores na identificação destes focos em seus domicílios.

* Professor de Ciências e Biologia do Colégio Pedro II, Campus Engenho Novo II. Doutor em Biologia (Uerj). E-mail: fabiodamasceno@gmail.com

** Professora de Informática Educativa do Colégio Pedro II, Campus Engenho Novo II. Mestre em Informática (UFRJ). E-mail: marciavp@globo.com.

*** Professora de Informática Educativa do Colégio Pedro II, Campus Engenho Novo II. Pedagoga e Especialista em Educação com Aplicação da Informática (Uerj). E-mail:gloriadescoffier@gmail.com

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Ações contra o mosquito baseadas em estratégias calcadas na participação da população têm sido descritas como muito mais efetivas do que aquelas estratégias estritamente técnicas (relacionadas exclusivamente ao ciclo biológico do inseto). Um estudo realizado em Fortaleza (CAPRARA e colaboradores, 2015) demonstrou que estratégias baseadas na participação da própria população (dentre outras atividades, através da mobilização de crianças em idade escolar a partir de ações educativas), mostraram-se não apenas muito mais efetivas, como também apresentaram um custo factível. Procedimentos como este contribuem para o processo de construção de autonomia e progressiva melhora na qualidade de vida das pessoas (STRECK, 2010).

Neste sentido, algumas estratégias foram desenhadas pelo governo brasileiro para tentar reverter este agravo epidemiológico. No âmbito educacional, foi lançado o Pacto da Educação Brasileira contra o Zika, visando eliminar o mosquito transmissor via mobilização da comunidade escolar (BRASIL, 2016).

No primeiro trimestre de 2016, durante as aulas de Ciências com turmas de diversas séries, foram discutidas ações preventivas contra doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti como dengue, zika e chikungunya. Concluiu-se que a principal ação preventiva é o combate aos focos de desenvolvimento desse mosquito e que essa abordagem deve ser realizada por todos. A partir dessas conclusões foram realizadas atividades que propiciaram aos estudantes a oportunidade de atuarem como multiplicadores na identificação destes focos em seus domicílios.

Esse trabalho visa relatar a atividade “Como é e como deveria ser!” realizada com as cinco turmas do 7º ano. Em ação interdisciplinar entre Ciências e Informática Educativa, foi criado um “jogo interativo dos erros” para os alunos do 3º ano, a partir de fotos de diversos locais do colégio com possíveis focos do mosquito.

Os registros fotográficos foram obtidos pelos alunos através de seus celulares. O uso dos celulares como recurso tecnológico fez-se imprescindível para essa atividade, pois é uma tecnologia que os nossos jovens dominam. Prensky (2001) os considera como nativos digitais, pois nasceram e cresceram com as tecnologias digitais presentes em seus cotidianos.

De acordo com Masetto e Behrens (2000, p. 143), “as técnicas precisam ser escolhidas de acordo com o que se pretende que os alunos aprendam”. Por isso, os alunos do 7º ano escolheram a criação de um jogo interativo de erros como produto final, pois é mais adequado a faixa etária do 3º ano.

Os objetivos dessa prática pedagógica foram:

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Identificar potenciais criadouros do mosquito Aedes aegypti no Campus Engenho Novo II.

Reconhecer possibilidades de combates ao mosquito.

Metodologia

Primeiramente, os alunos do 7º ano registraram fotos, com seus aparelhos celulares, dos criadouros do mosquito Aedes aegypti no próprio ambiente escolar.

Figura 1: Alunos registrando fotos de um potencial criadouro do mosquito Aedes aegypti.

Fonte: Os autores.

Em seguida, no Laboratório de Informática, os alunos editaram as fotos, excluindo das mesmas o potencial foco de desenvolvimento do mosquito. Foram geradas duas imagens: uma com o criadouro observado no ambiente escolar (“como é”) e outra, editada, sem o criadouro (“como deveria ser”). As edições das fotos foram realizadas no editor on-line http://www.photoshoponline.net.br/.

Figura 2: Alunos editando as imagens nas aulas de Informática Educativa.

Fonte: Os autores.

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Figura 3: Foto original versus foto editada.

Fonte: Os autores.

Um grupo de alunos voluntários criou uma apresentação de slides no LibreOffice Impress (LIBREOFFICE IMPRESS, 2017), utilizando o recurso de hiperlinks para permitir a interatividade. Em cada tela aparece a imagem original e os alunos têm que descobrir qual é o potencial foco do mosquito (“como é”). Ao clicar nesse, surge na tela a imagem alterada (“como deveria ser”).

Também foi criado um vídeo no Windows Live Movie Maker (WINDOWS MOVIE MAKER, 2016) explicando cada etapa da atividade. O jogo e o vídeo estão disponibilizados na página https://sites.google.com/site/engenhocontraoaedes/7o- ano/como-e-e-como-deveria-ser.

Alguns alunos do 7º ano apresentaram o vídeo e o jogo para os alunos do 3º ano.

Depois, foi realizado um debate sobre possíveis medidas a serem aplicadas no combate aos criadouros em questão.

Figura 4: Apresentação do vídeo e jogo para os alunos do 3º ano.

Fonte: Os autores.

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Em contrapartida, as turmas do 3º ano do primeiro segmento visitaram as turmas do 7º ano, apresentando panfletos informativos elaborados pelos próprios a partir de suas impressões sobre o desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti.

Figura 5: Visita dos alunos do 3º ano às turmas do 7º ano.

Fonte: Os autores.

Considerações Finais

Práticas como a relatada mostram-se extremamente produtivas, uma vez que contribuem para o desenvolvimento nos estudantes de um olhar apurado na detecção e inativação de potenciais criadouros do mosquito Aedes aegypti, conforme ilustra a fala do “aluno 1”: “aprendi muita coisa com esse trabalho que eu não sabia como quem transmite a doença é a fêmea. Aprendi também que devo ser mais cuidadosa em não deixar água parada.”

Um dos depoimentos relatou a importância da integração entre alunos de diferentes faixas etárias: “foi muito legal poder apresentar para as crianças um trabalho que fizemos para elas. Me senti importante ao voltar a série que estudei e mostrar o que aprendi, como se eu fosse a professora.” (aluno 2). Esse intercâmbio, de diferentes abordagens pedagógicas entre docentes e estudantes dos dois segmentos do ensino fundamental, favoreceu uma relação bidirecional de ensino-aprendizagem entre eles.

A criação de um vídeo com uma linguagem apropriada para a faixa etária do 3º ano foi um grande desafio. “A maior dificuldade que encontrei durante o projeto foi editar o vídeo. Tive cuidado ao escolher as imagens, textos e música para que fossem ligadas às idades das crianças.” (aluno 1). “O que eu mais gostei no projeto foi editar os vídeos, porque foi um desafio para mim.” (aluno 3).

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Foi observado que os alunos se interessaram em participar das atividades. A ideia de produzir um jogo surgiu deles próprios, tornando-os co-autores do projeto. O envolvimento dos alunos foi além do esperado pela equipe docente.

Foi sugerido pelos alunos do 7º ano mais atividades que permitam a interação com as turmas das séries iniciais. “Na próxima vez, poderia se fazer um quiz para as crianças jogarem e aprenderem sobre o tema.” (aluno 1).

Referências bibliográficas

BRASIL. Pacto da Educação contra o Zika. Ministério da Educação, 2016.

Disponível em:

<http://fne.mec.gov.br/images/2016/Fevereiro/PactodaEducacaocontraoZika.pdf>.

Acesso em: 31 out. 2017.

CAPRARA, A. de Oliveira Lima JW, Rocha Peixoto AC, et al. Entomological impact and social participation in dengue control: a cluster randomized trial in Fortaleza, Brazil. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene.

2015;109(2):99-105. doi:10.1093/trstmh/tru187.

LIBREOFFICE IMPRESS 2017. Disponível em:< https://pt- br.libreoffice.org/descubra/impress/>. Acesso em 31 out. 2017.

MASETTO, M. e BEHRENS, M. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. São Paulo, Papirus Editora, 2000, p.143.

PRENSKY, M. Digital Natives, Digital Immigrants Part 1.On the Horizon. Vol 9, nº5. Setembro/Outubro, 2001.

STRECK, D. Popular Education and Participatory Research: The Construction of a Method [in Portuguese] In: Streck D, Ghihhi G, Silveira FT, Pitano SC,

editors. Readings of Paulo Freire: Contributions to Contemporary Educational Debate. Brasília: Liber livro; 2010.

WINDOWS MOVIE MAKER 2016. Disponível em:< http://www.windows-movie- maker.org/>. Acesso em 31 out. 2017.

Referências

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