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PROPOSTA DE UMA UNIDADE TERAPÊUTICA DOMICILIAR BASEADA NO PROTOCOLO PEDIASUIT TM

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Academic year: 2021

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PROPOSTA DE UMA UNIDADE TERAPÊUTICA DOMICILIAR BASEADA NO PROTOCOLO PEDIASUIT

TM

E.B. Neves*

,

**, C.P.M. Dallegrave**, C.R. Chiarello*, M.O. Rosário*, A.C.M.S. Costin* e F.

Gödke**

* Centro de Pesquisas Vitória / UNIANDRADE, Curitiba, Brasil

** Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédia (PPGEB)/UTFPR, Curitiba, Brasil borbaneves@hotmail.com

Abstract: The word cerebral palsy covers many non- progressive neurological disorders that occur during the development of the brain (between the fetal and three years of age) and affects permanently body movement and muscle coordination. The aims of this study is to describe the Home Care Unit Therapy, developed by Research Centre Victoria, based on the proposed therapeutic PediasuitTM as well as their advantages and limitations compared with other models on the market. The dimensions of the equipment were based on anthropometric measurements of children between 3 and 10 years of age, all with cerebral palsy. The maintenance of the orthostatic position, the locomotion pattern as close to normal as possible and freedom of movement provided by Home Care Therapy Unit associated with the use of a brace dynamic enable significant improvements in sensory motor function, cognitive and physical development of children.

Keywords: cerebral palsy, physical therapy, PediaSuit.

Introdução

A Paralisia Cerebral é uma desordem motora e postural causada por lesões no encéfalo em desenvolvimento [1]. A gravidade e o tipo das seqüelas causadas pela Paralisia Cerebral variam de acordo com o local e a extensão do dano no cérebro. Para Bobath [2], os tipos de paralisia mais corriqueiros são a Diplegia e a Hemiplegia, que juntos representam de 60% a 75% dos casos.

Na Diplegia, a parte inferior do corpo (membros inferiores e quadril) é afetada, com pouco ou nenhum comprometimento dos braços, ombros e cabeça. Já na Hemiplegia, a dificuldade se concentra em um dos hemisférios, atingindo principalmente os membros superiores e inferiores de um dos lados do corpo [3].

Outras sequelas comumente encontradas em crianças com paralisia cerebral são as alterações sensório- motoras que afetam a coordenação da motricidade fina e da marcha normal.

Segundo Vohr [4], a incidência de desordens neurológicas em países desenvolvidos é de cerca de 2 para cada 1000 crianças nascidas vivas, sendo que cerca

de 19% destes casos ocorrem entre crianças prematuras ou com baixo peso. No Brasil, estima-se cerca de 35.000 novos casos por ano [5].

O uso de tecnologias assistivas específicas é de grande importância para o dia-a-dia da criança com paralisia cerebral, uma vez que permitem funções como correção postural e sustentação do corpo. Para estes fins, costumam ser utilizados equipamentos como órteses suropodálicas, andadores e estabilizadores, que são empregados em atividades diárias. Esses instrumentos devem propiciar auxílio, mas sem limitar o desenvolvimento motor ou a qualidade da deambulação do paciente.

Não há uma terapia padrão que seja efetiva para todos os casos de paralisia cerebral [6]. Uma vez feito o diagnóstico, os profissionais da saúde e pais do paciente identificam suas necessidades específicas, e a partir disso desenvolvem um plano que atinja suas principais incapacidades. De um modo geral, os tratamentos incluem [7]:

Fisioterapia para estimular o desenvolvimento motor normal, corrigindo a postura e a normalização do comprimento muscular global, favorecendo o posi- cionamento adequado das estruturas articulares.

Terapia Ocupacional para desenvolver modos de compensação para atividades cotidianas que exigem coordenação motora fina;

Fonoaudiologia para corrigir dificuldades de deglu- tição ou relacionadas à fala;

Medicamentos para controlar os espasmos muscula- res, aliviar a dor e prevenir quadros epiléticos;

Aplicações de toxina botulínica para normalizar o tônus dos músculos espásticos, evitando assim as contrações musculares incoordenadas.

Cirurgias para corrigir luxações, espasticidades ou padrões posturais incorretos;

Aparelhos ortopédicos para compensar a assimetria muscular, melhorar a postura, a qualidade da marcha e a mobilidade independente.

Tecnologias assistivas para auxiliar na mobilidade e/ou servirem como coadjuvantes no processo tera- pêutico, tais como andadores.

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Terapias intensivas compostas por suportes de ali- nhamento biomecânico do corpo e protocolos espe- cíficos, como o PediasuitTM.

O protocolo PediaSuitTM é uma abordagem que utiliza equipamentos e protocolos específicos para tratamento de crianças com distúrbios neurológicos, como a diplegia espástica, outros tipos de paralisia cerebral, autismo e patologias que afetam o aspecto motor de uma criança e ou as funções cognitivas [8].

O objetivo deste trabalho é descrever a Unidade Terapêutica Domiciliar, desenvolvida pelo Centro de Pesquisas Vitória, com base na proposta terapêutica do PediasuitTM, bem como suas vantagens e limitações em comparação com os demais modelos existentes no mercado.

Materiais e Métodos

Para o desenvolvimento da UTD considerou-se a proposta do método PediasuitTM, as necessidades terapêuticas, bem como as características antropométricas das crianças portadoras de deficiências neuromotoras. A idéia mestre foi o desenvolvimento de um produto que pudesse ser utilizado no cotidiano das crianças, em substituição aos estabilizadores e andadores convencionais e que atuasse de maneira terapêutica na reabilitação da criança.

Amostragem e Coleta de Dados

Para que se pudesse pensar nas dimensões da UTD foi feita uma pesquisa com vinte crianças, portadoras de Paralisia Cerebral (diplégica, hemiplégica e quadriplégica), com idades entre três e dez anos. Essa pesquisa foi realizada na escola especial Vívian Marçal e no Centro de Pesquisa Vitória, ambos em Curitiba, com autorização expressa dos responsáveis pelas crianças participantes, entre os dias 19/04/2012 e 12/05/2012.

Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes materiais: uma fita métrica flexível, com 0,5 cm de largura; goniômetro em acrílico, da marca Carci; e uma balança digital com precisão de 100g da marca TechLine.

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa do Centro Universitário Campos de Andrade sob o protocolo 404/2011.

Dimensionamento da UTD

Condições como paralisia cerebral influem no desenvolvimento físico do paciente, fato que se reflete em suas dimensões físicas [9]. Equipamentos que não levam em consideração a variabilidade antropométrica de indivíduos com necessidades especiais podem não comportá-los adequadamente [10]. Para o dimensionamento da UTD foram analisadas as medidas de vinte crianças entre 03 e 10 anos de idade, portadoras de desordens neurológicas em diferentes níveis. Os

dados antropométricos coletados foram altura, peso e envergadura dos cotovelos a 60º do solo. Os dados foram coletados com as crianças trajando roupas leves e descalças.

Para acomodar e garantir a liberdade de movimento dos usuários dentro da faixa etária estabelecida, as dimensões da Unidade Terapêutica Domiciliar foram baseadas nos resultados obtidos através do levantamento de dados antropométricos. Uma vez que foi registrada uma variação significativa nos dados, propuseram-se duas UTD, com medidas apropriadas para pacientes com perfis antropométricos distintos. Foram propostas dois tamanhos de UTD.

Resultados

A altura média registrada foi de 115 centímetros com desvio padrão de 13,5cm. O peso médio foi de 19,21 quilogramas com desvio padrão de 6,81kg. Já a média da envergadura é de 57,9cm com desvio padrão de 8,16cm.

A UTD menor foi dimensionada para atender a metade com perfil antropométrico menor da amostra estudada, e a UTD maior o restante. A Tabela 1 apresenta os critérios utilizados neste dimensionamento, considerando as variáveis estudadas.

Tabela 1: Dimensões e critérios para dimensionamento das UTDs

UTD menor UTD maior

Altura 138,0 cm Maior valor de

estatura do 2º quartil + 20%

168,0 cm Maior valor de

estatura do 4º quartil + 20%

Largura/

Profundidade

68,5 cm Maior valor de

envergadura com braços flexionados a 60º do solo do 2º quartil + 20%

85,0 cm Maior valor de

envergadura com braços flexionados a 60º do solo do 4º quartil + 20%

Perfil antropométric

o do usuário

De 92 a 115 cm de altura, peso

até 20 kg.

De 116 a 130 cm de altura, peso até 35kg.

As UTDs (Figura 1) são compostas pelos seguintes equipamentos: estrutura metálica, cinta de estabilização do tronco, elásticos de sustentação e traje (suit).

A cinta de estabilização do tronco, conforme visto na Figura 02, é composta por duas faixas em tecido e uma

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cinta em couro com ajuste por fivela e argolas para fixação. A distância entre as barras para regulagem das cintas foi definida como 8 centímetros para ambas as UTDs.

Figura 01: Unidade Terapêutica Domiciliar (UTD) A estrutura metálica, por sua vez, possui rodízios com travas na parte inferior, de modo a possibilitar a locomoção da criança. Apresenta também barras laterais para a regulagem das cintas de suporte.

Figura 02: Cinta de estabilização com faixas e elásticos de sustentação

O traje PediaSuitTM (Figura 3) é uma órtese dinâmica, presa com elásticos a partes específicas, de modo a corrigir desvios posturais e manter o alinhamento corporal o mais próximo do normal possível [11]. O equipamento não limita a liberdade de movimentos do paciente, mas sobrecarrega os músculos desejados com peso adicional. Com o traje, a criança

passa por exercícios com foco em habilidades distintas, como mobilidade, força, flexibilidade e treino da marcha. Quando usado em conjunto com treino fisioterápico adequado, o PediaSuitTM pode acelerar o desenvolvimento motor devido ao aumento dos estímulos proprioceptivos.

Figura 03: Traje PediaSuitTM Discussão

A possibilidade de uso dos membros superiores na posição ortostática propiciada pelo equipamento estimula a movimentação ativa, aumentando a coordenação motora e a força muscular.

A utilização de uma órtese dinâmica sustentada apenas por elásticos e cinta favorece o posicionamento da região do quadril estimulando as reações de endireitamento corporal gerando estímulos sensoriais em estruturas do sistema nervoso central, que irão facilitar à aquisição do controle postural ortostático estático e dinâmico [12].

A manutenção da postura ortostática é importante em crianças com comprometimento locomotor, uma vez que diminui a pressão torácica e previne complicações cardiorrespiratórias, comuns em pessoas que passam muito tempo acamadas.

Durante o desenvolvimento ósseo, a pressão exercida pelo corpo em ortostatismo é imprescindível para o desenvolvimento de algumas estruturas referentes à formação do tecido ósseos, como a fossa do acetábulo e o fêmur, juntamente com os joelhos e os tornozelos favorecendo o apoio plantar [13], além de prevenir condições como a osteopenia e a osteoporose.

Fatores como liberdade de movimentos e possibilidade de locomoção aumentam a independência funcional e a integração social da criança. Permitem também o desenvolvimento de atividades lúdicas, proporcionando assim o desenvolvimento psicológico.

A Unidade Terapêutica Domiciliar possibilita a maturação dos níveis de integração sensório-motora,

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através da estimulação de exteroceptores e proprioceptores responsáveis pelo envio da informação sensorial ao sistema nervoso central [14]. Em seguida, após as associações sinápticas, ocorre o envio do estímulo eferente para que sejam feitos os ajustes posturais necessários para a postura ortostática estática e dinâmica [7].

Como parte importante da metodologia de desenvolvimento de produtos, é inevitável a comparação do novo produto com os já existentes no mercado, como por exemplo: andadores (Figura 04) e estabilizadores (Figura 05).

Os andadores estimulam a marcha da criança, ajudando tanto no tratamento pós – traumático como no desenvolvimento da coordenação motora para caminhar.

Figura 04: Exemplo de andador

A correção postural do andador (Figura 04) se dá pela faixa de contenção do tronco e também pela presença do abdutor, que evita o padrão em tesoura dos membros inferiores. Tais características inibem os movimentos do tronco e quadris, induzindo a um padrão de marcha não natural (em bloco).

Figura 05: Exemplo de estabilizador vertical

Por outro lado, os estabilizadores verticais (Figura 05) têm como função deixar a criança numa posição mais ereta, ou em um ângulo mais próximo à 90º, diminuindo assim as lesões causadas pelo longo tempo de exposição em decúbito dorsal ou sentadas.

A bandeja do estabilizador (Figura 05) pode ser usada para atividades que ajudem no desenvolvimento da criança. A base do equipamento é aberta, possibilitando seu uso com talas ou órteses de sustentação.

A Unidade Terapêutica Domiciliar apresenta diferenças significativas quando comparada aos andadores e estabilizadores comumente utilizados: a dissociação das cinturas pélvica e escapular somada à manutenção da postura ortostática corrigida com o uso de uma órtese dinâmica proporciona ganhos em relação à composição corporal, flexibilidade, remodelamento ósseo, motricidade e independência. Porém, o custo inicial do conjunto – UTD, cinta, traje e elásticos ainda é bastante alto, e são necessários estudos que avaliem os benefícios do método em longo prazo.

Conclusão

O presente trabalho apresenta uma proposta de dimensionamento de um novo produto, a Unidade Terapêutica Domiciliar (UTD). A manutenção da posição ortostática, a locomoção em padrão o mais próximo possível do normal e a liberdade de movimentos proporcionados pela Unidade Terapêutica Domiciliar associada ao uso de uma órtese dinâmica possibilitam melhoras significativas na função sensório- motora, cognitiva e no desenvolvimento corporal da criança. São necessários, porém, estudos mais extensos para identificar e acompanhar os benefícios do equipamento em populações distintas.

Referências

[1] Rosenbaum P, Paneth N, Leviton A, Goldstein M, Bax M, Damiano D, et al. (2007) “A Report: The Definition And Classification Of Cerebral Palsy.” Developmental Medicine Child Neurology 109 (Supplement): 8-14.

[2] Bobath K. (1984). Uma Base Neurofisiológica para o Tratamento da Paralisia Cerebral. São Paulo, Manole.

[3] Finnie N. (2000). O Manuseio em Casa da Criança com Paralisia Cerebral. Barueri, Manole.

[4] Vohr Br, Msall Me, Wilson D, Wrigth Ll, Mcdonald S, Poople Wk.

(2005) “Spectrum Of Gross Motor Function In Extremely Low Birth Weight Children With Cerebral Palsy At 18 Months Of Age”.

Pediatrics, 116: 123-129.

[5] Mancini MC, Alves AC, Schaper C, Figueiredo EMJM., Sampaio RF, Coelho ZA, Tirado MG. (2004) “Gravidade Da Paralisia Cerebral E Desempenho Funcional”. Revista Brasileira De Fisioterapia 8:253-260.

[6] Limongi S. (2000) “Processo Terapêutico Em Paralisia Cerebral”.

Barueri: Pro-Fono.

[7] Bradley WG, Daroff RB, Fenichel GM, Jankovic J. (2004)

“Neurology in Clinical Practice – The Neurological Disorders”.

4th Edition, Philadelphia, Butterworth Heinemann, 2004.

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[8] Neves EB, Scheeren EM, Chiarello CR, Costin ACS, Mascarenhas LPG. (2012) “O Pediasuit Na Reabilitação Da Diplegia Espástica:

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[9] Leite J. (2004) “Paralisia Cerebral – Aspectos Fisioterapêuticos e Clínicos”. Revista Neurociências 12(1): 1-7.

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Francis Group.

[11] Scheeren EM, Mascarenhas LPG, Chiarello CR, Costin ACMS, Oliveira L, Neves EB. (2012) “Description of the Pediasuit Proto- col” Fisioterapia em Movimento 25(3):??-??

[12] Lysakowski A, McCrea R A, Tomlinson R D (1998) “Anatomy of the vestibular end organs and neural pathways”. In: Cummings CW, ed. Otolaryngology: Head and Neck Surgery. Vol 4. Mosby- Year Book.

[13] Mochizuki A, Amadio AC. (2003) "Aspectos biomecânicos da postura ereta: a relação entre o centro de massa e o centro de pressão" Rev Port Cien Desp 3:77-83.

[14] Coelho DA. (2005) “Modelo de Ativação Neural do Controle Postural Humano Durante Postura Ereta” Engevista 7: 83-90.

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