TEORIA ORGANIZACIONAL E ESTRUTURA DE GÊNERO NAS ORGANIZAÇÕES
Julio Cesar Adiala
*Resumo
A partir dos anos 80 a teoria das organizações incorporou o conceito de cultura, originário da antropologia, na tentativa de compreender a influência dos valores simbólicos sobre as práticas organizacionais. Muitas vezes, no entanto, essa teoria tem dado ao conceito de cultura um uso limitado, que não permite refletir sobre a importância do gênero para a compreensão das formas de reprodução das desigualdades entre homens e mulheres nas organizações. Por gênero compreende-se não as distinções biológicas dos sexos, mas a construção social destas diferenças em termos de papéis que são vividos pelos indivíduos.
Neste artigo procuramos analisar, a partir da adoção do conceito de cultura, como a teoria das organizações, ao negligenciar a estrutura de gênero subsistente nas relações de trabalho, é um elemento complementar do conjunto de práticas, discursos e regras que mantêm a desigualdade e a dominação masculina na sociedade.
Palavras Chave
Gênero, trabalho, administração, cultura.
1. INTRODUÇÃO
Este artigo é sobre gênero e trabalho. Nele procuramos demonstrar como a teoria das organizações, em suas reflexões sobre o trabalho, acaba por reforçar uma situação de desigualdade entre homens e mulheres na estrutura hierárquica das organizações. Para demonstrar este argumento, propomos uma interpretação daquela teoria e das organizações à luz de um conceito interpretativo de cultura, que destaca o seu caráter simbólico, em oposição ao uso convencional do conceito na teoria das organizações.
A sociedade industrial define uma posição de inferioridade para as mulheres que se manifesta na e a partir de sua posição na divisão sexual do trabalho. Esta inferioridade é recriada diuturnamente em práticas e crenças que, a nosso ver, são reforçadas pela teoria
*