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¹Associação das Pioneiras Socias, Rede Sarah, Cirurgia Geral e Torácica - Brasília - DF - Brasil Relatos Casos Cir. 2021;7(3):e2976
ILEOSTOMIA EM ALÇA COM LAVAGEM COLÔNICA COM POLIETILENOGLICOL EM COLITE FULMINANTE POR CLOSTRIDIUM
LOOP ILEOSTOMY WITH COLONIC LAVAGE WITH POLYETHYLENE GLYCOL IN FULMINANT CLOSTRIDIUM COLITIS
Liana Chaul Sfair Moneiro¹; Amanda Jordão de Castro Arraes 1 ; Eduardo Magalhães Mamare 1 .
INTRODUÇÃO
O Clostridium difficile é um gram positivo anaeróbio e entre as patologias originadas dele, a colite está associada a
estados de imunossupressão e uso de antibioticoterapia prolongada. A infecção por C. difficile, como causa de diarreia, é comum em pacientes com necessidade de RESUMO
Introdução: Em 2011, cerca de 453.000 casos iniciais de infecção por Clostridium difficile ocorreram nos Estados Unidos, houve também uma estimativa de 83.000 primeiras recorrências e 29.300 óbitos. Estima-se que 2 a 3% destes paciente desenvolverão complicações graves e apenas 1 em 100 necessitarão de abordagem cirúrgica, a qual é reservada a casos de complicações como perfuração ou não resposta ao tratamento clínico otimizado. Assim a colite fulminante ou megacólon tóxico por Clostridium difficile se torna raramente de abordagem cirúrgica e ainda esta é realizada em uma situação de urgência e emergência, com uma mortalidade estimada entre 20 a 85% dos casos. Relato do caso: Trata-se de caso com abordagem cirúrgica inovadora, seguindo os protocolos de Pittsburgh, em colite fulminante por C.difficile cuja literatura principal considera como estado da arte a colectomia total com ileostomia definitiva. Contudo centros de referência internacional, e estudos em sua maioria retrospectivos vem utilizando como boa alternativa a confecção de ileostomia em alça com lavagem intestinal utilizando o polietilenoglicol (PEG) e infusão de vancomicina via ileostomia. Conclusão: Trata-se de paciente jovem, oncológica, com rápida progressão infecciosa, com critérios de gravidade, onde a técnica cirúrgica teve boa eficácia e principalmente foi possível a preservação colônica
Palavras-chave: Clostridium Difficile. Megacolo Tóxico. Ileostomia. Enterocolite Pseudomembra- nosa.
ABSTRACT
Introduction: In 2011, nearly 453,000 initial cases of C. difficile infection occurred in the United States, there were also an estimation of 83,000 early recurrences and 29,300 deaths. It is esti- mated that from 2 to 3% of these patients will develop serious complications and only one in a hundred will need a surgical approach, which is expected in cases associated with complications, such as perforation or non-response to optimized clinical treatment. Thus, fulminant colitis or toxic megacolon due to C. difficile, rarely becomes a surgical approach and it is still performed in an emergency situation, with an estimated mortality between 20 and 85% of cases. Case report:
This is a case with an innovative surgical approach, following the Pittsburgh protocols, in fulmi- nant Clostridium colitis whose main literature considers total colectomy with definitive ileostomy as state-of-the-art procedure. However, international reference centers, and mostly retrospective studies have been showing that loop ileostomy with intestinal lavage as a good alternative using polyethylene glycol (PEG) and vancomycin infusion via ileostomy. Conclusion: It is about a young female oncologic patient with rapid infectious progression, with severity criteria, where the surgi- cal technique had good efficacy due to the possibility of colonic preservation.
Keywords: Clostridium Difficile. Megacolon, Toxic. Ileostomy. Enterocolitis, Pseudomembranous.
cuidados de saúde prolongado 1-4 . Entre as infecções por C. difficile, apenas 2-3% dos pacientes desenvolvem complicações graves, como ileíte, colite fulminante ou megacólon tóxico 5 . Desses, a abordagem cirúrgica é reservada aos casos com
complicações como perfuração colônica ou aqueles que não possuem resposta ao tratamento oral e venoso de antibioticoterapia dirigida ao patógeno. O tratamento convencional em casos cirúrgicos de colite fulminante seria a colectomia total com ileostomia terminal 6,7 , contudo em 2011 a ileostomia em alça com lavagem colônica se mostrou uma opção relevante como abordagem terapêutica.
Essa técnica é explorada posteriormente em múltiplos trabalhos retrospectivos, mas com resultados discrepantes, sendo aventada a probabilidade de que a sobrevivência dos pacientes esteja associada com a abordagem cirúrgica precoce 8,9 .
RELATO DO CASO
Mulher, jovem, 19 anos, iniciou tratamento em 2018 devido a sarcoma fusocelular de alto grau do grupo Ewing- like. Durante quimioterapia teve grande quantidade de internações com neutropenia e pancitopenia febril; utilizou constantemente antibioticoterapia e teve dificuldade de controle álgico satisfatório utilizando doses regulares e moderadas de opióides, além de gabapentina e amitriptilina.
Iniciou com dor abdominal de forte intensidade, associada à diarreia, vômitos e tenesmo, posição antálgica típica de prece maometana com variação para genupeitoral, sem massas palpáveis, necessitando constantemente de resgate com morfina em períodos mais intensos.
Realizou exame tomográfico sem contraste em caráter de urgência com espessamento cecal e linfonodomegalia (Figura 1). Devido à pesquisa de toxina de clostridium difficile em fezes positiva, fez diagnóstico de colite pseudomembranosa, optado então por início de vancomicina oral.
Após vinte e quatro horas de admissão com persistência de quadro abdominal, nova tomografia (Figura 1) evidenciou espessamento de ceco, cólon ascendente, descendente e reto com edema de gordura adjacente. Em exames laboratoriais, paciente ainda se mantinha
com linfopenia. Clinicamente, paciente evoluiu com hipotensão, respondendo a expansão volêmica e retração de débito urinário. Não suportando dieta oral administrada devido a quadro álgico abdominal; foi iniciada nutrição parenteral total (NPT).
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