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ESTILOS DE APRENDIZAGEM E A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSINO FUNDAMENTAL

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ESTILOS DE APRENDIZAGEM E A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSINO FUNDAMENTAL

Silvana Hammerschmidt1 Introdução

As transformações do mundo estão acontecendo rapidamente, e isso encaminha os professores a modificarem sua prática para acompanhar as concepções inovadoras. Beti & Zuliane acreditam que:

Nesses tempos de rápidas e profundas transformações sociais que repercutem, às vezes de maneira dramática, nas escolas, a Educação Física e seus professores precisam fundamentar-se teoricamente para justificar a comunidade escolar e à própria sociedade o que já sabem fazer, e, estreitando as relações entre teoria e prática pedagógica, inovar, quer dizer, experimentar novos modelos, estratégias, metodologias, conteúdos, para que a Educação Física siga contribuindo para a formação integral das crianças e jovens para a apropriação crítica da cultura contemporânea. (2002, p.06)

Em razão disto, entende-se a importância do estudo da prática pedagógica do professor de Educação Física, objetivando conhecer seu estilo de aprendizagem e ensino. Este artigo é parte integrante da pesquisa apresentada para a conclusão do Mestrado em Educação, na PUCPR, Brasil.

A criança é um ser humano complexo e em desenvolvimento e os paradigmas inovadores exigem uma visão voltada para a totalidade, considerando pensamento, sentimento, ação e interação do ser humano com o mundo. (BEHRENS, 2005)

No momento que a escola transforma a Educação Física numa disciplina isolada, sem valorizar as ações cognitivas, afetivas, sociais, ocorre à fragmentação na aprendizagem do aluno, como se o corpo e mente fossem aspectos dicotômicos.

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Segundo a Lei das Diretrizes e Bases, número 9394/96, a Educação Física integrada à proposta pedagógica da escola é componente curricular da educação básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar (art.26, inc.3º). A lei afirma que a Educação Física não se restringe somente a jogar bola ou brincar. Ela deve estar inserida na proposta da escola e proporcionar uma aprendizagem que mobilize aspectos afetivos, sociais e éticos e que os alunos sejam capazes de participar de atividades corporais, respeitar o próximo, repudiar a violência, adotar hábitos saudáveis de higiene e alimentação e ter espírito crítico perante a sociedade, ou seja, uma visão corporal de totalidade.

A Educação Física pode colaborar de maneira efetiva na aprendizagem dos alunos. Por meio do movimento a criança pode desenvolver aspectos relacionados ao físico, afetivo, cognitivo, social e cultural. Mas Scarpato (2007), pontua a necessidade do professor da área, não se deter apenas no movimento, mas estimular a reflexão da ação.

Espera-se que se supere a prática do Ensino de Educação Física com fins a execução de tarefas, entendendo que o aluno deve ser estimulado pelo professor a refletir suas próprias ações, criar formas de manifestar-se corporalmente. (SCARPATO, 2007, p.27).

Sendo assim, ao professor cabe desenvolver aulas que estimulem ações voltadas ao desenvolvimento de aprendizagens com sentido.

Bransford, Brown e Cocking comentam que “a aprendizagem envolve a capacidade do professor de tornar-se vulnerável e assumir riscos. Por isso todo crescimento tem que partir da aceitação da transformação do professor” (2007, p. 250). Pela afirmação dos autores é possível observarmos a necessidade do professor estar atento as suas aprendizagens, e assim, estar preparado para potencializar as aprendizagens do aluno.

Portilho salienta que “A atitude dos professores é fundamental no processo de aprendizagem de seus alunos. No seu estilo de ensinar, ele denuncia os valores, os saberes, os sentidos, os princípios que norteiam a sua prática pedagógica” (2009, p.140). De acordo com a autora a transformação desse professor se faz necessária e ele só será capaz de modificar suas estratégias de ensinar quando conhecer e entender seu estilo de aprendizagem.

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Com essas reflexões, iniciou-se a pesquisa no Município de Palmas, Paraná, Brasil estimulando os professores de Educação Física que atuam nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, a conhecerem o seu estilo de aprendizagem e analisarem as conseqüências dele, na prática pedagógica.

O principal objetivo desta pesquisa consistiu em conhecer o estilo de aprendizagem dos professores de Educação Física dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, do município de Palmas, Paraná, Brasil para subsidiar a prática pedagógica.

A metodologia utilizada foi de abordagem qualitativa, com enfoque descritivo. Os participantes da pesquisa foram dezoito professores de Educação Física dos Anos Iniciais da Rede Municipal de Ensino, do município de Palmas, Paraná, Brasil, pertencentes a oito escolas.

A coleta de dados foi realizada por meio de três instrumentos:

O primeiro instrumento utilizado foi o Questionário Honey-Alonso de Estilos de Aprendizagem (CHAEA), dos autores Catalina M. Alonso, Domingo J. Gallego e Peter Honey (1994), com tradução e adaptação para a Língua Portuguesa realizada pela professora Doutora Evelise Maria Labatut Portilho, no ano de 2003.

O segundo instrumento consistiu em uma entrevista semi estruturada com os professores de Educação Física, gravada e transcrita.

E o terceiro e último instrumento de pesquisa foi a observação e o registro das dezoito aulas, de quarenta e cinco minutos cada. O protocolo de observação solicitava o registro das falas e das dinâmicas do professor e alunos, assim como a estrutura e o ambiente da aula.

Educação Física

Para entender a importância da Educação Física na escola, se torna necessário conhecer os princípios norteadores desta disciplina, o que será apresentado num breve relato.

O professor de Educação Física tem seu papel marcante na Educação Brasileira, principalmente, quando na Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 1996), a disciplina de Educação Física se torna componente curricular obrigatório.

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Na sociedade contemporânea, observa-se um interesse nas diversas práticas corporais. O culto ao corpo belo sobressaí entre adolescentes, jovens e adultos que buscam a beleza padronizada pelos meios de informação, que criam heróis com corpos perfeitos.

A Educação Física é a área em que o profissional interage o tempo todo com corpos, nas diferentes perspectivas, sendo também influenciada pelo interesse consumista e de valorização atrelada ao esporte.

Torna-se essencial o reconhecimento de que a escola não pode ser vista separada das vivências corporais trazidas pelos alunos. Entende-se a necessidade de integração das diferentes expressões da cultura corporal, enquanto conteúdo que possibilita a construção de um conhecimento contextualizado e transformador.

Nas Orientações Pedagógicas para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental da Secretaria de Estado da Educação do Paraná/Brasil (SEED), a prática pedagógica da Educação Física nos Anos Iniciais deve ser norteada pelos seguintes eixos:

Aprendizagens que envolvem movimentações corporais [...] para o desenvolvimento físico e motor, proporcionando assim o conhecimento, o domínio e a consciência do corpo, condições necessárias para a

autonomia e identidade corporal infantil. [...] Aprendizagens que levem

a compreensão dos movimentos do corpo como uma linguagem utilizada na interação com o meio através da socialização. [...] Aprendizagens que levem a ampliação do conhecimento de práticas corporais historicamente produzidas na e pela cultura em que a criança se encontra (SEED, 2010, p. 74).

Como é possível perceber, a SEED valoriza a prática da Educação Física voltada ao desenvolvimento da consciência corporal, da socialização e de aprendizagens significativas.

É inegável que a cultura corporal na escola constitui uma atividade que busca o desenvolvimento do ser completo e não puramente enquanto atividades práticas sem nenhum tipo de reflexão, desenvolvendo corpos acríticos.

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A Teoria dos Estilos de Aprendizagem se tornou um referencial para estudos na área de educação, que evolui a cada dia, proporcionando aos aprendizes novas situações cotidianas relacionadas com o mundo atual.

Os ingleses Honey e Mumford, em 1988, trabalharam com o mundo empresarial, embasados nas teorias de Kolb. O instrumento sobre estilos de aprendizagem criado por eles é denominado Learning Stilles Questionnaire (LSQ)

A pesquisadora espanhola Catalina Alonso levou ao campo educativo as teorias de Honey e Mumford, realizando pesquisas na universidade no ano de 1991. Junto com Gallego e Honey, apresenta o Cuestionário Honey-Alonso de Estilos de Aprendizaje (CHAEA).

O mesmo instrumento, traduzido e adaptado ao português por Portilho (2003), é utilizado também com estudantes universitários. A autora considera o processo de aprendizagem como uma modificação que pode ser provocada e que não pode ser simplesmente atribuída ao processo de crescimento.

Para que melhor se possa delinear entende-se a necessidade de compreender em que consistem os estilos de aprendizagem, a fim de que se possa intervir positivamente no processo de aprendizagem.

De acordo com Barros, Garcia e Amaral (2008, p. 90), “os estilos de aprendizagem se definem como maneiras pessoais de processar informação, os sentimentos e comportamentos em situações de aprendizagem”. Ainda citamos Alonso y Gallego (1994)

[…] los Estilos de Aprendizaje son los rasgos cognitivos afectivos y fisiológicos, que sirven como indicadores relativamente estables, de cómo los discentes perciben, interaccionan y responden a sus ambientes de aprendizaje2. (apud Martinez, 2009, p. 141)

Existem várias classificações de Estilos de Aprendizagem, consideramos os apresentados por Honey e Munford em 1992, os quais se caracterizam em ativo, reflexivo, pragmático e teórico.

2 Estilos de aprendizagem são características fisiológicas cognitivas e afetivas que servem como indicadores relativamente estáveis de como os alunos percebem, interagem e respondem a seus ambientes de aprendizagem.

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Miranda e Morais (2008, p. 72) e Portilho (2009, p. 100), apontam as características das pessoas que pertencem a estes estilos.

ATIVO: São pessoas que se destacam por uma vivacidade, mente aberta e gosto por novas experiências, envolvem-se com os outros e tornam-se sociáveis. Favorecem o trabalho em equipe; suas principais características são: criatividade, animação, inovação, improvisação, risco, renovação, espontaneidade, aventura, experiência, liderança, participação, diversão, competitividade, desejo de aprender e mudar, resolução de problemas. Gostam de aprender fazendo.

REFLEXIVO: São pessoas que utilizam a observação e a análise antes de chegarem a alguma conclusão ou intervir; suas principais características são: observação, ponderação, receptividade, análise, cuidado, detalhamento, paciência, argumentação, assimilação, investigação, elaboração de informações e declarações. Gostam de observar, escutar e pensar antes de agir.

TEÓRICO: São aquelas que integram as observações dentro das teorias lógicas e complexas; buscam a racionalidade, a objetividade e a lógica, assim como a análise e a síntese, tendem a ser perfeccionistas; suas principais características são: estruturação, metodicidade, ordem, objetividade, planejamento, disciplina, crítica, sistematização. Gostam de questionar, sentir-se pressionadas intelectualmente, encontra um modelo, um conceito ou uma teoria que tenham relação com aquilo que escutou.

PRAGMÁTICO: São aqueles que tendem a colocar em prática as idéias, mostrando-se impacientes até poder aplicar o que aprenderam, têm como objetivo a funcionalidade; gostam de experimentar teorias, idéias e técnicas para ver se funciona na prática, tendem a evitar a reflexão, suas principais características são: técnica, experimentação, praticidade, eficácia, utilidade, realismo, rapidez, capacidade de solucionar problemas. Gostam de ter a possibilidade de experimentar o aprendido, assim como de viver uma boa simulação de problemas reais.

Se o professor conhecer as características que cada estilo apresenta e respeitar o estilo predominante do aluno poderá auxiliá-lo a obter melhores resultados na aprendizagem acadêmica. Porém, deve lembrar que ao planejar suas aulas tem que proporcionar estratégias para o desenvolvimento dos demais estilos, ajudando o aluno a flexibilizar sua maneira própria de aprender.

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O Estilo de Ensinar do Professor de Educação Física.

O professor conhecer como ele aprende é um passo fundamental para que ele reconheça como ensina. No ato de ensinar podem ser detectadas características que deflagram as influências que o professor recebeu durante as suas interações nos ambientes que participou e participa.

Postic (1984), considera que se a aprendizagem for orientada desprezando as influências interpessoais que se exercem na situação pedagógica, o ensino fica falho. O professor ao reconhecer que os alunos aprendem de formas diferentes, está considerando as interferências exercidas pelo meio e a necessidade de variar suas aulas e estilos de ensinar, oportunizando o atendimento as diferenças do alunado.

Nesta pesquisa, para identificar o estilo de ensinar do professor de Educação Física, utilizou-se a categorização construída na pesquisa Aprendizagem e Conhecimento na Formação Docente.3

O Estilo predominante Tradicional Centralizado é aquele onde o professor é o centro do ensino. As decisões partem dele e o aluno reproduz exatamente o que foi solicitado. As variáveis que por ventura venham a surgir, não são consideradas importantes. No caso do professor de Educação Física observa-se este estilo quando ele planeja, decide e executa suas aulas, partindo sempre do que ele “acha” que é o correto. Muitas vezes, antecipando a experiência que seria do próprio aluno.

No Estilo predominante Tradicional Dialogado verifica-se que apesar da presença do diálogo, a centralidade do processo está ainda no professor. São utilizadas estratégias que promovem a participação dos alunos, no entanto, os comandos são todos centralizados no professor, não são discutidas regras e normas de conduta. Para o professor de Educação Física este estilo foi observado nas aulas, em que o professor tem a voz de comando durante toda aula, ele conversa com seus alunos, mas segue fazendo o que havia planejado.

O Estilo predominante Tecnicista é caracterizado por aulas que se prendem na técnica como um fim em si mesmo. Ao planejar, o professor assegura uma quantidade

3 Sobre este tema, consultar o artigo de PORTILHO, Evelise M. L.; ROCHA, Lia B. M; DREHER, Simone

A. S, A influência do estilo de ensinar na conduta do aluno brasileiro em processo de alfabetização, apresentado no 3° CONGRESSO MUNDIAL DE ESTILOS DE APRENDIZAJE, em Cáceres, Espanha, 2008.

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suficiente de atividades para a turma, sem a preocupação de contextualizá-las e significá-las no todo da aula. Neste estilo, o professor de Educação Física tem em vista a performance, a sua habilidade é voltada para técnica, para a resposta padrão de movimento. Todos executam os movimentos igualmente, sem que sejam consideradas as diferenças individuais.

O Estilo predominante laissez-faire é observado nas aulas em que os objetivos de ensino são construídos durante a ação, não há clareza no que se quer da atividade proposta, é o deixar acontecer. A ausência de planejamento e objetividade são aspectos fortes nesse estilo de ensinar. Para o professor de Educação Física este estilo se caracteriza quando utiliza em suas aulas atividades livres, o tempo e o material são deixados por conta do aluno.

Estilo predominantemente Interacionista é aquele em que existe uma interação entre aluno/conhecimento/professor, consequentemente as pessoas, o saber e os conteúdos interagem no processo ensino/aprendizagem. Neste estilo o professor de Educação Física encaminha a aula respeitando os conhecimentos prévios dos alunos, cria condições para desenvolver a autonomia, a socialização e a ampliação do conhecimento de práticas corporais.

Os estilos de ensinar podem ajudar o professor a reconhecer os pontos altos e frágeis de suas aulas, transformando a prática do aluno e da realidade que se apresenta.

Apresentação e Análise dos Dados de Pesquisa

A Rede (urbana) Municipal de Ensino de Palmas, Paraná, Brasil, apresenta no total, vinte professores de Educação Física nos Anos Iniciais, distribuídos em oito escolas. Participaram da pesquisa dezoito professores, sendo dez são do gênero feminino e oito do masculino.

É importante ressaltar que trinta e nove por cento desses professores ainda não concluíram o Ensino Superior, bem como oitenta e quatro por cento deles lecionam a menos de seis anos, o que caracteriza um grupo de docentes no início de carreira.

Estes dados apontam que estes sujeitos estão adentrando ao mercado de trabalho, portanto, não possuem ainda uma carreira consolidada, o que de acordo com Garcia (1995),

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trata-se da fase em que ocorre o que se chama de choque de realidade, ou seja, nos primeiros anos de docência, caracterizado por um tempo de tensões e aprendizagem intensivas. Trata-se ainda de um tempo em que se questionam os conhecimentos teóricos adquiridos durante o período de graduação quando se dão conta de que as receitas não surtem os efeitos desejados.

Os dados coletados no instrumento CHAEA, indicam que o Estilo de Aprendizagem predominante dos professores de Educação Física está distribuído entre o teórico e o reflexivo, como indica o gráfico 01.

Gráfico 01 - Estilo de Aprender do Professor de Educação Física. Fonte: Dados da Pesquisa

Do total de professores pesquisados, 36% apresentam o estilo teórico e 36% o estilo reflexivo. Somente 19% apresentam o estilo pragmático e 9% o estilo ativo. As características dos estilos apontados pelos professores como predominantes em sua aprendizagem, referem-se a pessoas que gostam de ensinar fazendo alusão a estudiosos da área, observando antes de se posicionar, planejando com detalhes suas aulas, encontram um modelo a ser seguido.

Por meio das entrevistas os professores foram questionados sobre como acontecia o planejamento das suas aulas, responderam em sua grande maioria que seguem um planejamento realizado no inicio do ano junto com o coordenador da Educação Física no Município. Para elaborar seguem o do ano passado e acrescentam experiências vividas por eles. O professor 18 alega que não usam nem um material didático de apoio.

Ao analisarmos estes dados verifica-se a dicotomia entre dizer ser um professor reflexivo e teórico e agir como.

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A pesquisa sugere que o professor demonstra uma grande dificuldade em se conhecer e consequentemente em conhecer como aprende, conforme se pode comprovar pelo fato de que apenas 36% dos sujeitos se reconhecem como pertencentes ao estilo reflexivo.

Diante dos dados é possível inferir que o professor ao indicar o estilo que mais está presente na sua aprendizagem, distancia-se da sua prática pedagógica, uma vez que as características dos estilos teórico e reflexivo não aparecem de forma relevante em suas aulas. O que apontam ser é diferente da pratica observada.

De acordo com Anderson citado por Pozo (2002), pode ocorrer uma divergência entre o que se pode dizer e fazer, uma vez que se trata de dois conhecimentos distintos que em muitos casos podem ser adquiridos por diferentes caminhos. Nem sempre somos capazes de verbalizar o conhecimento procedimental, adquirido através da ação e executado de modo automático.

De acordo com Bransford, Brown e Cocking (2007), os professores continuam a aprender a ensinar de diversas maneiras, especialmente com a própria prática, verifica-se assim que facilmente verbalizam o que consideram o ideal, no entanto os procedimentos apresentados durante o período de observação apontam as discrepâncias entre o dizer e o fazer.

Entende-se a necessidade de que os professores compreendam a importância da reflexão sobre a sua prática, antes que esta seja condensada e automatizada, pois quando isto ocorre torna-se mais difícil que ocorram modificações, uma vez que o encadeamento de ações se torna inevitável.

Com relação ao estilo de ensinar predominante dos professores de Educação Física pesquisados, foi observado que o tradicional centralizador se destaca perante os demais, como apresenta o gráfico 02.

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Gráfico 2 – Estilo de Ensinar do Professor de Educação Física. Fonte: Dados da Pesquisa

A amostra indica que 35% dos professores apresentam estilo predominante de ensinar o tradicional centralizado, 20% tecnicista, 10% tradicional dialogado, perfazendo assim, um total de 65% de professores com práticas pedagógicas conservadoras, e somente 25% apresentam um estilo predominante de ensinar interacionista, o que indica uma prática pedagógica inovadora. E ainda, foi possível observar que 10% dos professores, apresentam aulas soltas, sem planejamento e estruturação, indicando predomínio no estilo laissez faire.

O professor 17 apresentou durante sua aula o estilo predominante de ensinar tradicional centralizado. Durante a explicação da atividade central da aula, o “rebote”, os alunos apresentam dúvidas, o professor mesmo sem ter esclarecido aos alunos suas dúvidas solicitava que iniciasse a brincadeira logo.

A falta de informação resultou na parada e mudança da atividade. O que confirma a rigidez do planejamento e a centralidade do professor no desenvolver da aula.

O professor 18 demonstrou o estilo tecnicista presente na maioria de usas ações e falas. Nesta aula utilizou giz, para que os alunos desenhassem na quadra um caminho que depois seria percorrido por eles. O que chamou a atenção foi a maneira deste caminho ser construído. Sempre com ordens e exigindo técnicas pré-estabelecidas pelo professor. Quando o aluno não conseguia realizar da forma solicitada, o professor refazia a atividade, sem dar a oportunidade do aluno corrigir, dentro do padrão exigido. Outra situação verificada, o objetivo da aula era psicomotricidade , mas está isolada do contexto tornando-se uma técnica tornando-sem tornando-sentido. Logo os alunos perderam o interestornando-se.

Para o professor de Educação Física este do estilo tradicional dialogado foi observado no professor 13 quando depois de ouvir os alunos, segue fazendo o que havia

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planejado. Isso caracterizou-se quando o aluno interrogava sobre a atividade demonstrando estratégias para conseguir um melhor resultado, o professor ouvia, negava e o proibia de realizar a ação desejada.

Aluno: Posso correr para frente? O professor respondeu: Não.

O aluno obedeceu nos primeiros instantes e durante a brincadeira, corria para frente, fazendo ao contrário do que o professor desejava.

O professor repreendia: J. você está indo para frente.

O aluno voltou para o lugar sem nenhum questionamento e a atividade prosseguiu normalmente.

Nesse exemplo é possível observar que o aluno consegue questionar a brincadeira, mas não consegue que o professor lhe dê atenção.

Encontramos estilo interacionista no professor 5. Durante a aula, ele criou situações em que o aluno, explorava seus movimentos usando seu próprio conhecimento e criando movimentos diferentes. No alongamento o aluno realizava o movimento de forma incorreta, o professor corrigia-o, mas sempre questionando.

P 5: Aonde que a mão deve estar apoiada? No ombro? O aluno respondeu:

Não. Nesta parte (apontando para seu cotovelo). P 5: Como se chama?

Aluno: Cotovelo? P 5: Isto, certinho.

E o aluno corrigiu o movimento.

O mesmo professor 5 apresentou características do estilo interacionista, durante as atividades interagindo com os alunos, perguntando se conheciam movimentos novos, quando eles realizavam elogiava e os encorajava para realizar outros movimentos com maior dificuldade.

Nessa situação percebe-se a presença próxima e respeitosa do professor para com os alunos, indicando uma concepção de ensino na relação professor/aluno. É importante ressaltar que havia somente um colchão para 20 alunos, mas eles esperavam na fila

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ansiosamente pelo momento de realizar a atividade. Algumas vezes o professor chamava a atenção para conter o tumulto dos alunos, mas a aprendizagem ocorria de forma estimulante e o professor conseguia por meio de questionamento e incentivo acalmar os alunos.

O professor 4 apresentou o estilo laissez faire quando reuniu os alunos, entregou uma bola e duas cordas e eles misturam-se na quadra para brincar livremente. O que chama a atenção nesta aula que dentro da quadra (mesmo sendo de asfalto, o que coloca em risco a segurança dos alunos) eles brincavam misturados, jogavam futebol (sem regras básicas) pulavam corda e ainda alguns no meio de tudo isso conversavam.

Ao utilizar na sua prática a maioria métodos conservadores, os professores demonstram que ainda estão vinculados a forma que aprenderam.

Entende-se que cabe ao professor organizar, planejar as suas aulas tendo em vista o suprimento das necessidades dos alunos, acredita-se que a prática desenvolvida durante as aulas, na disciplina de educação física, pode contribuir para minimizar as características apontadas pelos docentes, desde que bem estruturadas e planejadas.

Conclusões

Ao partir da pesquisa desenvolvida que teve como objetivo investigar qual é o estilo de aprender e de ensinar dos professores de Educação Física dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, no município de Palmas como isso se reflete na prática educativa, verificamos através dos dados que a maioria se enquadra no estilo teórico e reflexivo e que seu estilo de ensinar apresenta 65% estilo vinculados as abordagens conservadoras, 25% inovadora. E ainda caracterizamos 10% sem fio condutor: laissez faire.

Essas considerações ficam evidentes quando os professores se enquadram em professores reflexivos e teóricos, onde se identificam com estratégias de aprendizagem por meio da observação e das teorias lógicas bem como com análises antes de chegarem a conclusão, em contradição apresentam um estilo de ensinar com práticas pedagógicas tradicionais que são reprodutoras do conteúdo sem estimular os alunos a reflexão.

Essa dicotomia pode ser prejudicial a aprendizagem, pois o mundo contemporâneo exige inovação e estamos influenciando aos alunos a aprenderem da mesma forma que os

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professores aprenderem desrespeitando aos estímulos externos que os alunos tem para aprender.

Uma pequena amostra dos professores pesquisados encaminhava sua prática para a reflexão questionando as ações do aluno, isso caracteriza que um pequeno número de professores está comprometido com aprendizagem dos alunos.

Podemos caracterizar que a maioria dos professores apresenta dificuldade em relacionar os eixos norteadores da Educação Física com sua prática pedagógica, demonstrando por meio de suas respostas que a preocupação maior é conseguir manter o domínio da turma e que todos façam a atividade.

Outra dificuldade que a pesquisa ressalta, é a inexperiência e a troca anual de professores de Educação Física nas escolas municipais, em que os professores não criam vínculo com seus alunos, não compreendendo o perfil de cada escola, de cada comunidade.

Os professores já cientes de como seus alunos se apresentam deve tomar consciência da realidade da escola, proporcionar aos alunos o desenvolvimento máximo do potencial de aprendizagem.

A aprendizagem deve levar o aluno a uma construção da sua identidade, isso quer dizer,

Que qualquer aprendizagem real no aluno só pode provir de um dinamismo interior, o que conduz ao conhecimento, porque este responde a uma necessidade imperiosa de ser, de encontrar um sentido à sua vida. (POSTIC, 1984, p. 92)

Para que aprendizagem seja um momento intenso e de significado na vida do aluno, é primordial acreditar na capacidade e respeitar seu estilo, sua história.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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