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THE CONTRIBUTION OF INFORMATION MEDIATION FOR KNOWLEDGE CREATION IN ORGANIZATIONAL SETTINGS

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O CONTRIBUTO DA MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO PARA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM AMBIENTES ORGANIZACIONAIS

Elaine da Silva Doutoranda do Programa de Pós-Graduação

em Ciência da Informação – Unesp/Marília

RESUMO

Discute o impacto que a maior oferta de informação registrada causa ou não na construção do conhecimento individual e organizacional. Enfatiza o papel da mediação da informação e do profissional da informação atuante em ambientes organizacionais. Evidencia que a disponibilização de informações não se traduz automaticamente em geração de conhecimento e considera a mediação da informação como processo responsável por ser a interface entre o usuário e a informação que poderá levar à geração de um novo conhecimento e, consequentemente, à resolução de problemas. O trabalho é fruto de análise de bibliografia selecionada relacionada com mediação da informação para o desenvolvimento de ambientes organizacionais.

Palavras-Chave: Mediação da informação. Profissional da informação em ambientes organizacionais. Construção do conhecimento.

THE CONTRIBUTION OF INFORMATION MEDIATION FOR KNOWLEDGE CREATION IN ORGANIZATIONAL SETTINGS

ABSTRACT

Discusses the impact that the greater offer of information registered can cause or not cause in the construction of individual and organizational knowledge. Emphasizes the role of mediation information and of information professional in organizational settings. Highlights that the availability of information does not means knowledge generation automatically and considers that mediation information as a process responsible for being the interface between the user and the information that could lead to new knowledge and, consequently, to problem solving. The work is consequence of analysis of bibliography selected related to the mediation of information for the development of organizational environments.

Keywords: Information mediation. Information professional in organizational

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settings. Knowledge creation.

1 INTRODUÇÃO

No contexto de ambientes organizacionais, informação e conhecimento, sabidamente recursos intangíveis são, na atualidade, mais importantes que recursos tangíveis como parque fabril, máquinas e equipamentos para a sobrevivência e o desenvolvimento organizacional. Porquanto considera-se a necessidade de repensar formas de gestão, implementando processos centrados na mediação da informação.

Corroborando com o pressuposto de que toda a ação organizacional depende de informação e, considerando a cada vez maior oferta de registros informacionais é pertinente destacar a contribuição do profissional da informação com foco na mediação para o desenvolvimento dos processos organizacionais.

Nesse sentido, o presente trabalho apresenta questões relacionadas à sociedade que vem sendo chamada de sociedade da informação e do conhecimento, em especial no que tange à explosão documental, potencializada pelas tecnologias de informação e comunicação e pela globalização de mercados.

Reflete acerca do impacto que a maior oferta de informação registrada causa ou não na construção do conhecimento individual e organizacional e sobre o papel do profissional da informação atuante em ambientes organizacionais.

Evidencia que a disponibilização de informações não se traduz automaticamente em geração de conhecimento e considera a mediação da informação como processo responsável por ser a interface entre o usuário e a informação, que poderá levar à geração de um novo conhecimento e, consequentemente, à resolução de problemas.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Esta seção apresenta os aspectos teóricos considerados neste trabalho e

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subdivide-se em 04 (quatro) subseções, quais sejam: a sociedade da informação e do conhecimento, mediação da informação, construção do conhecimento e atuação do profissional mediador da informação em ambientes organizacionais, apresentados nas subseções a seguir.

2.1 A sociedade da informação e do conhecimento

O termo ‘sociedade da informação e do conhecimento’ popularizou-se a partir da década de 1990, período marcado pelo advento da globalização, a popularização da internet e os avanços das tecnologias de informação e comunicação (TIC).

Entretanto, no final do século XIX a explosão documental já era uma preocupação, tendo em vista o aumento exponencial de publicações.

No fim do século XIX já havia surgido expressões tais como explosão documentária e caos documentário, que procuravam caracterizar a situação decorrente do novo cenário de desenvolvimento científico e tecnológico, descrevendo, de forma sintética, seus efeitos. Naquele momento, tornou-se patente a necessidade de definir e aperfeiçoar técnicas mais modernas e mais ágeis de tratamento desse crescente volume de documentos, de modo a garantir aos produtores do saber acesso ao maior número possível de informações relevantes em suas respectivas áreas de conhecimento, assim como às pesquisas em andamento em círculos científicos congêneres, evitando, entre outras coisas, a duplicação de esforços no domínio específico de cada disciplina e propiciando o intercâmbio de descobertas, estudos e procedimentos entre os diversos campos científicos (ODDONE, 1998, p.4).

A explosão documental não é um fenômeno recente, porém se potencializou com o surgimento da internet: não só a produção aumentou como também as formas de acesso. A partir disso, com um grande volume de conhecimento sendo publicado e disponibilizado via internet, dissipou-se a ideia de sociedade da informação e do conhecimento.

A esse despeito, é interessante resgatar o questionamento feito por KURZ (2002, p. 1):

Vivemos numa sociedade do conhecimento porque somos soterrados por informações. [...] Mas esse dilúvio de informações é de fato idêntico a conhecimento?

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De acordo com Kurz (2002), estarmos diante de um grande volume de informações não significa termos nosso acervo de conhecimento aumentado na mesma proporção. Corroborando com o autor, é pertinente afirmar que a oferta de maior volume informacional e formas diferenciadas de acesso à informação, embora sejam importantes e representem um marco na atual sociedade, não implica em geração de conhecimento.

Com o advento das tecnologias da informação impulsionando um aumento exponencial na geração e oferta de informação e vice-versa, a sociedade percebe que, há uma longa distância entre a disponibilização e apropriação da informação, sua e a criação do conhecimento pelo indivíduo (DAVENPORT; PRUSAK, 1998;

KURZ, 2002).

Nesse contexto é possível afirmar que o acesso à informação pode constituir um ponto de partida para a criação do conhecimento. Entretanto, para que um novo conhecimento seja criado a partir de informações acessadas, apenas o acesso não é suficiente, é preciso que o sujeito cognoscente se aproprie da informação para que então, em conjunto com o conhecimento tácito do sujeito já existente, possa ser construído um novo conhecimento.

A apropriação da informação pelo sujeito cognoscente é importante para a geração do novo conhecimento. Porquanto, é essencial que os profissionais e a área da Ciência da Informação compreendam e estejam atentos para a substancial contribuição que atividades de mediação da informação podem oferecer a processos de construção do conhecimento individual e também organizacional.

2.2 Mediação da Informação

O tema mediação da informação tem sido usado com frequência na área da Ciência da Informação, entretanto ainda tem seu conceito considerado embrionário por muitos pesquisadores como destacam Silva e Gomes (2013, p. 38):

A mediação tem sido um conceito trabalhado na Ciência da Informação, especialmente nos séculos XIX, XX e XXI. Todavia,

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atentamos que mediação na Ciência da Informação ainda é um conceito embrionário e premente de uma construção de sentidos mais sólida, haja vista que importa o sentido jurídico e mais recentemente o sentido da mediação cultural desenvolvido na comunicação, principalmente em algumas universidades francesas combinando vieses de disciplinas diversas, como a psicologia, sociologia e linguística. (CORROY; GONNET, 2008, p. 206).

Preocupados com a inexistência de um conceito consolidado para o tema e, com o possível uso intuitivo do mesmo, pesquisadores vêm se dedicando a apresentar um conceito que melhor retrate o termo. Nesse sentido, destaca-se o postulado por Almeida Júnior (2009, p. 92) que afirma ser a mediação da informação:

toda ação de interferência – realizada pelo profissional da informação –, direta ou indireta; consciente ou inconsciente; singular ou plural;

individual ou coletiva; que propicia a apropriação de informação que satisfaça, plena ou parcialmente, uma necessidade informacional.

Nesse contexto, a atividade do profissional da informação – incluídos nessa categoria bibliotecários, arquivistas e museólogos - de mediar informação torna-se, extremamente útil e necessária. O mesmo autor chama a atenção para o fato de que o objeto da mediação só pode de fato ser considerada informação quando o usuário atribui-lhe um significado, apropriando-se de tal objeto de mediação [ a informação]

que, em conjunto com todo o acervo de conhecimento pessoal, vai transformar-se em um novo conhecimento.

Em síntese, a informação é efêmera e se concretiza apenas no momento em que se dá a relação do usuário com o suporte que torna possível a existência dela, informação. Assim, ela não existe a priori, ela não existe antes da relação usuário/suporte, o que redunda em defendermos que o profissional da informação trabalha com uma informação latente, uma “quase-informação”. Preferimos chamá-la de

“proto-informação” uma vez que ela não é, ainda, uma informação.

(ALMEIDA JÚNIOR, 2009, p. 98).

Fica claro, portanto, que a informação não é simplesmente ‘transferida’, e que a mesma informação será apropriada com propósitos diferentes, por usuários diferentes; ou ainda, a busca por um tema específico, exigirá resultados diferentes de acordo com o usuário e contexto em que se apresenta.

Dessa forma, o processo de mediação não é uma atividade que se encerra na

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ação bibliotecária, de acordo com Almeida Júnior (2009, p. 97):

A mediação permite e exige concepção que desloque o usuário da categoria de mero receptor, colocando-o como ator central do processo de apropriação. Dessa forma, defendemos que o usuário é quem determina a existência ou não da informação. A informação existe apenas no intervalo entre o contato da pessoa com o suporte e a apropriação da informação. Como premissa, entendemos a informação a partir da modificação, da mudança, da reorganização, da reestruturação, enfim, da transformação do conhecimento. Assim entendida, ela, informação, não existe antecipadamente, mas apenas na relação da pessoa com o conteúdo presente nos suportes informacionais. Estes são concretos, mas não podem prescindir dos referenciais, do acervo de experiências e do conhecimento de cada pessoa. Em última instância, quem determina a existência da informação é o usuário, aquele que faz uso dos conteúdos dos suportes informacionais.

A ação mediadora do profissional da informação ocorre antes do contato com o usuário, durante e depois. Antes e depois, pois, toda a ação profissional, desde o planejamento, o desenvolvimento do acervo, o processamento técnico irá interferir diretamente na ação mediadora em si. Almeida Júnior (2009) chama de mediação explícita aquela que acontece diante do usuário, e mediação implícita, a todas as ações pré e pós à mediação explicita, mas que irão interferir diretamente nos resultados do processo.

E importante que a etapa de negociação seja eficaz e eficiente, pois é a definição da demanda do usuário e a compreensão dessa pelo profissional da informação, que fará com que esse capte a real necessidade e, a partir disso, direcione suas buscas da melhor maneira. É importante lembrar que, muitas vezes o usuário não consegue definir com clareza sua necessidade, fator que, se não trabalhado na fase da negociação, pode resultar em um produto não condizente com sua expectativa. São casos em que informações são localizadas, mas de nada servirão, pois não atendem a real demanda do usuário.

A interferência do profissional não pode ser considerada neutra ou imparcial.

E é importante que se tenha consciência disso, de que toda a interferência não é neutra, pois é decorrente da interpretação do profissional sobre a demanda apresentada. A manipulação, no entanto, deve ser abolida. E a consciência da

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proximidade entre interferência e manipulação deve estar presente na ação profissional, para que o mesmo atente, e evite cometer equívocos.

A ideia de neutralidade, tanto do mediador como do processo de mediação, torna-se claramente inapropriada e o momento da relação/interação profissional da informação/usuário é estruturado não como algo estanque e fracionado no tempo, mas envolvendo os personagens como um todo, os conhecimentos conscientes e inconscientes, e o entorno sócio-político-econômico-cultural em que estão imersos. A mediação da informação é um processo histórico- social. O momento em que se concretiza não é um recorte de tempo estático e dissociado de seu entorno. Ao contrário: resulta da relação dos sujeitos com o mundo (ALMEIDA JÚNIOR, 2009, p. 93).

2.3 Construção do conhecimento

Nonaka e Takeuchi (1997) alertam para o fato de que, embora, a construção e o uso do conhecimento sejam considerados elementos-chave para que empresas mantenham-se no mercado, a essência do processo de construção do conhecimento ainda não é entendido de forma ampla. Isso porque, segundo os autores, a tradição da filosofia ocidental não considera o processo dialético de construção do conhecimento, formado por interações dinâmicas entre os indivíduos, a organização e o ambiente.

O conhecimento é criado apenas pelos indivíduos. Em outras palavras, uma organização não pode criar conhecimento por si mesma, sem os indivíduos. É muito importante, portanto, que a organização apoie e estimule as atividades criadoras do conhecimento dos indivíduos ou que proporcione os contextos apropriados para elas. A criação do conhecimento organizacional deve ser entendida como um processo que “organizacionalmente”

amplifica o conhecimento criado pelos indivíduos e o cristaliza no nível do grupo através do diálogo, discussão, compartilhar de experiência, fazer sentido ou comunidade de prática (TAKEUCHI;

NONAKA, 2008, p. 25).

O conhecimento organizacional só pode existir, portanto, a partir do conhecimento individual e, este, por sua vez é construído a partir da relação do indivíduo com o meio.

Partimos da concepção de um conhecimento construído, de um conhecimento que se constrói individualmente, mas tão-somente na

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relação, na interação. Não há conhecimento no isolamento, ao contrário, ele se constrói na relação com o mundo, com os outros homens. Essa premissa se sustenta nas ideias de Vigotski (1984, 2003) e de Paulo Freire (2005) (ALMEIDA JÚNIOR, 2009, p. 96).

A construção do conhecimento em âmbito organizacional foi delineada por Takeuchi e Nonaka (2008) no modelo de conversão do conhecimento que ficou conhecido como SECI, como apresentado na Figura 01. Segundo os autores,

Uma organização cria e utiliza conhecimento convertendo o conhecimento tácito em conhecimento explícito, e vice-versa.

Identificamos quatro modos de conversão de conhecimento: (1) socialização: de tácito para tácito; (2) externalização: de tácito para explícito; (3) combinação: de explícito para explícito; e (4) internalização: de explícito para tácito. Este ciclo, que se tornou conhecido na literatura como modelo SECI, espiral SECI ou processo SECI [...], está no núcleo do processo de criação do conhecimento.

Este modelo descreve como conhecimentos tácito e explícito são amplificados em termos de qualidade e quantidade, assim como do indivíduo para o grupo e, então, para o nível organizacional.

(NONAKA; TAKEUCHI, 2008, p.23).

Figura 1: SECI – Processo de Conversão do Conhecimento.

Fonte: Takeuchi; Nonaka – 2008.

 Socialização: conhecimento tácito para tácito, compartilhamento de

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experiências;

 Externalização: conhecimento tácito transformado em explícito, permite a criação de novos e explícitos conceitos.

 Combinação: conhecimento explícito para explícito. Troca de informações explícitas. Envolve o uso de mídias, redes computadorizadas, inclui a educação formal.

 Internalização: explícito para tácito – aprender fazendo.

O modelo SECI de Takeuchi e Nonaka nos mostra que ter informação disponibilizada não se traduz, automaticamente, em construção do conhecimento.

Pessoas podem estar imersas em um mar de informações que não faz nenhum sentido para elas. Muitas são incapazes de interpretar as informações a que têm acesso, outras são incapazes de utilizar as tecnologias da informação e comunicação e, um significativo percentual da população ainda não é plenamente alfabetizado, como revela o Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF) no Brasil.

(INSTITUTO..., 2011).

Não se pode negar que de fato o volume de produção intelectual cresceu, e que, em muitos casos, é desnecessário esperar para ter acesso a um original único, ou mesmo esperar pelos empréstimos em bibliotecas, pois o conteúdo está disponibilizado na internet, em qualquer lugar e para quantos usuários se fizer necessário (desde que tenham competência para utilizar os recursos e compreender a mensagem ou conteúdo).

A ‘mágica da disponibilização’ portanto, causou efeito contrário: no lugar de respostas imediatas para quaisquer problemas, o que se vê é a confusão causada pelo excesso de alternativas, pela dúvida quanto à confiabilidade e pertinência. O fato é que, a presença da explosão documental não significa que a sociedade esteja, automaticamente, se apropriando de tal acervo e transformando-o em conhecimento tácito.

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2.4 Atuação do profissional mediador da informação em ambientes organizacionais

A presença do profissional da informação com foco na mediação em ambientes organizacionais é tão viável quanto o é como ambientes acadêmicos.

Isso porque também os ambientes organizacionais necessitam de informação para o desenvolvimento de seus processos.

A informação é insumo para qualquer fazer, seja no âmbito acadêmico, seja no âmbito empresarial. A geração de “novo”

conhecimento somente é possível quando a informação é apropriada pelo indivíduo, por meio do estabelecimento de relações cognitivas.

Compreender que esses elementos constituem a base para diferentes ações –, tomada de decisão, planejamento, estratégias de ação etc. – que resultarão no desenvolvimento de uma organização, é o primeiro passo para desenvolver a percepção correta da relação e interdependência existente (FADEL et. al., 2010, p.14).

A centralidade da informação e do conhecimento em processos organizacionais é também destacada por Cavalcante e Valentim (2010, p. 235), que afirmam que:

A informação e o conhecimento direta ou indiretamente estão presentes em todos os processos e atividades organizacionais, logo se entende que, ao absorver e utilizar da melhor forma possível esses recursos, as organizações tendem a obter um melhor desenvolvimento e competitividade ante o mercado. Ressalta-se que as organizações são permeadas por intensos fluxos informacionais, tanto internos quantos externos a elas, fator importante para a compreensão da dinâmica organizacional.

O crescente volume informacional pode levar ao aumento de resultados equivocados quando a busca não é realizada com uma estratégia adequada, isso faz da mediação uma atividade imprescindível, tanto em ambientes acadêmicos, quanto em ambientes organizacionais.

Contudo, a importância dos serviços de informação para empresas, está relacionada à crença de ser a informação o insumo estratégico para a competitividade e o processo de mediação está relacionado diretamente à solução de problemas (BELLUZZO; FEREZ, 2003, p.

01).

Belluzzo e Feres (2003) evidenciam a necessidade de mediação da

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informação em ambientes empresarias, nos quais, o papel do profissional mediador deve incidir diretamente nos processos decisórios. Mais uma vez se pode então afirmar que a ação mediadora não é neutra e imparcial e que, a correta compreensão do problema apresentado pelo profissional mediador, está intimamente ligada à solução do problema. Por essa razão, assim como em uma biblioteca acadêmica, também no ambiente empresarial, a ação do mediador deve ser integrada a todos os outros processos.

A organização do conhecimento representa tanto o conhecimento explicito como o tácito, proporcionando vantagens competitivas nas organizações, e não está relacionado com a quantidade de informação obtida/estocada, e sim, em fazer uso inteligente da mesma (BELLUZZO; FERES, 2003, p. 3).

O contexto atual exige dos ambientes empresariais, atuação harmônica com o mercado e, a atuação organizada em clusters, arranjos produtivos locais e sistemas de inovação são alternativas viáveis, todavia requerem das organizações o desenvolvimento de processos de gestão baseada em inteligência competitiva, gestão da informação e do conhecimento, processos imbricados totalmente com a mediação da informação.

O processo de inteligência competitiva (I.C.) é de extrema importância para as organizações que necessitam ser competitivas frente ao mercado consumidor, quer seja regional, nacional ou internacional. A I.C. ocorre em ambientes organizacionais e, portanto, recebe influência constante de fatores internos e externos (VALENTIM, 2003, p.1).

No entanto, para ocupar esse mercado, o profissional mediador deve estar consciente de que seu papel vai além da gestão de acervos, pois deve centrar suas atividades no usuário, sua respectiva necessidade e todo o contexto que os envolvem.

Situado por muitos autores a meio caminho entre o emissor/produtor do conhecimento e o receptor/consumidor do conhecimento gerado, o bibliotecário tem sido definido, na estrutura desse processo, como intermediário das ações de comunicação da informação. Seria seu papel identificar e atender as necessidades informacionais de seus usuários imediatos e potenciais, procurando estabelecer uma dinâmica entre os repositórios estáticos do conhecimento que se encontram sob sua responsabilidade e as questões vivas dos

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indivíduos na busca de novas informações e conhecimentos (ODDONE, 1998, p.2).

Almeida Júnior (2009) sugere que se passe a encarar como objeto da atuação da Ciência da Informação a mediação da informação, pois, dessa forma entendida, a preocupação da área se dá não na informação ou, segundo o autor, na protoinformação em si, mas no processo que permite que necessidades sejam atendidas, problemas sejam resolvidos, demandas supridas e, para isso o profissional deve estar atendo ao contexto, ao usuário, às interpretações que poderão ser feitas e, às possibilidades de geração de conhecimento.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa partiu de um levantamento de literatura, identificando materiais que contribuíssem com o tema enfocado, seguido de análise de bibliografia selecionada. Foram reunidos, selecionados e analisados textos sobre os temas mediação e apropriação da informação, construção do conhecimento e atuação do profissional da informação em ambientes organizacionais.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em consonância com as transformações que vêm ocorrendo na sociedade a partir das últimas décadas, é pertinente afirmar que também a atuação do profissional da informação vem passando por alterações para se adequar à nova realidade social. Porquanto o profissional da informação deve entender-se como participante de um contexto complexo, em constante evolução, no qual problemas devem ser resolvidos, hipóteses devem ser comprovadas (ou não comprovadas), produtos devem ser desenvolvidos e, para que tudo isso aconteça a informação e o conhecimento são imprescindíveis. Nesse contexto, o processo de mediação da informação contribui de maneira significativa ao propiciar que o usuário tenha acesso à informação, possa dela se apropriar, construir conhecimentos e, com isso, alcançar os resultados esperados.

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Finalizando, espera-se com este trabalho ter contribuído à reflexão acerca das possibilidades de atuação do profissional da informação enfocando os ambientes organizacionais, em especial no que tange aos processos de mediação da informação. Essa reflexão se faz necessária à medida em que se ratifica a importância da mediação da informação para a construção do conhecimento e, por consequência, para o desenvolvimento das organizações.

REFERÊNCIAS

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