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Diagnostico socioambiental e econômico dos quintais produtivos para agricultura familiar na Amazônia: estudo de caso em Fordlândia, Aveiro (PA)

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Jan a Abr 2019 - v.12 - n.1 ISSN: 2318-2881 This article is also available online at:

www.sustenere.co

Diagnostico socioambiental e econômico dos quintais produtivos para agricultura familiar na Amazônia: estudo de caso em

Fordlândia, Aveiro (PA)

O presente artigo tem como objetivo avaliar a importância dos quintais produtivos para agricultura familiar, identificando as condições socioeconômicas desta população que vive mais afastada dos grandes centros urbanos, mostrando que quitais produtivos podem ser uma alternativa de sustentabilidade, pois estas populações possuem baixa oferta de emprego formal e dificuldade na composição da cesta básica. O estudo foi realizado entre os meses de julho a outubro de 2018, em Fordlândia, distrito localizado na Amazônia, no município de Aveiro (PA).

Foi realizado aplicação de questionário semiestruturado, com questões abordando a importância dos quintais produtivos no âmbito da agricultura familiar, aplicadas a uma amostra de 15 famílias de agricultores. A idade dos agricultores variou entre 41 e 79 anos, onde ficou evidente que o homem é o principal manejador de seus sistemas produtivos, tendo como principal produto trabalhado, as hortaliças, um outro ponto importante é a utilização das plantas medicinais, que ainda auxiliam os moradores quando necessário na manutenção da saúde. Em relação à característica de aprendizado e conhecimento nas produções, é passado de geração para geração, que é ainda o mais evidente, mesmo com a saída de muitos jovens, que buscam outras oportunidades em grandes centros mais próximas. Os quintais produtivos exaltam a grande importância para a subsistência e composição de renda para as famílias, trançando perfis socioeconômicos e culturais dessa comunidade, além de proporcionar sombra, locais de lazer e encontros familiares, e amenizando a temperatura ao redor das casas.

Palavras-chave: Sistemas agroflorestais; Sustentabilidade; Socioeconomia.

Socioenvironmental and economic diagnosis of productive backyards for family farming in the Amazon: case study in Fordlândia, Aveiro

(PA)

This article aims to evaluate the importance of productive backyards for family farming, identifying the socioeconomic conditions of this population that lives further away from large urban centers, showing that productive gardens can be a sustainable alternative, as these populations have a low job offer. and difficulty in the composition of the basic basket. The study was conducted between July and October 2018, in Fordlândia, district located in the Amazon, in the municipality of Aveiro (PA). A semi-structured questionnaire was applied, with questions addressing the importance of productive backyards in the field of family farming, applied to a sample of 15 farming families. The age of the farmers ranged from 41 to 79 years, where it was evident that man is the main manager of their production systems, having as main product worked vegetables, another important point is the use of medicinal plants, which still help the farmers. residents when needed to maintain health. Regarding the characteristic of learning and knowledge in productions, it is passed from generation to generation, which is still the most evident, even with the departure of many young people, who seek other opportunities in larger nearby centers. Productive yards exalt the great importance for livelihoods and income composition for families, weaving socio-economic and cultural profiles of this community, providing shade, recreational places and family gatherings, and softening the temperature around the homes.

Keywords: Agroforestry systems; Sustainability; Socioeconomics.

Topic: Desenvolvimento, Sustentabilidade e Meio Ambiente Reviewed anonymously in the process of blind peer.

Received: 11/01/2019 Approved: 17/04/2019

Magno Silva Santos

Universidade da Amazônia, Brasil http://lattes.cnpq.br/3942993722390352 magnosilva615@gmail.com

Edinelson Saldanha Correa

Universidade Federal do Oeste do Pará, Brasil http://lattes.cnpq.br/0344768485868201 http://orcid.org/0000-0002-4162-4296 edinelson_saldanha@hotmail.com Thiago Shinaigger

Universidade Federal do Oeste do Pará, Brasil http://lattes.cnpq.br/6476976978923362 http://orcid.org/0000-0002-2691-6039 shinaigger@gmail.com

DOI: 10.6008/CBPC2318-2881.2019.001.0005

Referencing this:

SANTOS, M. S.; CORREA, E. S.; SHINAIGGER, T. R.. Diagnostico socioambiental e econômico dos quintais produtivos para agricultura familiar na Amazônia: estudo de caso em Fordlândia, Aveiro (PA).

Nature and Conservation, v.12, n.1, p.46-54, 2019. DOI:

http://doi.org/10.6008/CBPC2318-2881.2019.001.0005

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INTRODUÇÃO

As populações das comunidades tradicionais, afastadas dos grandes centros urbanos, possuem menor infraestrutura para as necessidades básicas, gerando vulnerabilidade socioambiental e econômica, comprometendo até mesmo necessidades alimentícias, geradas pelas baixas taxas de empregos formais.

Neste contexto, os quintais produtivos, no âmbito da agricultura familiar, tornam-se uma boa alternativa, não somente da composição da renda familiar, mas também nos produtos alimentícios, visto que, é comum em pequenas localidades, terem árvores e pequenas produções agrícolas familiares em seus terrenos ao redor da casa.

No Brasil, quintal produtivo é o termo utilizado para se referir ao espaço situado ao redor da casa, definido, na maioria das vezes, como a porção de terra próxima à residência, de acesso fácil e cômodo, na qual se cultivam ou se mantêm múltiplas espécies que fornecem parte das necessidades nutricionais da família, bem como outros produtos, como lenha e plantas medicinais (MARINHO, 2017). Desta forma os quintais produtivos, além de estabelecer relações afetivas de familiares com a terra, possibilitam o desenvolvimento de atividades de caráter alimentar, econômica e sociocultural para a manutenção do modo de vida das famílias urbanas (MARINHO, 2017). São espaços, em geral pequenos, situados próximos às residências, e cultivados e mantidos pela mão de obra familiar (SABLAYROLLES et al., 2009).

Para Santos (2013), estes quintais produtivos se definem e se delineiam frente às necessidades das comunidades, que habitam determinados locais, que vão além dos limites do cultivo das plantas e criação de animais, muitas vezes são confundidos com as áreas de ocorrência natural das espécies, o conhecimento tradicional também é um fato importante, pois os ensinamentos são passados de geração em geração, permitindo o aprendizado por conhecimento popular e o lazer em cuidar da terra.

Segundo Vieira (2012), estes espaços formam agroecossistemas que são estabelecidos no espaço do entorno da moradia do agricultor familiar, de forma a proporcionar microclima favorável ao desenvolvimento de várias espécies, bem como o sombreamento ao redor da moradia, oferecendo conforto térmico e servindo de espaço de lazer e agregação familiar, pois esses locais, permitem o convívio e proza entre vizinhos e familiares, com encontros e reuniões alegres, com expansão de lazer e festas, além do descanso à sombra.

Complementa Pinheiro (2008), que tão importante quanto às questões econômicas e práticas relacionadas aos quintais, é a sua representação simbólica de identidade cultural.

A agricultura familiar tem grande importância na absorção da mão-de-obra, na geração de empregos e na produção alimentar, nutricional e produtiva local, territorial dos povos rurais e urbanos (GOMES, 2017).

Diante disso, a importância da agricultura familiar, que diferente da agricultura industrial/patronal, caracteriza-se ainda, pela gestão familiar da unidade produtiva; onde os responsáveis pela unidade produtiva estão ligados entre si por laços de parentescos e a mão de obra é fornecida pelos membros da família (CARNEIRO, 2013).

Para Garcia (2015), a agricultura familiar pode contribuir regionalmente, uma vez que se tratam de

sistemas de uso da terra manejados de forma tradicional, contribuindo para a geração de diferentes

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benefícios. Toda a população envolvida, uma vez que pouco se utiliza de insumos externos, garantem assim uma alimentação equilibrada e saudável.

Segundo Carneiro (2013), a importância dos quintais produtivos no âmbito da agricultura familiar para áreas rurais, influenciam sobre tudo as populações de menor renda e baixo índice escolar, pelas dificuldades para obter estabilidade financeira e alimentar, isso é uma das causas do êxodo rural, outro agravante é que para adquirir grande parte da cesta básica do mês, esses se deslocam para os centros urbanos mais próximos, para garantir a compra de produtos em escassez e mais baratos, e a outra parte da cesta básica é obtida, como plantas e animais de pequeno porte sendo produzida em seus próprios quintais.

Com isso, a relevância deste estudo é evidenciar as formas, na qual a população da comunidade de Fordlândia, distrito do município de Aveiro (PA), busca, para ter estabilidade financeira e alimentícia, através da produção trabalhada em seus quintais produtivos, através do conhecimento familiar que naturalmente são passados de geração a geração, ou por cursos fornecidos pela assistência técnica rural. Desta forma, o estudo tem como objetivo evidenciar a importância dos quintais produtivos, para os agricultores familiares, focando na composição da renda e na agricultura de subsistência. Ainda, são objetivos deste: Traçar um perfil socioeconômico e cultural; avaliar as características de aprendizado e conhecimentos adquiridos por essas pessoas em meio a seu ciclo de produção e de que forma as plantas medicinais auxiliam na saúde da população.

METODOLOGIA

O estudo ocorreu em Fordlândia, distrito localizado no município de Aveiro, com uma área de 14.568km², no estado do Pará, situado às margens direita do Rio Tapajós. Conforme observado na figura 1, possui uma população de 1.200 habitantes, segundo a Associação do Moradores de Fordlândia (AMFA). O município de Aveiro, possui áreas em colinas, planaltos tabulares, baixos platôs, amazônicos, terraços e várzeas que, morfoestruturalmente, correspondem ao Planalto Rebaixado da Amazônia - Médio Amazonas (FAPESPA, 2016).

Figura 1: Mapa de Localização Geral da distribuição das Propriedades.

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Caracterização da área de estudo

Fordlândia foi criada pelo empresário Henry Ford em 1927, decidido a investir na extração do látex no Brasil, Ford adquiriu, por US$127mil, terras de um milhão de hectares ao cafeicultor Jorge Dumont Villares e criou a Companhia Ford Industrial do Brasil. Assim, em 1928, começaram as frentes de desmatamento para erguer a cidade, que cresceria às margens do Rio Tapajós (MORIM, 2014).

Coleta de dados

A pesquisa ocorreu entre os meses de julho e outubro de 2018, em propriedades com quintais produtivos que foram selecionadas através da observação visual, e escolhidas as que apresentassem maior diversidades de espécies vegetais. Posteriormente, foi feita abordagem aos produtores familiares, proprietários dos quintais produtivos, para obter a autorização dos próprios, dando início a pesquisa. O que resultou na seleção de 15 quintais, os dados foram coletados através de uma entrevista com questionário semiestruturado, com perguntas objetivas e subjetivas, onde conforme Boni et al. (2005), o entrevistador realiza uma conversa informal e o entrevistado tem a possibilidade de dialogar sobre o assunto proposto

Foram observados diretamente os locais da produção, nos quintais produtivos, identificando o valor socioeconômico e o uso direto dos quintais pelas famílias entrevistadas. Diante das perguntas feitas aos proprietários dos quintais, responderam questões relacionadas à caráter econômico, ambiental, cultural, social e de produção. Na análise dos dados, elaborou-se um banco de dados com as informações adquiridas nas entrevistas, em seguida, foi feita estatística descritiva, onde os gráficos foram feitos no software Excel®

2013, Windows.

RESULTADOS

Da amostra da população entrevistada, 75% são do sexo masculino e 25% do sexo feminino, conforme pode ser observado na figura 2. A mão-de-obra desses locais, foi equilibrada de certa forma, sendo que 33%, o homem maneja o quintal; 27% que o homem e a mulher ajudam no manejo; 20% que o homem, mulher e os filhos; e 20% que apenas a mulher é a responsável pelo manejo e cuidado de sua produção, conforme observado na figura 3.

Figura 2: Distribuição de sexo. Figura 3: Mão-de-obra da Produção.

Com relação a faixa etária da amostra da população, as idades variam de 41 a 79 anos, com média de 59 anos. O grau de satisfação com os quintais produtivos classificados como baixo, médio e alto, 56% dos

75%

25%

Sexo dos Entrevistados

Masculin o

Feminino 20%

27% 33%

20%

Mão-de-obra da Produção Apenas a mulher cuida

Apenas o homem cuida O homem e a mulher

Homem, mulher

e filhos

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entrevistados relataram ter um grau médio de satisfação e os outros 44% tem alto grau de satisfação. Quanto a continuidade tradicional dos quintais, foram questionados sobre o interesse dos filhos na manutenção e manejo dos quintais, 67% responderam que não veem interesse nas gerações futuras e apenas 33% disseram seguir a tradição, conforme observado na figura 4. Quanto ao tempo de moradia que vivem na comunidade de Fordlândia, 34% vivem na área a menos de 10 anos, 13% residem entre 11 e 15 anos, 33% vivem há um período de 16 a 30 anos, 20% residem a mais de 40 anos como observados na figura 5.

Figura 4: Interesse do Filhos em continuar na Produção. Figura 5: Tempo de Moradia.

Observou-se que a escolaridade dos entrevistados, 27% dos entrevistados possuem nível superior completo, e apenas 7% com ensino médio completo, ou seja, possuem requisitos para ingressar em um nível superior, as demais foram alfabetizadas, ensino fundamental incompleto e ensino fundamental completo, sendo o último compondo 66% da amostra, como pode ser visualizado na figura 6.

Figura 6: Grau de escolaridade.

Na figura 7, são apresentados os dados a origem dos produtos cultivados e trabalhados nas propriedades, 47% afirmaram que foram obtidos por meio de trocas ou doações de vizinhos, 33% através da compra, 20% afirmaram que já eram produzidos na propriedade. No que se refere as motivações da produção e manejo dos quintais, 60% dos entrevistados disseram que é para obtenção de alimento, o restante dos 40%

foram fragmentadas, da seguinte forma, sendo 27% apenas para produção de plantas e animais, 7% para lazer e bem-estar e apenas 6% para melhora de temperatura ao redor da casa.

Quanto a produção de animais, 67% criam animais, como aves e suínos, e 33% não possui criação de animais. Em relação a diversidade dos produtos utilizados, o principal são as hortaliças com 33%, e frutas 27%, criação de animais de pequeno porte com 27%, e plantas ornamentais com apenas 13%, conforme observados na figura 8. Ainda dentro desse contexto, 100% informaram que possuem ervas medicinais.

33%

67%

Interesse dos Filhos em Continuar Com a Produção

Sim Não

34%

33% 13%

20%

Tempo de Moradia

menos de 10 anos 11 a 15 anos 16 a 30 anos Mais de 40 anos

0% 6%

7% 60%

27%

Grau de Escolaridade Analfabeto Alfabetizado Ensino Fundamental Incompleto

Ensino Fund e Medio Completo

Ensino Superior

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Figura 7: Origem dos produtos cultivados.

Figura 8: Diversidade de Produtos.

A sombra das árvores ameniza o calor, favorecendo o microclima ao redor da casa, com isso 100%

dos moradores responderam que, sem dúvida há uma melhora na sensação térmica, da mesma forma que (100%) responderam que as arvores ao redor de suas propriedades, ajudam abafar a poluição sonora das redondezas. O acesso a capacitação para o manejo dos produtos 27% dos entrevistados foram capacitados e treinados, entretanto 73% não passaram por nenhum tipo de treinamento, conforme observado na figura 9. Para os moradores entrevistados, os quintais produtivos são uma ótima saída para economia e agricultura familiar isso para 100% da amostra avaliada.

Figura 9: Acesso a Curso Técnico ou Profissionalizante.

DISCUSSÃO

Os resultados apresentados na figura 2 mostram que as composições de gênero são divergentes da distribuição populacional de Aveiro, que é de 53% homens e 47% mulheres, segundo dados do último censo do IBGE (2010). Estes resultados corroboram os dados apresentados na figura 3, em relação a mão de obra da produção, onde ficou evidenciado que o homem é principal executor. Segundo Winklerprins et al. (2010), relata que a presença masculina pode ser percebida em quintais maiores com fins de comercialização e maiores produções, enquanto as mulheres são responsáveis por quintais menores e sem fins comerciais.

33% 47%

20%

Origem dos Produtos Cultivados Por meio de vizinhos ou familiares Por meio de compra dos produtos São produzidas na propriedade

27%

33%

27%

13%

Diversidade dos Produtos Frutas Hortaliças Animais para consumo Plantas ornamentais

27%

73%

Acesso a Curso Tecnico ou Profissionalizante

sim

não

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Isso demonstra que a força de trabalho masculina está mais presente no desenvolvimento das atividades agrícolas, tanto na construção, como na manutenção dos quintais produtivos, estes resultados se diferenciam dos apresentados por Garcia (2017), que fez uma pesquisa semelhante, sobre aspectos socioambientais de manejadores de quintais produtivos na comunidade de Boa Esperança, Santarém (PA), em que a mulher é a principal responsável por cuidar dos quintais.

Com relação a faixa etária da amostra populacional, a idade variou de 41 a 79 anos, com média de 59 anos, essa média corresponde aos moradores com maior incidência na prática e cuidado de seus quintais na comunidade pesquisada, este resultado possui uma pequena diferença em comparação ao estudo realizado por Garcia (2017), que a idade dos entrevistados variou de 30 a 64 anos.

Dentro deste contexto ainda, resultados apresentados na figura 4, onde os filhos não pretendem dar continuidade nos trabalhos com quintais produtivos, devido à falta de oportunidade educacional e dificuldade de conseguir emprego em pequenas comunidades, o que facilita a saída desses jovens para outras cidades. Para Kischener (2015), é uma conformação de novos padrões de sociabilidade, em que as gerações mais recentes passam a ter acesso a maior período de estudos que de seus pais e consequentemente, seu modo de vida e seus valores culturais urbanos passam a chegar de forma mais rápida ao mundo rural.

O tempo de moradia dos entrevistados que vivem na comunidade de Fordlândia apresentado na figura 5, este aspecto, para Garcia (2017), relata que independente desse fator, os moradores mais antigos residentes da comunidade, através de suas experiências são considerados como referência de conhecimento das espécies presentes nos quintais agroflorestais.

As informações de escolaridade apresentados na figura 6, destacam agricultores que estão relacionados em grande parte entre alfabetizados e ensino fundamental incompleto, demonstrando desta forma possuírem uma baixa escolaridade. Segundo Freitas (2008), o grau de instrução dos agricultores pode dificultar a obtenção de financiamentos e inovações tecnológicas para suas produções em decorrência de não possuir entendimento e compreender os contratos de financiamento e as normas bancárias, e consequentemente de tecnologias.

No que tange a origem dos produtos cultivados apresentados na figura 7, o fator mais evidente de origem foi através da troca ou por doação de espécies entre vizinhos ou familiares. Resultados semelhantes aos estudos de Garcia (2017), apontaram uma proximidade entre os agricultores e transferência de conhecimentos, pois é durante as permutas que ocorre diálogo informal sobre as dúvidas de cultivo de determinadas espécies, havendo assim, uma troca de conhecimento tradicional, aumentando relações de reciprocidade entre as famílias.

Para os moradores entrevistados, a maior motivação de produção e manejo dos quintais, é para a

obtenção de alimento, seguidas de produção de plantas e animais, lazer e melhora de temperatura ao redor

da casa. Sabe-se da multifuncionalidade de um quintal, outros usos além da produção de frutos para

alimentação também são lembrados, como é o caso da manutenção destas áreas para lazer, bem como um

local de transferência de conhecimento (GARCIA, 2017).

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Na criação de animais para alimentação e renda familiar, sessenta e sete por cento cria aves e suínos, destacando-se galinhas para obtenção de carne e ovos. Barbosa (2007), afirma que as aves criadas em sistemas naturais são submetidas a menor estresse do que em sistemas de criação intensiva, como em galpões de elevada população, de modo que, produtos (carnes e ovos) oriundos da criação de aves em sistemas alternativos, oferecem uma alimentação mais próxima do natural, proporcionando bem-estar das aves e tendo uma carne considerada de melhor sabor e menor teor de colesterol.

Quanto a diversidade de produtos apresentados na figura 8, destaca-se a produção de hortaliças, como o principal produto manejado nos quintais. A variedade de espécies presentes nos quintais agroflorestais desses moradores, podem proporcionar um melhor aproveitamento da área, assim como assegurar aos agricultores familiares, uma produção mais diversificada, permitindo assim importante complementação alimentar (GARCIA, 2015).

Além da variabilidade alimentícia, há também a produção de plantas medicinais, em cem por cento da amostra, evidenciando desta forma que os moradores de pequenas comunidades, utilizam-se do conhecimento tradicional para manutenção e cuidados com a saúde, através do uso plantas e ervas medicinais quando necessário, como exemplos citados pelos entrevistados, chá de Boldo para limpeza do fígado, Matruz e Capim- santo para tratar problemas digestivos.

A melhora de clima e abafamento sonoro vindo das ruas ao redor das casas foi um ponto importante, apresentando como favorável para cem por cento da população analisada, comprovando a importância da produção de plantas de pequeno e grande porte para o meio em que vivem, além de fornecer alimento.

Siviero (2011) evidencia que, além dos valores como obtenção do fruto, prazer de cultivar e bem-estar, proporciona qualidade do ambiente sob ambiência (sombra) pelas espécies arbóreas aos quintais.

O acesso a curso técnico ou profissionalizante apresentados na figura 9, relata que o número de pessoas capacitadas através de cursos direcionados a produção alimentícia familiar ainda é pequeno, o resultado se assemelha aos de Garcia (2017), em que o repasse de informações de manejo mais evidente ainda é o de familiar para familiar.

Os moradores entrevistados ressaltam que os quintais produtivos são uma ótima saída para a economia familiar, sendo importantes no auxílio da renda e dieta alimentar das famílias em cem por cento da amostra, corroborado por Garcia (2017), em que todos os agricultores familiares envolvidos consideram seus quintais como sendo, áreas muito importantes.

CONCLUSÕES

Os quintais produtivos são de suma importância para os moradores da comunidade de Fordlândia,

fomentando na subsistência e na renda das famílias, onde se pode concluir que a principal mão-de obra o

homem, que fica responsável pela manutenção e produção dos quintais; o principal produto cultivado são as

hortaliças, entretanto são produzidos ainda as plantas medicinais que, ainda, auxiliam na saúde das famílias

quando necessário; além de proporcionar alimento, os quintais agroflorestais amenizam a temperatura ao

redor das casas, e servem de encontros e lazer as famílias agregadas.

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Os agricultores tiveram pouca capacitação, mostrando falhas nas políticas públicas direcionadas a assistência técnica e extensão rural, desta forma, o meio de capacitação da produção mais evidente ainda é o conhecimento tradicional, ou seja, aquele adquirido e passado de geração em geração, conservando as características socioculturais das famílias. Além disso, as gerações mais novas apresentam pouco interesse em dar continuidade na produção e manutenção dos quintais, isso ficou evidenciado no êxodo dos filhos, que buscam melhorias de vida em outras cidades, o que poderia ser evitado com o maior apoio das casas familiares rurais, através da capacitação dos jovens para que, se fixem nas zonas rurais e tenha melhor qualidade de vida.

REFERÊNCIAS

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