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Pré-Vestibular Comunitário Vetor

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Academic year: 2021

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Calendário das aulas de História do Brasil em 2006: 1a Parte do Curso - Aulas com duração de duas horas:

Aula no. 1 - Apresentação e reflexão sobre o vestibular / As grandes navegações Aula no. 2 - O descobrimento do Brasil e as primeiras décadas da Colônia Aula n o. 3 - A implantação do colonialismo na América portuguesa Aula no. 4 - O Brasil e as relações internacionais

Aula no. 5 - A economia mineradora

Primeira aula especial: Passeio pelo centro histórico do Rio de Janeiro Aula no. 6 - As reformas pombalinas e as conjurações coloniais Aula no. 7 - A Época joanina

Aula no. 8 - A Independência e o Primeiro Reinado Aula no. 9 - O período regencial

Aula no. 10 - A afirmação do Império Aula no. 11 - O auge do Império Aula no. 12 - Decadência do Império Segunda aula especial: Vídeo

Aula no. 13 - O surgimento da República Aula no. 14 - A República oligárquica Aula no. 15 – Rebeliões da República Velha Aula no. 16 – A crise dos anos 20

2a parte do curso - aulas com duração de uma hora: Aula no. 17 - A Revolução de 1930

Aula no. 18 - Os governos Vargas: governo constitucional e movimentos políticos Terceira aula especial: Música e História

Aula no. 19 - Estado Novo Aula no. 20 - A República de 1945

Aula no. 21 - A República populista, nacionalismo econômico Aula no. 22 - A República populista, internacionalização da economia Aula no. 23 – A crise da república populista

Aula no. 24 - O golpe de 64

Aula no. 25 - Ditadura, panorama político Aula no. 26 - Ditadura, panorama econômico Aula no. 27 - Decadência da ditadura Aula no. 28 - Redemocratização

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História do Brasil - Aula no 1 - As grandes navegações 1. Introdução:

As grandes navegações marcam um período da História européia onde os horizontes se alargam enormemente. É achado o fim do continente africano, entra-se em contato com civilizações do Oriente e do Extremo Oriente e no século XVI, uma expedição espanhola liderada pelo português Fernão de Magalhães comprovaria que o mundo é redondo através da viagem da circunavegação. Não se deve perder de vista, no entanto, o sentido de toda essa expansão marítima. O objetivo central dos europeus era obter riquezas.

2. Transição da Idade Média à Idade Moderna:

. A Baixa Idade Média: A Idade Média – séculos V ao XV – é marcada pelo sistema social feudal na Europa. A Idade Média é dividida em duas, a Alta Idade Média – séculos V ao X – e a Baixa Idade Média – séculos X ao XV. Nessa segunda parte as invasões estrangeiras diminuem bastante, levando a população e a produção a aumentarem na Europa. Isso leva a um comércio maior, ao surgimento de feiras e cidades, é o chamado Renascimento comercial e urbano. O feudalismo se expande dentro e fora da Europa, um exemplo conhecido é o das Cruzadas para o Oriente Médio, outra área de expansão é a península ibérica.

. Do feudalismo ao Antigo Regime: Com o crescimento vertiginoso das cidades, do comércio e do artesanato, a relação feudal entre senhor e servo – que era de grande exploração a este último – vai perdendo sentido, principalmente quando os servos começam a fugir para as cidades. A servidão e o feudalismo entram em sua crise final no século XIV, chegando logo ao seu fim. A sociedade feudal dá lugar à sociedade de Antigo Regime na Europa Ocidental a partir do século XV. No Antigo Regime, os nobres e o alto clero perdem poder, mas ainda são os grupos dominantes da sociedade. As monarquias passam agora a ser centralizadas, com grande poder na mão dos reis. Existe, ainda, uma classe que surgira na Baixa Idade Média: a burguesia. Esta não tem o poder sobre o Estado, mas terá grande influência junto a este.

3. Portugal, do surgimento à expansão marítima:

. O surgimento de Portugal: Na guerra de Reconquista na península ibérica, nobres da Europa lutam contra os mouros – muçulmanos que dominam a península desde o século VIII. Várias são as casas nobres que fazem essa luta, uma delas é a de Borgonha que funda o condado de Portucalense. Em 1139, esse condado é declarado país livre sob o nome de Portugal. Tratava-se neste momento de uma monarquia feudal, onde os senhores feudais eram poderosos, apesar da forte centralização da monarquia portuguesa.

. A vocação comercial: Logo, a região ganharia importância comercial, por ser entreposto marítimo entre as duas principais regiões mercantis da Europa, as cidades do Norte da Itália e a região de Flandres – que hoje abarca a Holanda, a Bélgica e parte do Norte da França. Isso, em um momento onde a viagem por terra era perigosa e custosa. Ficará ascendente neste momento a burguesia no país.

. Revolução de Avis (1385): O reino de Castela, no entanto, considerava Portugal como um condado vassalo. Em uma disputa de trono, a grande nobreza portuguesa – almejando mais poder – alia-se ao rei de Castela contra um pretendente ao trono português, João de Avis, que é aliado da pequena nobreza, burgueses e artesãos portugueses. Este último vence, dando total independência a Portugal e pondo fim ao feudalismo no país.

. Expansão marítima: Como Portugal foi o primeiro país europeu a ter uma monarquia absoluta ainda no século XIV, vai ser o primeiro a se expandir ao mar, havendo para tal um grande incentivo da Coroa. A expansão tem início em 1415 com a tomada de Ceuta – cidade muçulmana no Norte da África – e atendia aos interesses da nobreza e da burguesia. Portugal parte então às ilhas atlânticas e ao continente africano em busca de riquezas, em especial, de metais.

. Tratado de Tordesilhas: O segundo país europeu a se expandir para o Atlântico foi a Espanha. Esta – só unificada em 1469 – descobriu a América em 1492, pensando no período que aquelas terras eram o Oriente. Em 1494, Portugal e Espanha dividem o mundo em dois através do Tratado de Tordesilhas.

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História do Brasil - Aula no 2 - O descobrimento do Brasil e as primeiras décadas da colônia 1. Introdução:

Em 2000 o governo brasileiro fez uma ampla programação de comemoração dos 500 anos de descobrimento do Brasil. Colocam-se, então duas perguntas: será que o Brasil começou a ser colonizado em 1500? E será que a colonização é um motivo para se comemorar? A resposta à primeira pergunta está logo a seguir, a resposta à segunda ficou clara no próprio calendário das comemorações, onde em cada evento havia junto uma manifestação indígena rememorando a dor dos povos nativos trazida pela colonização portuguesa. 2. O período pré-colonial (1500-1530):

. O descobrimento e o comércio indiano: Após a assinatura do Tratado de Tordesilhas, Portugal continua dando destaque ao comércio com as Índias. Em uma dessas viagens, a frota de Pedro Álvares Cabral, aporta no litoral da América, reconhece o território e segue a sua viagem para a Índia.

. O escambo de pau-brasil: Expedições feitas pela costa brasileira em 1501 e 1502 contatam naquele tempo que a única riqueza local era o pau-brasil, uma madeira tinteira. Esse passa a ser explorado em contrato de monopólio e não é explorado de fato pelos portugueses, mas comprado aos índios sob forma de escambo.

. A presença estrangeira: Mais que os portugueses, neste período e mesmo depois do início da colonização, estavam pressentes outros estrangeiros no território da América portuguesa, em especial os franceses, que eram os principais compradores do pau-brasil dos índios.

3. A colonização de fato:

. A motivação da colonização: A partir de 1530, a Coroa portuguesa se decide pela colonização do Brasil. Os motivos para tal são: a presença crescente de estrangeiros na colônia; a descoberta de ouro e prata na América espanhola; o fim do monopólio português no comércio indiano e a conseqüente crise deste comércio.

. O sistema de capitanias hereditárias: Em 1532, tomou-se a decisão de dividir a colônia em 14 capitanias hereditárias, doadas a nobres portugueses que teriam a obrigação de povoar, proteger e desenvolver seus territórios. A grande nobreza e a burguesia portuguesa não se interessaram pelo empreendimento, deixando-o à pequena nobreza. O sistema de capitanias não foi um sucesso porque os colonos não eram poderosos o suficiente para lutar contra os estrangeiros e os índios. Não tinham também um farto capital para investir na colônia. Mesmo assim, o sistema continuou a existir até fins do século XVIII.

. O governo central: Em 1549, a Coroa portuguesa decide implantar um governo central na colônia com medo da perda do território para os franceses e após a notícia da descoberta da mina de Potosi pelos espanhóis em 1545, a maior mina de prata do mundo na atual Bolívia. A capitania da Bahia foi comprada pela Coroa portuguesa e lá se estabeleceu o governo-geral, em paralelo ao poder dos donos das capitanias.

. As câmaras municipais: Outra esfera de poder na colônia que prevalece em todo o período colonial é o das câmaras municipais, que existiam apenas nas cidades mais importantes. Seus membros, os vereadores, eram constituídos pelos homens bons, grandes proprietários de escravos e terras. Em um momento posterior e em cidades mais mercantis, as câmaras foram ocupadas por grandes comerciantes. Eram importantes centros de poder e de decisão na colônia e algumas vezes se confrontavam com a Coroa.

. Os cristãos-novos: Importantes na colonização portuguesa na América foram os cristãos-novos, judeus convertidos forçadamente ao cristianismo. Mais ainda após a instauração da Inquisição em Portugal em 1547, quando estes passam a ser duramente perseguidos na metrópole.

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História do Brasil - Aula no 3 - A implantação do colonialismo na América portuguesa 1. Introdução:

É só a partir de 1550 que a estrutura colonial se impõe de fato na América portuguesa. Trata-se de uma sociedade nova, diferente da européia. Uma sociedade baseada no trabalho escravo, tanto o indígena como o africano, e com a produção eminentemente voltada para fora. Era a sociedade escravista colonial.

2. A estrutura colonial:

. A exploração da cana-de-açúcar: O objetivo da metrópole portuguesa e dos comerciantes portugueses ao colonizar o Brasil era conseguir aqui produtos de alto valor no mercado europeu, de preferência metais, de acordo com os princípios mercantilistas. Apesar da procura, não foi achado inicialmente nenhum metal precioso no Brasil. Diante dessa ausência, a Coroa e os colonizadores tentaram outros produtos valorizados no mercado europeu, o de maior sucesso certamente foi a cana-de-açúcar. O açúcar da cana tinha um grande valor na Europa e adaptou-se bem ao clima brasileiro, em especial ao nordestino, onde passou a ser cultivado largamente, tornando-se o litoral nordestino a região central de colonização nos séculos XVI e XVII. Outros produtos agrícolas eram também produzidos para a exportação, como o tabaco e o anil.

. O modelo da plantagem: A plantagem – ou plantation – era a unidade produtora da cana e de outros produtos para exportação. Eram em geral, grandes propriedades com a maior parte das terras com produção de cana, mas havendo também outras produções dentro da fazenda voltadas para a subsistência. Prevalecia o trabalho escravo. Havia uma casa de máquinas, o engenho, que funcionava com força animal ou hidráulica. O dono da fazenda era o senhor de engenho.

. Exclusivo colonial e monopólios: Os senhores de engenho brasileiros vendiam sua produção para comerciantes aqui instalados que só podiam vendê-la para Portugal, era o exclusivo comercial. Além disso, os grandes comerciantes portugueses monopolizavam o comércio de certas cidades, baixando o preço dos produtos coloniais por eles comprados e aumentando os produtos portugueses vendidos para a colônia.

. O tráfico de escravos: Nas áreas centrais, onde foram implantadas as estruturas coloniais, começa a faltar braço indígena com o tempo, devido à morte em massa desses e também à fuga para o interior do território. Diante disso, decide-se usar o braço africano escravo, que passou a ser usado em massa. Ao total, trouxeram-se 3,6 milhões de africanos para trabalhar como escravos no Brasil e 12 milhões como um todo para a América. Para cada um que chegava no Brasil, pode-se contar outro morto na terrível viagem. A partir de 1600, esse tipo de mão-de-obra vai ser a mais usada na colônia. Os portugueses não capturavam os cativos na África, mas compravam escravos de comerciantes africanos. As sociedades africanas continham escravos antes dos europeus chegarem e com a grande demanda gerada pelo tráfico atlântico de escravos, essas sociedades passam a multiplicar em várias vezes as capturas feitas, transformando-as em sociedades plenamente escravistas, as vezes com 70% da população escrava e exportando escravos para todo o mundo. No Brasil também, o escravo africano ou afro-descendente vira uma figura freqüente na colônia, constituindo 50% da população colonial no XVIII. O tráfico de escravos gerava ainda grande riqueza para os traficantes, tráfico esse dominado inicialmente por Portugal e, depois, por cidades coloniais como Rio e Salvador.

. O sistema de sesmarias: A princípio todas as terras portuguesas no Novo Mundo eram do Rei e com as capitanias hereditárias, algumas terras se tornam particulares. A Coroa e os capitães – donatários das capitanias – doavam terras a particulares por meio de sesmarias. As sesmarias eram terras compradas a um preço relativamente baixo, onde o comprador deveria povoar e colonizar a terra. O problema é que para ser

sesmeiro, era preciso ter influência junto ao Rei ou capitão, por isso poucos tinham acesso à terra.

. A presença holandesa no comércio: Os Países Baixos tem relações comercias com Portugal desde a Idade Média e serão importantíssimos na agromanufatura do açúcar, participando do transporte da cana para a Europa e do refino do açúcar. Assim, Holanda e Portugal são sócios no comércio europeu do açúcar, havendo certa desvantagem para Portugal.

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História do Brasil - Aula no 4 - O Brasil e as relações internacionais 1. Introdução:

Se a primeira metade do século XVI foi de prosperidade para Portugal, o mesmo não se pode dizer para a primeira metade do século XVII. De 1580 a 1640, Portugal é anexado pela Espanha, o que leva à tomada do Nordeste brasileiro pelos holandeses. Portugal consegue a sua independência da Espanha em 1640, tendo que lidar com os holandeses. Diante disso, endurece as condições dos colonos, o que leva a uma série de revoltas. 2. União Ibérica e invasão holandesa:

. A União Ibérica (1580-1640): Todo o ouro e prata explorados pelos espanhóis na América fazem da Espanha a grande potência européia do século XVI, possuindo territórios em toda a Europa. Diante de uma questão dinástica, Portugal é anexado pela Espanha de Felipe II, sem poder reagir ante o poderoso vizinho.

. A curta tomada de Salvador (1624): O problema é que a aliada de Portugal, Holanda, era inimiga da Espanha. E esta veta a participação dos holandeses no comércio do açúcar brasileiro. Contrariados, os holandeses tomam Salvador em 1624, sendo expulsos no ano seguinte por uma esquadra luso-espanhola.

. A longa tomada do Nordeste (1630-54): Em 1630, com 70 navios, os holandeses tomam Pernambuco e depois todo o Nordeste, do Sergipe ao Maranhão. Dominaram ainda portos escravistas na África, dominando, portanto, a produção de quase todo o açúcar brasileiro e também o abastecimento de escravos para as

plantagens. Era a Nova Holanda, a principal colônia holandesa na América.

. O governo de Nassau (1637-44): Dentro do período holandês, destacou-se o governo de Maurício de Nassau da Nova Holanda. Nassau se aliou à elite açucareira nordestina, fornecendo crédito aos fazendeiros. Implantou a liberdade religiosa na colônia, onde antes o catolicismo era a religião oficial. Remodelou Recife e trouxe missões artísticas e científicas, as primeiras vindas ao Brasil.

. A saída dos holandeses: Mesmo com o fim da União Ibérica, os holandeses se recusam a sair do Nordeste e dá-se a guerra entre Portugal e Holanda. Como a Holanda estava em uma difícil guerra com a Inglaterra, abandona a colônia da Nova Holanda, obrigando Portugal a pagar uma indenização para tal. Depois, os holandeses irão estabelecer poderosas produções de cana-de-açúcar nas Antilhas holandesas, desbancando a produção brasileira.

. A Restauração: Em 1640, a Espanha já é uma potência declinante. Enfrenta neste ano revoltas na Catalunha e Andaluzia, ambas apoiadas pela França. Assim, ficou facilitada a independência de Portugal.

. O acirramento do colonialismo: O Estado português, porém, ressurge em péssimo estado financeiro, tendo perdido várias colônias na África e na Ásia, com o problema holandês no Nordeste por resolver e ainda com uma forte decadência do preço do açúcar no mercado internacional devido ao surgimento de novas áreas de produção de cana na América. O rei decide, então, por um endurecimento da situação colonial para que conseguisse mais fundos para estabilizar o Estado. Cria, então, a Companhia de Comércio do Brasil (1647-1720) e a Cia de Comércio do Maranhão (1682-5) que deveria monopolizar todo o comércio com o Brasil, segundo os moldes ingleses e holandeses. Em 1640 é criado também o Conselho Ultramarino, órgão português responsável pelas colônias. Criaram-se ainda os juizes de fora, que seriam os presidentes das câmaras municipais e seriam nomeados pelo Rei, num ato de forte centralização.

3. As revoltas coloniais:

. A revolta de Beckman (1684): Essa foi uma revolta contra a centralização e endurecimento do colonialismo a partir da Restauração. Reação à criação da Companhia de Comércio do Maranhão, que detinha o monopólio do comércio na capitania. Os revoltosos propunham o fim do monopólio e atacaram a companhia e os jesuítas, que proibiam a escravização dos índios. A revolta foi massacrada.

. O quilombo dos Palmares (1630-1694): Revolta totalmente diferente da de Beckman. Foi a mais importante resistência escrava existente na colônia. Os escravos resistiam de várias formas, mas principalmente com fugas e formação de quilombos – comunidades de escravos fugidos. Palmares foi o maior quilombo existente na colônia, tamanho esse devido à desorganização das plantagens nordestinas com a guerra contra os holandeses. Após várias expedições, o bandeirante Domingos Velho destrói o quilombo.

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História do Brasil - Aula no 5 - A economia mineradora 1. Introdução:

No final do século XVII, seriam descobertas na colônia portuguesa as maiores reservas de ouro já exploradas no Ocidente desde a época do Império Romano. Isso vai trazer uma grande população européia e cativa africana ao Brasil e vai gerar também um grande dinamismo econômico na colônia. Logo, a América portuguesa se tornará, enfim, a mais importante colônia portuguesa.

2. A economia mineradora:

. O bandeirismo: Eram quatro os fatores de interiorização da colonização portuguesa: a pecuária, a busca por especiarias e drogas do sertão, a busca por metais e o apresamento de índios. Desses todos, o mais importante é o último, que era a área de atuação por excelência dos bandeirantes – também chamados de paulistas. Eles iam ao interior aprisionar índios para vendê-los como escravos para fazendeiros.

. A descoberta e a imigração: A primeira descoberta de ouro em Minas Gerais se deu em 1693 e a exploração de fato começou em 1698. Os diamantes foram descobertos em 1728. Essas descobertas levam a uma grande imigração para a região, em um fluxo total de 600 mil portugueses para a região durante 60 anos.

. A guerra dos emboabas (1707-9): Os paulistas descobriram as minas de ouro e foram seus primeiros exploradores, porém logo chegaram vários portugueses que iam explorando o ouro e, principalmente, o lucrativo abastecimento da região. Dá-se, então, uma briga entre os pioneiros bandeirantes e os emboabas – os portugueses que chegaram depois, como eram chamados pelos paulistas. Os emboabas foram vitoriosos.

. Os caminhos: O primeiro caminho que levava à região mineira partia de São Paulo e a viagem demorava 60 dias. Logo, foram construídos o Caminho Real e o Caminho Novo, este – de 1701 – era o mais importante. Partia do Rio de Janeiro e a viagem demorava ‘apenas’ 12 dias.

. O abastecimento: O Rio assume, assim, uma posição privilegiada com a mineração, já que é porta de entrada de escravos, imigrantes, artigos metropolitanos para as minas e porta de saída de ouro e diamantes. Ainda, será a principal região abastecedora de alimentos para Minas. Abastecimento esse que foi sempre muito problemático, já que os principais esforços dos mineradores eram pela exploração de ouro. O preço dos alimentos e artigos básicos era altíssimo e houve sérias crises de fome. A mineração leva a um dinamismo da economia colonial, com formação de um mercado interno, com certa especialização e integração.

. A sociedade mineira: A sociedade mineira tem certas inovações em relação à sociedade açucareira. É mais urbanizada, tem mais artistas, literatos e cultura em geral. Há ainda uma diversidade maior na escravidão, apesar de esta continuar predominante. Há o surgimento da figura do escravo de ganho e outras formas de escravidão e há ainda um número maior de alforrias – liberdade do escravo dada ou comprada.

. Fiscalismo: A Coroa portuguesa cria um grande aparato burocrático para retirar o máximo de impostos da mineração e evitar o contrabando que, com toda a fiscalização, foi grande no período. 20% de todo o ouro extraído deveria ser doado à Coroa, é o quinto. A exploração de diamantes tinha uma forma específica a partir de 1740. Desse período até 1771, foram explorados sob contrato régio e em seguida sob monopólio real.

. Revolta de Vila Rica (1721): Várias são as formas feitas pela Coroa para arrecadar o quinto: a capitação e as Casas de Fundição são dois exemplos. No primeiro, havendo ou não a extração do ouro, os exploradores de ouro tinham que entregar uma cota específica aos fiscais. No segundo, instituído em 1725, todo o ouro deveria ser fundido nas casas de fundição, aonde se retiraria o quinto. As casas de fundição foram adotadas devido à revolta de Vila Rica, feita pelos mineradores contra o sistema de capitação.

. A decadência da mineração e o ‘renascimento agrícola’: A produção de ouro é ascendente até 1750, passando a ser decadente a partir de então, levando a Coroa a tomar medidas extremas para manter a alta arrecadação. Com a decadência da mineração, a capitania de Minas se torna uma forte região agropecuária e dá-se o que é chamado de ‘renascimento agrícola’, onde os principais produtos de exportação do Brasil voltam a ser provindos da agricultura. Na verdade, a colônia não deixou de ser agrícola em função da mineração. De qualquer forma, a partir de fins do século XVIII passa a ser exportada uma gama mais variada de produtos: o anil, os produtos da pecuária, o arroz, o algodão, além do tabaco e da cana e seus derivados.

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História do Brasil - Aula no 6 - As reformas pombalinas e as conjurações coloniais 1. Introdução:

A partir de 1750, a colonização portuguesa na América entra em decadência. As arrecadações com a mineração baixam seguidamente, levando a monarquia a adotar duríssimas medidas. Medidas que não ficam sem repostas. Passa-se a forjar a independência em relação a Portugal.

2. A época pombalina:

. O absolutismo ilustrado: Também chamado de despotismo esclarecido, caracteriza-se por ser o absolutismo não modificado em sua essência, mas com uma aura das idéias e ideais da Ilustração – também chamada de Iluminismo. O absolutismo e o mercantilismo, no entanto, são fortemente reafirmados. Prevaleceu na periferia da Europa na segunda metade do século XVIII em países como Rússia, Áustria, Prússia, Espanha e Portugal que, com essas medidas, tentavam se aproximar das potências européias dominantes, Inglaterra e França.

. As reformas pombalinas: No governo do rei José I (1750-1777), era preponderante no Estado português a figura do marquês de Pombal. Esse ministro se enquadra dentro do modelo de absolutismo ilustrado. Ele fez uma série de reformas em Portugal e na colônia, tentando tirar o atraso de Portugal na Europa. Foram reformas claramente centralizadoras e autoritárias, que beneficiavam os grandes comerciantes portugueses.

. Derrama (1751): Com o primeiro sinal de decadência na arrecadação do quinto na região das minas, Pombal institui a derrama. Segundo esse mecanismo, a arrecadação anual do quinto nas minas deveria ser de 100 arrobas de ouro – cada arroba equivale a algo como 15kg e 100 arrobas a mais ou menos 1,5 tonelada. Caso não se chegasse a esse valor, o resto deveria ser cobrado de toda a população das Gerais.

. Expulsão dos jesuítas da colônia (1759): A ordem dos jesuítas foi expulsa para pôr fim à poderosa influência e presença no contrabando por parte dessa ordem. A Coroa tomava, também, todas as terras deles.

. Companhias de Comércio: As companhias monopolistas de comércio foram recriadas. Assim, criaram-se as Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão em 1755 e a Companhia Geral do comércio de

Pernambuco e da Paraíba. Essas companhias aumentavam bastante os lucros dos comerciantes portugueses.

. Capital no Rio de Janeiro (1763): A capital da colônia passa de Salvador para o Rio de Janeiro, já que esta cidade era o centro que escoava a produção de Minas Gerais, além de controlar o tráfico de escravos.

. Medidas administrativas: Outras medidas foram: extinção das capitanias hereditárias, reunificação administrativa – a colônia era então dividida administrativamente em duas – e monopólio real dos diamantes.

. O reinado de d. Maria I: No reinado da sucessora de d. José I, prevaleceu o caráter absolutista ilustrado da política pombalina. Assim, em 1785, as manufaturas foram proibidas na colônia.

3. As conjurações coloniais:

. Caráter geral das conjurações: As conjurações de fins do século XVIII não são mais como as antigas revoltas coloniais. Agora, contesta-se a colonização e planeja-se uma independência de Portugal.

. Conjuração mineira (1789): Os moradores da região das minas foram duramente atingidos pela derrama e pela proibição das manufaturas. Com as manufaturas proibidas, os mineiros teriam que importar tecidos de Portugal a um preço muito maior que o custo de produção em uma manufatura local. Parte da elite local, baseados nos princípios da Ilustração e influenciados pela Independência dos Estados Unidos, planejam a formação de uma república na região das minas. Não havia muita coesão de idéias, principalmente no que diz respeito à escravidão, mas previam-se manufaturas livres, libertação dos filhos dos escravos, capital em São João Del-Rei, Universidade em Vila Rica, perdão de dívidas, república eletiva, milícia de cidadãos, parlamentos locais e um central. A trama foi delatada por um de seus membros que era endividado da Coroa e todos foram desterrados, com exceção de Tiradentes, o único pobre do grupo, que foi morto.

. Conjuração carioca (1794): Trata-se na verdade de uma sociedade literária, ligada a uma loja maçônica, que discutia a melhor forma de governo para o Brasil e uma possível independência. Não chegou a bolar plano de independência. Também foi reprimida.

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História do Brasil - Aula no 7 - A época joanina 1. Introdução:

A partir de 1808 não se pode mais falar que o Brasil é uma colônia. Com a chegada da família real e da Corte portuguesa à cidade do Rio de Janeiro neste ano, o Centro-Sul da América portuguesa passam a cumprir um papel de metrópole ante o resto do Império português. Pode-se dizer, então, que 1808 – quando acaba o colonialismo – é uma ruptura maior do que 1822 – ano da independência do Brasil em relação a Portugal. 2. A época do d. João VI no Brasil (1808-21):

. A saída da família real portuguesa da Europa: Em meio às guerras napoleônicas na Europa, em 1806 os franceses proíbem qualquer país da Europa continental de comerciar com a Inglaterra. Portugal não aceita essa imposição e sofre a invasão das tropas de Napoleão. A família real toma a decisão de fugir para o Brasil – sua mais rica colônia –, plano este já tramado desde fins do século XVIII. Junto com a família real, vem toda a corte portuguesa, em um total de aproximadamente 15 mil pessoas em 20 navios. A Inglaterra apóia essa medida e escolta a frota portuguesa, permanecendo como a maior aliada de Portugal.

. O fim do estatuto colonial: As primeiras medidas do Rei português no Brasil acabam com o caráter de colônia ao Brasil. Primeiramente, d. João abre os portos brasileiros para todas as ‘nações amigas’, o que representava naquele momento basicamente a Inglaterra e, em muito menor escala, os EUA. Neste mesmo ano – 1808 – a Coroa libera a criação de manufaturas no Brasil. Mais ainda, o Rei começará a formular um amplo aparato de Estado na cidade do Rio de Janeiro, o que dá a esta o caráter de metrópole.

. A preeminência inglesa: Na época joanina, devido em parte às condições de fuga da corte para o Brasil, há uma grande presença inglesa na política e, principalmente, na economia brasileira. Isso vai ficar patente quando, em 1810, d. João concede taxas preferenciais de importação aos produtos ingleses no Brasil, pagando estes menos taxas que produtos de outras potências e até do que os produtos portugueses. Há a presença de vários comerciantes ingleses nos portos brasileiros e seus hábitos e costumes também são adotados.

. A fundação de um aparato de Estado: D. João tem que recriar o Estado português no Brasil, agora não mais com a presença da nobreza e do clero portugueses apenas, mas também com comerciantes e fazendeiros brasileiros. Algumas das principais criações são: os ministérios e órgãos reais são recriados no Brasil e também órgãos militares, como a fábrica de pólvora; o Banco do Brasil, banco criado para financiar os gastos do Estado; um jardim botânico, laboratório para estudo e aclimatação de novas plantas; a Imprensa Régia, que dá origem aos primeiros jornais no Brasil; uma grande biblioteca pública, com a vinda de livros de Portugal, que dará origem à atual Biblioteca Nacional; a Academia de Belas Artes, onde lecionaram artistas estrangeiros que vieram nas expedições artísticas e científicas.

. A política externa joanina: Em represália à invasão francesa a Portugal em 1807, d. João VI toma a Guiana Francesa em 1809. Com a paz na Europa em 1815, a região é devolvida à França. Neste mesmo ano, o Brasil é elevado à categoria de Reino para que D. João pudesse negociar no Congresso de Viena como Rei. Mesmo com a paz na Europa, ele se decide por ficar no Brasil. Diante da independência das colônias latino-americanas e do desejo de Buenos Aires de criar uma grande República do Prata que uniria Argentina, Uruguai e Paraguai, D. João VI toma o Uruguai em 1816, que passa a ser a província da Cisplatina.

. A revolução pernambucana (1817): Se para o Centro-Sul do Brasil, a chegada da Corte tinha sido altamente positiva devido à ativação da economia da região e do fortalecimento do comércio de abastecimento para a cidade do Rio, no Norte e no Nordeste a situação pouco mudou. Pode-se dizer, inclusive, que estas regiões continuaram a ser colônia, mudando apenas a metrópole de Lisboa para o Rio de Janeiro. Assim, uma revolta anticolonial, anti-lusitana e separatista estoura em Recife, feita por senhores de engenho e população pobre da cidade. Os revoltosos destituem o governador, tomam o poder e declaram a República. A revolta se alastra para a Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas. Um destacamento de Salvador reprime a revolta, fuzilando seus líderes.

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História do Brasil - Aula no 8 - A Independência e o Primeiro Reinado 1. Introdução:

A independência brasileira foi uma revolta contra a recolonização que as Cortes portuguesas propunham e representam uma continuidade com o período joanino. O Império brasileiro surge em crise com guerras, revoltas, movimentos separatistas e crise econômica. A estabilidade só virá na década de 1850.

2. O encaminhamento da ruptura:

. A tentativa recolonizadora: As Cortes foram convocadas tendo uma parcela de representantes brasileiros. No entanto, o projeto da maioria portuguesa era que o Brasil voltasse a ser colônia. Esse é o principal motivo da independência. Os fazendeiros, comerciantes brasileiros e os ingleses não desejavam isto.

. Portugueses, brasileiros e exaltados: Logo, se formaram três ‘partidos’ no Brasil. Os portugueses, totalmente a favor da recolonização; os brasileiros, a princípio contra a ruptura, defendiam uma monarquia dual, depois seriam a favor da independência; e os exaltados ou liberais radicais, a favor da emancipação e da criação de uma monarquia constitucional ou república mais democrática do que o projeto dos brasileiros.

. A independência forjada: D. João VI é obrigado pelas Cortes a voltar a Lisboa em 1821. Antes disso, pega todos os metais depositados no Banco do Brasil e deixa no Rio seu filho d. Pedro, que deveria ser o governador-geral do Brasil e em caso de independência, deveria ser o líder dela, evitando-se radicalismos. Assim, diante da rigidez das Cortes, d. Pedro lidera junto aos brasileiros e exaltados a emancipação em 1822. 3. O primeiro reinado:

. Guerra de independência: Logo, estouram na Bahia e no Pará focos de resistência de tropas portuguesas. D. Pedro reprime essas resistências com o auxílio de mercenários estrangeiros.

. A Constituição da mandioca: A Constituinte brasileira foi convocada em 1822 antes mesmo da independência. O voto era censitário baseado no preço da mandioca, daí o nome da Constituição. Esta nunca chegou a ficar pronta. Em 1823 foi apresentado um anteprojeto dela, tratava-se de uma constituição de monarquia constitucional e parlamentarista, o que foi rejeitado pelo Imperador Pedro que fechou a Assembléia em 1823, desejando uma constituição que lhe desse mais poderes.

. A Constituição outorgada (1824): D. Pedro se alia aos portugueses e outorga uma constituição. Esta era muito similar ao projeto apresentado, porém tinha uma novidade. Além dos três poderes do Estado, havia um quarto poder, o moderador, que prevaleceria sobre os outros. Este poder era o poder do Imperador, que ainda nomearia os membros do Supremo Tribunal, seria o chefe do Executivo e nomearia presidentes de província. A Constituição deveria ainda ser referendada nas câmaras municipais ao longo do Brasil.

. Padroado: Segundo a Constituição, a religião oficial do país é a católica, os padres eram funcionários públicos pagos pelo Estado e o Rei mediava relações do clero nacional com o Vaticano. Era o padroado.

. A repressão: Explodiram revoltas contra a nova constituição. D. Pedro fez uma forte repressão contra estes – constituídos principalmente por exaltados –, fechando jornais, prendendo e exilando ativistas.

. A Confederação do Equador (1824): Uma certa continuação da Revolução Pernambucana de 1817, foi um movimento separatista no Nordeste que obteve êxito provisório. Inicia-se em Recife, onde a Câmara rejeitou a Constituição de 1824. Declara-se uma confederação unindo Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Com contração de empréstimos estrangeiros, d. Pedro suprime a revolta, matando seus líderes.

. O reconhecimento da independência: Mesmo com a declaração de independência, as potências européias – inclusive a Inglaterra – não haviam aceitado a mesma, visto que Portugal não tinha aceitado a emancipação. Os EUA são o primeiro país a reconhecer a independência brasileira, em 1824. Após longas negociações, Portugal aceita a independência em 1825 – e, em seguida, toda a Europa –, mas com uma série de cláusulas. O Brasil pagaria uma dívida portuguesa de 2 milhões de libras para a Inglaterra; as taxas de importação continuariam compulsoriamente em 15%; e o Brasil não anexaria Angola, como pretendido.

. A guerra da Cisplatina (1825-8): Foi a guerra de independência do Uruguai com o Brasil. Eles tinham o apoio da Argentina e da Inglaterra e o Brasil, com crises econômicas e revoltas regionais, perde a guerra.

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História do Brasil - Aula no 9 - O período regencial 1. Introdução:

Em toda a América Latina, os recém-fundados Estados independentes se encontravam em enormes crises políticas e econômicas e em guerras civis. O Brasil não foi exceção, sem fundamentos econômicos sólidos e sem uma organização política estável, encarou uma série de revoltas separatistas na década de 1830.

2. A política na Regência:

. Grupos políticos: Como Pedro II era ainda menor, os parlamentares decidem por uma Regência trina, que durará até 1834. Há no momento três ‘partidos’: restauradores, a favor da volta de Pedro I; moderados, a favor do federalismo e do fim do Senado vitalício; exaltados, que defendiam, além das reformas dos moderados, reformas democratizantes. Os ânimos políticos se acirram, inclusive com confrontos nas ruas.

. Guarda nacional (1831): É criada pela Regência uma guarda constituída pelos cidadãos – só quem tinha liberdade e renda alta – para evitar distúrbios. Vai ser um importante mecanismo de centralização do poder.

. Avanço liberal (1831-7): Moderados e exaltados se aliam e dão o tom do Avanço liberal. O principal legado deles foi o Ato Adicional de 1834, apesar de este ter sido feito em aliança com os restauradores.

. O ato adicional (1834): Esse ato transformava a Regência trina em una, mas mais do que isso, transformava os conselhos de província – meros órgãos consultivos – em Assembléias provinciais, que tinham uma boa autonomia e amplos poderes. O senado permaneceu vitalício, uma concessão aos restauradores.

. Regresso conservador: O Ato Adicional deu margem para que estourassem uma série de rebeliões no período, o que faz com que parte dos moderados se alie aos restauradores contra o Ato Adicional, formando o grupo dos regressistas. Os restauradores não exigiam mais a volta de d. Pedro I, visto que este havia morrido. Um regressista é eleito em 1837 dando início ao Regresso conservador, onde é desfeito o Ato Adicional e inicia-se uma ampla repressão às revoltas regenciais.

3. As rebeliões regenciais:

. Caráter geral das revoltas: Tratam-se de grandes rebeliões contra a centralização e o absolutismo, contra a carestia, muitas vezes anti-lusitanas, a favor das liberdades individuais e com a questão social presente.

. A primeira leva das rebeliões: Antes do Ato Adicional, houve algumas rebeliões pelo país, nenhuma de grande vulto como as da segunda leva, especificadas a seguir.

. Cabanagem (1833-6): A maior de todas as rebeliões regenciais, ocorrida no Pará e estendida ao Amazonas. A revolta se inicia com a rejeição de um presidente de província indicado. Os cabanos – membros da classe popular na província, moradores de cabanas – tomam o poder da província. Como não tinham um programa claro de poder, entram em conflito interno. Uma tropa é enviada do Rio e os cabanos fogem para o interior, voltando depois a Belém e proclamando província desligada do Império. Um forte exército é mandado à região e finda a revolta com 30 mil mortos.

. Farroupilha (1835-45): Também chamada de Guerra dos Farrapos, foi a mais eficiente revolta regencial, tendo em vista seus objetivos. Ao contrário das outras, foi completamente elitista, feita por proprietários estancieiros e charqueadores do Rio Grande do Sul. Estes reclamavam das nomeações ao presidente da província, da alta taxa de importação do sal, da baixa taxa de importação do charque e das altas taxas cobradas nas passagens. A Assembléia provincial destitui o presidente do Rio Grande, empossando Bento Gonçalves e declarando a república Piratini em 1836. Gonçalves é preso, mas a revolta continua. Em 1839, eles tomam Santa Catarina e declaram-na república independente Juliana. Caxias suprime a revolta em 1845, fazendo ampla anistia e concessões aos revoltosos, como a nomeação dos farroupilhas ao Exército.

. Levante Malê (1835): Uma revolta plenamente diferente das outras, foi uma revolta escrava. Escravos de origem muçulmana forjam um plano de tomar Salvador, como forros denunciam a revolta, ela é dominada em apenas três horas, mas a revolta coloca a população livre da cidade em permanente medo.

. Sabinada (1837-8): A única rebelião urbana, junto com a Malê. Levante da classe média liberal de Salvador contra o governo central. Estes tomam o poder provincial e declararam a independência da Bahia. A elite da cidade foge da cidade e organiza a reação. Com o apoio do Rio de Janeiro, retomam a cidade.

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História do Brasil - Aula no 10 - A afirmação do Império 1. Introdução:

No final do período imperial, surge um pacto político que vai dar origem à base política do segundo Império. É a união entre os antigos restauradores e alguns moderadores. Grande parte deles é constituída de fazendeiros de café ou está ligada a estes. São as exportações de café e a força política dos cafeicultores que vai estabilizar econômica e politicamente o Império.

2. A consolidação imperial:

. A Maioridade: Os moderados – agora chamados de liberais – viram-se alijados do poder com o Regresso conservador. Eles tramam, então, um golpe para empossar d. Pedro II mesmo este tendo apenas 15 anos. Eles dão o golpe, conseguindo que todo o primeiro ministério do Segundo Reinado seja constituído por liberais e o país volta a ter imperador, voltando também a ter poder moderador.

. Os partidos políticos do Império: Os dois grupos políticos do final da Regência se organizam em partidos de fato. O partido liberal, mais favorável às autonomias regionais e as liberdades e o partido conservador, mais centralizador, sendo mais ligado ao Imperador ao longo do Segundo Reinado e mais poderoso. Os dois partidos, no entanto, estão assentados essencialmente em grupos sociais similares, ambos são constituídos em sua maioria por proprietários de escravos e de terras. Ambos os partidos são contra o fim da escravidão e contra reformas realmente democratizantes.

. A dinâmica política imperial: Em 1840, logo após o golpe da maioridade e devido ao acirramento das brigas políticas, ocorrem eleições extremamente violentas e fraudulentas, as eleições do cacete. No entanto, corrupção e violência serão marcas da política em todas as eleições do Segundo Reinado. Liberais e conservadores iriam se alternar nos ministérios ao longo do Segundo Reinado.

. O grupo de sustentação do Império, os saquaremas: O partido conservador, ao longo de todo o Império, é mais poderoso do que o partido liberal. Dentro do grupo do partido conservador, há um grupo proeminente que, na verdade, dá o tom da política imperial. São os saquaremas, os conservadores do estado do Rio de Janeiro, ligados à cafeicultura escravista.

. Por trás da estabilidade, o café: Mais importante do que as disputas políticas, para se entender a estabilização política do Império, é preciso entender o que acontece na economia. Desde 1830, o café é o principal produto da pauto de exportações do Brasil, superando o açúcar. E a partir de 1840 e 1850, as exportações aumentarão vertiginosamente, possibilitando ampla arrecadação e amplos superávits na balança comercial. A produção de café se concentrava no Sudeste, mais especificadamente no Vale do Paraíba fluminense – esse o mais importante neste momento –, paulista e mineiro. A produção era feita em grandes fazendas usando basicamente mão-de-obra escrava.

. Tarifas Alves Branco (1844): Neste ano, o Estado imperial modificou as tarifas de importação de produtos estrangeiros com o objetivo de aumentar a arrecadação do Império – já que naquela época, a principal fonte de arrecadação era a alfândega. As tarifas que eram de 15% passariam para 30% para produtos sem similares nacionais e 60% para os com similares nacionais, os tecidos, no entanto, pagavam apenas 20% de entrada. Além do aumento na arrecadação, a medida era uma reação à constante ameaça inglesa ao tráfico de escravos feito para o Brasil e também pretendia defender a indústria nacional. De fato, as tarifas ajudaram no surgimento de uma certa indústria nacional. Outras medidas imperiais, como a isenção na importação de máquinas e o crédito para a indústria ajudaram as fábricas nascentes. Isso tudo não durou muito, em 1860 houve a reversão das tarifas, o que levou à quebradeira de diversas empresas industriais.

3. A última grande revolta regional:

. A Praieira (1848-50): A Praieira pode ser considerada uma revolta regencial tardia, assim como outras pequenas revoltas provinciais menores que existiram ao longo da década de 1840. Tem caráter autonomista e anti-lusitano. Ocorrida em Pernambuco, é uma reação à centralização monárquica e ao jogo político entre liberais e conservadores. Um grupo do partido liberal da província não aceita a alternância de poder entre conservadores e liberais e forma o partido da praia, composto por uma elite emergente da província. Os

praieiros chegam ao poder na província e fazem o mesmo tipo de governo que liberais e conservadores, com

nomeação de parentes para o funcionalismo público e licitações fraudadas. Como os conservadores locais –

guabirus – impedem que os praieiros sejam eleitos senadores, os praieiros entram em confronto armado com

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História do Brasil - Aula no 11 - O auge do Império 1. Introdução:

Em 1850, a Praieira havia sido controlada, as exportações de café batiam recorde, a indústria surgia e a arrecadação aumentava crescentemente. Porém, neste mesmo ano abolia-se finalmente o tráfico de escravos. Era a semente da ruína do Império, já que a base de sustentação deste eram os proprietários escravistas. 2. Características econômicas do auge do Império:

. Estrutura econômica brasileira: Durante a época colonial, a economia brasileira, além de escravista, era eminentemente voltada para a exportação de bens valorizados no mercado europeu. Essas características continuaram essenciais na economia imperial, com as exportações de café – do qual o Brasil se tornou o maior produtor e exportador do mundo no século XIX – e de outros produtos, além do trabalho escravo.

. O rush da borracha: Na segunda metade do século XIX e primeiras décadas do século XX, a borracha produzida na Amazônia se torna um importante produto de exportação. Dominada por empresas estrangeiras, a produção da borracha chegou a ser o segundo item de exportações no início do século XX, com 28% do valor das exportações, sendo o Brasil o maior produtor mundial no período, com 50% do mercado mundial.

. O fim do tráfico (1850): O Brasil se comprometeu várias vezes antes de 1850 a acabar com o tráfico de escravos, mas o Estado nunca se empenhou. A Inglaterra, interessada no alargamento do mercado brasileiro com o fim da escravidão, pressionava insistentemente o Brasil para pôr fim ao tráfico. Em 1845, o Parlamento britânico cria a lei Bill Alberdeen, que permitia aos navios de guerra britânicos a apreensão de navios negreiros brasileiros. Em 1850, aprova-se a apreensão de navios negreiros inclusive em águas territoriais brasileiras, gerando uma série de incidentes, com troca de tiros em portos, furor nacionalista e pedidos de guerra. 400 navios negreiros brasileiros foram capturados pelos ingleses segundo essa lei. Fruto dessa pressão britânica, em 1850, o Congresso brasileiro aprova a lei Eusébio de Queirós, que abole o tráfico de escravos.

. As ferrovias e outras novidades tecnológicas: Diversos empresários e industriais – dentre eles o mais rico e mais conhecido, o visconde de Mauá – interessaram-se pelos capitais dos traficantes de escravos, os homens mais ricos do Brasil. Mauá chega a criar um banco de investimento para atrair esses capitais. De fato, o fim do tráfico fortaleceu mais ainda os investimentos em indústrias e outros empreendimentos que mercaram o auge do Império. São bancos, companhias de navegação a vapor, seguradoras, telégrafos e, principalmente, as ferrovias. A primeira ferrovia foi feita em 1854 e a estrada de ferro Pedro II começou a ser feita em 1855. Muitos desses empreendimentos tinham a presença preponderante de capitais ingleses.

. A lei de Terras (1850): Logo após a abolição do tráfico, foi feita a lei de terras. Essa impedia o acesso de pessoas pobres às terras ao determinar que todas terras devolutas – as terras públicas – seriam adquiridas apenas por meio de compra. Ou melhor, não haveria distribuição de terras públicas.

3. Guerra do Paraguai (1864-1870):

. O Paraguai pré-guerra: Ao contrário do desejo dos grandes comerciantes de Buenos Aires, o vice-reinado do Prata se dividiu em três países: Argentina, Paraguai e Uruguai. O Paraguai vive, desde sua independência em 1811, seguidas ditaduras. Prevalecia um sistema de pequenas e médias propriedades no Paraguai, onde o Estado monopolizava o comércio exterior – baseado em exportações de erva-mate e couro – e tinha controle sobre amplas partes da economia. Para escoar sua produção, o Paraguai tinha que pagar uma taxa à Argentina. Tratava-se de uma potência emergente, que iniciara um processo de industrialização, mandava jovens para estudar no exterior e montava um exército com planos expansionistas sobre o Prata.

. Causas da guerra: O Brasil já intervirá na política interna do Uruguai e Argentina com invasões militares em 1851-2, complicando a política na região. Outra intervenção brasileira no Uruguai em 1864 colocou em perigo a saída do mar para a produção paraguaia. Querendo controlar a saída do rio da Prata, o Paraguai invade o Brasil e a Argentina, objetivando chegar ao Uruguai.

. A guerra: Forma-se contra os paraguaios uma Tríplice Aliança entre Brasil, Argentina e Uruguai que conta com o apoio inglês. O Brasil passa a lutar sozinho em 1866 e para vencer utiliza o exército, a guarda nacional, os voluntários da pátria, os recrutados e escravos com a promessa da alforria com o fim da guerra.

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História do Brasil - Aula no 12 - Decadência do Império 1. Introdução:

Existem vários pequenos fatores que explicam a queda do Império, porém há um fator fundamental: o fim da escravidão em 1888. O Brasil foi o último país do mundo a acabar com esta e continuar havendo escravidão no país seria insustentável. Com o fim desta, cai o grupo de apoio do Império, os proprietários. 2. Fatores da decadência imperial:

. Acirramento das disputas políticas: De 1853 a 1868, prevaleceu a conciliação, onde liberais e conservadores se alternavam pacificamente no poder. Isso termina no meio da guerra do Paraguai levando a um novo momento de acirramento das disputas políticas e radicalização dos confrontos.

. O tráfico interno de cativos: Desde 1850 com o fim do tráfico de escravos atlântico, tem início no país um amplo comércio de escravos internamente. Existem fluxos: interprovincial, de áreas mais decadentes como o Nordeste, para áreas mais dinâmicas, claramente o Sudeste; intraprovincial, de áreas menos dinâmicas para mais dinâmicas em uma mesma província; e interclasses: de classes inferiores para classes dominantes.

. Abolicionismo: Aumentam as pressões externas e internas pelo fim da escravidão. No Brasil, surgem diversos grupos abolicionistas com jornais e atos contra a escravidão. Em São Paulo, organizam-se os caifases na década de 1880, são homens livres que organizam fugas escravas. Paralelamente a isso, aumentavam drasticamente as resistências escravas, com várias fugas, suicídios, assassinatos de senhores e formação de quilombos.

. As leis paliativas: Com toda essa pressão, o Congresso aprova em 1871 a Lei do Ventre Livre, que liberta os filhos de escravos. O Norte e o Nordeste, já com pouquíssimos escravos, votam maciçamente a favor e o Rio Grande do Sul e Sudeste votam amplamente contra a lei. Em 1885, aprova-se a Lei dos

Sexagenários, que liberta os escravos com mais de 60 anos que eram pouquíssimos, na verdade.

. A imigração: Começa-se a pensar em braços alternativos ao braço escravo. Os proprietários paulistas passam a trazer imigrantes europeus para trabalhar nas lavouras, com o pagamento das viagens feito pela província de São Paulo. Na década de 1880, as viagens passam a ser maciças. Os imigrantes vêm e trabalham em condições péssimas, próximas, na verdade, ao regime escravo.

. O movimento republicano: Em 1870 surge no Rio de Janeiro o partido republicano, que logo ganha força em outros estados. Elementos centrais dentro daquele pensamento republicano eram o federalismo e o positivismo. O republicanismo e o positivismo vão ter grande penetração no Exército.

. A questão militar: O imperador se indispõe com uma série de militares simpatizantes à abolição e ao republicanismo que haviam deixado claro em público essas tendências simpatizantes. Um dos punidos pelo Império por estas tendências é Deodoro da Fonseca, que era presidente da província do Rio Grande do Sul e foi destituído do cargo.

. A questão religiosa: Segundo o regime de padroado, o Império brasileiro pagava os padres como funcionários públicos e interferia diretamente dentro dos assuntos da Igreja no Brasil. D. Pedro II se coloca contra a Igreja quando uma bula papal passa a condenar a maçonaria. Bispos brasileiros, seguindo a ordem do Vaticano, haviam suspendido irmandades com maçons. D. Pedro II prende estes bispos, dando princípio a uma grande crise entre a Igreja e o Estado e com o pedido de bispos de separação entre Estado e Igreja.

. A abolição no Ceará e no Amazonas: Com toda a pressão interna e externa e com a resistência escrava, a abolição se tornará inevitável. Primeiramente, províncias que praticamente não tinham mais escravos abolem unilateralmente a escravidão. É o caso do Ceará e da Amazonas em 1884.

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História do Brasil - Aula no 13 - O surgimento da República 1. Introdução:

Não houve nada de revolucionário na proclamação da República, nem se avançou democraticamente com o advento deste regime. Isso fica claro no sufrágio que, segundo novos critérios, fazia com que a República tivesse menos eleitores do que na época imperial.

2. A proclamação e os governos militares:

. A última proposta monarquista: Diante de várias pressões por mudanças, o Imperador manda ao Congresso um grupo de reformas que incluíam: ampliação do eleitorado para todos os alfabetizados que trabalhassem, autonomia dos municípios, liberdade de culto, Senado não-vitalício, aperfeiçoamento do ensino, nova lei de terras facilitando sua aquisição e redução dos direitos de exportação. Essas reformas, se aprovadas, levariam a um regime mais democrático e igualitário do que foi toda a República, porém foi barrado no Congresso pelos senadores. O Imperador, então, dissolve o Congresso e antes da nova reunião, O Império cairia.

. Popularidade do Império: Apesar de toda a crise, o Império estava no auge de sua popularidade, devido à abolição. Um grupo abolicionista chamado Guarda Negra, liderado por José do Patrocínio, atacava convenções republicanas e apoiava a sucessão da Princesa Isabel.

. O golpe: Com o Congresso dissolvido, o general afastado Deodoro da Fonseca lidera o golpe contra o Império, criando um governo provisório (1889-91) e convoca uma Assembléia Constituinte.

. As primeiras medidas e a nova Constituição (1891): Logo que a República foi proclamada, Deodoro tomou algumas decisões que depois foram respaldadas pela nova Constituição: adoção de federalismo, cidadania aos estrangeiros residente, separação entre Estado e Igreja e casamento e registro civil.

. Os grupos republicanos: Havia basicamente dois grandes grupos republicanos. Um era ligado aos interesses dos cafeicultores, majoritariamente os cafeicultores paulistas, era fortemente federalista e defendia poucas mudanças sociais. O outro era o grupo militar, fortemente influenciado pelo positivismo, centralista e defensor algumas reformas sociais. O segundo grupo dá o golpe, mas o primeiro dá o tom da República.

. O federalismo: O federalismo era defendido pelos fazendeiros, em especial os de São Paulo – região onde a cafeicultura mais se expande, desbancando o Rio. Eles se viam prejudicados com a centralização monárquica e desejavam mais poderes para as províncias – agora chamados estados – e, principalmente, que a arrecadação dos estados ficassem nos estados. Isso vai acontecer na República, onde toda a arrecadação com as exportações ficava com o governo estadual e a arrecadação com as importações ficava com a União.

. Os governos militares: O grupo dos militares e o grupo dos federalistas, representados no Congresso, logo entram em confronto. Deodoro toma medidas autoritárias, tenta dissolver o Congresso, mas é obrigado a renunciar. Seu vice, eleito indiretamente, Floriano Peixoto (1891-4) deveria convocar novas eleições, o que não fez, levando a diversas revoltas pelo país.

. Revoltas: Primeiramente, há o Manifesto dos trezes generais em 1892 pedindo eleições diretas para presidente. Floriano reforma esses generais. No ano seguinte, pelo mesmo motivo, há a Revolta da Armada no Rio de Janeiro e a Revolução Federalista no Sul do país, ambas massacradas duramente.

3. O impulso à industrialização:

. A industrialização: Desde a década de 1880, inicia-se no país – especialmente nas cidades do Rio e São Paulo – um processo sólido de industrialização, em função da gradual adoção do trabalho livre e da importação de imigrantes. Essas indústrias receberão capital acumulado no comércio e com a cafeicultura e elas se restringem aos bens de consumo não-duráveis: tecidos, bebidas, alimentos etc. Não há ainda indústrias de bens de consumo duráveis e indústrias de bens de capital relevantes. A produção industrial do Distrito Federal é mais importante do que a de São Paulo inicialmente, isso vai se inverter em 1920, quando a indústria paulista supera a carioca.

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História do Brasil - Aula no 14 - A República oligárquica 1. Introdução:

Após a saída dos militares do poder e a chegada dos civis em 1894, há a vitória do grupo liberal e federalista dos cafeicultores, o projeto destes é imposto como um todo. Uma república baseada nos poderes locais e regionais, com pouquíssima cidadania e com um liberalismo excludente e autoritário, que perdura até 1930 com poucas modificações em seus elementos essenciais.

2. O governo dos cafeicultores (1894-1930):

. Grandes cafeicultores: A base de sustentação de todo esse regime oligárquico vai ser os grandes fazendeiros, em especial os cafeicultores e dentro deste grupo, principalmente os cafeicultores paulistas.

. Política dos governadores: Foi criada pelo segundo presidente civil eleito diretamente, Campos Sales. Essa política tinha por objetivo excluir os conflitos entre a esfera estadual e a esfera nacional e também o conflito entre os três poderes. O presidente da República apoiaria as oligarquias regionais a elegerem seus governadores e estes garantiriam a eleição de parlamentares afinados com o presidente da República. O presidente, assim, tinha base no Congresso e as oligarquias se perpetuavam no poder estadual.

. Política do café com leite: O Partido Republicano era o maior partido do país, no entanto, ele era dividido em partidos estaduais. Assim existia o Partido Republicano Paulista – PRP –, o Partido Republicano Mineiro – PRM – etc. Esses dois estados, Minas e São Paulo, tinham as oligarquias mais fortes e eram os estados mais populosos, com mais votos. Assim, os líderes do PRP e PRM passaram a se revezar na presidência da República, na chamada política do café com leite.

. Justiça eleitoral: Essa é mais uma característica política da Primeira República. Não existia Justiça Eleitoral nessa época, mas sim uma ‘Comissão de Verificação’, fiscalizada pelo Legislativo e pelo Presidente da República. Logo, a fiscalização sempre apoiava o poder oligárquico local.

. Coronelismo: O termo coronel vem da patente na extinta Guarda Nacional. Esses coronéis da República Velha tinham um poder sobre os eleitores locais e impunham esse poder com a ajuda de jagunços. Esse poder local era facilitado pela inexistência ainda da radiodifusão. Os coronéis ganhavam algo em troca dos governantes pelo voto em favor destes. Havia muita fraude e muitos eleitores fantasmas. Os governantes ainda beneficiavam suas famílias e havia muito nepotismo. A cidadania era extremamente restrita.

3. O governo para os cafeicultores:

. Funding loan: O Estado brasileiro se endividou bastante no início da República Velha e a arrecadação era pouca, já que vinha apenas das importações. Para pagar essas dívidas, o governo teve que apelar para um

funding loan, que é uma forma de rolamento da dívida. O governo pegou um empréstimo de consolidação

para pagar dívidas anteriores em 1898. Como hipoteca desse empréstimo o governo colocava a renda da alfândega, ou melhor, se o país não conseguisse pagar a dívida, o governo assegurava que os credores poderiam ficar com a renda dos impostos de importação.

. As valorizações: Com o aumento descontrolado da produção de café, o preço do produto no mercado internacional cai a valores baixíssimos. Em 1906, para resolver o problema, os governadores de São Paulo, Minas e Rio – os maiores produtores de café – reúnem-se em Taubaté e decidem pela primeira política de valorização do café. Segundo esta, esses governos estaduais comprariam a produção excessiva e aumentariam impostos para novas produções. 8,5 milhões de sacas foram compradas entre 1906 e 1910.

. A diversificação nas exportações: O Brasil na Primeira República passa a exportar outros produtos antes não exportados. Assim, a borracha amazônica é exportada. O cacau, o algodão e o fumo além do açúcar no Nordeste. Além dos produtos tradicionais da pecuária, o Sul passa a exportar a erva-mate. Porém, mesmo com toda essa diversificação, o café era o principal produto de exportação brasileiro, fornecendo o país 60% do mercado mundial do produto.

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História do Brasil - Aula no 15 - As Rebeliões da República Velha 1. Introdução:

Toda a imposição dessa república oligárquica excludente e esse cerceamento da cidadania não iriam ficar sem reposta das classes populares. Várias são as revoltas contra a nova ordem antes da década de 1920 e muitas mais depois disso – que veremos na aula seguinte. Algumas de enorme tamanho, como o Contestado. 2. Revoltas rurais:

. Canudos (1893-97): Assim como o Contestado, essa é uma revolta rural, contra a oligarquia e com características messiânicas, com uma religiosidade acentuada.

. Canudos, local livre do mandonismo: Desde 1870, o beato Antônio Conselheiro percorria o sertão nordestino com seus fiéis construindo instituições como igrejas, escolas e orfanatos. Ele e seus fiéis se instalam em Canudos, sertão baiano, formando uma vila com autonomia das oligarquias e produção própria.

. O cerne da questão: Muitos camponeses e empregados de fazendeiros vão para o arraial de Canudos e lá são recebidos. Isso fere o interesse dos fazendeiros da região, que começam a se ver sem braços em suas fazendas. Tantas pessoas para lá foram que a cidade chegou a ter quase 30 mil habitantes. A Igreja Católica passa a condenar Conselheiro e os fazendeiros pedem a intervenção militar no local.

. A repressão: São mandadas quatro expedições para o local e a população do arraial resiste. Faz-se uma propaganda de que se tratava de uma resistência monarquista, o que não era verdade. A quarta expedição com 8 mil homens do exército massacra o arraial em 1897.

. Guerra do Contestado (1912-6): Trata-se da maior revolta do período, ocorre na divisa entre Paraná e Santa Catarina, em uma região contestada pelos dois estados. Assim como Canudos, é uma revolta contra o mandonismo local e messiânica, sendo a comunidade do grupo profundamente religiosa.

. A comunidade: Os monges João Maria e depois José Maria lideram um grupo de pessoas desalojadas pela construção de uma ferrovia, eles são expulsos de todos os lugares que vão. Eles se instalam em um local, fundando lá uma cidade santa, onde fazem sua produção e também saques nas regiões vizinhas. A comunidade sofre sucessivas incursões até ser massacrada em 1916.

. Cangaço ou banditismo social (1870-1940): É característico do Nordeste e constituído por pessoas que saqueavam para poder viver. Seu expoente maior foi Lampião, que atuou na região de 1920 a 1938.

4. Revoltas urbanas:

. Revolta da Vacina (1904), as epidemias no Rio de Janeiro: Durante toda a segunda metade do século XIX, a cidade do Rio de Janeiro foi lugar de várias epidemias terríveis de varíola, febre amarela, peste bubônica e cólera. Milhares de pessoas morriam e não se conseguia erradicar essas doenças.

. As reformas Pereira Passos: Rodrigues Alves (1902-6) foi eleito com o projeto de melhorar o porto e sanear a cidade do Rio de Janeiro. Ele indica como interventor da cidade – prefeito não eleito – Pereira Passos e Oswaldo Cruz para resolver o problema da saúde. A principal reforma é a construção de um novo e moderno porto na cidade. Porém a reforma inclui construção de amplas avenidas, desmontes de morros e caça aos cortiços. As pessoas que viviam nos lugares onde passavam as avenidas projetadas seriam deslocadas à força. Na parte da saúde, houve a caça aos ratos e decidiu-se pela vacinação obrigatória contra a varíola.

. A revolta: A campanha da vacinação obrigatória não teve um esclarecimento prévio da população e esta duvidava da real capacidade da vacina. A população, com o acúmulo da decisão de expulsão de seus lares e obrigação da vacina, revolta-se. Criou-se uma liga contra a vacinação obrigatória, inclusive com a presença de políticos. A insurreição contou com revolta militar, barricadas nas ruas, depredação de bondes, de lojas e órgãos públicos. Houve grande repressão, mas a obrigatoriedade da vacina deixou de existir.

. Revolta da Chibata (1910), as condições dos marinheiros: Os homens da marinha eram muitas vezes recrutados à força dentre os ‘vagabundos’. A posição deles dentro do corpo militar da marinha era similar a de escravos, inclusive com castigos físicos, em especial, as chibatadas.

. A revolta: Os marinheiros de quatro navios se revoltam, matam seus superiores e fazem duas exigências apenas: o fim dos castigos físicos e a melhoria da alimentação. Sob a liderança de João Cândido, ameaçam bombardear a cidade.

Referências

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