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Colégio Planeta. Lista 01. Lista de Filosofia/Sociologia. Data: 30 / 01 / Prof.: João Gabriel. Aluno(a): 3ª Série Turma: Turno: Matutino

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Colégio Planeta

Lista

01

Prof.: João Gabriel

Lista de

Filosofia/Sociologia

Data: 30 / 01 / 2019

Aluno(a): 3ª Série Turma: Turno: Matutino

A palavra filosofia é grega. É composta por duas outras: philo e sophia. Philo deriva-se de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer sabedoria e dela vem a palavra sophos, sábio. Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Filósofo: o que ama a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber. Assim, filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, isto é, deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita.

Atribui-se ao filósofo grego Pitágoras de Samos (que viveu no século V antes de Cristo) a invenção da palavra filosofia. Pitágoras teria afirmado que a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas que os homens podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos.

Dizia Pitágoras que três tipos de pessoas compareciam aos jogos olímpicos (afesta mais importante da Grécia): as que iam para comerciar durante os jogos, ali estando apenas para servir aos seus próprios interesses e sem preocupação com as disputas e os torneios; as que iam para competir, isto é, os atletas e artistas (pois, durante os jogos também havia competições artísticas: dança, poesia, música, teatro); e as que iam para contemplar os jogos e torneios, para avaliar o desempenho e julgar o valor dos que ali se apresentavam. Esse terceiro tipo de pessoa, dizia Pitágoras, é como o filósofo. Com isso, Pitágoras queria dizer que o filósofo não é movido por interesses comerciais - não coloca o saber como propriedade sua, como uma coisa para ser comprada e vendida no mercado; também não é movido pelo desejo de competir - não faz das idéias e dos conhecimentos uma habilidade para vencer competidores ou “atletas intelectuais”; mas é movido pelo desejo de observar, contemplar, julgar e avaliar as coisas, as ações, a vida: em resumo, pelo desejo de saber. A verdade não pertence a ninguém, ela é o que buscamos e que está diante de nós para ser contemplada e vista, se tivermos olhos (do espírito) para vê -la.

A FILOSOFIA É GREGA

A Filosofia, entendida como aspiração ao conhecimento racional, lógico e sistemático da realidade natural e humana, da origem e causas do mundo e de suas transformações, da origem e causas das ações humanas e do próprio pensamento, é um fato tipicamente grego.

Evidentemente, isso não quer dizer, de modo algum, que outros povos, tão antigos quanto os gregos, como os chineses, os hindus, os japoneses, os árabes, os persas, os hebreus, os africanos ou os índios da América não possuam sabedoria, pois possuíam e possuem. Também não quer dizer que todos esses povos não tivessem desenvolvido o pensamento e formas de conhecimento da Natureza e dos seres humanos, pois desenvolveram e desenvolvem.

Quando se diz que a Filosofia é um fato grego, o que se quer dizer é que ela possui certas características, apresenta certas formas de pensar e de exprimir os pensamentos, estabelece certas concepções sobre o que sejam a realidade, o pensamento, a ação, as técnicas, que são completamente diferentes das características desenvolvidas por outros povos e outras culturas.

Vejamos um exemplo. Os chineses desenvolveram um pensamento muito profundo sobre a existência de coisas, seres e ações contrários ou opostos, que formam a realidade. Deram às oposições o nome de dois princípios: Yin e Yang. Yin é o princípio feminino passivo na Natureza, representado pela escuridão, o frio e a umidade; Yang é o princípio masculino ativo na Natureza, representado pela luz, o calor e o seco. Os dois princípios se combinam e formam todas as coisas, que, por

isso, são feitas de contrários ou de oposições. O mundo, portanto, é feito da atividade masculina e da passividade feminina. Tomemos agora um filósofo grego, por exemplo, o próprio Pitágoras. Que diz ele? Que a Natureza é feita de um sistema de relações ou de proporções matemáticas produzidas a partir da unidade (o número 1 e o ponto), da oposição entre os números pares e ímpares, e da combinação entre as superfícies e os volumes (as figuras geométricas), de tal modo que essas proporções e combinações aparecem para nossos órgãos dos sentidos sob a forma de qualidades contrárias: quente-frio, seco-úmido, áspero-liso, claro-escuro, grande-pequeno, doce-amargo, duro-mole, etc. Para Pitágoras, o pensamento alcança a realidade em sua estrutura matemática, enquanto nossos sentidos ou nossa percepção alcançam o modo como a estrutura matemática da Natureza aparece para nós, isto é, sob a forma de qualidades opostas. Qual a diferença entre o pensamento chinês e o do filósofo grego? O pensamento chinês toma duas características (masculino e feminino) existentes em alguns seres (os animais e os humanos) e considera que o Universo inteiro é feito da oposição entre qualidades atribuídas a dois sexos diferentes, de sorte que o mundo é organizado pelo princípio da sexualidade animal ou humana.

O pensamento de Pitágoras apanha a Natureza numa generalidade muito mais ampla do que a sexualidade própria a alguns seres da Natureza, e faz distinção entre as qualidades sensoriais que nos aparecem e a estrutura invisível da Natureza, que, para ele, é de tipo matemático e alcançada apenas pelo intelecto, ou inteligência. São diferenças desse tipo, além de muitas outras, que nos levam a dizer que existe uma sabedoria chinesa, uma sabedoria hindu, uma sabedoria dos índios, mas não há filosofia chinesa, filosofia hindu ou filosofia indígena.

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O NASCIMENTO DA FILOSOFIA

Os historiadores da Filosofia dizem que ela possui data e local de nascimento: final do século VII e início do século VI antes de Cristo, nas colônias gregas da Ásia Menor (particularmente as que formavam uma região denominada Jônia), na cidade de Mileto. E o primeiro filósofo foi Tales de Mileto. Além de possuir data e local de nascimento e de possuir seu primeiro autor, a Filosofia também possui um conteúdo preciso ao nascer: é uma cosmologia. A palavra cosmologia é composta de duas outras: cosmos, que significa mundo ordenado e organizado, e logia, que vem da palavra logos, que significa pensamento racional, discurso racional, conhecimento. Assim, a Filosofia nasce como conhecimento racional da ordem do mundo ou da Natureza, donde, cosmologia.

Apesar da segurança desses dados, existe um problema que, durante séculos, vem ocupando os historiadores da Filosofia: o de saber se a Filosofia - que é um fato especificamente grego - nasceu por si mesma ou dependeu de contribuições da sabedoria oriental (egípcios, assírios, persas, caldeus, babilônios) e da sabedoria de civilizações que antecederam à grega, na região que, antes de ser a Grécia ou a Hélade, abrigara as civilizações de Creta, Minos, Tirento e Micenas.

Durante muito tempo, considerou-se que a Filosofia nascera por transformações que os gregos operaram na sabedoria oriental (egípcia, persa, caldéia e babilônica). Assim, filósofos como Platão e Aristóteles afirmavam a origem oriental da Filosofia. Os gregos, diziam eles, povo comerciante e navegante, descobriram, através das viagens, a agrimensura dos egípcios (usada para medir as terras, após as cheias do Nilo), a astrologia dos caldeus e dos babilônios (usada para prever grandes guerras, subida e queda de reis, catástrofes como peste, fome, furacões), as genealogias dos persas (usadas para dar continuidade às linhagens e dinastias dos governantes), os mistérios religiosos orientais referentes aos rituais de purificação da alma (para livrá-la da reencarnação contínua e garantir-lhe o descanso eterno), etc. A Filosofia teria nascido pelas transformações que os gregos impuseram a esses conhecimentos.

Dessa forma, da agrimensura, os gregos fizeram nascer duas ciências: a aritmética e a geometria; da astrologia, fizeram surgir também duas ciências: a astronomia e a meteorologia; das genealogias, fizeram surgir mais uma outra ciência: a história; dos mistérios religiosos de purificação da alma, fizeram surgir as teorias filosóficas sobre a natureza e o destino da alma humana.

Todos esses conhecimentos teriam propiciado o aparecimento da Filosofia, isto é, da cosmologia, de sorte que a Filosofia só teria podido nascer graças as saber oriental.

Essa idéia de uma filiação oriental da Filosofia foi muito defendida oito séculos depois de seu nascimento (durante os séculos II e III depois de Cristo), no período do Império Romano. Quem a defendia? Os pensadores judaicos, como Filo de Alexandria, e os Padres da Igreja, como Eusébio de Cesaréia e Clemente de Alexandria.

Por que defendiam a origem oriental da Filosofia grega? Pelo seguinte motivo: a Filosofia grega tornara-se, em toda a Antigüidade clássica, e para os poderosos da época, os romanos, a forma superior ou mais elevada do pensamento e da moral.

Os judeus, para valorizar seu pensamento, desejavam que a Filosofia tivesse uma origem oriental, dizendo que o pensamento de filósofos importantes, como Platão, tinha surgido no Egito, onde se originara o pensamento de Moisés, de modo que havia uma ligação entre a Filosofia grega e a Bíblia.

Os Padres da Igreja, por sua vez, queriam mostrar que os ensinamentos de Jesus eram elevados e perfeitos, não eram superstição, nem primitivos e incultos, e por isso mostravam que os filósofos gregos estavam filiados a correntes de pensamento místico e oriental e, dessa maneira, estariam próximos do cristianismo, que é uma religião oriental. No entanto, nem todos aceitaram a tese chamada “orientalista”, e muitos, sobretudo no século XIX da nossa era, passaram a falar na Filosofia como sendo o “milagre grego”.

NEM ORIENTAL, NEM MILAGRE

Desde o final do século XIX da nossa era e durante o século XX, estudos históricos, arqueológicos, lingüísticos, literários e artísticos corrigiram os exageros das duas teses, isto é, tanto a redução da Filosofia à sua origem oriental, quanto o “milagre grego ”.

Retirados os exageros do orientalismo, percebe-se que, de fato, a Filosofia tem dívidas com a sabedoria dos orientais, não só porque as viagens colocaram os gregos em contato com os conhecimentos produzidos por outros povos (sobretudo os egípcios, persas, babilônios, assírios e caldeus), mas também porque os dois maiores formadores da cultura grega antiga, os poetas Homero e Hesíodo, encontraram nos mitos e nas religiões dos povos orientais, bem como nas culturas que precederam a grega, os elementos para elaborar a mitologia grega, que, depois, seria transformada racionalmente pelos filósofos.

Assim, os estudos recentes mostraram que mitos, cultos religiosos, instrumentos musicais, dança, música, poesia, utensílios domésticos e de trabalho, formas de habitação, formas de parentesco e formas de organização tribal dos gregos foram resultado de contatos profundos com as culturas mais avançadas do Oriente e com a herança deixada pelas culturas que antecederam a grega, nas regiões onde ela se implantou.

Esses mesmos estudos apontaram, porém, que, se nos afastarmos dos exageros da idéia de um “milagre grego”, podemos perceber o que havia de verdadeiro nessa tese. De fato, os gregos imprimiram mudanças de qualidade tão profundas no que receberam do Oriente e das culturas precedentes, que até pareceria terem criado

sua própria cultura a partir de si mesmos. Dessas mudanças, podemos mencionar quatro que nos darão uma idéia da originalidade grega:

1. Com relação aos mitos: quando comparamos os

mitos orientais, cretenses, micênicos, minóicos e os que aparecem nos poetas Homero e Hesíodo, vemos que eles retiraram os aspectos apavorantes e monstruosos dos deuses e do início do mundo; humanizaram os deuses, divinizaram os homens; deram racionalidade a narrativas sobre as origens das coisas, dos homens, das instituições humanas (como o trabalho, as leis, a moral);

2. Com relação aos conhecimentos: os gregos

transformaram em ciência (isto é, num conhecimento racional, abstrato e universal) aquilo que eram elementos de uma sabedoria prática para o uso direto na vida.

Assim, transformaram em matemática (aritmética, geometria, harmonia) o que eram expedientes práticos para medir, contar e calcular; transformaram em astronomia (conhecimento racional da natureza e do movimento dos astros) aquilo que eram práticas de adivinhação e previsão do futuro; transformaram em medicina (conhecimento racional sobre o corpo humano, a saúde e a doença) aquilo que eram práticas de grupos religiosos secretos para a cura misteriosa das doenças. E assim por diante;

3. Com relação à organização social e política: os

gregos não inventaram apenas a ciência ou a Filosofia, mas inventaram também a política. Todas as sociedades anteriores a eles conheciam e praticavam a autoridade e o governo. Mas, por que não inventaram a política propriamente dita? Nas sociedades orientais e não-gregas, o poder e o governo eram exercidos como autoridade absoluta da vontade pessoal e arbitrária de um só homem ou de um pequeno grupo de homens que decidiam sobre tudo, sem consultar a ninguém e sem justificar suas decisões para ninguém. Os gregos inventaram a política (palavra que vem de polis, que, em grego, significa cidade organizada por leis e instituições) porque instituíram práticas pelas quais as decisões eram tomadas a partir de discussões e debates públicos e eram adotadas ou revogadas por voto em assembléias públicas; porque

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pública, entre autoridade políticomilitar e autoridade religiosa) e sobretudo porque criaram a idéia da lei e da justiça como expressões da vontade coletiva pública e não como imposição da vontade de um só ou de um grupo, em nome de divindades. Os gregos criaram a política porque separaram o poder político e duas outras formas tradicionais de autoridade: a do chefe de família e a do sacerdote ou mago;

4. Com relação ao pensamento: diante da herança

recebida, os gregos inventaram a idéia ocidental da razão como um pensamento sistemático que segue regras, normas e leis de valor universal (isto é, válidas em todos os tempos e lugares. Assim, por exemplo, em qualquer tempo e lugar 2 + 2 serão sempre 4; o triângulo sempre terá três lados; o Sol sempre será maior do que a Terra, mesmo que ele pareça menor do que ela, etc.).

MITO E FILOSOFIA

Resolvido esse problema, agora temos um outro que também tem ocupado muito os estudiosos. O novo problema pode ser assim formulado: a Filosofia nasceu realizando uma transformação gradual sobre os mitos gregos ou nasceu por uma ruptura radical com os mitos? O que é um mito?

Um mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da Terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da água, dos ventos, do bem e do mal, da saúde e da doença, da morte, dos instrumentos de trabalho, das raças, das guerras, do poder, etc.).

A palavra mito vem do grego, mythos, e deriva de dois verbos: do verbo mytheyo (contar, narrar, falar alguma coisa para outros) e do verbo mytheo (conversar, contar, anunciar, nomear, designar). Para os gregos, mito é um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes que recebem como verdadeira a narrativa, porque confiam naquele que narra; é uma narrativa feita em público, baseada, portanto, na autoridade e confiabilidade da pessoa do narrador. E essa autoridade vem do fato de que ele ou testemunhou diretamente o que está narrando ou recebeu a narrativa de quem testemunhou os acontecimentos narrados.

Quem narra o mito? O poeta-rapsodo. Quem é ele? Por que tem autoridade? Acredita-se que o poeta é um escolhido dos deuses, que lhe mostram os acontecimentos passados e permitem que ele veja a origem de todos s seres e de todas as coisas para que possa transmiti-la aos ouvintes. Sua palavra - o mito – é sagrada porque vem de uma revelação divina. O mito é, pois, incontestável e inquestionável.

Como o mito narra a origem do mundo e de tudo o que nele existe?

De três maneiras principais:

1. Encontrando o pai e a mãe das coisas e dos seres,

isto é, tudo o que existe decorre de relações sexuais entre forças divinas pessoais. Essas relações geram os demais deuses: os titãs (seres semi-humanos e semidivinos), os heróis (filhos de um deus com uma humana ou de uma deusa com um humano), os humanos, os metais, as plantas, os animais, as qualidades, como quente-frio, seco-úmido, claro-escuro, bom-mau, justo-injusto, belo-feio, certo-errado, etc. A narração da origem é, assim, uma genealogia, isto é, narrativa da geração dos seres, das coisas, das qualidades, por outros seres, que são seus pais ou antepassados.

Tomemos um exemplo da narrativa mítica.

Observando que as pessoas apaixonadas estão sempre cheias de ansiedade e de plenitude, inventam mil expedientes para estar com a pessoa amada ou para seduzi-la e também serem amadas, o mito narra a origem do amor, isto é, o nascimento do deus Eros (que conhecemos mais com o nome de Cupido): Houve uma grande festa entre os deuses. To dos foram convidados, menos a deusa Penúria, sempre miserável e faminta. Quando a festa acabou, Penúria veio, comeu os restos e dormiu com o deus Poros (o astuto engenhoso). Dessa relação sexual, nasceu Eros (ou Cupido), que, como sua mãe, está sempre faminto, sedento e miserável, mas, como seu pai, tem mil astúcias para se satisfazer e se fazer amado. Por isso, quando Eros fere alguém com sua flecha, esse alguém se apaixona e logo se sente faminto e sedento de amor, inventa

astúcias para ser amado e satisfeito, ficando ora maltrapilho e semimorto, ora rico e cheio de vida.

2. Encontrando uma rivalidade ou uma aliança entre

os deuses que faz surgir alguma coisa no mundo. Nesse caso, o mito narra ou uma guerra entre as forças divinas, ou uma aliança entre elas para provocar alguma coisa no mundo dos homens.

O poeta Homero, na Ilíada, que narra a guerra de Tróia, explica por que, em certas batalhas, os troianos eram vitoriosos e, em outras, a vitória cabia aos gregos. Os deuses estavam divididos, alguns a favor de um lado e outros a favor do outro. A cada vez, o rei dos deuses, Zeus, ficava com um dos partidos, aliava-se com um grupo e fazia um dos lados - ou os troianos ou os gregos - vencer uma batalha.

A causa da guerra, aliás, foi uma rivalidade entre as deusas. Elas apareceram em sonho para o príncipe troiano Paris, oferecendo a ele seus dons e ele escolheu a deusa do amor, Afrodite. As outras deusas, enciumadas, o fizeram raptar a grega Helena, mulher do general grego Menelau, e isso deu início à guerra entre os humanos.

3. Encontrando as recompensas ou castigos que os

deuses dão a quem os desobedece ou a quem os obedece. Como o mito narra, por exemplo, o uso do fogo pelos homens? Para os homens, o fogo é essencial, pois com ele se diferenciam dos animais, porque tanto passam a cozinhar os alimentos, a iluminar caminhos na noite, a se aquecer no inverno quanto podem fabricar instrumentos de metal para o trabalho e para a guerra.

Um titã, Prometeu, mais amigo dos homens do que dos deuses, roubou uma centelha de fogo e a trouxe de presente para os humanos. Prometeu foi castigado (amarrado num rochedo para que as aves de rapina, eternamente, devorassem seu fígado) e os homens também.

Qual foi o castigo dos homens?

Os deuses fizeram uma mulher encantadora, Pandora, a quem foi entregue uma caixa que conteria coisas maravilhosas, mas nunca deveria ser aberta. Pandora foi enviada aos humanos e, cheia de curiosidade e querendo dar a eles as maravilhas, abriu a caixa. Dela saíram todas as desgraças, doenças, pestes, guerras e, sobretudo, a morte.

Explica-se, assim, a origem dos males no mundo. Vemos, portanto, que o mito narra a origem das coisas por meio de lutas, alianças e relações sexuais entre forças sobrenaturais que governam o mundo e o destino dos homens. Como os mitos sobre a origem do mundo são genealogias, diz-se que são cosmogonias e teogonias.

A palavra gonia vem de duas palavras gregas: do verbo gennao (engendrar, gerar, fazer nascer e crescer) e do substantivo genos (nascimento, gênese, descendência, gênero, espécie). Gonia, portanto, quer dizer: geração, nascimento a partir da concepção sexual e do parto. Cosmos, como já vimos, quer dizer mundo ordenado e organizado. Assim, a cosmogonia é a narrativa sobre o nascimento e a organização do mundo, a partir de forças geradoras (pai e mãe) divinas.

Teogonia é uma palavra composta de gonia e theós, que, em grego, significa: as coisas divinas, os seres divinos, os deuses. A teogonia é, portanto, a narrativa da origem dos deuses, a partir de seus pais e antepassados. Qual é a pergunta dos estudiosos? É a seguinte: A Filosofia, ao nascer, é, como já dissemos, uma cosmologia, uma explicação racional sobre a origem do mundo e sobre as causas das transformações e repetições das coisas; para isso, ela nasce de uma transformação gradual dos mitos ou de uma ruptura radical com os mitos? Continua ou rompe com a cosmogonia e a teogonia? Duas foram as respostas dadas.

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importância dos mitos na organização social e cultural das sociedades e como os mitos estão profundamente entranhados nos modos de pensar e de sentir de uma sociedade.

Por isso, dizia-se que os gregos, como qualquer outro povo, acreditavam em seus mitos e que a Filosofia nasceu, vagarosa e gradualmente, do interior dos próprios mitos, como uma racionalização deles.

Atualmente consideram-se as duas respostas exageradas e afirma-se que a Filosofia, percebendo as contradições e limitações dos mitos, foi reformulando e racionalizando as narrativas míticas, transformando-as numa outra coisa, numa explicação inteiramente nova e diferente.

Quais são as diferenças entre Filosofia e mito? Podemos apontar três como as mais importantes:

1. O mito pretendia narrar como as coisas eram ou

tinham sido no passado imemorial, longínquo e fabuloso, voltando-se para o que era antes que tudo existisse tal como existe no presente. A Filosofia, ao contrário, se preocupa em explicar como e por que, no passado, no presente e no futuro (isto é, na totalidade do tempo), as coisas são como são;

2. O mito narrava a origem através de genealogias e

rivalidades ou alianças entre forças divinas sobrenaturais e personalizadas, enquanto a Filosofia, ao contrário, explica a produção natural das coisas por elementos e causas naturais e impessoais. O mito falava em Urano, Ponto e Gaia; a Filosofia fala em céu, mar e terra. O mito narra a origem dos seres celestes (os astros), terrestres (plantas, animais, homens) e marinhos pelos casamentos de Gaia com Urano e Ponto. A Filosofia explica o surgimento desses seres por composição, combinação e separação dos quatro elementos - úmido, seco, quente e frio, ou água, terra, fogo e ar.

3. O mito não se importava com contradições, com o

fabuloso e o incompreensível, não só porque esses eram traços próprios da narrativa mítica, como também porque a confiança e a crença no mito vinham da autoridade religiosa do narrador. A Filosofia, ao contrário, não admite contradições, fabulação e coisas incompreensíveis, mas exige que a explicação seja coerente, lógica e racional; além disso, a autoridade da explicação não vem da pessoa do filósofo, mas da razão, que é a mesma em todos os seres humanos.

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA:

PHYSIS, COSMOS, ARCHÉ E LOGOS

TEXTO RETIRADO DO LIVRO: “INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA FILOSOFIA: FUNDAMENTOS E TEMAS”

DE JOÃO GABRIEL DA FONSECA.

A tradição contemporânea dos historiadores da filosofia é unanime em considerar a primeira corrente filosófica como aquela que antecedeu Sócrates. Conhecidos por

pré-socráticos, um conjunto bastante diverso de filósofos detiveram

seus interesses investigativos e reflexivos voltadso para a phýsis (natureza), sendo assim chamados de filósofos da natureza ou phýsicos. O termo pré-socrático é meramente formal, já que nada tem de cronológico ou qualitativo. Sócrates, em verdade, teve como contemporâneos vários filósofos qualificados como pré-socráticos. Essa designação pode ainda ser bastante criticada já que colocaria em cheque se a filosofia poderia ser classificada como anterior e posterior a Sócrates. Essa denominação deve-se ao fato de que a partir dele o interesse pela natureza é integrado ao interesse pelo espírito, e, assim, Sócrates seria o primeiro a construir uma filosofia moral.

Conforme aponta Leão e Wrublewski (1993), o paradigma lógos tem um lugar de destaque na filosofia antiga, principalmente entre os pré-socráticos. Eles não foram apenas os antecessores de Sócrates, mas foram verdadeiros e profundos “pensadores originários”, que se consagraram à tarefa de desvendar o enigma da origem e do vir-a-ser da natureza e do universo.

Antes mesmo de adentrar às caracteristicas particulares de cada filósofo, é importante ressaltar as críticas de Friedrich Nietzsche (1844 – 1900) na obra O Nascimento

da Tragédia (1872), Crepúsculo dos Ídolos (1889) e Ecce Homo (1908 – póstuma) a Sócrates e a filosofia grega que apresenta o problema que os helenos tiveram que resolver: de um lado, um mundo apolíneo, como repressão dos sombrios impulsos vitais dionisíacos; por outro lado, a pulsão dionísiaca do fluir e do destruir, o de aprovar a oposição e a guerra, o vir a ser, com radical rejeição até mesmo da noção de “ser”: uma filosofia de marteladas. Sócrates representaria a morte da filosofia. O filósofo alemão diz:

“entre as pré-condições para uma tarefa dionisíaca, é decisiva a natureza do martelo, o prazer mesmo no destruir. O imperativo: “tornai-vos duros!”, é a verdadeira marca de uma natureza dionisíaca”

NIETZSCHE, F. Ecce Homo. Porto Alegre: L&PM, 2003, p. 126.

O próprio Nietzsche em outra obra faz críticas diretas ao pensamento socrático como um marco de surgimento de uma genuína filosofia.

“Seu "conhecer" é criar, seu criar é legislar, sua vontade de verdade é — vontade de poder. Existem hoje tais filósofos? Já existiram tais filósofos? Não têm que existir tais filósofos?”

NIETZSCHE, F. Além do bem e do mal. São Paulo: Cia. das Letras, 1992, p. 118.

Assim, o autor acaba deixando para nós a reflexão que cabe aos pré-socráticos: qual o objetivo da filosofia? A razão aprisiona a possibilidade do conhecer?

A complexidade desse período se esbarra nas poucas fontes que se tem. Caracterizadas por análise, biografias, doxografias, reconstruiremos adiantes algumas das principais teorias pré-socráticos para que você, leitor, possa iniciar estudos e, na medida do possível, investigar um dos períodos mais latentes do pensamento grego.

A filosofia pré-socrática tem definida a sua reflexão: uma explicação racional sobre a origem e ordem do mundo, o kósmos (cosmos, universo).

Esses filósofos, chamados também de cosmológicos se ocuparam principalmente de indagações a respeito do mundo ao seu redor, que também envolviam a percepção do lugar do homem nele. Para Reale (1993, p. 21), antes do nascimento da filosofia os educadores dos gregos foram os poetas, principalmente Homero e Hesíodo. Com a filosofia e sua base racional, se investiga através de sistemáticas características o universo, o todo, substituindo a cosmogonia (explicação baseada em mitos, conforme analisamos no item anterior). Com base nessa racionalidade, os gregos se depuseram a investigar um princípio originário de todas as

coisas ou o arché (substância primordial existente em todos

os seres).

Apresentemos, resumidamente, a teoria de alguns dos principais filósofos deste período, classificando-os em duas grandes correntes: 1) monistas, aquelas teorias filosóficas que defendem a unidade da realidade como um todo; 2) pluralistas, teóricos que admitem que não há um princípio único que explique todo o universo e, sim, vários princípios que, misturando-se, formam a multiplicidade das coisas existentes.

a) FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS MONISTAS

TALES DE MILETO (623 – 546 a.C.) é considerado por muitos especialistas na história da Filosofia como o primeiro grande expoente da filosofia devido sua indagação racional sobre o universo.

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concernente e de tudo que derivam dele se resolvem em todas e para todas as coisas, ou seja, é aquilo que permanece imutável mesmo nas variadas formas que ela assuma.

O filósofo jônico identidica o princípio como ÁGUA, pois constatou que o elemento líquido está presente em todas as coisas, seja no estado sólido, líquido ou gasoso, além de estar presente em todo lugar que exista vida e onde não existe água não existiria vida. Não se há conhecimento de algum livro escrito por Tales e o contato de suas teorias são por via de tradições orais e obras de outros teóricos, tais quais Aristóteles. Como princípio vital, o filósofo de Mileto considera que todos os seres penetrados por água seriam compostos poru ma

psyché ou anima (alma) ao mesmo tempo que tudo seria divino

ou composto por deuses, pois para ele, não existe separação entre o sagrado e o profano fazendo do universo um todo uno e homogêneo.

“Fragmento 7: (...) afasta, portanto, o teu pensamento desta via de investigação, e nem te deixe arrastar a ela pela múltipla experiência do hábito, nem governar pelo molho sem visão, pelo ouvido ensurdecedor ou pela língua; mas com a razão decide da muito controvertida tese, que te revelou minha palavra”.

“fragmentos 53: De todas as coisas a guerra é pai, de

todas as coisas é senhor; a uns mostrou deuses, a outros, homens; de uns fez escravos, de outros, livres”.

“fragmento 80: Se é necessário a guerra (pólemon), sendo união (xúnon), e a justiça, sendo conflito (érin), é também necessidade tudo o que vem a ser segundo o conflito”.

HERÁCLITO. Os Pensadores Originários. Anaximandro Parmênides

Heráclito. Petrópolis: Vozes, 1991. BORNHEIM, G. Os Filósofos Pré- Socráticos. São Paulo: Cultrix, 1993, p. 55.

Como fundador da filsofia da physis, Tales é considerado o “pai da filosofia”, sustentando no princípio originário da compreensão exata de compreender racionalmente o surgimento de todas as coisas.

ANAXIMANDRO DE MILETO (610 – 547 a.C.), discípulo

de Tales e também da cidade Jônica de Mileto aprofundou em várias das temáticas e problemáticas lançadas por seu mestre. Uma dela será a limitação de um elemento específico o criador de todas as coisas. Por meio da observação empírica ele lança a hipótese que uma substância ilimitada de onde nascem o céu e todas as coisas contidas no mundo, chamada de ÁPEIRON.

Esse infinito ilimitado, indeterminado no tempo seria observável? Esse princípio seria a massa que faz gerar os seres do cosmo, contendo em todos em si os elementos opostos (frio e calor) e da evaporação teria surgido o céu, a Terra e os seres vivos.

O cosmo para o filósofo de Mileto seria concebido como algo dinâmico que se transforma e mantém ao mesmo tempo. A observação não é um pressuposto do sentido de olhar (visão) mas, sim, uma comprovação que transcende o visto já que os princípios tradicionais (água, ar, fogo e terra) são vistos mas são derivados de algo maior e mais indefinido.

Seguidor e crítico de Anaximando, o filósofo

ANAXÍMENES DE MILETO (588 – 524 a.C.), como aponta

hipóteses, defendeu teses de astronomia onde a Terra estaria assentada sobre o ar e a luz da Lua é reflexo da luz do Sol.

Concordando com seu mestre de que a origem de todas as coisas é indeterminada, apenas discordou em relação ao

arché. Para ele, o princípio originário não poderia ser algo fora

dos princípios da racionalidade observável, como por exemplo o apeiron.

Anaxímenes incorporou o AR como princípio de todas as coisas. Mais concreto do que o apeiron e mais sutil que a água, o grego jônico considera o ar como pressuposto de nossa própria existência. Através da condensação e rarefação se formariam os outros elementos como água, terra e fogo. Composto fundamentalmente pelo ar, Anaxímenes conclui que o ar compõe a respiração universal do cosmos.

Um dos teóricos monistas mais complexos entre os pré-socráticos foi HERÁCLITO DE ÉFESO (535 – 475 a.C.). Nascido

no seio das classes nobres governantes de Éfeso (cidade ocidental da Ásia Menor, próxima à atual Selçuk, província de Esmirna, na Turquia), ele foi consuderado “O obscuro” e entrou no cenário da pesquisa filosófica, quando a filosofia grega, ainda em seus primórdios, tentava explicar a arché das coisas, a harmonia do xosmos e a gênese da natureza.

Tais quais os outros, Heráclito tinha como objetivo investigar a fonte originária que constituíam o Universo. Heráclito é o primeiro filósofo a conceber a realidade como uma síntese de contrários, reconhecer isto é afirmar que só há conhecimento a partir da unidade dos opostos. Utilizado por Hegel e Karl Marx no século XIX da nossa era, Heráclito tenha dado bastante contribuição no que tange a dialética (arte da contradição).

De acordo com o filósofo de Éfeso, essa unidade é uma luta (pólemos) tende para a harmonia. Dessa forma o

logos é visto como devir e a realidade como processo.

Nisto está colcoada sua filosofia: no entendimento da luta dos contrários, ou seja, o devir (cupa-se pura e simplesmente com o fluxo das coisas) e o processo como transformação. Assim, há em Heráclito duas formas de pensar: apreende as coisas de imediato representando-as para si e, por fim, compreende as coisas como desdobramento do comum, ou seja, do logos.

Assim, para Heráclito, filosofar é negar o imediato e buscar o absoluto pela mediação reflexiva. Desta máxima, o filósofo conclui que a guerra de opostos é a mãe de todas as coisas que teria de ser o FOGO, governando os seres por chamas vivas e eternas.

A medida desse fogo é controlada pelo pensamento e pela razão, que unifica as tensões opostas dando origem à inteligência. Assim, o fogo (figura do devir) se umidifica (oposição ao devir) tornando-se terra (síntese) e depois volta ao fogo. Isso será a base da dialética de Hegel e Marx, conforme apontamos anteriormente.

PARMÊNIDES DE ELEIA (510 – 470 a.C.), também

filósofo da Magna Grécia, carrega um conjunto de explicações que outrora divergiam de seus antecessores. De acordo com ele, confiar nos aspectos dos sentidos seria demasiado negativo já que o arché (essência de todas as coisas) não poderia estar naquilo que está na mudança, mas sim, na permanência.

Parmênides, a razão era a capacitadora mudança do ser. Em suas palvras “o ser é ou não ser não é”. Apesar da obviedade da afirmação, podemos concluir que a afirmação “o ser é” condiz com algo que é eternamente, imutável e imóvel.

O arché de Parmênides é o SER constituído como algo pleno, uno, contínuo. Se o ser é, o não ser não é: a negação do ser não existe em si. Sendo assim, o caminho do cosmos é o ser, pois só há o ser. O não-ser não é, o não-ser não há. Se fosse, ele seria. Não se trata aqui de mero artifício lógico.

O que Parmênides descobre é que não há como escapar ao ser. Se por acaso dizemos "não-ser" relativamente a qualquer coisa que seja, isto só pode ser ilusão, pois o que assim é nomeado, está já mergulhado na dimensão do ser. A imobilidade é a maior característica do ser.

Outro teórico de suma importância é ZENÃO DE

ELEIA (488 – 430). Quase não se sabe literalmente da obra e

do pensamento de Zenão de Eleia. Há apenas quatro fragmentos do livro que ele teria escrito, três preservados por Simplício da Silícia (490 – 560 d.C) e um por Diógenes Laércio (200 – 250 d.C.). Dando continuidade na obra de Parmênides, Zenão reelabora teses para comprovar que o movimento era algo inviável e contraditório. A tese fundamental de Zenão é o PARADOXO de Zenão.

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ponto Y 10m a frente do ponto X onde Aquiles está e, ainda, que a velocidade de Aquiles seja 10 vezes a da tartaruga.

Então, quando Aquiles sai de A e chega a B a tartaruga já terá se movido uma distância e estará em um outro ponto. Aquiles estará sempre se aproximando da tartaruga mas eles nunca estarão em um ponto em mesmo ponto simultaneamente. Ao exemplificar isso, ele quis comprovar que a mudança não é o princípio verdadeiro de todas coisas e, sim, a permanência tal qual teorizado por Parmênides.

O último filósofo monista que trataremos será

XENÓFANES DE CÓLOFON (570 – 475, a.C.). Em suas teses fundamentais estão, conforme aponta Antiseri (1993), as críticas às concepções dos deuses que Homero e Hesiodo haviam fixado pelo modo grego de reverenciar e na própria religião pública e do homem grego em geral.

Para o filósofo, Deus não poderia ser concebido em formas humanas (antropomorfismo) onde ele afirma que este é uma divindade una, superior entre os deuses e os homens, nem por figura semelhante ao pensamento dos homens.

O Deus-Cosmo é o princípio das coisas sendo esta a sua carcterísitca de dimensão cosmológica. Em relação a natureza, essa concepção de divindade não é contraditória em relação aos antigos: ele considerava a Terra como o princípio de todas as coisas “Tudo nasce da terra e na terra termina".

b) FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS PLURALISTAS

Comecemos por aquele que foi considerado o fundador da Escola Atomista: LEUCIPO DE ABDERA (nascido e falecimento também no século V a.C.). Há pouquíssimas fontes sobre suas teses que foram aprofundandas por Demócrito, seu seguidor. Mas a ele está inclusa a tese de que uma matéria pode ser dividida até chegar em uma pequena partícula indivisível chamada ÁTOMO.

À ele também é responsabilizado como um teórico que visava superar os problemas propostos pelos Eleatas sobre ser e existência, permanecendo no âmbito da physis, o Eleatismo, permanecendo a descoberta do conceito de átomo bastante utilizado na química.

Seu sucessor, DEMÓCRITO DE ABDERA (460 – 370 d.C), que foi contemporâneo a Sócrates (refutando a tese de ele ser temporalmente um pré-socrático), apresenta a tese de que os princípios de todas as coisas são os ÁTOMOS e o VAZIO.

Para ele, os mundos são ilimitados e sujeitos à geração e à corrupção. Nada poderia ser engendrado a partir do não ser. Os átomos são ilimitados em grandeza e número, e animado por um movimento em turbilhão no universo. Essas duas realidades, bem como o movimento, não podem ser percebidas pelos sentidos, apenas pelo intelecto. Portanto, o filósofo de Abdera distingue duas formas de conhecimento, o conhecimento inteligível (o único, aos seus olhos, que possui legitimidade, pois somente ele pode alcançar a verdade, ou seja, de que tudo é constituído de átomos e vazio), e o conhecimento sensível (bastardo, incapaz de perceber a verdadeira realidade). Para Demócrito, a permanência, aquilo que é, o Ser, é representado pelo átomo, responsável pela gênese de todas as coisas e de todos os mundos, a partir do entrechoque dos átomos.

PITÁGORAS DE SAMOS (570 – 495 a.C.), além de ser

considerado um dos pais fundadores da matemática ao lado de Tales de Mileto, foi um dos predecessores da filosofia. A ele é atribuído o temo filosofia (phylosophia) e seus sucessores e seguidores, os pitagóricos, um sistema político aristocrático baseado nas novas camadas sociais dedicadas especialmente ao comércio. Também, considerado um dos pais fundadores da geometria teve como temas de estudos as estruturas do universo, razões e proporções, além de elaborar teorias que vinculavam a música, os espaços e os números como perfeição da natureza. Conforme outros autores, Pitágoras detinha-se sobre o conhecimento oral, fazendo com que o contato de hoje com as suas teorias se dê principalmente pelas análises de outros autores além dos próprio pitagóricos que o veneravam como divindade.

Pitágoras perderia a alcunha de ser um filósofo naturalista pois indicava o NÚMERO e os COMPONENTES

DO NÚMERO

como o princípio, invertendo a lógica de seus contemporâneos que indicava os elementos da natureza. Assim, para o filósofo, existe em todas as coisas uma regularidade matemática numérica que produziu uma grandiosa mudança de perspectiva fazendo com que os sons e a música se tornassem grandes meios e objetos de purificação. Os sons são trudizíveis em determinações numéricas e métricas, por exemplo, quando tocar em duas cordas do mesmo material sob a mesma intensidade e sendo a primeira o dobro do comprimento da segunda, a corda mais curta irá emitir um tom uma oitava acima da corda mais longa já que sua frequência tem o dobro do valor.

Aristóteles na sua magistral Metafísica faz uma análise apontando que os pitagóricos são os predecessores do que convencionou-se denominar o número como os primeiros elementos.

“Contemporaneamente com estes filósofos [os primeiros filósofos], e antes deles, os pitagóricos, como são denominados, devotaram-se à matemática; eles foram os primeiros a dedicarem-se ao avanço deste estudo, e nutridos destas ciências, pensaram que seus princípios eram os princípios de todas as coisas. Desde que destes princípios, os números são, por natureza, os primeiros, e nos números eles pareceram ver muitas semelhanças com as coisas que existem e vêm a ser [mais do que qualquer dos elementos].”

ARISTÓTELES. Os Pensadores [Tópicos, Dos argumentos sofísticos, Metafísica I e II, Ética a Nicômaca, Poética]. São Paulo: Abril, 1973, pp.

O número de ouro que ficaria desenvolvido por Leonardo Fibonacci no século XIII da era cristã, é considerado por vários estudiosos como um símbolo de harmonia e uma representação da natureza em sua perfeição nas artes e na vida em geral. De acordo com Diógenes Laércio, Pitágoras revoluciona o campo da geometria por descobrir os seus princípios por teoremas, nã mais pela observação empírica e, sim, pela intelectualidade hipotética. Nesse âmago foi ele que descobre que em um triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos, teoria reconhecida como Teorema de Pitágoras. Por fim, tal teorema permite considerar que o cosmos (inteligente, animado, harmônico e perfeito) é governado pela beleza e dá-se um destino final a ele.

O filósofo italiota EMPÉDOCLES DE AGRIGENTO (490 – 430 a.C.), é considerado um dos pais da medicina e da fisiologia. Para ele, os QUATRO ELEMENTOS primordiais (terra, água, fogo e ar), tem por característica essencial o fato de não estarem submetidos à mudança, ou seja, elas existem sempre e são as únicas realidades existentes.

No entanto, Empédocles adiciona duas outras forças chamadas de amor e discórdia, que atuam sobre estes quatro elementos. Para ele, a existência dos elementos são externos e não mudam em quantidade, ou seja, para mais ou menos, conforme à associação e dissociação; a eles se acrescentam os princípios propriamente ditos, pelos quais os quatro elementos são movidos, o Amor (para uni-los) e a Discórdia (para separa-los).

Apresentemos agora o último autor pluralista selecionado. ANAXÁGORAS CLAZÔMENAS (500 – 428 a.C.), foi um dos filósofos pré-socráticos que mais se preocupou com os fenômenos relacionados com a transformação, por exemplo, um ser em outro, semente em planta, etc. O autor considerava que os animais seriam frutos do resuldato de umidade, calor e da terra.

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ainda ser divididas quantas vezes for necessário fazendo dela algo eterno e cada parte outra eternidade.

Para ele, essas sementres chamada de

HOMEOMERIAS (partes semelhantes ou qualitativamente igual)

constituíam massas gerais sem distinção alguma. Após isso, uma inteligência cósmica produziu uma mistura ordenada de onde vieram todas as coisas. Essa natureza cósmica e divida fazia nascer as coisas. Assim, cada uma das coisas são misturadas e bem ordenadas de modo que cada medida quanto mais reduzida fosse carregaria características do elemento primordial. Assim, tudo está em tudo e todas as coisas tem parte da cada coisa específica, logo, a inteligência que governa o mundo tem inteligência ilimitada.

“E não te esqueças, meu coração, que as coisas humanas apenas mudanças incertas são”.

Arquíloco

(poeta grego – século VII a.C.)

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