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Representações sociais e práticas produtivas. - Portal Embrapa

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Academic year: 2021

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Lucimar Santiago de Abreu'

INTRODUÇÃO

Este trabalho é .oltado para questl\es teóricas e metodológicas, e aborda as implicações resultantes da interação entre o universo social e a natureza, tem como obJet .. o responder às questl\es ~ocadas no debate atual e que est~o vinculadas

à

preocupação de entendermos a natureza da sensibilidade e~ógica das populações humanas, Partimos do pressuposto de que valOfes sócio-culturais ligados a prudência ecológica pode ser medidos pelo grau de sensibilidade ecológica das populaçOes e que para tanto, é impOftante compreender, reconstf\llr e introduzir nos estudos de desenvolvimento sustentável, o ponto de Vista dos diferentes atores sociais.

As allvldades humanas correspondem ao núcleo da problemática do desenv~vlmento sustentável, ou dito de uma outra maneira, da relação homem -natureza, na medida em que representam um elo de ligação entre tais atividades e o ambiente natural. ~ também através das allvldades humanas que se estabelecem os processos de emergênCia dos problemas ambientais ou ecológicos O Moresclmento, a expansão da consdêncla ou da representação social de risco, podem gerar mudanças de alltlides e comportamento sociais face ao meio natural. Mas o que

é

uma representaç~o social?

DESENVOLVIMENTO E DISCUSSÃO CONCEITUAL

Em "Algumas fOfmas primillvas de classiftcaçao", Durkheim e Mauss, (1903), buscam compreender a Ofigem dessa tendência do homem estabelecer classificações Os autores se perguntam de que modo somos levados a reunir em classes seres que

se

assemelham encerrando-os em limites determinados que chamamos de um gênero ou de uma espécie, etc. Classificar nao

é

somente

, RESUMO EXP/IIIIOIDO. I Culg .... o s....lloiro do Agrooeologla _ Pono Alog .. IRaS._ Nol'OMbro,200l

'Pesquisadora <Ia Emb<apa Melo Ambjenle, Er>genr.e;;a Agr\'Jnoma, DouI<>ra em CiMcia. SoQ8i.

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constituir grupos, afirmam os aut()(es, mas dispor esses grupos segundo relações especiais, uma ()(dem hierárquica, uma determinada forma. Durkheim e Mauss estudam as classifk:ações mais rudimentares feitas pelos homens, a fim de ~er com que e~mentos foram construidas. Os sistemas de classlficaç.'lto, exatamente como os sistemas de classificação cientificos, ~isam a tornar inteligi~els as

relações existentes entre os seres Tais classifk:ações s<1o, antes de tudo, destinadas a unificar o conhecimento

Em seu estudo wbre ·Representações, classificações como o hO/lJf!m

pensa suas relações com o meio naturat", Friedberg'(1992), considera que o conceito de representaç.'lto aparece na própria or~em da introdução das ciências sociais nos programas interdisciplinares, ligado

à

divulgação de técnk:as

produtivas de expl()(ação ou de gestão do meIO

O papel das representações toi reconhecido no passado, e os profissionais da extensão agricola freqüentemente defrontam-se com dificuklades ao tentarem introdUZir no~as técnicas no meo rural, atribulndo·as entao

à

"mentalidade tradk:lOnal",

à

reslstêrlCla

à

mudança, ou

à

simples incompreensao das novas técnicas de gestão e expl()(ação ( Friedberg, 1992)

Estudos como os de Darré, (1985), Salmona & Vries, (1974), citados p<l( Friedberg, demonstraram que as reticênCias dos atores não eram devidas a uma incompreensão, mas ao fato de suas escolhas

se

inscreverem dentro de uma outra lógica, dlsllnta da lógICa daqueles que tomam decls6es. Essa lógk:a era

fundada em critérios ligados ao modo de gestão dos recursos naturaiS,

à

situaç.'lto econ6mica e, também, aos objetivos SÓCiOS culturaiS, ou seja, as escolhas estavam relacionadas ao fato de possuirem representações diferentes do meio ambiente Para Frledberg (1992), a discuss<1o interdisciplinar travada sobre o assunto' traduzlu"se no reconhecimento, por parte dos pesqUisadores das

"Repre""'t3oQ1'>e', da.,"~caçOe., como o homem pensa """. 'elaçOe' com o meio natual' ""90

<ientlfloo P<Jblicado M livro Sc>enres de la NatUf!> SOOnce$ de la So<;iété: Les Pasreull! de

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ciências naturais, da imponãOCla de se Ie~arem em coota as práticas e as repreS€ntaç/'les que as sustentam

As constataç6es a que chegaram os estudos aqui citados cok>cam em

questão noções preestabelecidas de atguns ecótogos, agr6nOlnOS e de economistas, e geram e~k!ências no S€mldo de compro~ar que certas escolhas

técnicas sào efetuadas petos atOfes a partir de uma expenêncla prátk:a

acumutada, que leva em conta as variaç6es climáticas, associadas a condiç6es e vatores socloculturais; enquanto que o critério ecoo6mk:o n.'l:o deS€mpenha

necessariamente papel esS€nciat

Segundo Relgota, M. (1995) nas repreS€ntaç6es sociais podem S€r

encontrados os conceitos e noç6es da forma como fOfam a!'feendidos e internafizados pelas peSSO<lS Adotamos neste trabalho o conceito de

repreS€ntaç.'l:o social como um sistema de vafores de noç/'les e de !'fáticas

(Moscovici (1976) apud BlllaOO, & Soudiere,1987)

PRÁTICAS E REPRESENTAÇOES SOCIAfS

As atividades de produção estão figadas ás diferentes formas de uso do

meio naturaf pelas populações locais. em função basicamente de suas técnicas e

do grau de inS€rç.'l:o na economia monetária e comerCiai. As repreS€ntaç/'les dos agrk:ultOfes podem S€r ~isualizadas nas práticas e técnicas agrícolas, m€lliadoras da relação desS€s homens com o meio natural. Essas prátk:as e representações

tornam-se fomes de éticas e compilem, a nosso ver, um mosaico de combinações difereOCladas (Sillaud & SoOOlere 1989), de maneira que as representações e as percepções dos atores sociais de~em ser estudadas em conexão estreita com as prátk:as. eVitando assim reduzir as repreS€ntaç6es a um repertóno dos saberes e

do

s

av

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-

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e

popular. As prátk:as. por sua vez, de.em ser vistas dentro dos

contextos técnk:os, econ6mlcos e ambientais em que S€ situam (cf. BlllaOO &

Soudiêre 19B7). A noção de prátk:as e repreS€ntaçl\es aqui empregada, portanto,

não S€ reduz a "saberes tradicionais", já que incluímos como objeto de imeresse

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CONCLUSOES

o enfoque aqui adotado enfauza a natureza social das representações e das prátk:as produtl~as, ele de~e ser adotado, em pank:utar, em estlKlos

desen~~vldos em áreas amblentalmente diversificadas e ecologicamente sensi~eis, onde a preocupação com a sustentabilidade

é

crucial. Portanto, as representações sociais de~em ser consideradas e os poIltos de vistas dos atores devem ser introduzidos nas formulações de politk:as de desenvol~lmenlo suslentável. Assim, a concepção por IlÓS apresentada distingue, no problema ambiental, uma dupla almensão natural e social, em que as prátk:as produtivas funCionam como elementos de mediação das relações humanas com os recursos naturais. Assim, a percepção, represenlação ambiental

é

a compreensão social da eXistência de uma interdependência de relações entre a esfera social e a ecológica.

LITERATURA CITADA

Abreu, I. S de. 2002. A construção social da relaç!!o com o meio ambiente' Análise das percepções e representações sociais de risco ecológico em um mUlllcip~ da Mata Atlântk:a BraSileira. Tese de Doulorado apresentada no Instituto de Filosofia e CiênCias Humanas da UNICAMP. Campinas. sao Paulo. 374p

BILLAUD, J. P e ABREU, L S. de. 1999. "A experiênCia social de risco eooógico como fundamento da relação com o meio ambiente- Cadernos de Ciência &

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DURKHEtM, ~. & MAUSS, M. Algumas formas primitIVas de classlficaç/jo Ensaios de sociok>gla S~O Paulo: Atica, sd. pp.399 - 458

FRtEDBERG, C. 1992 Représentaüon, classlficanon comment I'homme pense ses rappons au mllieu naturel. In. JOlLlVET, M. (org), $eiences de la Narure, Sc/€nees de la SoeMté. Les Passeurs de Frontléres. Paris, CNRS, pp. 357-371

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MOSCOVICI, s. 1976. La psichanalyse Son image el son public. Pans, Presses

Unl~ersltalres de France. M05COVICI, 5. 1976. La pSlchanalyse Son image el

son publIC. Paris, Presses Unl~ersltalres de France.

REIGOTA, M. 1995. Meio ambiente e repmsenlaçllo soc/al. sao Paulo. Coleçao

Referências

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