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Fatores de risco e seu reconhecimento: como a ignorância e a adoção de estratégias podem influenciar no desenvolvimento de doenças cardiovasculares

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN ESCOLA MULTICAMPI DE CIÊNCIAS MÉDICAS - EMCM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, TRABALHO E INOVAÇÃO EM MEDICINA

VANESSA DIAS DE ARAÚJO BARRÊTO

FATORES DE RISCO E SEU RECONHECIMENTO: COMO A IGNORÂNCIA E A ADOÇÃO DE ESTRATÉGIAS PODEM INFLUENCIAR NO DESENVOLVIMENTO

DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES

CAICÓ/RN 2019

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VANESSA DIAS DE ARAÚJO BARRÊTO

FATORES DE RISCO E SEU RECONHECIMENTO: COMO A IGNORÂNCIA E A ADOÇÃO DE ESTRATÉGIAS PODEM INFLUENCIAR NO DESENVOLVIMENTO

DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação, Trabalho e Inovação em Medicina da Escola Multicampi de Ciências Médicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como cumprimento parcial das exigências para a obtenção do título de Mestre em Educação, Trabalho e Inovação em Medicina.

Área de concentração: Determinação do Processo saúde-doença

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Ricardo Fernandes de Araújo

CAICÓ/RN MAIO DE 2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Dr. Paulo Bezerra - EMCM/RN

Barrêto, Vanessa Dias de Araújo.

Fatores de risco e seu reconhecimento : como a ignorância e a adoção de estratégias podem influenciar no desenvolvimento de doenças cardiovasculares / Vanessa Dias de Araújo Barrêto. - Natal, 2019.

57f.: il.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Escola Multicampi de Ciências Médicas, Pós-Graduação em Educação, Trabalho e Inovação em Medicina.

Orientador: Sérgio Ricardo Fernandes de Araújo.

1. Doença cardiovascular. 2. Doenças - Fatores de risco. 3. Hipertensão arterial sistêmica. 4. Doenças - Prevenção. 5.

Conhecimento. I. Araújo, Sérgio Ricardo Fernandes de. II. Título. RN/UF/Biblioteca Setorial Dr. Paulo Bezerra CDU 616.12

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Dedico este trabalho à minha família, que me faz acreditar que nenhum obstáculo durante a jornada da vida é intransponível.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, fonte de vida, pela consciência, força e coragem de concentrar minhas aptidões em direção ao absoluto divino.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN pelas ações de consolidação da política de interiorização da Educação Superior e seu consequente impacto transformador da realidade.

Ao Programa de Pós-Graduação em Educação, Trabalho e Inovação em Medicina – PPGETIM, da Escola Multicampi de Ciências Médicas – EMCM da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela disponibilidade de infraestrutura, material e, especialmente, recursos humanos de excepcional qualidade.

Ao Prof. Dr. Sérgio Ricardo Fernandes de Araújo pela paciência, competência, dedicação e exemplo como professor e orientador. Sua agilidade e segurança no esclarecimento das dúvidas foram cruciais para a conclusão desta dissertação.

À amiga e Profª. Drª Ione Rodrigues Diniz Morais, pelo estímulo, brilhantismo, convívio e ensinamentos recorrentes.

Aos nobres professores que compartilharam suas vivências e saberes e permitiram transformar ideias em realidade, sem os quais nada disto seria possível.

A cada paciente que, mesmo diante da fragilidade da doença, aceitou participar desta pesquisa e permitiu seu desenvolvimento.

À Unidade Hospitalar Regional do Seridó por ter permitido desenvolver este trabalho em suas dependências.

Ao amigo e médico cardiologista Dr. Vander Weyden Batista de Sousa pela valorosa contribuição na sensibilização dos pacientes.

Ao discente de medicina Pedro Henrique Brasil de Medeiros pela inestimável colaboração na coleta de dados.

À equipe multiprofissional de saúde da Unidade Básica de Saúde “Nair Dantas de Brito” do bairro Boa Passagem, pela acolhida e disposição em permitir ações de educação em saúde para a população circunscrita.

À Samara Lima dos Santos Souza, amiga, colega de trabalho e extraordinária profissional, que foi a principal estimuladora para o início deste percurso de pós-graduação.

Aos colegas de curso pelo desbravamento e superação conjunta de cada obstáculo surgido durante a jornada.

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Aos meus pais, Adalcina e Vanderli, pelo exemplo de pessoas corajosas, honestas, éticas e moralmente irrepreensíveis, que sempre viram na educação a melhor forma de se construir a própria história, “semeando com sabedoria e colhendo com paciência”.

Aos meus irmãos, Vanderson e Valesca, pela parceria e apoio inequívocos, apesar de nem sempre concordamos.

Aos meus sogros, Ozanete e Luiz, por serem os melhores exemplos nos quais eu poderia me espelhar.

À Mara Rejane e Ozede Nóbrega pela disposição e ajuda com as questões ligadas às normas de formatação textual.

Aos amigos, que compreenderam a ausência em vários momentos durante esta trajetória e mantiveram seu apoio e torcida para que ela se encerrasse com êxito.

A Diego, companheiro desta e de outras vidas, pelo amor, compreensão e incalculável paciência.

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Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo…

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RESUMO

JUSTIFICATIVA E OBJETIVO: As doenças cardiovasculares (DCV) afetam todos os grupos sociais, causando imenso impacto nos gastos públicos em saúde, além de gerar considerável número de mortes prematuras. O surgimento de morbidades associadas às DCV requer significativos investimentos em pesquisa, vigilância, prevenção, promoção da saúde e defesa de uma vida saudável. Com base nisso, o presente trabalho teve como objetivo analisar a importância do nível de conhecimento de pacientes portadores de DCV para a prevenção das referidas doenças. MÉTODOS: Trata-se de um estudo epidemiológico observacional e transversal realizado a partir da coleta de dados de prontuários clínicos e entrevista de pacientes, de ambos os sexos, portadores de DCV internados na Unidade Hospitalar Regional do Seridó (UHRS), na cidade de Caicó/RN, com análise de dados socioeconômicos e informações relacionadas aos hábitos alimentares/cotidianos, Fatores de Risco (FR) para DCV e ao decurso da doença que provocou o internamento, utilizando-se o teste do qui quadrado, adotando-se nível de significância de 5%. Foram calculadas as razões de prevalência (RP), ajustadas por idade e escolaridade, e respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%) por meio de regressão de Poisson. RESULTADOS: Foram investigados 41 indivíduos, sendo a maioria indivíduos do sexo masculino (82,9%), com idade entre 60 – 69 anos (19,5%, com média de 65 anos), autodeclarados pardos (61%), com ensino fundamental completo (61%) e rendimento mensal de até 1 salário mínimo (63,5%). A DCV mais incidente foi o IAM (68,3%), os principais FR identificados foram baixa alfabetização (82,9%), HAS (78%), sedentarismo (73,2%) e tabagismo (65,9%). Além disso, 48,8% informaram que desconhecem o que seja um FR. CONCLUSÕES: A grande prevalência e simultaneidade desses FR mostra a necessidade e importância do fortalecimento das políticas públicas de saúde e das equipes multiprofissionais de saúde, no sentido de reconhecer precocemente os FR, além do desenvolvimento de mais ações de educação em saúde no âmbito da Atenção Primária à Saúde.

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ABSTRACT

JUSTIFICATION AND OBJECTIVE: Cardiovascular diseases (CVD) affect all social groups, causing immense impact on public health expenditures, besides generating a considerable number of premature deaths. The appearance of morbidities associated with CVD requires significant investments in research, surveillance, prevention, health promotion and the defense of a healthy life. Based on this, the present work had the objective to analyze the importance of the level of knowledge of patients with CVD for the prevention of these above-mentioned diseases. METHODS: This is a observational and cross-sectional epidemiological study based on data collection from clinical promptuaries and interview of patients of both genders, patients with CVD hospitalized at the Seridó Regional Hospital Unit (UHRS), in the city of Caicó/RN, with analysis of socioeconomic data and information related to dietary/daily habits, Risk Factors (RF) for CVD and the course of the disease that provoked the hospitalization, using the chi-square test, adopting the level of significance of 5%. The prevalence ratios (PR) were calculated adjusted by age and schooling, and their respective 95% confidence intervals (95% CI) by means of Poisson regression. RESULTS: Forty-one individuals were investigated, majority male individuals (82.9%), aged 60-69 years (19.5%, with a mean of 65 years), self-declared pardos (61%), with complete elementary education (61%) and monthly income of up to 1 minimum wage (63.5%). CVD more incident was the AMI (68.3%), the main RF identified were low literacy (82.9%), HBP (78%), sedentary lifestyle (73.2%) and smoking (65.9%). In addition, 48.8% informed that they do not know what a RF is. CONCLUSIONS: The high prevalence and simultaneity of these RF shows the need and importance of strengthening public health policies and multiprofessional health teams, in order to precociousily recognize the RF, in addition to the development of more health education actions in the Primary Health Care.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1– Caracterização socioeconômica da amostra 23 Tabela 2 – FR para DCV presentes na população de pacientes atendidos na UHRS em

Caicó/RN .24

Tabela 3 – Correlação entre os FR modificáveis e a presença de DCV que provocaram a

internação hospitalar 27

Tabela 4 – Correlação entre o grupo étnico e o desenvolvimento de DCV 29 Tabela 5 – Correlação entre o consumo de alimentos de risco, o desenvolvimento de DCV e o

conhecimento sobre os FR para DCV 30

Tabela 6 – Correlação entre o consumo de alimentos saudáveis, o desenvolvimento de DCV e

o conhecimento sobre os FR para DCV 31

Tabela 7 – Conhecimento dos FR e o uso de medicação para controle de patologias prévias 34

Tabela 8 – Correlação entre as medidas tomadas pela população estudada para diminuir o risco cardiovascular e o seu conhecimento sobre os FR para DCV 36

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ACS Agente Comunitário de Saúde APS Atenção Primária à Saúde AVE Acidente Vascular Encefálico CEP Comitê de Ética em Pesquisa CFM Conselho Federal de Medicina CO Monóxido de Carbono

DNCT Doença Crônica Não Transmissível DCV Doença Cardiovascular

DM Diabetes Mellitus DRC Doença Renal Crônica

ESF Estratégia de Saúde da Família

EMCM Escola Multicampi de Ciências Médicas FACISA Faculdade de Ciências de Saúde do Trairi FR Fator de Risco

HAS Hipertensão Arterial Sistêmica HiperDia Hipertensão Arterial e Diabetes IAM Infarto Agudo do Miocárdio IES Instituição de Ensino Superior IMC Índice de Massa Corporal MS Ministério da Saúde

OMS Organização Mundial de Saúde PA Pressão Arterial

SAME Serviço de Arquivo Médico e Estatística SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UBS Unidade Básica de Saúde

UERN Universidade do Estado do Rio Grande do Norte UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte UHRS Unidade Hospitalar Regional do Seridó UTI Unidade de Terapia Intensiva

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 12 2 OBJETIVOS 18 2.1 OBJETIVO PRIMÁRIO 18 2.2 OBJETIVOS SECUNDÁRIOS 18 3 MÉTODOS 19 3.1 ASPECTOS ÉTICOS 19

3.2 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DE COLETA DE DADOS 19

3.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO 20

3.4 POPULAÇÃO E DELINEAMENTO DO ESTUDO 20

3.5 ARMAZENAMENTO E ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS 21

3.6 DESFECHO SECUNDÁRIO 22

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 23

5 CONCLUSÕES 39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 41

APÊNDICES 50

APÊNDICE 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 51

APÊNDICE 2 – QUESTIONÁRIO 54

APÊNDICE 3 – FOTOS DA ATIVIDADE DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE REALIZADA NA UBS “ENF. ANA DE ANTÃO” 57

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1 INTRODUÇÃO

Com a promulgação da Constituição Federal em 1988, efetivou-se o processo de retorno ao regime democrático, após 21 anos de governo militar. A nova carta constitucional trouxe consigo a efetivação da saúde como direito social de todos os cidadãos e dever do Estado, implementado por meio de um sistema público universal, integral, equânime, regionalizado, hierarquizado e descentralizado. Assim nasceu o Sistema Único de Saúde (SUS), que promoveu nova organização à saúde pública brasileira (PAIVA; TEIXEIRA, 2014).

Após 30 anos do nascimento do SUS e, apesar de progressos instituídos, sobretudo, aqueles relacionados à ampliação da oferta de serviços da rede básica de saúde, o acesso aos serviços de saúde ainda constitui um desafio que envolve vários e intrincados determinantes sobre os quais diferentes pesquisadores têm-se debruçado (VIEGAS; CARMO; LUZ, 2015).

Em decorrência desse cenário de desafios, tem-se observado um crescimento da demanda por serviços de saúde, em detrimento à baixa capacidade funcional instalada. O aumento dessa necessidade, aliado ao desenvolvimento médico-tecnológico e às mudanças ocorridas no estilo de vida da população, tem refletido num aumento nos gastos financeiros com saúde pública. Em um país com dimensões continentais como o Brasil, com expressivas diferenças entre a distribuição de bens e serviços, além da efetivação das políticas públicas de promoção à saúde, esta é uma realidade presente em todas as regiões (PIUVEZAM et al, 2015).

Relativamente às afecções responsáveis por essa crescente demanda, destacam-se as Doenças Cardiovasculares (DCV), definidas como um conjunto de patologias não transmissíveis, que agridem coração e/ou vasos sanguíneos, podendo ser agudas ou crônicas, e que possuem fatores comportamentais de risco modificáveis e não modificáveis e principal responsável por anos de vida perdidos, ajustados por incapacidade em idosos (MASSA; DUARTE; CHIAVEGATTO FILHO, 2019).

A predisposição a essas doenças ocorre devido a efeitos metabólicos adversos nos níveis pressóricos, lipídicos e na resistência à insulina. O Ministério da Saúde (MS) assinala que, na maioria dos casos, a doença só é diagnosticada após a ocorrência de um evento mais grave (LUNKES, et al, 2018). Doenças como o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), Acidente Vascular Encefálico (AVE) e arritmias cardíacas são classificadas como cardiovasculares (SIMÃO et al, 2013).

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O crescimento vertiginoso da incidência e prevalência desse tipo de patologia nos últimos anos está relacionado, principalmente, ao envelhecimento populacional cada vez maior, decorrente, principalmente da baixa taxa de fecundidade e do aumento da expectativa de vida, e à mudanças importantes no estilo de vida observado na população mundial (PLAVNIK et al, 2016). Paralelamente a essa transição demográfica, ocorreu a transição epidemiológica, que promoveu mudanças nos padrões de morbimortalidade e invalidez da população, decorrentes de transformações demográficas, sociais e econômicas, resultando em diferentes padrões de saúde entre as regiões (SOUZA et al, 2018).

Nos últimos anos, percebeu-se uma transformação importante no perfil epidemiológico apresentado pelos países, tanto desenvolvidos quanto em desenvolvimento, que passaram, como já dito, por processos de transição epidemiológica, demográfica e nutricional, com a consequente queda dos índices de doenças infecciosas e parasitárias, com importante queda na mortalidade infantil e o aumento das enfermidades de cunho crônico-degenerativo e, de forma especial, das DCV, que se passaram a figurar entre as principais caudas de mortalidade (BORGES, 2017). Estudos apontam que até o ano 2020, as DCV serão responsáveis diretas por 25 milhões de mortes no mundo, sendo inferiores, apenas, ao somatório de todas as formas de câncer (SCHMIDT et al, 2011).

As DCV afetam todos os grupos sociais, desde os mais abastados até a população mais carente, tendo como consequência o aumento nos gastos públicos em saúde com tratamento ambulatorial, internações e intervenções realizadas em nível hospitalar, além, é claro, de reabilitação. Tudo isso causa um impacto econômico significativo para o SUS, uma vez que os custos se dão de maneira crescente, pois, diuturnamente, surgem novas tecnologias a serem empregadas no tratamento e aumentam as demandas por atendimento (LUNKES, et al, 2018).

Schmidt et al (2011) mostraram em estudo que tais agravos são responsáveis por 12,7% das hospitalizações não relacionadas ao processo gestacional e por 27,4% das hospitalizações que ocorreram em idosos. Segundo o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, 2011-2022, as DCNT são responsáveis por 72% das causas de mortes no país, com destaque para doenças do aparelho circulatório, que respondem por 31,3% do total de óbitos (BRASIL, 2011a). Desses, 30,8% são causados por doenças isquêmicas do coração e 30% por doenças cerebrovasculares (ROCHA; MARTINS, 2017).

As hospitalizações por causas evitáveis são reflexos das falhas no sistema de saúde em proporcionar adequado acesso a serviços de qualidade no âmbito da Atenção Primária à Saúde

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(APS), que incluam diagnóstico precoce, tratamento de episódios agudos, prevenção de agravos e acompanhamento de DCNT. Se esses eventos fossem detectados no início de suas manifestações, ajudaria a reduzir a gravidade dos quadros clínicos apresentados pelos pacientes, diminuindo, consequentemente, a necessidade de internações hospitalares (PINTO JUNIOR et al, 2018).

O MS expõe que os gastos oriundos de ações, tratamentos e procedimentos com DCNT representaram, em 2010, cerca de R$ 1,2 bilhões em gastos ambulatoriais (32% do total de gastos) e R$ 2,4 bilhões em gastos com internação (68% do total de gastos), totalizando, aproximadamente, R$ 3,6 bilhões naquele ano (STEVENS; SCHMIDT; DUNCAN, 2012). Os custos com tais agravos são superiores aos destinados a sua prevenção, onerando o orçamento público e desperdiçando preciosos recursos que poderiam ser investidos em ações em saúde (PINTO JUNIOR et al, 2018).

Segundo dados da Secretaria do Tesouro Nacional, em 2017, o gasto primário da União em saúde totalizou R$ 117,1 bilhões. A despesa aumentou sua participação, passando de 6,7% para 8,3% no período 2008-2017. Em proporção ao Produto Interno Bruto, essa participação também cresceu, passando de 1,6 para 1,8% (BRASIL, 2018).

O número de mortes prematuras e o surgimento de morbidades associadas às DCV requerem significativos investimentos em pesquisa, vigilância, prevenção e promoção da saúde, com adequada identificação dos Fatores de Risco (FR) e direcionamento das políticas públicas em favor do seu controle, além da defesa de um estilo de vida saudável (GOMES et al, 2012). Sendo considerada a alta carga de DCV e seu consequente impacto em nível social e econômico, faz-se necessário investir em prevenção da doença e promoção da saúde através do ajustamento às diferentes características das populações (SOUSA, 2013).

Luz et al, (2019) classificam os FR cardiovasculares em dois grupos: os modificáveis e os não modificáveis. Os FR modificáveis envolvem o tabagismo, níveis elevados de colesterol, Diabetes Mellitus (DM), sedentarismo, Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e obesidade, sendo diretamente responsáveis por 80% das doenças coronarianas e cerebrovasculares. Os FR não modificáveis incluem a idade, sexo e histórico familiar.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 6 milhões de pessoas morrem a cada ano em decorrência do uso do tabaco, seja ele direto ou passivo; 3,2 milhões morrem como resultado da inatividade física e, entre os sedentários, existe aumento de 20% a 30% do risco de todas as causas de mortalidade (WHO, 2010); 7,5 milhões de óbitos são oriundos de Pressão Arterial (PA) alta, correspondendo a 12,8% de todas as mortes; 2,8 milhões de mortes

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em virtude do excesso de peso/obesidade; e 2,6 milhões de mortes a cada ano decorrentes de taxas elevadas de colesterol (WHO, 2009).

Um aspecto fundamental a ser avaliado é que a maioria das DCV pode ser prevenida através da abordagem de FR modificáveis, como o tabagismo, dietas inadequadas, sobrepeso/obesidade, sedentarismo e abuso de álcool. Além disso, o adequado controle de FR como HAS, DM e dislipidemias é essencial para o diagnóstico precoce e tratamento das DCV, possibilitando a execução de ações de prevenção primária e secundária através dos serviços de saúde, o que implicaria na redução dos números de óbito (ROCHA; MARTINS, 2017). A OMS estima que ¾ da mortalidade cardiovascular pode ser diminuída com adequadas mudanças no estilo de vida (WHO, 2012).

Para que haja algum controle dos FR para DCV com vistas a diminuir o seu impacto da saúde populacional, faz-se necessário maior atenção às ações de prevenção, com a finalidade de evitar o desenvolvimento de novos casos ou o agravamento dos já existentes. Nesse sentido, o MS já desenvolve e aplica políticas públicas que fogem do binômio queixa-conduta e refletem sobre os hábitos de vida do usuário, estimulando a atividade física, dieta saudável, fim do tabagismo, além do controle das principais doenças que atuam como FR, a HAS e DM (SIMÃO et al, 2013).

Dentre as principais ações preventivas que podem ser desenvolvidas no âmbito da APS, destacam-se a detecção precoce do FR, tratamento para alto risco e, principalmente, avaliação cardiovascular, acompanhamento periódico e aconselhamento (LENTSCK; MATHIAS, 2015).

As DCV proporcionam um padrão de intervenção na esfera de ação da APS que implica positivamente nas ações desenvolvidas de modo eficiente. Isso diminui o processo de hospitalização e oferece subsídios sobre os diferentes quadros de saúde, auxiliando na tomada de decisão e nos processos de intervenção, garantindo adequado monitoramento na distribuição do acesso a cuidados primários de qualidade e contribuindo para o debate sobre as intervenções que incluam sistema de financiamento justo, tecnologias básicas, medicamentos essenciais, equipes de saúde treinadas, informações médicas e sistema e redes de referenciamento (MENDIS, 2012).

Contudo, para que haja uma sensibilização dos indivíduos acometidos e uma mudança comportamental de fato possa ser observada, é preciso que a população conheça as consequências positivas dessa mudança e os efeitos deletérios que a contínua exposição aos

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FR pode acarretar. Para tanto, é necessário que a população tenha consciência dos fatores que levam à DCV (BONOTTO; MENDOZA-SASSI; SUSIN, 2016).

Considerando o exposto, optou-se por desenvolver uma investigação acerca da prevenção das DCV, tendo como referência a Unidade Hospitalar Regional do Seridó (UHRS), localizada na cidade de Caicó, no interior do Rio Grande do Norte. A referida unidade é um hospital de caráter público, de média complexidade, cuja porta de entrada do pronto-socorro serve de referência para os 25 municípios que compõem a Região do Seridó. O supracitado nosocômio recebe demandas que vão desde consultas ambulatoriais até o atendimento a politraumatismos e não difere do contexto nacional anteriormente descrito.

Levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) apontou diminuição no número de leitos de internamento e aumento no número de leitos complementares, destinados a tratamentos mais complexos, como as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e leitos de observação, embora persistam as filas para internação e a superlotação de hospitais seja algo recorrente. O MS afirma que reduziu o número de leitos, em virtude da diminuição na necessidade de internamento, por fortalecimento das políticas públicas de saúde e das ações no nível da APS (SOUZA, 2014).

Leite et al (2015), em estudo realizado, compararam as regiões geográficas do Brasil e perceberam elevação da carga global de doenças e agravos não transmissíveis nas regiões Norte e Nordeste, resultando em óbitos mais precoces e aumento da carga de incapacidade decorrente de problemas de saúde, enquanto as estruturas física e organizacional permaneceram as mesmas. Atualmente, complicações relacionadas à HAS, AVE e IAM figuram entre as principais causas de prolongamento das internações hospitalares na supracitada unidade.

Analisando-se todo o contexto acima descrito, percebe-se que a prevenção constitui fator determinante para a diminuição dos FR e, consequentemente, das DCNT. Segundo conceituação clássica de Leavell e Clark (1976), a prevenção pode ser definida como uma ação antecipada, cuja base está no conhecimento da história natural da patologia, com vistas a dificultar o seu progresso. Assim, prevenção constitui-se na intervenção que visa controlar a transmissão de doenças, evita seu surgimento e reduz sua incidência. Envolve educação em saúde, criação de estratégias para diminuição e erradicação da disseminação de agentes patológicos, reconhecimento precoce da patologia com diagnóstico e tratamento visando à limitação da invalidez, e ações de reabilitação.

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Diante desse cenário e tomando como referência para a realização da pesquisa os pacientes portadores de DCV hospitalizados na UHRS e que possuam domicílio em um dos 25 municípios que compõem a Região do Seridó, questiona-se: Em que medida o conhecimento contribui para a prevenção das DCV? Na perspectiva de encontrar resposta para essa questão central, ainda se pergunta: os pacientes com DCV hospitalizados na UHRS detêm conhecimento acerca das complicações decorrentes da não prevenção dessas doenças? Tais pacientes utilizaram ou utilizam estratégias de prevenção (prática regular de atividade física, adoção de hábitos alimentares saudáveis, entre outros) das DCV? Os referidos pacientes, apesar de já terem sido acometidos pelas DCV, manifestaram interesse e/ou disposição em mudar práticas do cotidiano visando mitigar as consequências dessa patologia?

Este, portanto, é o itinerário da investigação que se realizou, na perspectiva de contribuir com a efetivação de processos no âmbito da Educação, Trabalho e Inovação em Medicina, mais especificamente na linha “Determinação do processo saúde-doença”. Esta linha de pesquisa envolve a ampliação do enfoque dessa determinação, e varia desde os clássicos determinantes de nature a biom dica at a perspectiva psicossocial, ambiental e cultural, incluindo métodos e processos utilizados para a promoção, prevenção, tratamento, reabilitação e recuperação da saúde.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO PRIMÁRIO

Analisar a importância do nível de conhecimento de pacientes portadores de DCV para a prevenção das referidas doenças.

2.2 OBJETIVOS SECUNDÁRIOS

 Delinear o perfil socioeconômico dos pacientes acometidos por DCV hospitalizados na UHRS;

 Evidenciar o nível de conhecimento dos pacientes acometidos por DCV hospitalizados na UHRS acerca das complicações decorrentes da sua não prevenção;

 Identificar as estratégias de prevenção para DCV adotadas por esses pacientes (acompanhamento médico regular, adoção de hábitos alimentares saudáveis, prática de atividades físicas, entre outros);

 Avaliar o interesse e/ou disposição dos pacientes acometidos por DCV hospitalizados na UHRS para mudar práticas culturais/cotidianas, visando mitigar as consequências decorrentes dessas patologias;

 Propor estratégias/ações no âmbito da educação em saúde em parceria com outras Instituições de Ensino Superior (IES), como, por exemplo, a Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN).

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3 MÉTODOS

3.1 ASPECTOS ÉTICOS

O trabalho foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com CAAE nº 66574217.9.0000.5568 e Parecer Consubstanciado nº 2.018.060. Antes de participarem do estudo, todos os indivíduos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE 1). Os princípios éticos foram respeitados em todas as fases do estudo, como prevê a Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012).

3.2 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DE COLETA DE DADOS

A UHRS, onde o estudo foi realizado, dispõe de serviço de pronto-socorro, UTI Adulto, laboratório de análises clínicas, radiodiagnóstico e hemodiálise de urgência, com 81 leitos, sendo distribuídos da seguinte forma: 6 leitos de observação no pronto-socorro, 28 leitos de cirurgia geral, 30 leitos de clínica geral, 2 leitos de isolamento, 8 leitos de saúde mental e 10 leitos de UTI adulto. Esses serviços servem de referência regional para os municípios adscritos que pactuam através da Programação Pactuada e Integrada, e incluem cirurgias, atendimento de urgência/emergência e trauma-ortopedia, internações clínicas, de saúde mental e terapia intensiva, com funcionamento 24 horas. Além disso, serviço de Acolhimento com Classificação de Risco no pronto-socorro, cirurgias eletivas de bucomaxilofacial e ambulatório de egressos de clínica médica.

A referida unidade atende, em média, 250 pacientes/dia, com um quantitativo mensal de cerca de 7000 usuários, dos quais, em torno de 350 são internados. Conta com uma equipe de mais de 350 funcionários, entre servidores efetivos e colaboradores terceirizados.

A UHRS também se volta à formação de profissionais de diversas áreas, oferecendo suas dependências como campo de estágio para os cursos de medicina, enfermagem, além de escolas de formação técnica em enfermagem e radiologia. Além desses cursos, tem-se ainda a Residência Médica em Clínica Médica e a Residência Multiprofissional em Atenção Básica, ambas da Escola Multicampi de Ciências Médicas (EMCM) da UFRN.

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3.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Os critérios de inclusão compreenderam a maioridade legal dos pacientes, o fato de residirem em um dos 25 municípios que compõem a Região do Seridó, a hospitalização na UHRS nos setores de Clínica Médica e/ou UTI, a detenção de diagnóstico clínico definido de DCV e a assinatura do TCLE. Foram excluídos da pesquisa os pacientes que não atenderam aos critérios de inclusão.

3.4 POPULAÇÃO E DELINEAMENTO DO ESTUDO

Desenvolveu-se um estudo do tipo epidemiológico observacional, com caráter quanti-qualitativo e delineamento transversal, com pacientes internados na enfermaria de clínica médica e no setor de UTI de um hospital geral do interior do Rio Grande do Norte, no período de junho de 2017 a novembro de 2018.

Dos pacientes portadores de DCV hospitalizados na UHRS, quarenta e um foram incluídos no estudo. Os selecionados que aceitaram participar foram esclarecidos acerca dos objetivos do trabalho, sendo garantido seu anonimato.

A análise de dados socioeconômicos e informações relacionadas aos hábitos alimentares/cotidianos, nível de conhecimento sobre os FR para DCV, a presença de FR para DCV e ao decurso da doença que provocou o internamento foi realizada através de um questionário (APÊNDICE 2) estruturado de forma objetiva.

A entrevista deu-se através da abordagem dos indivíduos participantes da pesquisa nos leitos em que se encontravam, durante o transcurso do internamento. Inicialmente, eles receberam instruções preliminares sobre as questões apresentadas, sendo diretamente indagados pela investigadora, sem limite de tempo para respostas. A entrevistadora ficou ao lado dos participantes durante a entrevista e as eventuais dúvidas manifestadas foram esclarecidas de imediato.

Ao término da entrevista, a pesquisadora consultou os prontuários que estavam disponíveis nos postos de enfermagem, com a finalidade de adquirir elementos adicionais com potencial importância para a elucidação do objetivo deste estudo. Alguns prontuários não puderam ser averiguados, pois, no momento da investigação, encontravam-se sob manuseio da equipe multiprofissional de saúde que assistia o paciente. Posteriormente, foi solicitado ao Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME) da UHRS o acesso a tais documentos,

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contudo, em virtude de mudanças no local de guarda desses arquivos médicos e de recursos humanos reduzidos no referido setor, não foi possível acessá-los.

3.5 ARMAZENAMENTO E ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS

Para os FR considerados, foram calculadas as prevalências segundo sexo e duas diferenças foram avaliadas pelo teste do qui quadrado, adotando-se nível de significância de 5%. Foram calculadas as razões de prevalência (RP), ajustadas por idade e escolaridade, e respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%) por meio de regressão de Poisson.

Como variáveis independentes foram estudadas a idade (em anos completos e posteriormente categorizada), a situação conjugal (classificada em com ou sem cônjuge), a cor da pele (classificada como branca e negra e outras), a escolaridade (em anos completos e posteriormente categorizada em ensino médio incompleto ou completo), o quartil de renda per capita familiar (calculado a partir da renda familiar dividida pelo número de moradores na casa, sendo o 1° quartil referente ao grupo menos favorecido economicamente). Entre os hábitos de vida, foram analisados o tabagismo (classificado como não fuma e fuma ou fumava até seis meses antes da entrevista), o uso regular de bebidas alcoólicas (definido como bebe, não bebe ou bebia até seis meses antes da entrevista), o consumo habitual de alimentos avaliados como sadios (classificado como a ingestão, pelo menos três vezes por semana, de peixes, alho, azeite e outros), o consumo habitual de alimentos considerados de risco (definido como a ingestão, pelo menos três vezes por semana, de carne vermelha, alimentos com excesso de sal, alimentos com calorias vazias, entre outros), a prática de atividade física (classificada como sim, não e pratica atividade física por pelo menos 1h, três vezes na semana) e o peso corporal (para avaliação de Índice de Massa Corporal (IMC).

Também foram avaliados o conhecimento sobre os principais FR para DCV (definido como sim, não e não conhece os FR), os FR presentes (classificados como HAS, DM, sedentarismo, entre outros), a presença de medidas para diminuir o risco cardiovascular (definido como sim ou não), a identificação de tais medidas (definidas como dieta balanceada, prática regular de atividade física, não fumar, entre outros).

Por fim, foram analisados os sinais e sintomas apresentados durante o internamento (dor/desconforto no peito, falta de ar, suor frio e repentino, entre outros), a patologia que provocou o internamento hospitalar (classificado como IAM, AVE, valvopatias, entre outros), a última visita preventiva ao médico (definido como sim, não, não lembro e nunca fui ao

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médico preventivamente), a presença de patologia de base (classificada como sim, não e a especificação da doença), e o uso de medicação de controle para comorbidade (definido como sim, não e a especificação da medicação).

3.6 DESFECHO SECUNDÁRIO

Foi realizado, no dia 30 de novembro de 2018, um evento de educação em saúde com usuários do grupo de Hipertensão e Diabetes (HiperDia), adscritos na área de abrangência da Unidade Básica de Saúde (UBS) “Enf. Ana de Antão” do bairro Boa Passagem, na cidade de Caicó/RN, bem como, de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) da mesma área e residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica da EMCM/UFRN.

Nesse dia, foi realizada uma atividade de educação em saúde com exposição oral, que teve início às 8h e durou 2h e 30 min, proferida pelo médico cardiologista e professor da EMCM/UFRN, Vander Weyden Batista de Sousa. A apresentação envolveu a orientação e direcionamento ao maior rastreio e acompanhamento dos pacientes portadores de FR para DCV, expondo as principais implicações da não realização da devida investigação, no sentido de prevenir o surgimento de DCV.

Além disso, também foram realizadas ações de verificação de PA e glicemia capilar pelos profissionais da unidade nos usuários presentes.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A caracterização socioeconômica da população estudada está apresentada na tabela 1. Foi possível observar que houve uma predominância de indivíduos do sexo masculino (82,9%), com idade entre 60 – 69 anos (19,5%, com média de 65 anos), pardos (61%) e casados ou convivendo em união estável (61%).

Também foi possível perceber que a maior parte reside fora do município de Caicó (61%), residindo principalmente em área urbana (78%), com religião católica (82,9%), com ensino fundamental incompleto (61%) e com rendimentos mensais de até 1 salário mínimo (63,5%).

Tabela 1– Caracterização socioeconômica da amostra

Parâmetro n % Sexo Masculino Feminino 34 7 82,9 17,1 Idade 30 – 39 anos 40 – 49 anos 50 – 59 anos 60 – 69 anos 70 – 79 anos 80 – 89 anos 1 1 8 20 7 4 2,4 2,4 19,5 48,8 17,1 9,8 Município de residência Caicó Demais municípios 16 25 39 61 Área geográfica Zona Urbana Zona Rural 32 9 78 22 Raça/cor Branco Negro Pardo Indígena Amarelo 12 4 25 0 0 29,3 9,7 61 0,0 0,0 Estado civil Solteiro Casado/União Estável Viúvo Divorciado/Separado 6 25 4 6 14,6 61 9,8 14,6

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Religião Católico Evangélico Espírita Ateu/agnóstico Sem informação 34 2 2 2 1 82,9 4,9 4,9 4,9 2,4 Escolaridade Fundamental Incompleto Fundamental Completo Médio Incompleto Médio Completo Superior Incompleto Superior Completo Pós-graduação Sem informação Nenhum 25 3 0 5 0 1 0 5 2 61 7,3 0,0 12,2 0,0 2,4 0,0 12,2 4,9 Rendimento Menos de 1 SM De 1 a menos de 2 SM De 2 a menos de 5 SM 5 ou mais SM 26 8 6 1 63,5 19,5 14,6 2,4 Fonte: Autoria Própria, 2019.

A tabela 2 demonstra a presença de FR na população analisada. Quatro dos FR foram observados de forma expressiva: baixa alfabetização (82,9%), HAS (78%), sedentarismo (73,2%) e tabagismo (65,9%).

Tabela 2 – FR para DCV presentes na população de pacientes atendidos na UHRS em Caicó/RN

Fator de Risco n % HAS 32 78 DM 16 39 Sedentarismo 30 73,2 Obesidade 7 17,1 Tabagismo 27 65,9 Etilismo 11 26,8 Raça negra 7 17,1 Baixa alfabetização 34 82,9 Dislipidemia 21 51,2 História de DCV precoce 20 48,8

Condição socioeconômica baixa 15 36,6

Estresse excessivo 7 17,1

Idade avançada 18 43,9

Risco psicossocial 21 51,2

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Os resultados evidenciados na Tabela 2 corroboram aqueles encontrados no estudo epidemiológico realizado na cidade de Framingham, localizada no estado de Massachusetts, Estados Unidos, primeiro a identificar FR para DCV, expondo a HAS, DM, tabagismo, ausência de atividade física e aumento de peso como principais desses fatores (GAMA; MUSSI; GUIMARÃES, 2010). Também condizem com o estudo Interheart realizado no Brasil, que identificou que, além dos já citados, alimentação inadequada, etilismo, estresse psicológico e dislipidemia seriam responsáveis por mais de 90% dos riscos atribuídos às DCV (ROSENGREN, et al, 2004).

Alguns estudos científicos dedicaram-se a avaliar a relação entre o nível de escolaridade e a presença de DCV, evidenciando associação entre um menor nível de escolaridade e um maior acometimento de DCV e presença de FR (NOGUEIRA et al, 2014; SANTOS, et al, 2013). Nesta pesquisa, verificou-se que 61% dos entrevistados relataram possuir apenas ensino fundamental incompleto, dado que comprova os estudos supracitados.

Costa et al (2015) mostraram que, na população urbana brasileira, indivíduos que tinham ensino médio completo apresentaram menor risco cardiovascular do que aqueles que tinham menor grau de escolaridade, relacionando tal resultado a exposição a mensagens sobre saúde. Essas mensagens levariam à reflexão sobre o que é ter uma vida saudável e a maior consciência sobre como se manter saudável, o que geraria melhor conhecimento sobre os comportamentos nocivos à saúde, além de promover condições mais oportunas de acesso aos serviços de saúde. Também observaram que a hipercolesterolemia é influenciada pelo nível de escolaridade, mostrando que quanto maior a educação, maior a taxa de ingestão de alimentos ricos em colesterol. Tal resultado contrapõe aquele encontrado nesta pesquisa, que apontou presença do referido FR em 51,2% da amostra, apesar da alta porcentagem de baixa alfabetização encontrada. Esse achado pode estar relacionado aos hábitos alimentares notadamente presentes na identidade da culinária seridoense, cujo conteúdo preserva a história de gerações passadas e cujos preparos incluem, via de regra, o uso de gorduras trans.

Azevedo (2011) coloca que os hábitos alimentares dos seridoenses são ligados a uma cultura proveniente do mundo rural, apesar de terem contato com realidades socioeconômicas e culturais oriundas de diferentes regiões do Brasil e do mundo, condição própria da dinâmica espacial do mundo moderno. Dessa forma, alguns pratos se perpetuariam na culinária tradicional: carne de sol, queijos de manteiga e coalho, manteiga de garrafa (fundida), biscoitos e doces caseiros, chouriço, bolos e licores.

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Essas práticas alimentares estão diretamente relacionadas às taxas de HAS (78%), DM (39%), dislipidemia (51,2%) e obesidade (17,1%) encontradas. Contudo, também é possível indagar se a presença desses FR não estaria ligada à falta de acesso desses indivíduos a uma alimentação equilibrada, decorrente justamente da falta de conhecimento sobre quais alimentos integrariam uma dieta saudável.

O fato de 78% da população estudada apresentar HAS é um dado alarmante pois, no Brasil, tal doença contribui com 50% das mortes por DCV (SCALA; MAGALHÃES; MACHADO, 2015). A HAS é o mais importante FR para o desenvolvimento de doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, insuficiência cerebrovascular, Doença Renal Crônica (DRC) e fibrilação atrial. Estudos mostraram que a detecção, tratamento e controle das HAS são fundamentais para a redução dos eventos cardiovasculares, podendo reduzir em até 46% a ocorrência de IAM e em 63% a ocorrência de AVE (SIMÃO et al, 2013).

O sedentarismo foi FR encontrado em 73,2% da amostra estudada, achado que confirma o encontrado em estudo por Jardim et al (2007), que evidenciaram prevalência geral do sedentarismo em 75,8% da população avaliada em estudo.

Diferentes níveis de atividade física influenciam diretamente a presença de FR, contudo, seu aparecimento é maior nos indivíduos inativos (BERNARDO et al, 2013), estando diretamente ligado, por exemplo, à existência de resistência à insulina e dislipidemia (CARLUCCI et al, 2013). Nesse sentido, é possível fazer associação entre o sedentarismo e outros FR citados, como o DM, identificado em 39% da população e a dislipidemia, encontrada em 51,2%.

Outro importante FR modificável relatado foi o tabagismo, presente em 65,9% da população estudada. O sucesso da adesão a esse hábito nocivo decorre do fato de que as substâncias presentes atuam no sistema límbico, no circuito de recompensa, acarretando dependência química e psicológica (OLIVEIRA; MALLET, 2017). A OMS estima que esse hábito seja a principal causa direta de morte evitável no mundo, uma vez que, em virtude da sua alta prevalência, atua como precursor de diversas patologias, chegando a acometer 1/3 da população global (WHO, 2004).

Evidencia-se através desses dados que o uso do cigarro é um fator que interfere diretamente na saúde e na qualidade de vida dos usuários. Para além dos malefícios próprios do tabagismo, somam-se a isso os prejuízos causados pela combinação de FR modificáveis, que provocam danos irreversíveis à saúde.

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Contudo, apenas reconhecer a nocividade causada por esses FR não é suficiente. É preciso que se adotem estratégias de erradicação, cujas principais incluem a adoção de hábitos alimentares saudáveis, com controle do peso corporal e redução da ingestão de sal, álcool e gorduras; a prática regular de atividade física; o fim do tabagismo; e maior investimento em educação (FRANCO et al, 2016).

A tabela 3 correlaciona a presença de FR modificáveis e a DCV que motivou o internamento hospitalar. Percebe-se que o IAM foi a DCV que apresentou maior associação com FR modificáveis.

Tabela 3 – Correlação entre os FR modificáveis e a presença de DCV que provocaram a internação hospitalar

DCV Fuma Não fuma Bebe Não bebe Pratica atividade física Não pratica atividade física IAM 13 15 11 17 8 21 AVE 2 0 1 1 0 2 Arritmia 1 0 1 0 0 1 Trombose 1 0 0 1 0 1 Valvopatia 0 1 0 1 1 0 Angina 2 0 0 2 2 0 ICC 4 0 1 3 1 2 Outros 2 0 0 2 0 2

Fonte: Autoria Própria, 2019.

Entre os fumantes, 50% das mortes por DCV seriam evitadas se o hábito de fumar fosse excluído. O risco relativo de IAM é duas vezes maior entre os fumantes com idade superior a 60 anos e cinco vezes maior entre aqueles com idade inferior a 50 anos, se forem comparados com os não fumantes (SIMÃO et al, 2013).

Na população estudada, observou-se que 61% dos indivíduos eram tabagistas. Destes, 80% tinham 60 anos ou mais. Desse total de indivíduos, 50% apresentaram IAM como patologia motivadora do internamento hospitalar, o que corrobora o dado exposto acima, apresentado na I Diretriz Brasileira de Prevenção Cardiovascular. Outro achado que merece atenção, é que, do total de indivíduos fumantes com idade acima de 60 anos, 40% afirmaram conhecer os principais FR para DCV. Essas informações sugerem risco acentuado desse grupo etário, uma vez que quase metade afirma conhecer os FR, mas não toma as medidas necessárias para minimizar tais riscos. Além disso, chama a atenção o fato de 45% sequer saberem o que é um FR, apontando para a necessidade de desenvolver ações de educação em saúde voltadas à faixa etária acima de 60 anos, que permitam compartilhar mensagens diretas sobre os malefícios do tabagismo e sua ligação com as DCV.

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A tabela 3 ainda mostra que 34,2% dos indivíduos entrevistados afirmaram que o etilismo é um hábito, dos quais 78,6% apresentaram IAM como DCV que motivou o internamento. Dos 65,8% que negaram o etilismo, 62,9% apresentaram IAM. Esses dados mostram que o fato de beber ou não, não constitui, isoladamente, medida eficaz de prevenção cardiovascular.

Análise anterior mostra que a ingestão moderada de bebidas alcoólicas não está definitivamente estabelecida como segura, não sendo recomendável a indicação desse tipo de bebida para a prevenção de DCV, em virtude do risco de se estabelecer dependência (MALACHIAS et al, 2016). Isso porque a ingestão de álcool provoca redução inicial da PA, com posterior elevação algumas horas após o consumo. Entretanto, a I Diretriz Brasileira de Prevenção Cardiovascular estabelece como quantidade limite para a ingestão diária 30g de álcool para homens e 15g para mulheres (SIMÃO et al, 2013).

A tabela 3 evidencia que a maior parte da amostra, 70,7%, relatou não praticar nenhum tipo de atividade física de maneira regular. Desse total de indivíduos, 72,4% apresentaram IAM.

O sedentarismo é responsável por quase dois milhões de mortes e por 10% a 16% dos casos de DM tipo 2 (BRASIL, 2014a). Entre os benefícios da prática regular de exercício físico, destacam-se o controle do peso, PA e perfil lipídico, melhora da sensibilidade à insulina e redução de fatores trombóticos, além de combate ao estresse psicológico e à depressão (MALACHIAS et al, 2016).

Além disso, a atividade física regular previne HAS devido a uma modulação autonômica mais favorável e de efeitos vasodilatadores locais sobre a musculatura lisa da parede arterial (WILLIAMS et al, 2007). É importante ressaltar que, mesmo naqueles que já apresentam risco cardiovascular elevado, a prática regular de atividade física promove melhoria no condicionamento cardiovascular, impactando em redução da mortalidade por DCV em tabagistas e hipertensos (LUNZ et al, 2010).

Percebe-se, com isso, que o estímulo à prática regular de atividade física deve ser parte integrante da produção do cuidado em saúde, possibilitada através de ações culturalmente inseridas e adaptadas às particularidades dos diversos territórios do país (BRASIL, 2014b).

A tabela 4 correlaciona o grupo étnico autodeclarado pelos indivíduos e o desenvolvimento de DCV. Os indivíduos autoreferidos pardos foram a maioria entre os entrevistados (60,9%), seguidos por aqueles autodeclarados brancos (29,3%) e negros (9,7%).

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Por constituírem a maior parte da população estudada, os indivíduos pardos foram os que mais apresentaram DCV, sendo o IAM a que apresentou maior associação com FR modificáveis. Contudo, não foi encontrada diferença estatisticamente significante.

Tabela 4 – Correlação entre o grupo étnico e o desenvolvimento de DCV

DCV Branco Pardo p

IAM 10 17 0,3255

ICC 2 2

Outras 0 6

Fonte: Autoria Própria, 2019.

Além disso, entre os indivíduos autodeclarados brancos, 41,7% afirmaram conhecer os FR para DCV, enquanto 58,3% relataram não saber o que é um FR. Já entre os sujeitos autoreferidos pardos, 36% atestaram conhecer os FR para DCV, 20% relataram não os conhecer e 44% afirmaram não saber o que seja um FR.

O fato de a maioria dos indivíduos autodeclarados pardos relatar não conhecer os FR para DCV ou não saber o que seja um FR pode explicar a maior incidência de DCV nesse grupo étnico.

Uma das razões para um maior número de mortes entre negros e pardos, quando comparados com brancos, é a maior prevalência e o pior prognóstico de DCV, especialmente HAS e complicações decorrentes de AVE e insuficiência cardíaca (LATADO et al, 2009).

Estudos científicos que abordem os impactos das desigualdades raciais nas DCV são escassos. Contudo, não se pode desconsiderar que etnia/raça são conceitos socioculturais, portanto, carregam um viés de classificação. A avaliação de padrões genéticos, em todos os grupos étnicos, em ensaios clínicos futuros poderá auxiliar na identificação de grupos de pacientes com DCV que apresentem maior benefício em relação a regimes terapêuticos determinados (SANTOS et al, 2013).

A tabela 5 mostra a correlação entre os alimentos considerados de risco presentes na dieta dos entrevistados, a presença de IAM, DCV mais incidente na amostra, e o conhecimento referido pelos indivíduos sobre os FR para DCV.

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Tabela 5 – Correlação entre o consumo de alimentos de risco, o desenvolvimento de DCV e o conhecimento sobre os FR para DCV

Alimento Total (n = 41) IAM Conhece os FR para DCV n % n % n % Carne vermelha Sim Não

Não sabe o que é um FR

38 3 92,7 7,3 27 1 65,8 2,4 16 5 17 42,1% 13,2% 44,7% Alimentos com excesso de sal

Sim Não

Não sabe o que é um FR

12 29 29,3 70,7 10 18 24,4 43,9 4 1 7 33,4% 8,3% 58,3% Alimentos com calorias vazias

Sim Não

Não sabe o que é um FR

13 28 31,7 68,3 9 19 21,9 46,3 6 2 5 46,1% 15,4% 38,5% Alimentos ricos em gordura trans

Sim Não

Não sabe o que é um FR

11 30 26,8 73,2 9 19 21,9 46,3 6 0 5 54,5% 0% 45,5% Refrigerantes Sim Não

Não sabe o que é um FR

11 30 26,8 73,2 9 19 21,9 46,3 5 1 5 45,5% 9% 45,5% Chocolates e outros doces

Sim Não

Não sabe o que é um FR

14 27 34,1 65,9 12 16 29,3 39 7 0 7 50% 0% 50% Fonte: Autoria Própria, 2019.

Os resultados expostos na Tabela 5 relativos à menor frequência com que os alimentos apresentados estão presentes na dieta dos entrevistados contrapõem estudos anteriores que mostram que os alimentos acima descritos são parte integrante da dieta da maioria das pessoas e favorecem o desenvolvimento de DCV (CARVALHO et al, 2015; ANDRADE; MARCHIONI; CESAR; FISBERG, 2015).

Para que se tenha êxito no controle dos FR nutricionais para DCV, é preciso que haja o desenvolvimento de um plano alimentar saudável e sustentável em longo prazo, sem a adoção de dietas radicais ou modismos, pois seu efeito é curto e resulta em abandono do tratamento (FRANCO et al, 2016).

Como a maioria dos indivíduos relatou que os alimentos apresentados na Tabela 5 estiveram presentes na dieta de maneira menos frequente, pode-se concluir que a incidência

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de DCV está relacionada à multiplicidade de FR modificáveis presentes na população estudada.

Esse fato pode ser confirmado quando se observa que somente os indivíduos consumidores habituais de carne vermelha e alimentos com excesso de sal relataram desconhecer o que seja um FR. Entre aqueles que consumiam habitualmente os demais alimentos, a maioria informou saber quais os principais FR para DCV.

A tabela 6 correlaciona o consumo de alimentos saudáveis, o desenvolvimento de DCV e o conhecimento referido pelos usuários sobre os FR para DCV. É possível perceber que todos os alimentos estiveram presentes na dieta dos entrevistados, alguns de maneira mais regular do que outros, com a seguinte distribuição: peixes 26,8%, alho 73,2%, azeite 31,7%, chá verde 19,5%, chocolate amargo 12,2 %, tomate 51,2%, abacate 26,8%, linhaça 17,1%, aveia 24,4%, soja 7,3%, cereais integrais 7,3%, óleos vegetais 63,4%, vinho 9,7%, suco de uva 21,9%, iogurte 19,5%.

Tabela 6 – Correlação entre o consumo de alimentos saudáveis, o desenvolvimento de DCV e o conhecimento sobre os FR para DCV

Alimento IAM Outros

Conhece os FR para DCV n % n % n % Peixes Sim Não

Não sabe o que é um FR

7 21 17,1 51,2 4 9 9,7 22 6 2 3 54,5 18,2 27,3 Alho Sim Não

Não sabe o que é um FR

18 10 43,9 24,4 12 1 29,3 2,4 10 4 16 33,4 13,3 53,3 Azeite Sim Não

Não sabe o que é um FR

8 20 19,5 48,8 5 8 12,2 19,5 6 2 5 46,1 15,4 38,5 Chá verde Sim Não

Não sabe o que é um FR

6 22 14,6 53,7 2 11 4.9 26,8 4 1 3 50 12,5 37,5 Chocolate amargo Sim Não

Não sabe o que é um FR

4 24 9,8 58,5 1 12 2,4 29,3 3 1 1 60 20 20 Tomate Sim Não

Não sabe o que é um FR

15 14 36,6 34,2 6 6 14,6 14,6 9 3 9 42,9 14,2 42,9

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Abacate Sim Não

Não sabe o que é um FR

8 20 19,5 48,8 3 10 7,3 24,4 3 0 8 27,3 0,0 72,7 Linhaça Sim Não

Não sabe o que é um FR

3 25 7,3 60,9 4 9 9,8 22 4 0 3 57,1 0,0 42,9 Aveia Sim Não

Não sabe o que é um FR

6 22 14,6 53,6 4 9 9,8 22 4 2 4 40 20 40 Soja Sim Não

Não sabe o que é um FR

1 27 2,4 65,9 2 11 4,9 26,8 0 1 2 0,0 33,4 66,6 Cereais e outros produtos integrais

Sim Não

Não sabe o que é um FR

2 26 4,9 63,4 1 12 2,4 29,3 1 0 2 33,4 0,0 66,6 Óleos vegetais Sim Não

Não sabe o que é um FR

18 10 43,9 24,4 8 5 19,5 12,2 9 3 14 34,7 11,5 53,8 Vinho Sim Não

Não sabe o que é um FR

3 25 7,3 60,9 1 12 2,4 29,3 2 1 1 50 25 25 Suco de uva Sim Não

Não sabe o que é um FR

7 21 17,1 51,2 2 11 4,9 26,8 4 1 4 44,4 11,2 44,4 Iogurte Sim Não

Não sabe o que é um FR

6 22 14,6 53,7 2 11 4,9 26,8 5 0 3 62,5 0,0 37,5 Fonte: Autoria Própria, 2019.

Dos indivíduos que relataram consumir peixes de maneira regular, a maioria, 54,5%, afirmou conhecer os principais FR para DCV; entre os que referiram consumo regular de azeite, 46,1% fizeram a mesma afirmação; dos que relataram consumo habitual de chá verde, 50% expuseram conhecer os principais FR para DCV; dos que referiram ingesta corriqueira de chocolate amargo, 60% fizeram a mesma declaração; entre os que informaram consumo habitual de linhaça 57,1%, corroboraram o que foi dito; 50% dos que relataram ingestão

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regular de vinho declararam conhecer os principais FR para DCV; e 62,5% dos que referiram consumo habitual de iogurte informaram a mesma coisa.

A literatura é vasta quando se trata dos benefícios propiciados por uma dieta saudável e regular, incluindo diminuição lipídica e de triglicerídeos, redução da PA, efeitos antioxidante e anti-inflamatório, além dos efeitos benéficos relacionados à diminuição do risco cardiovascular decorrentes da ingestão de cálcio, magnésio, potássio e peptídeos bioativos (PENG et al, 2014; PEREIRA et al, 2014; FAN; LI; ELAM-EVANS; BALLUZ, 2013; SIMÃO et al, 2013; BEVERIDGE et al, 2015; EVANS et al, 2015; FRANCO et al, 2016).

Apesar de relatarem conhecimento sobre os FR, a Tabela 6 mostra que esses indivíduos desenvolveram DCV. Esse fato explica-se em virtude de que, embora saibam quais os FR para as DCV, talvez não detenham as informações necessárias e/ou adequadas para evitar o seu desenvolvimento.

Daqueles que afirmaram o consumo habitual de alho, 53,3% relataram desconhecer o que seja um FR; dos que informaram consumo corriqueiro de abacate, 72,7% fizeram a mesma afirmação; 66,6% dos que referiram ingestão habitual de soja informaram não saber o que seja um FR; igual porcentagem dos que informaram ingestão regular de óleos vegetais fez a mesma declaração.

Apesar de consumirem alimentos que promovem proteção cardiovascular, como o alho, que possui componentes bioativos, como a alicina (encontrada no alho cru) e a s-alil-cisteína (encontrada no alho processado), que promovem diminuição da PA (ROHNER et al, 2015), esses indivíduos informaram não saber, sequer, o que seja um FR. Isso mostra que a ingestão desses alimentos, isoladamente, não confere prevenção cardiovascular aos entrevistados.

Por fim, para os que afirmaram consumo regular de tomate 42,9% informaram saber quais são os principais FR para DCV e igual proporção relatou desconhecer o que seja um FR; de forma semelhante, entre os que relataram ingesta habitual de aveia 40% informaram saber quais são os principais FR para DCV e igual proporção afirmou desconhecê-los; e daqueles que referiram consumo habitual de suco de uva, 44,4% informou saber quais são os principais FR para DCV e igual proporção relatou não saber o que seja um FR.

O consumo regular desses alimentos, por si só, não é capaz de impedir o desenvolvimento de DCV, em decorrência da multiplicidade de FR que acometem os indivíduos. Contudo, estudos identificaram associação direta entre a sua ingestão e a

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diminuição do risco cardiovascular, devendo integrar o comportamento desejável que pode influenciar a chance de desenvolvimento de DCV.

A tabela 7 mostra o conhecimento da população estudada sobre os FR para DCV, associando-se esse dado à presença de patologia prévia e uso de medicação para controle de comorbidade.

A Tabela 7 evidencia que 39% da população estudada relataram conhecer os principais FR para DCV; que 12,2% afirmaram não os conhecer; e que a maioria, 48,8%, não sabe, sequer, o que seja um FR.

Mostra, ainda, a prevalência de patologias prévias nos entrevistados que afirmaram conhecer os FR para DCV, com o consequente uso de fármacos para seu controle. A maioria dos participantes (87,5%) que conhecem os FR para DCV faz isso de medicação para controle de patologias prévias (81,2%).

Tabela 7 – Conhecimento dos FR e o uso de medicação para controle de patologias prévias

Parâmetro Total (n = 41) Possui patologia de base Faz uso de medicação para controle? n % n % n % Conhece FR para DCV? Sim Não

Não sabe o que é um FR 16 5 20 39 12,2 48,8 14 2 0 87,5 12,5 0,0 13 3 0 81,2 18,8 0,0 Fonte: Autoria Própria, 2019.

Para que as pessoas promovam mudanças culturais/comportamentais relacionadas aos FR modificáveis, é necessário que elas sejam capazes de identificar o que a exposição a esses FR pode acarretar, apropriando-se do conhecimento necessário para evitá-la ou diminuí-la (BONOTTO; MENDOZA-SASSI; SUSIN, 2016).

Estudos evidenciam que o conhecimento sobre os FR para DCV ainda é escasso, sendo o nível de escolaridade e a renda média diretamente responsáveis por esse baixo entendimento (SANDERSON et al, 2009; KNUTH et al, 2009), corroborando os dados encontrados por este estudo, onde 60% dos entrevistados possuíam ensino fundamental incompleto e 80% tinham renda média inferior a 1 salário mínimo.

Soares et al (2013) mostram que determinantes sociais e econômicos não apenas interferem na presença e distribuição dos FR, como também nos mecanismos biológicos relacionados à patogenia das DCV. Dessa forma, o processo saúde-doença deve ser entendido

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como o resultado final entre a posição social dos sujeitos e a maneira como ele estabelece suas relações.

As disparidades no acesso à saúde e a consequente relação entre a mortalidade adulta por DCV e indicadores socioeconômicos se originam nos seus determinantes sociais, que incluem nível de escolaridade, ocupação e hábitos cotidianos dos indivíduos, assim como o seu nível de acesso aos serviços de saúde que são oferecidos (SANTOS; PAES, 2014).

Avaliar a prevalência de FR para DCV, levando em consideração a classe econômica, por exemplo, sob a ótica da vigilância cardiovascular, contribui para a prevenção do FR modificáveis e para a aquisição de indicadores de cobertura dos serviços de saúde, como busca e monitoramento de populações-alvo (SOUZA et al, 2013).

Este estudo evidenciou, ainda, que, entre aqueles que conhecem os FR para DCV, 31,3% apresentaram DM; entre os que desconhecem os referidos FR, 60% apresentaram DM; e entre os que não sabem o que seja um FR, 35% desenvolveram DM. O DM está relacionado com ocorrência de 3 a 4 vezes maior de desenvolvimento de DCV, além do dobro de risco de morte, quando comparado à população geral. Além disso, as DCV são responsáveis por até 80% das mortes em portadores de DM, além de aumentar o risco de desenvolvimento de DCV em mulheres diabéticas (SIQUEIRA; ALMEIDA-PITITTO; FERREIRA, 2007; SCHAAN; HARZHEIM; GUS, 2014).

Também é possível se encontrar na literatura estudo que aponta maior risco cardiovascular à presença de doenças de base. Estudo associa a presença de DRC ao aumento do risco de desenvolvimento de DCV, deixando o índice de mortalidade de 10 a 20 vezes maior, quando comparado à população em geral, sendo a principal causa de óbito nesses pacientes. Além disso, está presente em até 50% dos pacientes assintomáticos em tratamento dialítico. Contudo, isoladamente esse FR não explica o alto risco de desenvolvimento de DCV (BURMEISTER et al, 2014).

No entanto, há escassez de literatura sobre dados epidemiológicos consistentes que relacionem o desfecho do desenvolvimento de complicações cardiovasculares relacionado à aderência ou não ao tratamento medicamentoso dessas patologias prévias, tanto por vieses metodológicos, quanto pela investigação de amostras pequenas e restritas a uma única unidade.

A Tabela 8 correlaciona as medidas tomadas pelos entrevistados para diminuir o risco cardiovascular e o seu conhecimento sobre os FR para DCV. É possível perceber que 43,9% disseram ter dieta balanceada, desses, 27,8% afirmaram conhecer os referidos FR; entre os

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24,4% que informaram prática regular de atividade física, 30% asseguraram reconhecer os FR para DCV; entre os 58,5% que afirmaram não fumar, 29,2% garantiram distinguir os referidos FR; entre os 53,7% que relataram não ingerir bebidas alcoólicas, 18,9% asseveraram conhecer os FR; entre os 39% que informaram dormir bem, 31,2% relataram deter conhecimento sobre os FR; entre os 41,5% que afirmaram acompanhamento médico regular, 41,2% informaram conhecer os FR para DCV; dentre os 56,1% que disseram manter ingestão adequada da medicação de controle, 34,8% relataram conhecer os FR; dentre os 14,6% que garantiram manter peso ideal para a altura, 16,7% informaram conhecer os FR; dentre os 48.8% que disseram controlar PA, glicemia e colesterol, 35% afirmaram deter o conhecimento necessário sobre os FR; e dos 4,9% que afirmaram controlar o estresse, 50% relataram conhecer os FR para DCV.

Tabela 8 – Correlação entre as medidas tomadas pela população estudada para diminuir o risco cardiovascular e o seu conhecimento sobre os FR para DCV

Medida Total (n = 41) Conhece os FR para DCV n % n % Dieta balanceada Sim 18 43,9 5 27,8 Não 23 56,1 11 47,8

Prática regular de atividade física

Sim 10 24,4 3 30

Não 31 75,6 13 41,9

Não fumar

Sim 24 58,5 7 29,2

Não 17 41,5 2 11,8

Não ingerir bebidas alcoólicas

Sim 22 53,7 4 18,9

Não 19 46,3 3 15,8

Dormir bem

Sim 16 39 5 31,2

Não 25 61 4 16

Acompanhamento médico regular

Sim 17 41,5 7 41,2

Não 24 58,5 3 12,5

Ingestão adequada da medicação de controle

Sim 23 56,1 8 34,8

Referências

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