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Percepção da cultura de segurança do paciente pelos enfermeiros de Unidades de Terapia Intensiva

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Academic year: 2021

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(1)0. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO. ALCIDES VIANA DE LIMA NETO. PERCEPÇÃO DA CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE PELOS ENFERMEIROS DE UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA. NATAL/RN 2017.

(2) ALCIDES VIANA DE LIMA NETO. PERCEPÇÃO DA CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE PELOS ENFERMEIROS DE UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Área de concentração: Enfermagem na atenção à saúde. Linha de pesquisa: Desenvolvimento tecnológico em saúde e enfermagem. Orientadora: Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos. NATAL/RN 2017.

(3) Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Sistema de Bibliotecas – SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Bertha Cruz Enders -Escola de Saúde da UFRN – ESUFRN Neto, Alcides Viana de Lima. Percepção da cultura de segurança do paciente pelos enfermeiros de Unidades de Terapia Intensiva / Alcides Viana de Lima Neto. - 2017. 84f.: il. Dissertação (Mestrado)-Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Natal, RN, 2017. Orientadora: Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos. 1. Enfermagem - Dissertação. 2. Segurança do Paciente Dissertação. 3. Unidade de Terapia Intensiva - Dissertação. 4. Cultura Organizacional - Dissertação. I. Santos, Viviane Euzébia Pereira. II. Título. RN/UF/BS-Escola de Saúde. CDU 616-083.

(4) PERCEPÇÃO DA CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE PELOS ENFERMEIROS DE UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Resultado: Aprovada Natal/RN, 23 de novembro de 2017. BANCA EXAMINADORA. ______________________________________________________________ Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos - Orientadora (Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN) - Presidente. ______________________________________________________________ Prof. Dr. Marcos Antonio Ferreira Júnior (Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN). ______________________________________________________________ Profa. Dra. Vilani Medeiros de Araújo Nunes (Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN). ______________________________________________________________ Profa. Dra. Susane de Fátima Ferreira de Castro (Faculdade de Tecnologia e Educação Superior Profissional – FATESP).

(5) DEDICATÓRIA. À minha mãe, grande educadora e exemplo de mulher,. que diante de todas as. dificuldades sempre me proporcionou uma educação de qualidade..

(6) AGRADECIMENTOS. Longos são os caminhos a serem trilhados durante a nossa trajetória de vida. Penso que sozinho não conseguiria. Pessoas “aparecem” e fazem com que consigamos percorrê-los de forma mais agradável e atingir os destinos pretendidos. Assim, em poucas palavras, gostaria de agradecer:. A Deus, por ter-me proporcionado a oportunidade de viver e disponibilizar os instrumentos necessários para toda a trajetória. À minha mãe, por sempre ter-me proporcionado uma boa educação, fato esse que possibilitou chegar até aqui. À minha família, que mesmo distante sempre me acolheu e ajudou, além disso, pela compreensão das longas ausências. Aos mestres que tive da educação infantil à pós-graduação, por terem sido um exemplo e contribuído para as minhas escolhas profissionais, e em especial: • À professora Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos por ter me acolhido como orientando de mestrado e participante do Laboratório de investigação do cuidado, segurança, tecnologias em saúde e enfermagem (LABTEC). Registro aqui a imensa gratidão por estes quase dois anos de orientações, momentos essenciais para o meu crescimento acadêmico e profissional. • À professora Dra. Vilani Medeiros de Araújo Nunes por fazer parte da minha trajetória acadêmica desde a graduação em Enfermagem e por ter aceitado o convite para participar das bancas de qualificação e defesa do mestrado. Obrigado por todas as oportunidades. A senhora foi a principal influenciadora nas minhas escolhas. • Aos professores Dr. Marcos Antônio Ferreira Júnior pelas valiosas contribuições na banca de qualificação e de defesa e Dra. Susane de Fátima Ferreira de Castro pela participação na banca de defesa. À amiga Cecília, que conheci por acaso na fila de um congresso em Recife, nos aproximamos no estágio da graduação, e que me ajudou chegar até aqui, compartilhando dos momentos de estudo, felicidades, angústias e de “dispersão” das atividades acadêmicas. Às amigas que a pós-graduação me proporcionou Suzane, Mayara e Micheline. Obrigado por todos os momentos vivenciados durante esse período. À amiga Naedja pela proximidade, conselhos e pela compreensão das longas ausências nesses últimos anos. A todos que fazem parte do LABTEC, e em especial à Manacés, Fernanda, Soraya, Andrea, Dra. Pétala e Dra. Kisna por terem me ajudado prontamente sempre que precisei..

(7) Aos colegas da turma de mestrado, pelo companheirismo, amizade e os momentos de “sufoco” e felicidades durante as disciplinas e demais atividades. A todos os professores, técnicos administrativos e demais colaboradores do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PGEnf) da UFRN por contribuírem com a qualificação dos enfermeiros. À Casa de Saúde São Lucas (CSSL), minha segunda casa, hospital onde aprendo a cada dia a “ser enfermeiro” e a exercer a profissão. À Escola Técnica Potiguar (ETP) e à Escola da Saúde da Universidade Potiguar (ESUnP) por terem me acolhido para o exercício da docência e pelas oportunidades de crescimento profissional que ambas me proporcionaram. A todos os colegas e amigos da CSSL, ETP e ESUnP por fazerem parte da minha história pessoal e profissional e por inspirarem a minha trajetória. Em especial aos colegas dos grupos de plantões noturnos, principalmente aos “autis” pelas excelentes companhias, momentos de descontração e das produtivas conversas. Às direções dos hospitais que foram cenários deste estudo, por terem permitido o desenvolvimento do mesmo. Aos colegas enfermeiros que aceitaram participar da pesquisa e colaboraram para os resultados alcançados. A todos que de forma direta ou indireta contribuíram para que eu alcançasse o sonho de “ser Mestre”..

(8) RESUMO. LIMA NETO, A. V. Percepção da cultura de segurança do paciente pelos enfermeiros de unidades de terapia intensiva. 2017. 84f. Dissertação (Mestrado) – Programa de PósGraduação em Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, 2017. A cultura de segurança, compreendida como o produto de valores e atitudes em um ambiente organizacional, é um fator importante a ser considerado no contexto do cuidado seguro nos serviços de saúde. Torna-se necessário compreendê-la para que os profissionais adotem estratégias para garantir a segurança do paciente nos mais diversos cenários da prática assistencial. Assim, o objeto deste estudo foi a cultura de segurança no contexto das unidades de terapia intensiva (UTIs), sob o olhar de enfermeiros, uma vez que os mesmos estão inseridos nesse ambiente e são responsáveis pelo gerenciamento das ações relacionadas ao cuidado. Dessa forma, objetivou-se analisar a percepção da cultura de segurança do paciente em UTI na perspectiva dos enfermeiros. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório com abordagem mista. O campo de estudo foi composto por quatro UTIs gerais do Município de Natal/RN, Brasil, que apresentam características semelhantes, porém, pertencentes a serviços hospitalares distintos e com gestões públicas e privadas. Participaram do estudo 45 enfermeiros. A coleta de dados ocorreu mediante preenchimento de instrumento com dados sociodemográficos, entrevista semiestruturada com perguntas abertas sobre o tema e preenchimento do questionário intitulado Pesquisa sobre Segurança do Paciente em Hospitais, no período de abril a junho de 2017. As entrevistas foram analisadas com auxílio do software Iramuteq e os dados quantitativos, pelo software Statistical Package for the Social Sciences por meio de análise estatística descritiva. O projeto foi aprovado em seus aspectos éticos e metodológicos pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte com certificado de apresentação para apreciação ética número 62818516.7.0000.5537. A partir das entrevistas, emergiram as compreensões dos profissionais enfermeiros sobre a segurança do paciente e as ações para a promoção desta na unidade de terapia intensiva, bem como os aspectos que a facilitam e/ou dificultam, com destaque para as fragilidades dos recursos estruturais. Com relação à cultura de segurança, identificou-se que as dimensões relacionadas ao trabalho em equipe, aprendizado organizacional e abertura para as comunicações obtiveram os melhores percentuais de respostas positivas. No que se refere às fraquezas e oportunidades de melhorias, enfatizaram-se a dimensão respostas não punitivas aos erros e a dimensão pessoal. As que apresentaram os maiores resultados classificados como respostas neutras foram trabalho em equipe pelas unidades hospitalares e frequência de relatos de eventos. Com isso, os enfermeiros das UTIs analisadas percebiam a presença forte de uma cultura punitiva e fragilidades de recursos que são essenciais para a segurança do paciente. Assim, torna-se necessário um olhar da gestão para essas questões no sentido de contribuir para a redução desses nós críticos e efetivar a cultura de segurança. DESCRITORES: Segurança do Paciente; Cultura Organizacional; Unidade de Terapia Intensiva; Enfermagem..

(9) ABSTRACT. LIMA NETO, A. V. Perception of patient safety culture by nurses from intensive care units. 2017. 84f. Dissertation (Master’s Degree) – Postgraduate Program in Nursing, Federal University of Rio Grande do Norte, Natal/RN, 2017. Safety culture, understood as the product of values and attitudes at an organizational environment, is an important factor in the context of safe care at health services. Understanding it is necessary so that professionals can adopt strategies to ensure patient safety in the most diverse scenarios of care practice. Thus, the object of this study was the safety culture in the context of intensive care units (ICUs), in nurses’ opinions, since they are inserted in this environment and responsible for managing actions related to care. Therefore, the objective was to analyze the perception of the patient safety culture in the ICU from nurses’ perspective. This is a descriptive and exploratory study with a mixed approach. The study scenario consisted of four general ICUs from Natal/RN, Brazil, which present similar characteristics, but from different hospital services and with public and private management. The sample consisted of 45 nurses. Data collection was performed by instrument filling with sociodemographic data, semi-structured interview with open questions about the subject and filling of the questionnaire entitled Research of Patient Safety at Hospitals, from April to June 2017. Interviews were analyzed using the Iramuteq software, and the quantitative data, the Statistical Package for the Social Sciences software through descriptive statistical analysis. The Research Ethics Committee of the Federal University of Rio Grande do Norte approved the study in its ethical and methodological aspects with certificate of presentation for ethical appreciation number 62818516.7.0000.5537. The interviews showed nurses’ understanding of patient safety and its promotion actions in the intensive care unit, as well as the aspects that facilitate and/or hinder it, with emphasis on the weaknesses of the structural resources. Regarding safety culture, the dimensions related to teamwork, organizational learning and openness to communications obtained the best percentages of positive responses. Regarding weaknesses and opportunities for improvement, the emphasis was on non-punitive responses to mistakes and personal dimension. The ones with the highest results classified as neutral answers were teamwork by the hospital units and frequency of event reports. With this, the analyzed ICU nurses perceived the strong presence of a punitive culture and the weaknesses of resources that are essential for patient safety. Thus, managers need to look at these issues in order to contribute to the reduction of these critical nodes and to implement safety culture. DESCRIPTORS: Patient Safety; Organizational Culture; Intensive Care Unit; Nursing..

(10) LISTA DE FIGURAS. Figura 1.. Organização do contexto da enfermagem na promoção da SP em UTI. Natal/RN, 2017................................................................................................... 22. Figura 2.. Etapas da coleta de dados. Natal/RN, 2017........................................................ 33. Figura 3.. Dendograma da análise textual com as cinco palavras mais significativas de cada classe. Natal/RN, 2017............................................................................... Figura 4.. 40. Análise de similitude das palavras com frequência superior ao dobro da média de ocorrência. Natal/RN, 2017................................................................ 46. Figura 5.. Número de eventos de segurança notificados pelos enfermeiros das UTIs nos últimos 12 meses. Natal/RN, 2017..................................................................... Figura 6.. 49. Nota de segurança do paciente atribuída aos serviços pelos enfermeiros participantes da pesquisa. Natal/RN, 2017 ........................................................ 50.

(11) LISTA DE TABELAS. Tabela 1.. Variáveis sociodemográficas dos sujeitos da pesquisa. Natal/RN, 2017 (n=45) ............................................................................................................. Tabela 2.. 38. Análise da cultura de segurança dos enfermeiros de UTI a partir do HSOPSC. Natal/RN, 2017 ............................................................................. 47.

(12) LISTA DE QUADROS. Quadro 1. Termos importantes para a compreensão da SP. Natal/RN, 2017.................... 23. Quadro 2. Características da Cultura de Segurança. Natal/RN, 2017............................... 26. Quadro 3. Distribuição do número de leitos, tipo de gestão e de enfermeiros das UTIs dos hospitais estudados. Natal/RN, 2017 ........................................................ 32 Quadro 4. Dimensões avaliadas pelo Hospital Survey on Patient Safety Culture Natal/RN, 2017................................................................................................. 34. Quadro 5. Normas para codificação dos enfermeiros entrevistados. Natal/RN, 2017.................................................................................................................. 36 Quadro 6. Partições, classes e variáveis significativas do corpus textual. Natal/RN, 2017.................................................................................................................. 39.

(13) LISTA DE SIGLAS. AHCPR. Agency for Health Care Policy and Research. AHRQ. Agency for Healthcare Research and Quality. ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária CEP. Comitê de Ética em Pesquisa. CHD. Classificação Hierárquica Descendente. CNS. Conselho Nacional de Saúde. EA. Evento Adverso. EUA. Estados Unidos da América. HSOPSC Hospital Survey on Patient Safety Culture NAS. Nursing Active Score. NSP. Núcleos de Segurança do Paciente. OMS. Organização Mundial de Saúde. ONA. Organização Nacional de Acreditação. PNSP. Programa Nacional de Segurança do Paciente. RDC. Resolução da Diretoria Colegiada. SAQ. Safety Attitudes Questionnaire. SIDA. Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida. SP. Segurança do Paciente. TCLE. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. UTI. Unidades de Terapia Intensiva. UTIN. Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.

(14) 13. SUMÁRIO. 1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 14. 1.1 JUSTIFICATIVA............................................................................................................ 18 2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................................ 21 2.1 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A SEGURANÇA DO PACIENTE NO BRASIL....... 22. 2.2 SEGURANÇA DO PACIENTE NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA.............. 25. 2.3 CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA.................................................................................................................... 26. 2.4 EQUIPE DE ENFERMAGEM E EVENTOS RELACIONADOS À SEGURANÇA DO PACIENTE NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA...................................... 27. 3 OBJETIVOS...................................................................................................................... 30. 3.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................................ 30 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................... 30. 4 MÉTODO.......................................................................................................................... 31 4.1 TIPO DE ESTUDO.......................................................................................................... 31. 4.2 LOCAL DO ESTUDO..................................................................................................... 31. 4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA.......................................................................................... 32. 4.4 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS.............................................................. 32 4.5 ANÁLISE DOS DADOS................................................................................................. 35. 4.6 ASPECTOS ÉTICOS....................................................................................................... 36. 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................... 37. 5.1 CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA DOS SUJEITOS DA PESQUISA.... 37. 5.2 PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS SOBRE A CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA............................................. 39. 5.3 CULTURA DE SEGURANÇA A PARTIR DO HSOPSC............................................. 47. 6 CONCLUSÃO................................................................................................................... 52 REFERÊNCIAS................................................................................................................... 54. APÊNDICES........................................................................................................................ 64 ANEXOS............................................................................................................................... 71.

(15) 14. 1 INTRODUÇÃO. O setor da saúde é responsável por oferecer serviços de excelência e qualidade, consequentemente deve priorizar a segurança de todos os pacientes. Dados disponíveis na literatura evidenciam um alto número de eventos adversos e incidentes resultantes da assistência, que ocasionam cerca de 44.000 a 98.000 mortes por ano, por vezes evitáveis, o que torna essa questão uma preocupação mundial e impacta em custos de aproximadamente 50 bilhões de dólares nos gastos com a saúde nos Estados Unidos da América (EUA) (GONÇALVES, et al., 2012). Diante dessa magnitude nos EUA, foi criada em 1989 uma agência pública vinculada ao Departamento de Saúde, denominada Agency for Health Care Policy and Research (AHCPR). Essa agência teve uma mudança no seu nome em 1999 para Agency for Health Care Research and Quality (AHRQ) e apresenta um longo histórico de apoio no desenvolvimento de investigações relacionadas à melhoria da qualidade e segurança do paciente (AHRQ, 2012). A constância de eventos adversos se tornou uma preocupação mundial e ganhou destaque em 1999 com a publicação do livro “Errar é Humano: Construindo um Sistema de Saúde mais Seguro”. Esse livro comparou o indicador de mortalidade evitável da época e observou ser maior que o número de acidentes automobilísticos (43.458), câncer de mama (42.458) e síndrome da imunodeficiência humana adquirida – SIDA (16.516) (PEDREIRA; BRANDÃO; REIS, 2013). Ao considerar os altos números de mortes evitáveis em ambientes de saúde, em outubro de 2004 a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, que recomendou aos países maior atenção a essa temática. Dentre os objetivos da Aliança estão: apoiar os esforços dos Estados-Membros para promover uma cultura de segurança nos sistemas de saúde e desenvolver mecanismos para melhorar a segurança do paciente; desenvolver normas globais, protocolos e orientações para detectar e aprender com os problemas de segurança do paciente; definir soluções de segurança relevantes que estejam amplamente disponíveis para todos os Estados-Membros e que sejam de fácil implementação, de acordo com suas necessidades; desenvolver e divulgar o conhecimento sobre saúde baseada em evidências e melhores práticas relacionadas à segurança do paciente (WHO, 2008). Nesse contexto, ressalta-se que na Inglaterra ocorrem cerca de 840 a 4.000 mortes evitáveis por ano em pacientes hospitalizados. Um estudo retrospectivo realizado em 1.000.

(16) 15. prontuários de pacientes adultos que morreram em 2009, em 10 hospitais no mesmo país, mostrou que 5,2% dessas mortes tiveram uma probabilidade igual ou maior que 50% de serem evitadas. Nesses casos, os principais problemas associados foram o mau monitoramento clínico (31,3%), erros de diagnóstico (29,7%) e administração inadequada de medicamentos ou líquidos (21,1%). A maior parte das mortes evitáveis (60%) ocorreu em pacientes idosos, fragilizados ou com múltiplas morbidades, cuja expectativa de vida seria menor que um ano (HOGAN, et al., 2012). Já, no Brasil, a partir da década de 90 foram impulsionadas questões relativas à segurança nos serviços de saúde e simultaneamente ocorreram o lançamento do Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar e a criação da Organização Nacional de Acreditação (ONA), que motivou o desenvolvimento de trabalhos sobre a temática (PEDREIRA; BRANDÃO; REIS, 2013). Apesar dessas iniciativas, ainda são poucos os estudos que apresentam a incidência e a prevalência de eventos adversos, bem como a mortalidade evitável por causas relacionadas aos cuidados com a saúde no Brasil. Uma pesquisa realizada em três hospitais públicos de ensino do Estado do Rio de Janeiro, em 2003, avaliou 1.103 casos de pacientes elegíveis para o estudo e demonstrou que 84 (7,6%) dos casos tiveram pelo menos um potencial evento adverso durante o período de internação. Desses, 25 evoluíram para óbito devido a causas evitáveis (MENDES et al., 2009). No que diz respeito especificamente ao marco histórico e conceitual da temática da Segurança do Paciente (SP) no Brasil, em 25 de novembro de 2011 foi instituída a Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 63, que dispõe sobre os Requisitos de Boas Práticas de Funcionamento para os Serviços de Saúde, que são componentes da garantia da qualidade e, além disso, apresentou uma definição para a SP (BRASIL, 2011). Em 1º de abril de 2013 o Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) por meio da Portaria nº 529, de mesma data. O referido programa tem como objetivo geral contribuir para a qualificação do cuidado em todos os estabelecimentos de saúde do território nacional. Constituem-se objetivos específicos: promover e apoiar a implementação de iniciativas voltadas à segurança do paciente em diferentes áreas da atenção, organização e gestão de serviços de saúde por meio da implantação da gestão de risco e de Núcleos de Segurança do Paciente (NSPs) nos estabelecimentos de saúde; envolver os pacientes e familiares nas ações de segurança do paciente; ampliar o acesso da sociedade às informações relativas à segurança do paciente; produzir, sistematizar e difundir conhecimentos sobre segurança do paciente e fomentar a.

(17) 16. inclusão do tema segurança do paciente no ensino técnico, de graduação e pós-graduação na área da saúde (BRASIL, 2013a). Cabe ressaltar que a inserção do tema cultura de segurança emergiu na aviação civil, que desde 23 de outubro de 1906 evolui de um estado considerado frágil para um sistema com forte cultura de segurança operacional, alcançada devido a mecanismos de gestão eficientes (SILVA, 2013). Esses mecanismos influenciaram outros setores, dentre eles, o da saúde. Ainda nesse contexto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabeleceu diversas ações para orientar a prática de segurança em serviços de saúde por meio da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 36 de 25 de julho de 2013. Nesta, a segurança do paciente é definida como a “redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado à atenção à saúde” (BRASIL, 2013b). Outra definição foi proposta pela AHRQ como a "prevenção de danos ou a ausência do potencial para a ocorrência desses ou eventos adversos resultantes dos processos de cuidado aos pacientes". Os danos podem ser compreendidos como o comprometimento da estrutura ou função do corpo e/ou qualquer efeito dele oriundo, incluindo-se doenças, lesão, sofrimento, morte, incapacidade ou disfunção, podendo, assim, ser físico, social ou psicológico (BRASIL, 2013b). Na Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013, a cultura de segurança é definida como o processo no qual todos os trabalhadores, inclusive os profissionais envolvidos no cuidado e gestores, assumem responsabilidades pela sua própria segurança, pela segurança de seus colegas, pacientes e familiares, prioriza a segurança acima de metas financeiras e operacionais, encoraja e recompensa a identificação, a notificação e a resolução dos problemas relacionados à segurança. Além dos pontos anteriores, a cultura promove o aprendizado organizacional a partir da ocorrência de incidentes e proporciona recursos, estrutura e responsabilização para a manutenção efetiva da segurança (BRASIL, 2013a). Assim, para que a segurança se torne um fator determinante da qualidade nos serviços de saúde é necessário que seja implementada dentro da instituição a cultura de segurança, que para fins deste estudo será definida como “o produto de valores, atitudes, competências e padrões de comportamento individuais e de grupo, os quais determinam o compromisso, o estilo e a proficiência da administração de uma organização saudável e segura” (REIS; LAGUARDIA; MARTINS, 2012, p. 2199). No que diz respeito à cultura de segurança, alguns componentes são importantes, a saber: cultura justa, na qual a punição se dá nas violações e não nas pessoas que cometeram os erros; cultura de reporte de eventos de risco e cultura de aprendizagem em torno das falhas (GARCIA, 2015)..

(18) 17. Sabe-se que a oferta de uma atenção com qualidade deve ser o foco e a meta dos diversos serviços de saúde. Assim, as instituições hospitalares buscam alcançá-la com a finalidade de oferecer uma assistência com um nível elevado de excelência, com diminuição de custos e que consiga atender à satisfação de todos os clientes. Tal pressuposto deve permear todos os serviços oferecidos no hospital, nas clínicas médica, cirúrgica, unidades de emergência, centro cirúrgico e, em especial, nas UTIs (FRANÇOLIN, 2013; TOMAZONI et al., 2015; SOUSA et al., 2016). Segundo a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 7 de 24 de fevereiro de 2010 da ANVISA, a Unidade de Terapia Intensiva “é a área crítica destinada à internação de pacientes graves, que requerem atenção profissional especializada de forma contínua, materiais específicos e tecnologias necessárias ao diagnóstico, monitorização e terapia”. A mesma resolução cita que é dever da organização hospitalar onde essa unidade está inserida garantir a segurança a pacientes, profissionais e visitantes, e em seu artigo 17 destaca que toda a equipe deve participar de um programa de educação continuada. A referida resolução ressalta também a importância do gerenciamento dos riscos inerentes às atividades desenvolvidas na unidade e à segurança de pacientes e profissionais (BRASIL, 2010). Os pacientes clinicamente instáveis que ali estão devem permanecer sob vigilância contínua de toda a equipe, em especial da equipe de enfermagem, que ali está 24 horas por dia durante os sete dias da semana. Nesse ambiente, merece destaque a relação enfermeiro/paciente distintamente dos outros setores, dado o seu maior grau de complexidade (FAVARIN; CAMPONOGARA, 2012). O enfermeiro é o responsável pela liderança da equipe de enfermagem e possui como atribuições privativas o planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de enfermagem (BRASIL, 1986). Compreende-se que o mesmo deve promover uma atenção ao paciente no cenário das UTIs de forma qualificada e segura ainda que nesse local exista maior demanda de atividades e a necessidade de ações rápidas por parte desse profissional (NOVARETTI et al., 2014). Portanto, consiste como objeto de estudo desta pesquisa a cultura de segurança no contexto das UTIs, sob o olhar dos enfermeiros, uma vez que estes estão inseridos nesse ambiente e são responsáveis pelo gerenciamento das ações relacionadas ao cuidado dos pacientes..

(19) 18. 1.1 JUSTIFICATIVA. A produção científica internacional cita que o cenário assistencial contemporâneo é inseguro, relacionado a vários fatores, dentre eles: cargas de trabalho elevadas, conhecimento inadequado, ambientes estressantes e/ou má comunicação. A partir dos fatos elencados, infere-se que a avaliação da cultura seja importante para que os enfermeiros possam detectar vulnerabilidades e implementar ações a fim de fortalecê-la. Assim, a compreensão da cultura de segurança consiste em ponto fundamental para reduzir a incidência de eventos adversos e melhorar a segurança do paciente (AUSSERHOFER et al., 2013; WEAVER et al., 2013; PROFIT et al., 2014). Ressalta-se ainda que o processo de cuidar em enfermagem inserido em um ambiente organizacional de saúde é complexo e sofre influências da cultura do mesmo. Portanto, é relevante conhecer os aspectos relativos à cultura de segurança para que o enfermeiro possa adotar estratégias para o desenvolvimento e o aprimoramento gerencial dos cuidados de forma mais segura, bem como contribuir para a diminuição na incidência de eventos adversos. Diante desse cenário e da necessidade do aprimoramento do cuidado, a escolha do tema para o desenvolvimento da pesquisa partiu da vivência profissional assistencial nas UTIs geral e cardiológica de um hospital na cidade de Natal/RN. Nesse período, foram percebidos a ausência de medidas voltadas ao gerenciamento do cuidado de forma segura por parte de alguns profissionais, bem como alguns aspectos organizacionais especificamente relacionados à cultura de segurança que influenciam diretamente na implementação de ações para a qualificação e a segurança no cuidado. A partir da contextualização, a realização do presente estudo se justifica com base em alguns pressupostos encontrados na literatura, bem como na legislação nacional: • Devido à importância contemporânea das questões relacionadas à SP. A partir disso, a produção científica internacional e nacional possibilita uma discussão sobre a temática, além dos documentos éticos e legais que norteiam o exercício profissional do enfermeiro, bem como as portarias, resoluções da diretoria colegiada (RDC) da ANVISA sobre a SP nos serviços de saúde (MARINHO; RADÜNZ; BARBOSA, 2014; BRASIL, 2013a; BRASIL, 2013b). Isso coloca a temática da segurança do paciente em relevância e como norte para a melhoria da qualidade da assistência com vistas a prevenir e minimizar a ocorrência de eventos adversos com ou sem danos ao paciente (CHABOYER; et al., 2013; MORELLO et al., 2013)..

(20) 19. • A Lei n° 7.498 de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem, e dá outras providências, determina que o enfermeiro exerça atividades privativas, dentre elas o planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de enfermagem (BRASIL, 1986). Portanto, a percepção desse profissional sobre a cultura de segurança nas UTIs deve ser considerada, uma vez que ele é o responsável pela gestão do cuidado nesse ambiente. • Ainda com base na legislação, a RDC n° 7 de 24 de fevereiro de 2010, que dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de UTI cita que a direção do hospital onde a unidade está inserida deve garantir a segurança e a proteção de pacientes, além de realizar o gerenciamento dos riscos inerentes às atividades desenvolvidas na unidade (BRASIL, 2010). • Posterior à resolução anterior, foi publicada a Portaria n° 529 de 1º de abril de 2013, que. instituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) e estabeleceu como uma das estratégias para a implementação do referido programa a promoção da cultura de segurança com ênfase no aprendizado e aprimoramento organizacional, engajamento dos profissionais e dos pacientes na prevenção de incidentes, com base em sistemas seguros, evitando-se os processos de responsabilização individual (BRASIL 2013a). • Ademais, este estudo se insere na linha de pesquisa de desenvolvimento tecnológico em saúde e enfermagem do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFRN, que tem como área de concentração a Atenção à Saúde, por considerar que a UTI é um ambiente permeado por diversas tecnologias. Compreende-se a tecnologia como um processo no qual os saberes são direcionados para a geração e utilização de produtos com a finalidade de organizar as relações (LORENZETTI et al., 2012). Essa linha contempla estudos sobre o desenvolvimento,. utilização e avaliação de recursos tecnológicos,. metodológicos,. procedimentos técnicos, processo de saúde/doença, conceitos e modelos do processo de cuidar, gerenciar e ensinar em saúde e enfermagem nos diversos níveis de complexidade. Portanto, destaca-se o processo de avaliação da cultura de segurança como uma tecnologia para o fortalecimento das ações relacionadas à qualidade no cuidado ao paciente nas UTIs. Pode-se destacar ainda que o conhecimento sobre a cultura de segurança tratada como uma tecnologia que envolve relações é importante para o desenvolvimento de um cenário que promova uma assistência segura e de qualidade. Acredita-se que o presente estudo contribuirá com o contexto social do processo de cuidar em terapia intensiva ao apresentar dados que possibilitem melhor compreensão acerca da cultura de segurança na UTI..

(21) 20. Os dados encontrados nesta pesquisa ilustram a realidade dos cenários pesquisados e colaboram para a construção de um diagnóstico situacional das condições de segurança do paciente de acordo com a percepção dos enfermeiros das unidades participantes, além de serem úteis para publicações em periódicos como forma de tornar os resultados acessíveis a outros profissionais. Diante desse contexto, os objetivos desta pesquisa buscam responder à seguinte questão norteadora: Qual a percepção dos enfermeiros de UTI sobre a cultura de segurança do paciente?.

(22) 21. 2 REVISÃO DE LITERATURA. Esta seção apresenta a revisão de literatura sobre o contexto da enfermagem na promoção da SP em UTI. Para isso, adotou-se o referencial teórico-metodológico de Hinds, Chaves, Cypress (1992) para compreender o fenômeno estudado, uma vez que o contexto pode ser considerado como fonte importante de dados, pois o pesquisador realiza a descrição e análise dos aspectos contextuais, além de descrever como esse foi influenciado pela interação desses aspectos e incorpora essa análise nas interpretações dos resultados dos estudos. A análise de contextos em saúde permite a compreensão do fenômeno, do seu significado, bem como a classificação em níveis que podem trazer implicações para a pesquisa e a prática (HINDS; CHAVES; CYPRESS, 1992). O conteúdo relacionado ao fenômeno da enfermagem na promoção da segurança do paciente nas Unidades de Terapia Intensiva foi inserido nos níveis específicos com algumas características do contexto, segundo o referencial teórico-metodológico, a saber: 1. O contexto imediato, cuja principal característica é a imediação com a definição de aspectos relevantes do presente que apresentam uma relação com a equipe de enfermagem e os eventos relacionados à SP na UTI. 2. O contexto específico, no qual o conhecimento individualizado engloba ações do passado imediato e aspectos do presente, representado pela cultura de SP na UTI. 3. O contexto geral, caracterizado por referências individuais a partir de interpretações de situações resultantes de interações passadas e atuais, identificado pela SP na UTI. 4. O metacontexto, que exprime uma fonte direta que influencia comportamentos e eventos e pode ser encontrado nas políticas públicas para a SP no Brasil. A figura a seguir ilustra a organização do contexto da enfermagem na promoção da segurança do paciente nas Unidades de Terapia Intensiva..

(23) 22. Figura 1 - Organização do contexto da enfermagem na promoção da SP em UTI. Natal/RN, 2017. 2.1 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A SEGURANÇA DO PACIENTE NO BRASIL. As políticas públicas para a SP no Brasil foram inseridas no metacontexto do fenômeno estudado por se entender que são resultantes de conhecimento socialmente construído e que orientam uma perspectiva social que pode ser compartilhada (HINDS; CHAVESS; CYPRESS, 1992). Elas influenciam no comportamento dos eventos no cenário das organizações de saúde, uma vez que apresentam determinações legais e orientações para direcionar a prática do cuidado com qualidade e segurança. Em relação à SP, a partir de abril de 2013 o Brasil avançou no que diz respeito à implementação de ações voltadas para a SP nos serviços de saúde ao lançar o PNSP, o que demonstra influência dessas no meio, no caso as instituições (MILAGRES, 2015). Percebeuse que, a partir do ano de criação do programa, algumas publicações relacionadas à temática passaram a citar a importância das ações por ele recomendadas para a melhoria da SP nos serviços de saúde brasileiros..

(24) 23. O PNSP apresenta os seguintes objetivos específicos: promover e apoiar a implementação de iniciativas voltadas à SP em diferentes áreas da atenção, organização e gestão de serviços de saúde por meio da implantação da gestão de risco e de Núcleos de Segurança do Paciente (NSPs) nos estabelecimentos; envolver os pacientes e familiares nas ações de SP; ampliar o acesso da sociedade às informações relativas à SP; produzir, sistematizar e difundir conhecimentos sobre SP; e fomentar a inclusão do tema SP no ensino técnico, de graduação e pós-graduação na área da saúde (BRASIL 2013a). Ao analisar a portaria na íntegra é possível compreender algumas definições importantes, dentre elas: a de SP e de cultura de segurança (CS) já citadas anteriormente, além de acidente, incidente e evento adverso (EA), erro e quase erro, ambos apresentados no Quadro 1. Quadro 1 – Termos importantes para a compreensão da SP. Natal/RN, 2017 Termo. Definição. Acidente. Incidente Evento Adverso. Um evento que implica dano a um sistema definido que interrompe a produção contínua ou futura desse sistema. Evento ou circunstância que poderia ter resultado, ou resultou, em dano desnecessário ao paciente. Incidente que resulta em dano ao paciente. Falha na execução de uma ação planejada de acordo com o desejado ou o. Erro. desenvolvimento incorreto de um plano.. Quase erro (near miss). Incidente que não causou dano.. Fontes: Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013, Brasil, 2013 e Estrutura Conceitual da Classificação Internacional sobre Segurança do Doente, Lisboa, 2011.. Ainda em relação aos aspectos legais, a ANVISA, por meio da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 36, de 25 de julho de 2013, instituiu ações para a SP em serviços de saúde e adotou outras providências. A referida resolução se aplica a todos os serviços, sejam eles públicos, privados, filantrópicos, civis ou militares, e inclui aqueles que exercem ações de ensino e pesquisa (BRASIL, 2013b)..

(25) 24. Essa resolução acrescentou outras definições não incluídas na Portaria 529/2013, a saber: boas práticas para o funcionamento dos serviços de saúde, garantia da qualidade, NSP, plano de segurança do paciente em serviços de saúde (PSP), serviço de saúde e tecnologias em saúde. Por definição da RDC os NSP “são instâncias que devem ser criadas nos estabelecimentos de saúde para promover e apoiar a implementação de iniciativas voltadas à SP” (BRASIL, 2014, p. 22). O NSP deve elaborar o Plano de Segurança do Paciente (PSP), que é um documento que indicará as situações de risco apresentadas no serviço e as estratégias e ações definidas para a gestão destas, com foco na prevenção e redução dos incidentes e inclusão de ações da admissão até a transferência, alta ou óbito do paciente (BRASIL 2013b). Outro documento normativo importante também lançado em 2013 foi a Portaria nº 1.377 de 9 de julho de 2013, que aprovou os Protocolos de Segurança do Paciente. São eles: Cirurgia Segura, Prática de Higiene das Mãos e Prevenção de Úlcera por Pressão. Esses protocolos foram disponibilizados na íntegra com o objetivo de instituir as ações para SP em serviços de saúde e a melhoria da qualidade em caráter nacional, para serem utilizados em todos os estabelecimentos do Brasil (BRASIL, 2013c). A Portaria nº 2.095 de 24 de setembro de 2013 aprovou os três Protocolos Básicos de Segurança do Paciente, que são: o protocolo de prevenção de quedas; o protocolo de identificação do paciente e o protocolo de segurança na prescrição e de uso e administração de medicamentos. Esses também foram divulgados para serem adaptados às distintas realidades e utilizados em todas as unidades de saúde do Brasil (BRASIL, 2013d). No Brasil os serviços de saúde devem atentar para a normatização citada anteriormente, para que possam adotar as melhores práticas no sentido de oferecer uma atenção qualificada e com foco na segurança do paciente. Ressalta-se ainda que, a partir da legislação supracitada, os estabelecimentos tiveram que se adequar para implementar as ações recomendadas, em especial os hospitais. Esses apresentam diversos setores com características específicas, dentre eles as UTIs, que se destacam pelo potencial para cuidar dos casos complexos, com o envolvimento de materiais, equipamentos, insumos, medicamentos e recursos humanos especializados..

(26) 25. 2.2 SEGURANÇA DO PACIENTE NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA. O contexto geral é caracterizado pela referência desenvolvida a partir de interpretações obtidas por meio de interações que ocorreram no passado e as atuais, o que possibilita a interpretação de situações atuais à luz desse contexto (HINDS; CHAVESS; CYPRESS, 1992). Definiu-se como contexto geral a SP na UTI, porque o fenômeno da enfermagem na promoção da SP ocorre nesse ambiente crítico, permeado pela interação entre profissionais e pacientes que influenciam na resposta dos pacientes aos cuidados recebidos. Portanto, é necessário que exista uma análise da situação atual para contextualizar melhor a SP na UTI, abordada em todos os artigos analisados nesta revisão. Essa unidade é considerada um cenário assistencial de alto risco devido às peculiaridades da atenção prestada, que envolve a realização de múltiplos procedimentos, produz muitas informações e a atuação de um número grande de profissionais, a depender da gravidade do paciente (PEDREIRA; BRANDAO; REIS, 2013; MELLO; BARBOSA, 2013). Garantir a SP tem sido uma das prioridades nas UTIs, uma vez que os cuidados intensivos aumentam a probabilidade de erros. Quando eles ocorrem tornam-se necessárias algumas medidas que vão do atendimento e cuidados com o paciente acometido à notificação do evento. Porém, a subnotificação desses erros e dos quase erros ainda é considerada um problema que faz parte do contexto (ABDI et al., 2015). Há uma expectativa dos familiares, pacientes e profissionais para que sejam alcançados resultados satisfatórios diante das condições clínicas e da gravidade nas quais os pacientes se encontram, com o mínimo possível de complicações e eventos adversos (EAs) relacionados aos procedimentos realizados (BACKES et al., 2012). Portanto, para se alcançar um cuidado seguro, torna-se necessário o desenvolvimento de ações que levem em consideração os aspectos ético-legais que regulamentam as profissões e os serviços da área da saúde, bem como o conhecimento sobre a cultura de segurança com o envolvimento de todos que fazem parte do processo de trabalho no que diz respeito às ações para a SP..

(27) 26. 2.3 CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA. O contexto específico é influenciado por fatores pessoais e ambientais. Quando uma mudança em uma determinada situação ocorre pode refletir em diversos eventos a ela relacionados (HINDS; CHAVESS; CYPRESS, 1992). A cultura de segurança faz parte do contexto específico do fenômeno estudado, uma vez que o ambiente das UTIs pode apresentar características culturais relevantes que podem influenciar na SP (MELLO; BARBOSA, 2013). Por definição, a cultura de segurança é "o produto de valores, atitudes, competências e padrões de comportamento individuais e de grupo, os quais determinam o compromisso, o estilo e a proficiência da administração de uma organização saudável e segura" (BRASIL, 2013b). Pode ser operacionalizada a partir de cinco características básicas, especificadas no quadro a seguir:. Quadro 2 - Características da Cultura de Segurança. Natal/RN, 2017 Características da Cultura de Segurança Todos os trabalhadores, incluindo profissionais envolvidos no cuidado e gestores, assumem responsabilidade pela sua própria segurança, pela segurança de seus colegas, pacientes e familiares. Prioriza a segurança acima de metas financeiras e operacionais. Encoraja e recompensa a identificação, a notificação e a resolução dos problemas relacionados à segurança. A partir da ocorrência de incidentes promove o aprendizado organizacional. Proporciona recursos, estrutura e responsabilização para a manutenção efetiva da segurança. Fontes: Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2014.. A cultura de segurança nas organizações de saúde deve ser avaliada para melhor compreensão do contexto específico, com subsídio de instrumentos específicos como o Safety Attitudes Questionnaire (SAQ) (SANTIAGO; TURRINI, 2015) e Hospital Survey on Patient Safety Culture (HSOPSC) (MELLO; BARBOSA, 2013; SANTIAGO; TURRINI, 2015; TOMAZONI et al., 2014; TOMAZONI et al., 2015)..

(28) 27. Alguns estudos analisados nesta revisão foram realizados por meio da aplicação de instrumentos com profissionais de enfermagem (RODRIGUES; GUERREIRO, 2016; MELLO; BARBOSA, 2013; SANTIAGO; TURRINI, 2015; TOMAZONI et al., 2014; TOMAZONI et al., 2015), médicos (SANTIAGO; TURRINI, 2015; TOMAZONI et al., 2015) e outros profissionais não identificados (TOMAZONI et al., 2014; SANTIAGO; TURRINI, 2015). Em um dos estudos com enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem questões gerenciais e organizacionais obtiveram médias inferiores àqueles relacionados a atitudes individuais. Isso aponta ainda uma dificuldade que o profissional tem para admitir a possibilidade de erro por temer castigos e punições, que faz parte da cultura organizacional de alguns serviços e pode comprometer a cultura de segurança (RODRIGUES; GUERREIRO, 2016). A subnotificação de eventos também está relacionada com a cultura de alguns profissionais, o que implica em uma cultura em nível de serviço e pode influenciar na SP por dificultar o aprendizado com base nos erros e eventos que aconteceram (VARALLO et al., 2014). Com isso, percebe-se a necessidade de pesquisas, cursos, palestras e treinamentos ou capacitações no ambiente de trabalho para todos os profissionais que incluam a temática da SP. Além disso, é fundamental adotar uma postura crítica, construtiva e assumir os erros, encarando-os como forma de crescimento pessoal e profissional (MELLO; BARBOSA, 2013). Ademais, considera-se essencial que os serviços avaliem sua cultura de segurança para que as práticas dos profissionais sejam analisadas e os pontos frágeis e os fatores que possam interferir na SP sejam identificados e trabalhados. É importante o trabalho em equipe para o fortalecimento de ações para a prevenção dos EAs, em especial para a equipe de enfermagem, uma vez que a mesma é responsável pela maior carga de cuidados e procedimentos diretos destinados ao paciente.. 2.4 EQUIPE DE ENFERMAGEM E EVENTOS RELACIONADOS À SEGURANÇA DO PACIENTE NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA. O contexto imediato pode ser observado nos atos de um indivíduo. O foco desse nível são as situações que acontecem no presente, com a definição de aspectos relevantes da.

(29) 28. situação, como o espaço em que o ato ocorre e seus limites (HINDS; CHAVESS; CYPRESS, 1992). Definiu-se então a equipe de enfermagem e os eventos relacionados à SP nas UTIs como contexto imediato, por se compreender que as ações desses profissionais influenciam diretamente na SP. Os profissionais de enfermagem têm um papel fundamental no cuidado ao paciente que necessita de tratamento intensivo e constituem uma parcela significativa do dimensionamento de pessoal, que podem representar cerca de 60% da força de trabalho das instituições de saúde (BARBOSA et al., 2014). No processo de trabalho, a enfermagem se depara com algumas dificuldades, uma vez que o cenário assistencial é complexo e podem surgir cobranças por parte dos pacientes, familiares, equipe e até mesmo da gestão, o que pode sobrecarregar esses profissionais e influenciar na SP (DUARTE et al., 2015). Alguns estudos cujo foco foi a enfermagem e os eventos relacionados à SP nas UTIs apresentaram objetivos que variaram da análise dos registros de enfermagem (COSTA; BARROS; SANTOS, 2013) às horas requeridas para a assistência ao paciente crítico (GIRARDELLO; NICOLA; FERNANDES, 2013), à identificação dos erros no cotidiano da assistência de enfermagem em UTI (DUARTE et al., 2015) e à influência da sobrecarga de trabalho da enfermagem no risco de incidentes sem lesão e de EAs (NOVARETTI et al., 2014). Um dos estudos sobre os registros de enfermagem demonstrou pouca preocupação acerca dos cuidados prestados ao paciente, o que representou uma prática incipiente e dissonante aos preceitos éticos e legais que regulamentam a profissão. Considera-se o registro como uma forma de comunicação que está relacionada com as práticas assistenciais seguras que pode interferir significativamente, quando não são efetuados de forma adequada (COSTA; BARROS; SANTOS, 2013). Outro ponto levantado nos estudos analisados diz respeito às horas requeridas para a assistência de enfermagem ao paciente crítico. Estudo que analisou o cuidado a 30 pacientes que permaneceram em UTI por no mínimo 24 horas, por meio do Nursing Active Score (NAS), e identificou um déficit de horas requeridas para a assistência de enfermagem. Esse resultado aponta um déficit de enfermeiros, também em desacordo com a legislação vigente e que implica diretamente na qualidade da assistência e na SP (GIRARDELLO; NICOLA; FERNANDES, 2013)..

(30) 29. Ainda em relação à influência da carga de trabalho no risco de incidentes sem lesões e de eventos adversos, uma pesquisa realizada com 399 admissões referentes a 380 pacientes em UTI em dois hospitais públicos constatou a sobrecarga na equipe de enfermagem. Evidenciou que os tipos de EAs relacionados à esfera da enfermagem mais comumente detectados foram as dermatites, assaduras e lesões por pressão, que são complicações passíveis de prevenção pelos cuidados adequados de enfermagem (NOVARETTI et al., 2014). No que diz respeito especificamente à identificação dos erros no cotidiano da assistência de enfermagem em UTI, uma pesquisa desenvolvida com 36 profissionais identificou que os erros mais comuns identificados foram os associados aos atos inseguros, como a falta de checagem de medicamentos, o uso inadequado de equipamentos de proteção individual, e os associados ao sistema institucional, como a baixa qualidade de insumos materiais e falta de normas e rotinas institucionais (DUARTE et al., 2015). Nesse sentido, algumas ações são importantes para melhorar a SP e o processo de trabalho da enfermagem em UTI, como o treinamento da equipe, desenvolvimento e implantação do sistema computacional com uso do NAS; digitalização dos dados dos prontuários; treinamento dos analistas/colaboradores para a análise dos EAs e Incidentes; extração, transformação e carga dos dados de identificação, internação, prescrição medicamentosa e exames laboratoriais dos diversos bancos de dados dos hospitais para o banco de dados do projeto; treinamento de monitores para a observação das passagens de plantão; aplicação dos instrumentos de estresse, Burnout e coping para a equipe de enfermagem, satisfação profissional, percepção sobre o ambiente das práticas e cultura de segurança na instituição (PADILHA et al., 2015). Para a devida efetivação do cuidado seguro nas UTIs são necessários o aperfeiçoamento constante desses profissionais, o desenvolvimento de uma comunicação efetiva, o trabalho em equipe, a cultura de segurança e a satisfação com o trabalho desempenhado (DUARTE et al., 2015)..

(31) 30. 3 OBJETIVOS. 3.1 GERAL • Analisar a percepção da cultura de segurança do paciente em Unidades de Terapia Intensiva na perspectiva de enfermeiros.. 3.2 ESPECÍFICOS • Identificar a percepção de enfermeiros de UTI sobre a segurança do paciente. • Mensurar a cultura de segurança do paciente dos enfermeiros de Unidades de Terapia Intensiva..

(32) 31. 4 MÉTODO. 4.1 TIPO DE ESTUDO. Estudo descritivo e exploratório com abordagem mista. A pesquisa descritiva tem como objetivo o registro e a exposição das características de uma determinada população ou fenômeno e pode ser construída com a proposta de identificar possíveis relações entre variáveis. Além da simples análise da existência de relação entre variáveis, alguns estudos descritivos avançam e determinam a natureza dessa relação (PRODANOV; FREITAS, 2013). O estudo em questão é exploratório, pois pretende familiarizar-se com o fenômeno estudado, no caso, a cultura de segurança do paciente. Além disso, será identificada a percepção sobre essa a partir das colocações dos profissionais entrevistados (PRODANOV; FREITAS, 2013). A abordagem qualitativa pode ser caracterizada como a busca da compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentados pelos entrevistados ao invés de produzir medidas quantitativas de características e comportamentos. Proporciona uma interpretação dinâmica e ampliada da realidade a partir de uma análise dos fatos no seu contexto social, político e/ou econômico (PRODANOV; FREITAS, 2013). Já a abordagem quantitativa inclui procedimentos estruturados e instrumentos formais (questionários, testes, entrevistas e escalas) para a coleta de informações que podem ser quantificadas a partir da realização de procedimentos estatísticos (DYNIEWICZ, 2014). Considera-se que a utilização da abordagem mista oferece subsídios para detectar com maior clareza as questões relativas à cultura de segurança sob a ótica dos enfermeiros, uma vez que é necessária uma compreensão tanto de questões objetivas presentes no cenário das UTIs, quanto dos aspectos subjetivos que envolvem o processo de trabalho.. 4.2 LOCAL DO ESTUDO. Os locais de pesquisa deste estudo foram as UTIs gerais dos hospitais do Município de Natal/RN, Brasil, que possuem características semelhantes, porém, pertencentes a serviços hospitalares distintos e com gestões públicas e privadas de órgãos diferentes, conforme descrição apresentada no quadro a seguir..

(33) 32. Quadro 3 - Distribuição do número de leitos, tipo de gestão e de enfermeiros das UTIs dos hospitais estudados. Natal/RN, 2017 Hospital. Número de. Tipo de. Número de. Leitos na UTI. Gestão. enfermeiros na UTI. 20. Privada. 10. 10. Municipal. 6. 9. Estadual. 9. 19. Federal. 23. Natal Hospital Center Hospital Municipal de Natal Dr. Newton Azevedo Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel Hospital Universitário Onofre Lopes. Foram eleitas as UTIs dos hospitais supracitados por apresentarem características semelhantes, dentre elas: oferecerem tratamento intensivo para múltiplos diagnósticos clínicos, além de cuidados pré e pós-operatórios, e estarem localizadas em hospitais gerais, além de possuírem NSP implantado. Outro ponto relevante trata de serem instituições que contam com diferentes gestões, o que permitiu comparar a cultura de segurança nesses espaços.. 4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA. A população do estudo foi composta por todos os enfermeiros das UTIs gerais dos hospitais analisados (N=48). A amostra final totalizou 45 enfermeiros que atuavam nessas unidades nos três turnos de trabalho. Como critérios de inclusão foram adotados: enfermeiros que trabalhavam predominantemente na UTI havia mais de seis meses e que durante o período de coleta de dados estavam na escala de trabalho. Foram excluídos aqueles que, embora trabalhassem na UTI no período da coleta de dados, estavam escalados em outro setor de trabalho, ou que se encontravam de férias ou ainda afastados do trabalho por outros motivos.. 4.4 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS. A coleta de dados ocorreu no período de abril a junho de 2017 e foi dividida em três etapas, conforme ilustrado na Figura 2..

(34) 33. Figura 2 - Etapas da coleta de dados. Natal/RN, 2017.. Inicialmente foram esclarecidos ao enfermeiro os objetivos da pesquisa e o mesmo foi convidado a participar. Os que aceitaram preencheram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice C) e o questionário sociodemográfico. Logo em seguida realizou-se a entrevista semiestruturada com perguntas abertas sobre o tema em questão, que foi gravada mediante autorização (Apêndice D). Após a entrevista o participante respondeu o questionário sobre segurança do paciente em hospitais (HSOPSC). Esse instrumento, denominado de Hospital Survey on Patient Safety Culture, foi criado pela AHRQ em 2004, traduzido e adaptado transculturalmente para ser utilizado no Brasil (REIS; LAGUARDIA; MARTINS, 2012). A AHRQ (2016) informa que o questionário tem o objetivo de auxiliar os hospitais a avaliarem as suas culturas organizacionais e na implementação de atividades relacionadas com enfoque nas percepções de erros e nas dimensões da cultura e da segurança do paciente e pode ser respondido por qualquer tipo de funcionário da organização hospitalar: funcionários que têm contato direto ou interação com pacientes, funcionários que não têm contato direto ou interação com pacientes, mas cujos trabalhos afetam diretamente seu cuidado. O referido instrumento foi escolhido por ser amplamente utilizado em todos os continentes para a avaliação da cultura de segurança e estar disponível em língua portuguesa e.

(35) 34. validado para aplicação no Brasil, sem necessidade de prévia autorização (LIMA NETO et al., 2017). É composto por três partes, apresenta enfoque nos erros, nas percepções de erros e nas dimensões da cultura de segurança do paciente. Emprega uma medição escalar de Likert, na maioria das questões com cinco opções, cujas respostas podem ser: discordo totalmente; discordo; não concordo nem discordo; concordo; concordo totalmente; ou ainda: nunca, raramente, às vezes, quase sempre, sempre. Para a mensuração das dimensões são realizadas perguntas específicas durante sua aplicação. A AHRQ estabeleceu dez dimensões de cultura de segurança e duas variáveis de resultado, conforme citadas no estudo de Batalha (2012) e demonstradas no quadro a seguir.. Quadro 4 - Dimensões avaliadas pelo Hospital Survey on Patient Safety Culture. Natal/RN, 2017 DIMENSÕES DA CULTURA DE SEGURANÇA. DEFINIÇÕES. Os trabalhadores apoiam-se nas unidades, tratam as Trabalho em equipe no âmbito outras pessoas com respeito e trabalham juntos como das unidades uma equipe. O supervisor/gerente considera as sugestões da equipe Expectativas e ações de para melhoria da segurança do paciente, elogia o promoção da segurança dos trabalhador ou equipe que segue os procedimentos supervisores e gerentes corretamente e não negligencia problemas de segurança do paciente. Existe uma cultura de aprendizagem na qual os erros Aprendizado organizacional – levam a mudanças punitivas e as mudanças são melhoria contínua avaliadas em sua eficácia. Os trabalhadores são informados sobre os erros que Feedback e comunicação a acontecem, é dado retorno sobre as mudanças respeito de erros implantadas e são discutidas maneiras de prevenir erros com a equipe. Os trabalhadores podem livremente discutir se observam Abertura para as algo que pode afetar negativamente o paciente e sentemcomunicações se livres em questionar seu supervisor. Existe número suficiente de trabalhadores para a efetiva Pessoal execução do trabalho e o número de horas trabalhadas é apropriado para oferecer o melhor cuidado ao paciente. Os trabalhadores sentem que seus erros e os eventos Respostas não punitivas aos reportados não são utilizados contra eles e que os erros erros não são anotados em suas fichas funcionais. A gestão hospitalar oferece um clima de trabalho que Apoio da gestão hospitalar promove a segurança do paciente e demonstra que a segurança do paciente é a prioridade maior. Trabalho em equipe pelas As unidades do hospital cooperam e se coordenam entre unidades hospitalares si para oferecer o melhor cuidado para o paciente. Transferências internas e Informações importantes do cuidado do paciente são.

(36) 35. passagens de plantão VARIÁVEIS DE RESULTADO Percepções generalizadas sobre segurança Frequência de relatórios de eventos que são reportados nas diversas modalidades. transmitidas entre as unidades do hospital e durante as mudanças de turno. DEFINIÇÕES Os procedimentos e sistemas existentes na organização são efetivos na prevenção de erros; não existem problemas quanto à segurança do paciente. Erros percebidos e corrigidos antes de afetar o paciente; Erros sem potencial de causar danos ao paciente; Erros que poderiam causar danos ao paciente, mas que não causaram; Indicadores do nível de resultados: grau de segurança do paciente; número de eventos reportados.. Fonte: Adaptado de Batalha (2012).. 4.5 ANÁLISE DOS DADOS As entrevistas foram transcritas na íntegra para o software Microsoft Word® 2016, exportadas para o editor de textos do Open Office 4.1.2 e analisadas com o suporte do software Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaire (Iramuteq). Esse último foi escolhido por ser de acesso e uso gratuito e viabilizar diferentes tipos de análises textuais, dentre elas a lexicografia básica (cálculo da frequência das palavras) e análises multivariadas (classificação hierárquica descendente, análise de similitude). Os resultados podem ser visualizados de forma a possibilitar uma fácil compreensão por meio da análise de similitude e/ou da nuvem de palavras (CAMARGO; JUSTO, 2013). Realizou-se a análise lexical clássica do conteúdo das entrevistas, a qual possibilita a identificação e reformatação das unidades de texto. O programa permite que as Unidades de Contexto Iniciais (UCIs) sejam transformadas em Unidades de Contexto Elementares (UCEs). Esse processo identificou a quantidade de palavras, frequência média e número de hapax (palavras com frequência 1). Os dados quantitativos oriundos do questionário sociodemográfico e do HSOPSC foram organizados em um banco de dados com a utilização do software Microsoft Excel® 2016 e submetidos à análise estatística descritiva no Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 21. Essa análise seguiu as recomendações da AHRQ e as respostas originais dos questionários foram reclassificadas para identificar as fortalezas, as fraquezas e as oportunidades de melhoria, uma vez que o instrumento apresenta respostas negativas (discordo totalmente, discordo, nunca, raramente), neutras (não concordo nem discordo, às vezes) e positivas (concordo, concordo totalmente, quase sempre, sempre)..

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